02 maio, 2008
UM ALVO, PARA CENTRALISTA ENTENDER
Para estar actualizado e procurar outras opiniões, costumo, sempre que posso, dar uma espreitadela à blogoesfera da "concorrência" que se dedica também às coisas do Porto. É um hábito bom, que me faz sair da rotina e por vezes me coloca perante ideias diferentes e novos desafios.
Só que, os desafios trazem sempre consigo uma pontinha de provocação, um convite à nossa capacidade criativa. Mas, como em quase tudo na vida, convém não abusar. E não falta quem faça do abuso uma forma de vida.
A corrente desafiadora em que alguns se deixam exageradamente arrastar, leva-os a transformar a provocação estimulante em autênticos insultos ao senso comum e isso é inadmissível. É pois, quase impossível levar a sério aqueles que não respeitam minimamente as regras básicas da comunicação humana. Aquelas regras que nos permitem diferenciar coisas tão simples como uma manhã soalheira e brilhante, de uma noite escura e chuvosa. Confundir realidades tão contrastantes como estas, já não é uma provocação nem um desafio, é um sinal claro de senilidade mental.
Próximo da senilidade são podem estar aqueles ridículos "resistentes" que, após tanta informação, crónica, estatístisca, estudo, e debate, insistem em fazer de conta que o centralismo é uma espécie de fantasma parido por noites de insónea e pesadelos de alguns provincianos como eu. Para reforçar esta tese senil, nada melhor do que especular factos e evidências para inventar argumentos.
É do centralismo e dos centralistas locais que estou a falar. Por incrível que pareça ainda há quem continue a insinuar que o centralismo é uma invenção nossa, um mito gerado pelas suas vítimas. "O Porto está em decadência, porque todos nós, assim o quisemos", teimam em dizer. Argumento mais covarde e oportunista não pode haver, mas já satura.
Mas, vou-lhes dar uma derradeira oportunidade para se tornarem espertos, falar-lhes como se fossem muito burros. Vou fazer-lhes um "desenho redactorial" para ver se percebem apenas o lado moral/humano do centralismo. Os outros efeitos colaterais ficam para outra ocasião, porque os miolos são fracos e não suportam grandes raciocínios.
O desenho é o seguinte: imaginem uma família, uma família como a vossa. Não precisa ser muito grande. Bastam três filhos e os respectivos progenitores. Agora imaginem (se forem capazes, claro) que os malandros dos paizinhos desta história decidiam alimentar, educar, vestir e calçar, em vez dos três filhos, apenas um deles e se esqueciam dos outros dois. O que fariam?
A avaliar pelas amostras, depreendo que desatavam à bofetada. Não aos vossos pais, porque isso seria muito feio, mas a vós próprios, claro. Provavelmente, o 2º. Acto desta edificante peça teatral levaria os dois irmãos "mal-amados" a um choro constante, com acusações recíprocas e assim passariam a vida... Entre a pieguice das queixas e gritos de auto-censura, diriam: a culpa é nossa, a culpa é nossa, os papás não têm culpa, tadinhos! Os papás são pequeninos, nós é que os devíamos educar e sustentar, embora ainda não tenhámos idade sequer para trabalhar!
Pois bem, senhores centralistas, a caricatura pode não ser a mais feliz, mas anda lá perto. O país, não é bem a vossa casa, as populações não são precisamente os dois irmãozinhos bastardos da história, nem o govêrno os vossos papás, mas a responsabilidade hierárquica e o comando são comparáveis.
Mas digam lá se o sadismo e a imoralidade do paralelismo da história não comporta crimes da mesma envergadura? Ainda não perceberam? Se for preciso, para a próxima faço mesmo um desenho. Enorme!
Médicos Espanhóis (Barreiro): venham mais...!!!!
Certamente todos tivemos a possibilidade de ler os comentários preciosos, humanos e técnicos do bastonário dos médicos que, por acaso, até é oftalmologista e, naturalmente, não é parte interessada no processo...
Já entenderam bem, porque é que existem listas de espera?
Em 6 dias um médico espanhol operou tanto como 5 (cinco) médicos num ano e por metade do preço cobrado na privada.
Em 6 (seis) dias, um oftalmologista espanhol realizou 234 cirurgias a doentes com cataratas no Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, num processo que está a "indignar" a Ordem dos Médicos.
Os preços praticados são altamente concorrenciais, tendo sido esta a solução encontrada pelo hospital para combater a lista de espera. O paciente mais antigo já aguardava desde Janeiro de 2007, tendo ultrapassado o prazo limite de espera de uma cirurgia.
No ano passado chegaram a existir 616 novas propostas cirúrgicas em espera naquela unidade de saúde. Os sete especialistas do serviço realizaram apenas 359 operações em 2007 (cerca de 50 por médico num ano). No final do ano passado, a lista de espera era de 384, e foi entretanto reduzida a 50 com a intervenção do médico espanhol.
A passagem pelo Barreiro durante o mês de Março - onde garante regressar nos próximos dois anos, embora o hospital não confirme - foi a segunda experiência em Portugal do oftalmologista José Antonio Lillo Bravo, detentor de duas clínicas na Extremadura espanhola - em Dom Benito (Badajoz) e Mérida. Entre 2000 e 2003 já havia realizado 1500 operações no Hospital de Santa Luzia, em Elvas, indiferente às "críticas" de que diz ter sido alvo dos colegas portugueses. "Eu percebo a preocupação deles e sei porque há listas de espera tão grandes em Portugal. É que por cada operação no privado cobram cerca de 2.000 euros", diz ao DN o oftalmologista espanhol, inscrito na Ordem dos Médicos portuguesa, que cobrou 900 euros por cada operação realizada no Barreiro.
As 234 cirurgias realizadas no Barreiro, por um total de 210 mil euros, foi o limite possível sem haver necessidade de abrir concurso público internacional, sendo que o médico fez deslocar a sua equipa e ainda o microscópio e o facoemulsificador. O hospital disponibilizou somente um enfermeiro para prestar apoio.
(Post enviado por Renato Oliveira)
A passagem pelo Barreiro durante o mês de Março - onde garante regressar nos próximos dois anos, embora o hospital não confirme - foi a segunda experiência em Portugal do oftalmologista José Antonio Lillo Bravo, detentor de duas clínicas na Extremadura espanhola - em Dom Benito (Badajoz) e Mérida. Entre 2000 e 2003 já havia realizado 1500 operações no Hospital de Santa Luzia, em Elvas, indiferente às "críticas" de que diz ter sido alvo dos colegas portugueses. "Eu percebo a preocupação deles e sei porque há listas de espera tão grandes em Portugal. É que por cada operação no privado cobram cerca de 2.000 euros", diz ao DN o oftalmologista espanhol, inscrito na Ordem dos Médicos portuguesa, que cobrou 900 euros por cada operação realizada no Barreiro.
As 234 cirurgias realizadas no Barreiro, por um total de 210 mil euros, foi o limite possível sem haver necessidade de abrir concurso público internacional, sendo que o médico fez deslocar a sua equipa e ainda o microscópio e o facoemulsificador. O hospital disponibilizou somente um enfermeiro para prestar apoio.
(Post enviado por Renato Oliveira)
01 maio, 2008
NA "MOUCHE"
Com algum atraso, é certo, mas recomendo - a quem ainda não o fez -, a leitura deste artigo do muito tripeiro e ilustre professor Helder Pacheco por quem sinto uma grande admiração e profundas afinidades.
A repetição do vídeo em anexo parece-me justificar-se plenamente em homenagem a todos os centralistas deste meio país. É curto, preciso e conciso. Uma luva não lhes assentaria melhor.
A repetição do vídeo em anexo parece-me justificar-se plenamente em homenagem a todos os centralistas deste meio país. É curto, preciso e conciso. Uma luva não lhes assentaria melhor.
30 abril, 2008
"Provocação" II a Rui Moreira
Penso não errar muito se disser que o post anterior do nosso amigo Rui Farinas, lançado em forma de repto ao Dr. Rui Moreira, corresponde às expectativas de muitos portuenses que vêem nele um potencial candidato à liderança de um hipotético movimento político regional. O potencial existe, falta é conhecer a disponibilidade do respectivo portador.
Faço minhas as palavras de Rui Farinas, mas gostaria de acrescentar um pequeno apontamento.
O Dr. Rui Moreira é já uma figura pública da cidade, de prestígio, e tem o privilégio de recolher a simpatia (e a empatia) de um grande número de portuenses, o que, diga-se, não é trunfo a desprezar caso esteja nos seus horizontes avançar para outros "vôos" para além da Presidência da Associação Comercial do Porto.
Ainda ontem, na entrevista de Pinto da Costa à revista "VISÂO" (esgotada em muitas livrarias), este dizia que gostaria de apoiar um candidato independente da esfera partidária à Câmara Municipal do Porto ou a qualquer outro organismo que viesse a ser criado para defender os interesses da cidade. Acrescentou também que tinha prefêrencia por alguém, mas não chegou a mencionar o nome (até podia ser Rui Moreira, não sei).
Creio que o momento é o indicado e a oportunidade está criada, falta apenas saber se Rui Moreira quer. Se quiser, talvez esteja na altura para avançar. Mas claro, a decisão cabe-lhe só a ele.
"Provocação" a Rui Moreira
Peço desculpa por voltar a um assunto que já aqui foi tratado, mas por circunstâncias várias só hoje tive oportunidade de ler o texto completo do discurso do Dr.Rui Moreira na cerimónia da ACP, discurso este que em boa hora foi colocado pelo Dragão Vila Pouca neste Renovar o Porto, com a anuência do caro Rui Valente.
Não resisto a fazer um ou dois comentários, com a esperança de que não tenham perdido a actualidade.
Em primeiro lugar quero dizer que se trata de um discurso notável, e por várias razões. É um discurso claro, bem articulado, objectivo, chamando os bois pelo nome à boa maneira nortenha. Mencionou claramente algumas das questões que nos preocupam ( TGV, aeroporto, regionalização, reabilitação urbana) e não se furtou a estabelecer comparações com o que se passa para os lados de Lisboa. E tudo isto sem abandonar a sua proverbial atitude de grande elevação moral.
Ao desafio de Rui Moreira a José Sócrates ( "É sobre tudo isto que agora o queremos ouvir") optou o primeiro ministro por responder aquelas banalidades rançosas que já estão esfarrapadas de tanto uso. Em relação aos problemas enunciados que requeriam, se não uma resposta concreta, pelo menos um comentário adequado, nada. Pode utilizar-se neste caso aquele jargão de Tribunal que diz "e aos costumes disse nada". Realmente o senhor primeiro ministro de Portugal, aos costumes disse nada. Este silêncio, para além de uma falta de consideração pelos anfitriões do evento, por todos que estavam presente, e por todos os nortenhos, é uma péssima indicação. Nada a que não estejamos habituados, pois há muito que somos vítimas de um tipo de relacionamento colonizador/colonizado ( esta é a enésima vez que insisto nesta figura de retórica, mas não me cansarei de insistir e insistir).
A luta que Rui Moreira trava contra o "sistema" é uma luta inglória, porque é uma luta solitária. Acaba por ser uma atitude quase quixotesca, só que os inimigos não são moinhos de vento, são inimigos bem reais de carne e osso, para além de bem organizados e combativos.
Longe de mim pretender dar conselhos ao Dr.Rui Moreira, mas continuo a ter esperança de que, pelo menos, um dia se resolva a exercer um papel de catalizador, aquelas substâncias que fazem iniciar uma reacção química, mas na realidade não tomam parte intrínseca nela. Compreendo que, por razões pessoais e por falta da atractividade dos actual partidos políticos, eventualmente Rui Moreira não queira ser um actor político de longa permanência na primeira linha. Mas acho que é uma pena não aproveitarmos o seu prestígio, qualidades pessoais, posição social e profissional para pelo menos iniciar a congregação de vontades que pusesse em marcha a reacção à situação abúlica, de "apagada e vil tristeza", em que nós, portuenses e nortenhos, vivemos. Seria um contributo inestimável que a região lhe ficaria a dever.
Não resisto a fazer um ou dois comentários, com a esperança de que não tenham perdido a actualidade.
Em primeiro lugar quero dizer que se trata de um discurso notável, e por várias razões. É um discurso claro, bem articulado, objectivo, chamando os bois pelo nome à boa maneira nortenha. Mencionou claramente algumas das questões que nos preocupam ( TGV, aeroporto, regionalização, reabilitação urbana) e não se furtou a estabelecer comparações com o que se passa para os lados de Lisboa. E tudo isto sem abandonar a sua proverbial atitude de grande elevação moral.
Ao desafio de Rui Moreira a José Sócrates ( "É sobre tudo isto que agora o queremos ouvir") optou o primeiro ministro por responder aquelas banalidades rançosas que já estão esfarrapadas de tanto uso. Em relação aos problemas enunciados que requeriam, se não uma resposta concreta, pelo menos um comentário adequado, nada. Pode utilizar-se neste caso aquele jargão de Tribunal que diz "e aos costumes disse nada". Realmente o senhor primeiro ministro de Portugal, aos costumes disse nada. Este silêncio, para além de uma falta de consideração pelos anfitriões do evento, por todos que estavam presente, e por todos os nortenhos, é uma péssima indicação. Nada a que não estejamos habituados, pois há muito que somos vítimas de um tipo de relacionamento colonizador/colonizado ( esta é a enésima vez que insisto nesta figura de retórica, mas não me cansarei de insistir e insistir).
A luta que Rui Moreira trava contra o "sistema" é uma luta inglória, porque é uma luta solitária. Acaba por ser uma atitude quase quixotesca, só que os inimigos não são moinhos de vento, são inimigos bem reais de carne e osso, para além de bem organizados e combativos.
Longe de mim pretender dar conselhos ao Dr.Rui Moreira, mas continuo a ter esperança de que, pelo menos, um dia se resolva a exercer um papel de catalizador, aquelas substâncias que fazem iniciar uma reacção química, mas na realidade não tomam parte intrínseca nela. Compreendo que, por razões pessoais e por falta da atractividade dos actual partidos políticos, eventualmente Rui Moreira não queira ser um actor político de longa permanência na primeira linha. Mas acho que é uma pena não aproveitarmos o seu prestígio, qualidades pessoais, posição social e profissional para pelo menos iniciar a congregação de vontades que pusesse em marcha a reacção à situação abúlica, de "apagada e vil tristeza", em que nós, portuenses e nortenhos, vivemos. Seria um contributo inestimável que a região lhe ficaria a dever.
Trabalhar para vencer, o quê?
O oportunismo político?
Mas, quem pensa que é esta senhora para fazer de nós parvos?
Que é de uma seriedade indiscutível? Pois, pela minha parte, não só a discuto como a contesto.
Contesto a seriedade de quem, a troco do apoio de um clube desportivo (o Benfica) para as eleições legislativas de 2002 aceitou as acções da SAD desse clube como garantia à impugnação de uma dívida fiscal do mesmo.
Contesto esta e todos os outros putativos candidatos à "mudança" com perfume nauseabundo a naftalina que já nem para as traças tem serventia.
Então como é, meus senhores, corrupção intelectual desta envergadura não dá direito a abertura de processos? É só para o futebol? Ou não acham que esta é uma das formas mais hediondas de corrupção?
O regime centralista/divisionista é cismático e obcecado por processos em forma de apito, já percebemos, mas nós, talvez estejamos mais interessados em dar um toque de originalidade às investigações. E que tal, por acaso, abrir um processo com o nome: "O Ministério Encarnado"?
Ainda sobre a Liberdade
Já aqui se falou da Liberdade e das suas presumidas propriedades "terapêuticas" na vida dos cidadãos, mas nunca é demais voltar ao tema. Do 25 de Abril de 1974 que tanto nos prometia, já só resta mesmo a Liberdade.
Não vou falar agora das pontes ou das auto-estradas construídas desde então, e muito menos, das obras faraónicas de Lisboa, nem da sua pertinência, porque me recuso a reconhecer nelas sinais paradigmáticos de progresso. Pior seria, se depois de tantos financiamentos provindos de fundos comunitários nada se tivesse feito entretanto.
Mais importante, era sabermos, com rigôr e transparência, aonde, e em quê, é que esses fundos foram aplicados, mas isso ficará para outra ocasião. Outra coisa importante, é vincar bem a noção de que esses fundos não foram fruto do nosso desenvolvimento económico, mas apenas o resultado da nossa adesão à União Europeia.
Retomando a Liberdade, o tema dilecto da Comunicação Social no 25 de Abril, mas tão ferido de orfandade e compreensão, talvez seja tempo de nos questionarmos se há só um tipo de Liberdade ou se, decididamente, ele tem ou não uma relação directa com o nível sócio-económico das populações. A resposta, é obviamente, afirmativa, mas o facto de termos de o lembrar já é, de per si, um sinal de que se anda há muito anos a fazer jogo sujo.
Quem, porventura, me ler de má fé, e quiser fazer de conta que não percebe onde pretendo chegar, dirá que estou a defender o regresso à censura de regimes totalitários. Nada mais errado. Com todo o respeito, duvido que exista alguém que ame mais a Liberdade do que eu, porque ela já nasceu comigo, está-me na massa do sangue. Se assim não fosse, não dizia o que digo e como digo, preocupar-me-ia (como muitos) mais em ser aceite pelos apoiantes do regime que não se resumem apenas aos que estão no poder, mas também aos que vivem dele. E não são poucos.
Recordo-me bem, das muitas noites sem sono nem cama, em que ficava na rua com os amigos, em animada cavaqueira até ser dia, a discutir sobre a vida e a política do país. Francamente, não me apercebi nunca de ver "pides" atrás de nós quando essas reuniões espontâneas aconteciam. Ou tivemos sorte, ou a PIDE/DGSE não era tão eficiente quanto isso, mas que ela existia, disso não há dúvidas.
Verdadeiramente, só tive noção da existência da PIDE, poucos dias depois do 25 de Abril, em Lisboa, em pleno Rossio, quando, na companhia de uma namorada, me apercebi de um ambiente invulgarmente sinistro entre os cidadãos, a PSP, e uns tipos vestidos à civil que depois soube serem agentes da PIDE. Com os meus vinte e poucos anos, era tal a minha imaturidade política que, quando vi aqueles "gorilas" a dispersar e agredir indistintamente quem circulava em paz, dirigi-me furioso a um chefe da PSP a perguntar-lhe o que se estava a passar e porque não fazia nada para o impedir. Lembro-me só do homem, um pouco atrapalhado, me ter aconselhado a seguir o meu caminho e de ter sentido uma indignação profunda.
Bem, mas a narração deste episódio pré-revolucionário não quer ter carácter histórico ou ser auto-biográfico, mas fundamentalmente salientar que apesar da Ditadura, do Estado Novo, eu(como outros), já tinha a minha liberdade pessoal, ninguém ma ofereceu. Cada qual tinha a liberdade que o seu temperamento permitia. Eu tinha a minha. A liberdade de regime é outra coisa, e essa, foram os capitães de Abril quem a corporizou e restituiu ao país. Sem eles, não sei se os partidos políticos clandestinos mais expressivos (PCP, PS e PSD) bastariam por si só para destronar a Ditadura.
Por conseguinte, acabemos de uma vez com esta veneração à Liberdade utópica e passemos a construir a Liberdade concreta que se alicerça na qualidade de vida do povo. É dessa que é importante falar.
A blogosfera, não obstante ser ainda muito pouco difundida, vai acabar por se transformar num veículo de comunicação e de debate público mais credível do que os restantes mídia, da imprensa, rádio e televisão, e pode vir mesmo a constituir-se a principal responsável pela sua renovação. Precisamente, porque é mais livre do que elas todas juntas.
Os jornalistas não passam de meros funcionários ao serviço dos critérios editoriais das suas chefias que só usufruem verdadeiramente da sua liberdade de opinião quando saem das empresas onde trabalham. A seriedade do seu trabalho é sempre condicionada pela da própria entidade patronal, que pode ser mais ou menos credível mas, ainda assim será sempre condicionada.
Daí a importância de procurarmos sempre "filtrar" muito bem tudo o que lemos, para o melhor e para o pior. As audiências e os números de jornais vendidos só são importantes para a área comercial das respectivas empresas, não para o consumidor. Nós consumidores, é que teremos de ter sempre a última palavra. E pensar pela nossa cabeça é a primeira das últimas.
JEAN PAUL SARTRE
Para Jean-Paul Sartre, a liberdade é a condição ontológica do ser humano. O homem é, antes de tudo, livre. O homem é livre mesmo de uma essência particular, como não o são os objetos do mundo, as coisas. Livre a um ponto tal que pode ser considerado a brecha por onde o Nada encontra seu espaço na ontologia. O homem é nada antes de definir-se como algo, e é absolutamente livre para definir-se, engajar-se, encerrar-se, esgotar a si mesmo.
A liberdade humana revela-se na angústia. O homem angustia-se diante de sua condenação à liberdade. O homem só não é livre para não ser livre, está condenado a fazer escolhas e a responsabilidade de suas escolhas é tão opressiva, que surgem escapatórias através das atitudes e paradigmas de má-fé, onde o homem aliena-se de sua própria liberdade, mentindo para si mesmo através de condutas e ideologias que o isentem da responsabilidade sobre as próprias decisões.
29 abril, 2008
Uma das muitas coisas que não entendo (1)
Confesso não entender porque razão é preciso pedir autorização ao Instituto da Água(INAG) em Lisboa ( claro!) para antecipar a data do início da época balnear. E muito menos entendo os condicionalismos que o senhor presidente do INAG exprime para que essa antecipação seja autorizada. Uma das condições é que a antecipação se faça sem interrupções. "Não podemos estar a abrir e fechar praias de acordo com as conveniências comerciais ou com o estado do tempo". Realmente isso deve dar muito trabalho, implicando com o merecido descanso ao longo do dia dos zelosos burocratas que se ocupam dessa importantíssima missão.
O senhor presidente diz também que tem de haver uma dimensão geográfica "coerente e expressiva", seja o que for que "expressiva" signifique. Dá ideia que o que o INAG pretende é dificultar as licenças excepcionais para que não andem a incomodá-los.
Para mim, trata-se da burocracia inútil em todo o seu explendor. Eu, decerto porque sou um espirito símples, até mesmo simplório, desconhecedor das subtilezas da alta governação, vejo esta questão de outro modo. Acho que esta autorização deveria ser uma inerência das câmaras municipais, subentendendo-se que teriam de ser satisfeitos os condicionalismos vários, sobretudo de segurança, que estão estabelecidos em regras com validade nacional. Se todas as regras aplicáveis forem respeitadas, porque raio os concessionário de qualquer praia do Minho ao Algarve, há de ter que pedir uma autorização ao senhor presidente do INAG, e não ao presidente do seu município?
Na verdade esta incongruência até nem me espanta. A partir do momento em que ouvi o Dr.Paulo Mendo declarar publicamente num programa televisivo que uma vez, era ele Ministro da Saúde, tinha sido obrigado a assinar uma autorização de compra de um par de botas de borracha para um porteiro de hospital, já nada me surpreende. Sinto-me vacinado contra todas as barbaridades deste centralismo em que ditosamente vivemos.
O senhor presidente diz também que tem de haver uma dimensão geográfica "coerente e expressiva", seja o que for que "expressiva" signifique. Dá ideia que o que o INAG pretende é dificultar as licenças excepcionais para que não andem a incomodá-los.
Para mim, trata-se da burocracia inútil em todo o seu explendor. Eu, decerto porque sou um espirito símples, até mesmo simplório, desconhecedor das subtilezas da alta governação, vejo esta questão de outro modo. Acho que esta autorização deveria ser uma inerência das câmaras municipais, subentendendo-se que teriam de ser satisfeitos os condicionalismos vários, sobretudo de segurança, que estão estabelecidos em regras com validade nacional. Se todas as regras aplicáveis forem respeitadas, porque raio os concessionário de qualquer praia do Minho ao Algarve, há de ter que pedir uma autorização ao senhor presidente do INAG, e não ao presidente do seu município?
Na verdade esta incongruência até nem me espanta. A partir do momento em que ouvi o Dr.Paulo Mendo declarar publicamente num programa televisivo que uma vez, era ele Ministro da Saúde, tinha sido obrigado a assinar uma autorização de compra de um par de botas de borracha para um porteiro de hospital, já nada me surpreende. Sinto-me vacinado contra todas as barbaridades deste centralismo em que ditosamente vivemos.
Perdido o pudor fica o poder
Houve um elemento que se destacou na "Quadratura do Círculo" quando José Pacheco Pereira "enunciou" o "problema" da ida de Jorge Coelho para a Mota-Engil. Foi o silêncio de Jorge Coelho. Ouviu coisas terríveis a seu respeito e ouviu-as impávido.
Foram enunciadas sugestões de compadrio, sinecura, favoritismo e até incompetência para o lugar que vai assumir. Jorge Coelho manteve-se esfíngico não manifestando ter sentido qualquer ofensa. Se a sentiu ou não, não sei. Sei que não a manifestou. Conseguiu manter-se imperturbado enquanto era apregoado um terrível libelo de incoerências da vida pública em Portugal com ele no epicentro de impropriedades de comportamento. Nada de ilegal, mas tudo impróprio.O antigo ministro do Equipamento Social de António Guterres não clamou nem inocência, nem ultraje.
Olhou de frente o seu acusador e, com o silêncio, deu a única resposta que saiu do seu empedernido semblante e que eu traduzo como querendo dizer "É assim!". E é mesmo assim em Portugal. Perde-se o pudor, fica-se com o poder. Nada de ilegal, mas tudo despudorado.
O Conselho de Administração da Mota-Engil será uma constante reunião de Bloco Central, com dois antigos ministros das tutelas das construções do Estado em governos PS e PSD a desenhar estratégias para ganhar concursos públicos que vão ser decididos por funcionários que foram seus subordinados ou a conseguir de autarcas correligionários interpretações de PDM mais favoráveis a isto ou aquilo que se queira cobrir de vigas pré-esforçadas, argamassa ou asfalto. E se os antigos ministros não chegarem a nenhuma conclusão ainda há lá um antigo secretário de Estado entendedor dessas complexidades das obras públicas para afastar empecilhos do lucro.
O colosso a que Jorge Coelho agora preside opera sobretudo na área do domínio do que é público em Portugal.Tudo adjudicado por governos em que os seus quadros participaram. Claro que a Mota-Engil tem hoje interesses no estrangeiro, mas não me parece que Jorge Coelho tenha sido contratado para dar o seu parecer sobre a estrada entre Perote e Banderilla, que está agora a construir no México. A vantagem de ter um presidente executivo como Jorge Coelho é local. Só pode ter sido a sua agenda de contactos que a Mota-Engil adquiriu porque essa é a sua grande mais-valia. É nesta capacidade única de fazer rede entre o Estado, interesses privados, políticos e público-privados que reside o nexo de causalidade da escolha de um operador político para um lugar de gestão.
Este acto, conjuntamente com o caso BCP, assinala uma capitulação a uma realidade insofismável.A maior parte do sector privado lusitano só quer e, se calhar, só pode subsistir associado à tutela estatal e não tem pejo em subordinar-se aos operadores puramente políticos, abandonando a evolução de culturas de empresas inovadoras desenvolvidas por gestores profissionais que pusessem, finalmente, o mercado a funcionar em Portugal. No curto prazo, este hesitante sector privado nascido dos cravos de Abril parece ver mais ganhos incorporando governos em si próprio do que emancipando-se de tutelas constrangedoras.
Claro que daqui para a frente não haverá concurso que a Mota-Engil ganhe (ou perca) onde não se detecte a impressão digital de Jorge Coelho e não se fique com a sensação de que o mercado não está a funcionar. Numa altura de novas pontes, ferrovias e aeroportos vai ser interessante observar o relacionamento entre a Mota-Engil de Jorge Coelho e a Lusoponte de Ferreira do Amaral, também ele em tempos ministro de Cavaco Silva com responsabilidades tutelares passadas no sector público-privado que agora administra.
A participação da Mota-Engil no capital da Lusoponte é, segundo o seu relatório de contas, o maior investimento financeiro disponível para venda do grupo. Vão concorrer um contra o outro? Provavelmente, vão. Mas ninguém vai perder! Surpreendente? Não! Afinal foi assim que o Bloco Central se formou e se mantém. À custa dos milagres do método de Hondt, onde a partir de um certo número de votos nunca ninguém perdeu um lugar lá porque perdeu uma eleição. Só que Victor d'Hondt, provavelmente, nunca imaginou ver o seu método aplicado à economia de mercado.
Mário Crespo, no JN
NOTA DE RENOVAR O PORTO:
Se estes são os melhores exemplos que a classe política consegue dar ao povo, bem podem estar descansados (e estão, claro) que não é tão cedo que se livram da má fama que vão alegremente desfrutando.
A putativa candidata a 1ª. Ministra, Manuela Ferreira Leite queixou-se exactamente desta (má)fama há poucos dias. Francamente, alguém acredita que ela não perceba as causas? É que se alguém acreditar, então aconselho essa(s) pessoa(s) a não pensar(em) sequer nesta política para o que quer que seja, porque é demasiado óbvio que também dará carta branca a esta bandalheira.
28 abril, 2008
Automóvel Clube de Portugal: mais uma face do centralismo selvagem
Sou sócio do ACP ( Automóvel Club de Portugal) e uso sempre que necessário os serviços correntes prestados aos sócios: renovação de carta de condução, substituição de documentos, serviços de desempanagem, etc. Funcionam bem e o pessoal é extremamente educado e prestável.
Isto não me impede de afirmar que o ACP está cada vez mais virado para os sócios de Lisboa e arredores, e que desde que o actual presidente tomou posse do cargo, a restante massa associativa, aquela que vive noutras regiões, é nitidamente considerada como "verbo de encher". Eu sei que este tipo de atitude é corrente e normal: o poder central ou centralizado funciona numa lógica autenticamente colonialista. Uma das primeiras medidas tomadas por esta presidência foi "roubar", do Norte e do Centro, o Rally de Portugal, passando-o... para o Algarve obviamente. Míticos troços cronometrados, como Góis, Arganil, Piódão e tantos outros a norte do rio Douro, conhecidos e apreciados ano após ano por toda a comunidade automobilística europeia, foram sumariamente varridos para o caixote do lixo, e substituídos por troços, no Algarve, que nunca sairão da mediocridade, nem nunca farão parte da elite das provas europeias. Em compensação, os senhores que tomaram essa decisão terão mais um pretexto para se pavonearem no Algarve, pretendendo mostrar como são importantes e como fazem parte de uma determinada elite. Para eles, constituintes da corja para quem o país a norte das Caldas é a horrorosa província, povoada por seres cuja convivência não é recomendável, para eles, dizia eu, é mais fashionable mostrarem-se em Vilamoura ou Albufeira do que terem que andar pelas serras e "vilórias" do Norte e Centro do país.
Fico a pensar que só por comodismo e conveniência continuo sócio de tal organismo. Fico a pensar também que se existisse um Automóvel Clube em Espanha que tivesse actividade efectiva aqui no Norte, imediatamente eu mudaria. Ou então um Automóvel Clube do Norte de Portugal, mas provavelmente seremos poucos para isso, até porque nessa eventualidade o ACP substituiria o descaso a que nos vota por uma interesseira atenção.
Muita gente acreditará, como eu acredito, que seria mais benéfico ter ligações efectivas à Galiza, de quem somos genéticamente irmãos, do que manter-se a situação actual de sermos apêndices, pouco mais que tolerados, duma casta pretenciosa que nos dirige e condiciona à distância, e com a qual poucas afinidades étnicas temos. Separa-nos a cultura, a vivência, a idiossincrasia. Deles, somos primos, não somos irmãos. Até nos poderíamos dar bem com eles, mas só com estatuto de igualdade, e não com a actual situação que é algo muito parecido com o relacionamento de colonizadores com colonizados.
Este tipo de antagonismo, que se espalha cada vez mais, é prova provada que o regime centralista em que vivemos é altamente desagregador da chamada coesão nacional, muito mais desagregador do que aquilo que poderia resultar da criação de regiões, sejam elas administrativas ou até mesmo autónomas, por muito que esta suposta desagregação seja um "papão" a que os anti-regionalistas gostam de recorrer à falta de melhores argumentos.
Isto não me impede de afirmar que o ACP está cada vez mais virado para os sócios de Lisboa e arredores, e que desde que o actual presidente tomou posse do cargo, a restante massa associativa, aquela que vive noutras regiões, é nitidamente considerada como "verbo de encher". Eu sei que este tipo de atitude é corrente e normal: o poder central ou centralizado funciona numa lógica autenticamente colonialista. Uma das primeiras medidas tomadas por esta presidência foi "roubar", do Norte e do Centro, o Rally de Portugal, passando-o... para o Algarve obviamente. Míticos troços cronometrados, como Góis, Arganil, Piódão e tantos outros a norte do rio Douro, conhecidos e apreciados ano após ano por toda a comunidade automobilística europeia, foram sumariamente varridos para o caixote do lixo, e substituídos por troços, no Algarve, que nunca sairão da mediocridade, nem nunca farão parte da elite das provas europeias. Em compensação, os senhores que tomaram essa decisão terão mais um pretexto para se pavonearem no Algarve, pretendendo mostrar como são importantes e como fazem parte de uma determinada elite. Para eles, constituintes da corja para quem o país a norte das Caldas é a horrorosa província, povoada por seres cuja convivência não é recomendável, para eles, dizia eu, é mais fashionable mostrarem-se em Vilamoura ou Albufeira do que terem que andar pelas serras e "vilórias" do Norte e Centro do país.
Fico a pensar que só por comodismo e conveniência continuo sócio de tal organismo. Fico a pensar também que se existisse um Automóvel Clube em Espanha que tivesse actividade efectiva aqui no Norte, imediatamente eu mudaria. Ou então um Automóvel Clube do Norte de Portugal, mas provavelmente seremos poucos para isso, até porque nessa eventualidade o ACP substituiria o descaso a que nos vota por uma interesseira atenção.
Muita gente acreditará, como eu acredito, que seria mais benéfico ter ligações efectivas à Galiza, de quem somos genéticamente irmãos, do que manter-se a situação actual de sermos apêndices, pouco mais que tolerados, duma casta pretenciosa que nos dirige e condiciona à distância, e com a qual poucas afinidades étnicas temos. Separa-nos a cultura, a vivência, a idiossincrasia. Deles, somos primos, não somos irmãos. Até nos poderíamos dar bem com eles, mas só com estatuto de igualdade, e não com a actual situação que é algo muito parecido com o relacionamento de colonizadores com colonizados.
Este tipo de antagonismo, que se espalha cada vez mais, é prova provada que o regime centralista em que vivemos é altamente desagregador da chamada coesão nacional, muito mais desagregador do que aquilo que poderia resultar da criação de regiões, sejam elas administrativas ou até mesmo autónomas, por muito que esta suposta desagregação seja um "papão" a que os anti-regionalistas gostam de recorrer à falta de melhores argumentos.
Flexi-segurança à Dinamarquesa ou à Lisboeta?
Para nosso infortúnio, os dirigentes políticos deste país periférico, habituaram-se a governar pela boca, e pela boca vão continuar a governar. Por que haveriam eles afinal de mudar?
Não têm nada a perder e não correm grandes riscos. Não arriscam a ser despedidos com ou sem justa causa, como muitos assalariados que trabalham por conta de outrem, nem correm - como eles - riscos de falência económico-financeira.
Que se saiba, não há nenhum a quem tenha sido indiferido o pedido de reforma ou o acesso à direcção de grandes grupos financeiros. O "crime" compensa em Portugal, e podemos ter a certeza que não são os do tipo "Apito Dourado" os mais escandalosos. Esses são apenas o manto diáfano da verdadeira corrupção. Portanto, em termos de serviço público, só podem, é fazer mais do mesmo, ou seja, nada verdadeiramente significativo.
Esta redundância de afirmar que os nossos governantes se habituaram a governar pela boca, não me parece nada excessiva se fizermos uma simples recapitulação de todas as promessas eleitorais não cumpridas e até da violação frequente de algumas normas constitucionais, mas mesmo assim, não deve faltar por aí quem os queira proteger. Eles lá saberão porquê...
Estas minhas preocupações fundamentam-se no histórico passado,mas igualmente no futuro e sustentam-se nesta ideia luminosa da "flexi-segurança" que andam agora a tentar impingir-nos como remédio milagroso para os nossos problemas. Sem qualquer originalidade, os nossos governantes quando pretendem ser mais convincentes com uma "nova" reforma, costumam zumbir-nos a célebre frase: "lá fora também se faz" ou, "nos países desenvolvidos é assim".
O problema, é que quando o fazem, só se preocupam em aplicar o lado mais sombrio da moeda, aquele que implica a anulação de algum privilégio ou um aumento da carga fiscal. O outro lado, aquele que deveria justificar positivamente o reforço dos encargos do cidadão, esse, raramente lhe é explicado e garantido. Ao contrário do que sucede na Dinamarca, por exemplo...
A Dinamarca, é um país pequeno como o nosso, mas é um país nórdico. E - lamento dizê-lo,porque infelizmente eu não nasci na Dinamarca - os dinamarqueses são um povo com processos de vida sérios, também porque os seus responsáveis políticos lhe transmitem seriedade. Essa seriedade, manifesta-se na forma e no conteúdo, o que significa que quando é proposto ao cidadão o pagamento de mais um imposto é-lhe imediatamente explicada (e passa a direito legal) a vantagem/benefício desse mesmo imposto. Depois, é posto em prática!
A flexi-segurança dinamarquesa cobra uma enormidade de impostos aos seus cidadãos, começando por (aquilo a que aqui alguns, chamam "demagogia") retirar a fatia maior do bolo contributivo a quem ganha mais e depois, por pagar salários médios relativamente altos.
Mas os dinamarqueses, não se preocupam com os altos impostos, porque o que ganham (apesar do seu alto custo de vida) chega e sobra para viverem com dignidade. Se um trabalhador vai para o desemprego, o Estado garante-lhe mais de 80% do valor salarial e fornece-lhe cursos de formação para um futuro posto de trabalho que também se encarrega de assegurar. As pessoas têm um conhecimento profundo e rigoroso das aplicações e benefícios específicos dos seus encargos fiscais. A isto chama-se fazer política com elevação e sentido de cidadania.
Aqui, a flexi-segurança à portuguesa vai ser um alfobre de problemas para os mais desprotegidos. A mentalidade da classe média empresarial nacional não prima pelos bons exemplos e vai ver nela um óptimo trampolim para alastrar o foco de desemprego que já existe na região.
O primeiro já começa a dar os primeiros passos. Há "empresários", que no respaldo da crise (sempre ela), perderam completamente a vergonha e já começam a habituar-se a dizer aos seus empregados que não sabem se têm dinheiro para lhes pagar ao fim do mês. Não será este, um indício de uma outra crise?
Obrigado Luís Filipe Menezes
É minha convicção, que no panorama actual da democracia portuguesa, dos poucos aspectos positivos que podemos retirar da actividade política não é - como devia - o seu produto global, mas apenas o trabalho pontual de algumas personalidades que dela brotam.
Há vários exemplos que o podem confirmar. O de Luís Filipe Menezes é o mais recente. Como receava e aqui o manifestei na altura, LFM não teve "unhas" para aguentar o compressor impiedoso dos barões do partido e acabou por entregar os pontos mais cedo do que se previa.
Fiquei ainda mais desanimado quando me apercebi que LVM se tinha rendido à política das falinhas mansas, mal chegou a Lisboa. Percebi depressa que o "líder" tinha morrido.
Estou convencido que nenhum líder se afirmará enquanto tal, se continuar a pensar numa possibilidade de afirmação, com avanços de "pézinhos de lã", dando uma no cravo e outra na ferradura, optanto pelo usado e ineficaz sistema do "sim, porém, mas talvez". O Centralismo, como os animais, não respeita quem lhes mostra medo. É preciso não tremer diante do Centralismo, é preciso enfrentá-lo.
Ora, não foi isso que fez Luís Filipe Menezes, e como tal, o Centralismo, à imagem do que sucedeu a Fernando Gomes quando o partido lhe "deu" a pasta da Administração Interna.Os centralistas dos respectivos partidos não perderam tempo, forjaram bem a ratoeira, apanharam-nos como ingénuos passarinhos, e devoraram-nos.
Curiosa e ironicamente, o sistema despachou duas personalidades de partidos diferentes, ambos competentes nos seus mandatos autárquicos. Ambos, deram provas de um "savoir faire" e dinamismo que aqueles que lhes prepararam a porta de saída em boa verdade ainda não foram capazes de mostrar.
Ninguém do grupo dos seus adversários de partido foi ainda capaz de revelar ideias e qualidades de trabalho superiores a Luís Filipe Menezes, mas no entanto acabaram por afastá-lo. Isto, serve também para contrariar a tese que, na política (e não só), nem sempre vence o mais competente. Só por má fé ou cegueira intelectual é que alguém pode negar a superioridade indiscutível de LFM por comparação com o complicado Rui Rio, e no entanto, é neste último que os centralistas melhor se revêem. E percebe-se muito bem porquê.
Para terminar, só me resta salientar uma coisa: Luís Filipe Menezes, não tem os vícios nem as manhas dos políticos de carreira. É mais pessoa, mais humano, tem outra dimensão, e só por isso deu parte de fraco. Pessoalmente, não o tenho como tal. Os fracos são outros.
O problema não está só neles, mas mais em quem lhes dá crédito e poder. Esses, os supostos fortes, são efectivamente os que menos prestam, logo, os verdadeiros e inconvenientes fracos.
Enquanto cidadão do Porto (e grande Porto) estou grato pelo que Luís Filipe Menezes tem feito na outra margem do Douro. Não é obra de fachada, é obra de utilidade pública objectiva com benefícios bem visíveis e importantes para toda a gente. Quem negar isto, ou é medíocre, ou invejoso. Não é certamente alguém amigo do Porto (neste caso concreto, Gaia).
"Um campeão de respeito!"
O jornal "O JOGO" faz, na sua edição de hoje, esta merecida dedicatória ao Futebol Clube do Porto. E faz muito bem. Só é pena, é achar que o mesmo título já é irrelevante para merecer a primeira página da edição Sul.
Mas, enfim, nós sabemos do que a casa gasta e já não nos admiramos com estes critérios jornalísticos. Agora, o que não permitimos, é que continuem a lançar para o ar aquelas bocas descabidas de atribuir a todos nós a culpa da situação que se vive actualmente no Porto.
Porque, no meio de tanta traição encapuzada por interesses comerciais há gente e instituições inocentes, que nem sequer imaginam o que possam ter feito para contribuir para a decadência local.
O Futebol Clube do Porto seguramente que não foi culpado. Pelo contrário. Mesmo na mira do pelotão de fuzilamento do Centralismo, resiste, luta, enfrenta e vence. A Bial, é um outro bom exemplo, num enquadramento diferente e, digámos que, menos "incómodo" para a "teta" do centralismo. A própria Associação Comercial do Porto é outro. Mas, há mais, felizmente; o que há, é poucos. Os jornais locais, não são certamente o melhor exemplo.
Esta artimanha das edições editoriais Norte-Sul, são um autêntico engôdo em termo de informação. São como uma espécie de mel para atrair as abelhinhas de acordo com os pontos cardiais das suas colmeias. Mas talvez esteja na hora de lembrarmos esses senhores directores de jornais que nós não somos abelhinhas, que somos pessoas e gostamos de ser tratados com mais respeito.
Mas, adiante. O título do jornal "O JOGO" foi, apesar de tudo, feliz. Feliz por ter escrito em três palavras aquilo que nós portistas e toda a gente de bem já sabe, mas que a Procuradoria Geral da República e a sua agente subordinada, Maria José Morgado, não sabem, ou fazem questão de não querer saber.
Foi feliz, por provar pela enésima vez, aos cineastas rasteiros deste país, que somos muito mais sérios do que eles, e que rejeitamos veementemente qualquer esboço de lição nessa matéria. Mesmo quando o seu reconhecimento é tardio e alimentado pelo oportunismo que os caracteriza.
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