Houve que rejuvenescer o onze, dando oportunidade a um miúdo a titular, o Diogo Jota, e não a suplente, feito bombeiro, o tal que só entra para desembrulhar o que já está embrulhado.
Finalmente, uma goleada! Ao fim de semanas, meses e anos, até, a viver à míngua de golos e exibições, eis que, na Madeira (onde a vida futebolística até costuma ser complicada), os adeptos portistas voltam a desfrutar de um jogo do seu clube com prazer e, inclusive, com algum encantamento.
Ganhar por quatro, ante o Nacional, não é tarefa fácil. É a goleada do campeonato e, em jogos fora, é uma marca que só “in illo tempere” era possível. Ou seja, 4-0, como visitante é uma proeza viável e pensável apenas na época do apogeu clubístico dos dragões.
Pergunta-se, então: terá o dragão, tal como a mitológica fénix, renascido das cinzas? Será que este sensacional resultado é o arranque de um novo FC Porto, mais identificado com o seu paradigma ganhador? Será que tal foi obra de um acaso ou de um momento de inspiração súbito? Ou será, ainda, que terminou o Outono da equipa para dar lugar, em antecipação, a tempos primaveris, contrariando o calendário e a natureza das coisas?
São muitas perguntas para respostas que só o futuro poderá dar.
Isto embora, desde já, muito “comentadeiro” atribua às fraquezas do adversário a responsabilidade do sucesso portista.
Porém, em boa verdade, isto é normal, claro. A filosofia vigente, entre os “sulistas” (onde se situa o cérebro dos media) é a seguinte: quando os grandes da capital goleiam é só exaltação e grandeza quando é o rival, foi o demérito do seu adversário. Nunca, mas nunca, se atribui eficácia, competência, inteligência ou talento e esforço aos outros, no caso ao FCP ou, até, ao Guimarães.
Das duas, uma: ou houve facilitação do adversário ou foi tudo obra do jogo da sorte e azar, como se um estádio fosse um casino…
Mas não aconteceu isso. O que se passou na Madeira foi o exemplo claro de que o FCP pode – e deve – voltar aos seus tempos áureos se os seus jogadores honrarem a camisola que envergam e o emblema que a suporta. A exibição do mexicano Layún foi a prova de que a garra, o pundonor ou o brio profissional são os primeiros responsáveis pelo êxito.
É evidente que, desta vez, o treinador Nuno Espírito Santo (NES) acertou na mudança. Adrián faz figura de corpo presente? Sai. André André está fora de forma e em nítido défice físico? Sai. Brahimi está psicologicamente debilitado? Senta-se no banco.
Por isso, houve que “rejuvenescer” o onze, dando oportunidade a um miúdo, a titular, o Diogo Jota, e não a suplente, feito bombeiro, o tal que só entra para desembrulhar o que já está embrulhado…
Portanto, se não há plano B, há plano J…
Uma palavra para a humildade de NES. Sabe que esta vitória vale apenas três pontos pois os golos não contam ( e deveriam contar, em nome do futebol de ataque…) e, por isso, não embandeira em arco, como muitos portistas que já julgam que venceram o campeonato.
Bem diferente de NES é a atitude do técnico do Sporting, Jorge Jesus. Ele não perde uma oportunidade para se vangloriar e aos seus pupilos. Gelson é uma obra-prima sua; Adrien fabuloso campeão europeu; Bost é um avançado de excelência; Coates, um central de eleição, etc, etc
Ele tem de aprender que, em futebol , o elogio só vale quando se ganha, caso contrário é bazófia e arrogância puras. Só provoca o riso e o descrédito… Ou não será assim?
(Porto24)