Desculpem lá a teimosia, vou-me repetir: desde miúdo, nunca gostei de fado. Por intuição, ou por mero gosto musical, a verdade é que ainda hoje dispenso o fado. E não vale a pena tentar promove-lo a património nacional, nem relacioná-lo com o jazz, com o tango, e até (como já li algures) com a música clássica (imaginem), que nada fará mudar a minha opinião. Sim, porque lá para promover o fado (ou o Benfica), a comunicação social centralista não se poupa a esforços.
(Des)honra lhes seja feita, essa garotada que viveu os quase 40 anos desta postiça democracia a promover tudo quando é da capital à custa do resto do país, desviando verbas da União Europeia das regiões mais pobres para a imperial Lisboa, alegando um desenvolvimento paralelo que obviamente nunca veio a comprovar-se, não olha a meios para atingir os fins. Claro que comigo é pura perda de tempo, sou um bocado duro de convencer.
A nossa "querida" RTP bem se esforça por nos domesticar os gostos e até as convicções, mas nem o "assim se fala em bom português" me convenceu a trair os ensinamentos que os professores me transmitiram desde a escola primária. Por essa altura, ainda havia uma noção correcta sobre a fonte da língua-pátria, agora, parece que é no Brasil... Mas, adiante. O que quero dizer é que, se muitos nortenhos tivessem sabido olhar e respeitar o que é seu, nunca Lisboa se teria dado à liberdade de governar o país como se a capital fosse o país ela própria. E quando digo Lisboa, digo todos aqueles (lisboetas e outros) que representando o Governo (que sempre aí teve sede) nos conduziram à deplorável situação actual.
Das duas uma, ou eu sou um iluminado (que não sou, de facto), ou há por aí muitos gajos a fazer de nós burros, ou os burros são eles e há quem os tome por inteligentes. Vejam este artigo do JN de hoje (com o qual até estou em sintonia) e leiam o primeiro parágrafo. O autor, admitindo ter sido praxado, refere que não diz o nome de quem o praxou, porque não é bufo. E escreveu isto como se estivesse a praticar um acto de heroísmo...
Se o leitor acompanha regularmente o Renovar o Porto, saberá o que eu penso sobre o tema dos "bufos". Hoje, pretende-se confundir - talvez por conveniência, ou por mal simulada cobardia -, a expressão bufo que se usava depreciativamente quando alguém acusava outro de ser contra os regimes salazaristas e marcelistas. A "confusão" não seria grave se não houvesse o inconveniente de alguns quererem comparar um bufo com um denunciante. Há diferenças e são quase antagónicas. Denunciar é um acto de coragem, e pode até ser a alavanca para acabar com muita irresponsabilidade e atenuar as malfeitorias que florescem pelo país. Bufar é trair alguém supostamente pelas suas opções políticas.
Se o leitor acompanha regularmente o Renovar o Porto, saberá o que eu penso sobre o tema dos "bufos". Hoje, pretende-se confundir - talvez por conveniência, ou por mal simulada cobardia -, a expressão bufo que se usava depreciativamente quando alguém acusava outro de ser contra os regimes salazaristas e marcelistas. A "confusão" não seria grave se não houvesse o inconveniente de alguns quererem comparar um bufo com um denunciante. Há diferenças e são quase antagónicas. Denunciar é um acto de coragem, e pode até ser a alavanca para acabar com muita irresponsabilidade e atenuar as malfeitorias que florescem pelo país. Bufar é trair alguém supostamente pelas suas opções políticas.
Agora, notem nas consequências espelhadas num caso recente. Refiro-me ao jovem estudante de Chaves que teve de viajar 400 Kms porque no Porto e em Coimbra lhe rejeitaram entrada nas urgências dos hospitais respectivos por falta de vagas. Por que é que a comunidade médica que tanto poder tem e o próprio bastonário, em vez de reagirem à posteriori, permitindo que o rapaz acidentado corresse risco de vida, não bateram o pé ao Governo com veemência responsabilizando-os por quaisquer ocorrências graves que viessem a acontecer por estarem a ser despojados de pessoal de saúde diferenciado? Resultado: agora, o odioso da situação vai recair sobre o Hospital Sto António e sobre o bastonário que não soube denunciar categoricamente o caos que vai nos hospitais.
Outro caso: . Por que é que a Direcção do Futebol Clube do Porto, aproveitando o acesso ao contraditório que o Porto Canal (de que é proprietário) faculta, não denunciou, em devido tempo, toda a polémica urdida pela comunicação social centralista com o suposto atraso da equipa portista no último jogo para a Taça da Liga? Por que é que o FCPorto optou pelo silêncio, deixando o monstro crescer, abrindo espaço à calúnia, e quem sabe, a fastidiosos processos jurídicos que podem arrastar-se pelos tribunais com todas as consequências desagradáveis que isso tem? Por quê? É uma ingenuidade pensar que este tipo de calúnias são inofensivas, que a Justiça, tal como está em Portugal, tratará de colocar tudo no seu lugar sem antes deixar um rasto de acusações e de suspeitas.
Aqui chegado, pergunto: como é possível haver no Porto quem critique Rui Moreira por ter antecipado a denúncia daquilo que aconteceu no passado e que provavelmente ia (ou irá ainda) de novo repetir-se? Se assim não acontecer, óptimo, é sinal que terá valido a pena a denúncia.
PS-Votem no Porto para ser eleito, pela 2ª vez, o melhor destino europeu em 2014.