26 agosto, 2017

A nenhuma-vergonha é para continuar? Até quando?


Deixemo-nos de artifícios, Portugal é de facto, socialmente o país mais africanizado da Europa. Aqui, o "africanizado" não tem nada a ver com as diferenças da côr da pele, nem com paixões ardentes dos nossos governantes pela inclusão racial. Bem pelo contrário! Em Portugal exerce-se racismo político e territorial, contra os próprios conterrâneos! Que importa especificar as diferenças entre os vários tipos de discriminação? Discriminar pela côr da pele, pelo local de nascença, ou pelo clube de futebol, que diferença faz? É sempre discriminação. Ponto.

A expressão "africanizado" é para mim a que melhor define o nosso atraso, pela reputação antiga que têm a grande maioria dos países desse continente, quer em termos de civismo social, como de seriedade política. Só nos faltam as bananeiras, porque República, já a temos. 

Desenganem-se aqueles que pensam que o 25 de Abril mudou alguma coisa. Portugal está a ficar pior. A única diferença é que, agora não é a PIDE a perseguir e condicionar quem contesta o regime. Agora, é o centralismo* quem faz esse serviço   propagandeado e desenvolvido e pelos media instalados na capital .

Sedes de Bancos, Jornais, Estações Rádio e Televisão [públicas e privadas], quantas existem fora de Lisboa? E no tempo da outra senhora, seria mesmo pior? Nesse tempo, que não era propriamente dourado, o Porto  tinha jornais, rádios, sedes de bancos e grandes empresas, só não tinha estações de tv porque a televisão ainda não existia, e se existia era ainda incipiente. Então, como é, estamos melhor agora? Somos mais autónomos?  Haverá algum político que se atreva a negar esta realidade? Pode ter a certeza que se o fizer aqui, chamo-lhe vigarista.

Políticos... Sobre esta pouca vergonha que se está a passar no futebol, não abrem a boca? Confiam nos órgãos de justiça desportivos? Ainda não perceberam que estão corrompidos?  Por que não falam, nem reagem? Mesmo assim, querem convencer-nos a votar? Acham porventura que lhes reconhecemos mérito e dignidade para o merecerem? E os partidos da oposição, nada têm a dizer das denúncias que semanalmente são divulgadas no Porto Canal sobre as habilidades mafiosas do Benfica que fariam envergonhar Al Capone? 

Onde estão V. Exas., que ninguém vos vê, a não ser na rua a vender banha da cobra? Onde está o Partido Comunista? O Bloco de Esquerda e todos os outros, que também optaram pelo assobio para o lado? Terão medo de perder os votos dos vermelhos? Mas olhem que eles não são assim tantos como parecem, e mesmo que sejam, a vossa atitude não deixa de ser infâme.

Continuem neste registo de fazer do povo um trampolim para as vossas inúteis carreiras e um dia, quem sabe,  talvez se venham a arrepender. 

Fica desde já aqui declarada a minha opinião sobre o que penso da vossa utilidade. E gostava muito, muito mesmo, que me lêssem e se atrevessem a contestar-me, ou negar o que aqui está lavrado. Mas, acho que não têm coragem para isso, porque sabem tão bem como eu que jamais as negaria. 

Mesmo o argumento de o FCPorto ainda não ter apresentado queixa oficial (que não se compreende) contra estes escândalos às autoridades respectivas, não explica a indiferença nem o silêncio de toda a classe política, sobretudo do 1º. Ministro, e mesmo do Presidente da República. 

Isto não é Pedrogão Grande, não tem a gravidade da morte de 64 pessoas, mas esta é outro tipo de fogueira não menos perigosa: trata-se da degradação cívica e moral de todo um país. 

*Termo capcioso para  não se dizer racismo

25 agosto, 2017

10 razões para votar Rui Moreira


Logicamente que todos os cidadãos que amam o Porto vão votar Rui Moreira. Tenho a certeza que os milhões de estrangeiros que nos visitam todos os anos também votariam nele, se pudessem. Eu voto com mais vontade porque nasci e cresci nesta maravilhosa cidade que é um ex-libris incontornável da forma peculiar de ser Português. Do Minho a Timor todos são portugueses, mas os do Porto têm lá o étimo generativo (passe o pleonasmo).
Impõe-se elencar as razões pela minha opção por Rui Moreira, para dar continuidade ao excelente trabalho que tem feito.
1 – Recuperou a cultura para a cidade. Ao convidar Paulo Cunha e Silva para o pelouro da cultura, denunciou a promoção das Artes como desígnio político fundamental.
2 – Visão correta para o desenvolvimento da cidade. Retomou do consulado de Rui Rio a necessidade de manter as contas públicas corretamente saudáveis, mas investiu em projetos estruturantes que, por sê-lo, não podem ser feitos em cima do joelho. As críticas que os seus adversários políticos lhe fazem, principalmente o PCP e PSD, por alguma morosidade na consecução dos projetos, são sound bites marginais dos afastados do poder. A política de fundo não se compadece de pressas. Pressas tiveram, após o 25 de Abril, os comunistas e os esquerdistas dos extremos na ocupação daquilo que era dos outros. Política responsável tem de olhar ao trabalho e ao capital com os mesmos olhos equidistantes no sentido do desenvolvimento máximo da cidade.
3 – Tem um coração azul e branco. Eu voto nele com mais vontade porque ele é Portista, mas se fosse benf….. até me custa dizer a palavra, ou sport….. até me custa dizer a palavra, eu, menos motivado, continuaria convencido da sua competência política e continuaria a votar nele.
4 – Liberal e independente. Uma das suas forças mais pregnantes radica na sua reafirmada independência de tutelas partidárias que lhe tentem coartar a sua liberdade de pensar e agir.
5 – Apesar dos ataques soezes que lhe querem fazem ao carácter tenta anular a crispação nas relações com todas as forças políticas e sociais da cidade.
6 – A elegância e elevação cívica com que assume as diferenças políticas. Urgia, na cidade do Porto, um político que mantivesse a dissensão política ao nível dos argumentos e não dos ataques ínvios pessoais.
7 – A profunda convicção com que promove o desenvolvimento económico e social da cidade. Enquanto a “cigarra” comunista anda a cantar o estafado fado da recuperação das ilhas, Rui Moreira porfia no sentido de repovoar o centro da cidade com aqueles que não tragam os cartéis da droga e delinquência para a alma da urbe. A elites culturais e a classe média têm que ter condições para repovoar a baixa.
8 – Ganhou as últimas eleições contra tudo e contra todos porque os portuenses viram nele um homem sério e de forte carácter. A sua gestão tem comprovado o acerto dessa aposta dos tripeiros. Bateu as máquinas partidárias do PSD e PS mas, no interesse último da cidade, estabeleceu pontes com todos aqueles que aceitassem o seu projeto. O PS aceitou a sua tutela e colaborou profundamente com a sua governação; o PSD, ressabiado como virgem ofendida, remeteu-se a um ostracismo continuamente bloqueador que só não afeta a cidade porque a relação de forças o impede.
9 – A capacidade de ouvir os outros que também foram eleitos pelo povo. Rui Moreira, demonstrando que o interesse da cidade está acima de qualquer outro, corroborou propostas políticas dos seus adversários do PCP e Bloco.
10 – A cereja no cimo do bolo. A sua capacidade de dizer não ao controlo partidário do PS. Temos de reconhecer que Pizarro foi o “general” expedito das tropas do “rei”. Soube secundarizar-se, como obviamente tinha de fazer, para fazerem uma gestão autárquica que porfiasse em objetivos da cidade e não das máquinas partidárias. A nomenklatura bolchevique do Partido Socialista queria centralismos onde a alma é centrífuga. O centro para Rui Moreira são as periferias da cidade e não as cartilhas dogmáticas dos viciados no poder. Ao não ceder à chantagem aparelhística do PS ganhou nova liberdade para escolher os seus que, de certeza, também terão o bem da cidade como foco governativo.
Não conheço pessoalmente Rui Moreira, nem nunca falei com ele. Só sei que é um político com H grande como diria o melhor lateral direito do meu clube. Ao votar nele, voto na minha cidade.
(José Augusto R. Santos)
          Porto24

24 agosto, 2017

A cultura do medo numa democracia é Ditadura!

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Tenho um grande dilema. Não grave. Um sentimento misto de dúvida e ignorância parece ter-se apoderado de mim. Por um lado, tento acreditar nas virtudes da democracia conquistada no 25 de Abril. Não por convicção pessoal, que não a tenho, mas porque ainda vejo muita gente aparentemente convencida de que a usufrui, que algo tem a ganhar com ela. Apesar da ascenção galopante dos abstencionistas, ainda há demasiada gente a votar, a dar emprego aos profissionais da mentira. A política séria é uma causa, não um trampolim para interesseiros.  

As consultas diárias de jornais e televisões, ainda que cobertas de negatividade e contradições, corroboram muito para que essa ideia imprecisa de democracia mantenha alguma solidez, porque neste país há sempre um bom samaritano pronto para fazer crer nessa balela os mais incautos. Portugal pode estar a ferro e fogo (como está), mas o optimismo, esse grande mago, é que nunca falha. Resultado: Portugal é, e sempre será,  um país livre e democrático! Amén!

Por outro lado, algo coíbe o entusiasmo por este modelo de consensualidade, muito prá-frentex e optimista. Antes de tudo, porque é impossível haver democracia sem liberdade, e porque para haver liberdade também é preciso saber merecê-la. É aqui que reside a génese de todas as ditaduras: o medo. O medo, é o grande responsável por todas as cobardias, pelo anonimato, pelos nomes falsos, pela "coragem" sem rosto.

É o medo, a incapacidade de dizer não, quando alguém ultrapassa os limites da decência, seja ele patrão, político, ou o próprio pai. O poder exagerado e abusivo sobre alguém, deve sempre ser combatido com determinação. A não ser assim, como podemos nós acreditar num regime que se assume como liberal e democrático, e que ao mesmo tempo transforma pessoas aparentemente normais em perfeitas marionetes? Gente incapaz de condenar o condenável, quando o condenável tomou conta de si?

Estas questões não podem nunca ser interpretadas como impertinentes. Esse, tem sido um dos nossos males dos últimos anos, a incapacidade para reagir assertivamente às adversidades. Veja-se o que está a acontecer no futebol, a pouca vergonha que um simples clube (o Benfica) conseguiu semear no país para conseguir ultrapassar os adversários, a ponto de silenciar o próprio poder político? Veja-se igualmente a delicadeza como o FCPorto tem abordado este caso, além de apresentar publicamente as denúncias? Do Presidente não se ouve um rumor que seja! Veja-se como o silêncio dos órgãos de comunicação social "nacionais" pactuam com este caso gravíssimo, sem mesmo se preocuparem com a imagem abjecta que deixam na opinião pública? Então, aonde pára a liberdade desta gentinha, a moral, o sentido de justiça, da ética, da democracia? Conhecerá esta gente a história do menino que passava o tempo a gritar pelo lobo quando nem sequer o lobo via? Saberão o que aconteceu ao menino mentiroso? É uma história, é certo, mas talvez os ajudasse a crescer se os paizinhos a contassem no tempo certo... Assim, continuam a ter atitudes de catraios.

O meu espanto não se queda por aqui. Depois das velhaquices, das armadinhas que fizeram ao FCPorto, e ao seu Presidente, de todos os prejuízos éticos, desportivos e económicos porque passaram, o mínimo que o clube portista devia fazer, era exigir da justiça empenho e divulgação iguais aos que os fizeram passar. Mas não é isso que acontece. Suplicam. Agora que temos elementos, (praticamente provas) de uma rede mafiosa instalada no futebol, ainda estamos com paninhos quentes a pedir às autoridades desportivas e civis que façam o favor de investigar quando o que eles querem é que os deixem em paz?

Pergunto: também tu FCPorto, tens medo? O que será isso do "Somos Porto", o que quererá essa linda frase ainda dizer nos tempos que correm? "Somos Medrosos", será? Se não é, façam o favor de explicar os porquês para tanta parcimónia quando falámos de crimes de altíssimo teor criminável! Ou, estaremos a ser tolerantes com o crime? Em que posição ficamos? Na expectativa? Esperando que numa manhã de sol caia do céu um Justiceiro que venha pôr ordem no país? Isso nunca vai acontecer.

Esta pouca vergonha das cartilhas, por ser demasiado óbvia, desafiante, grave e tentacular devia servir como baluarte ao FCPorto, para lhe estimular a coragem que tem faltado estes últimos anos, sobretudo ao seu presidente. Neste momento, a par das denúncias que tivermos de continuar a fazer, devíamos pressionar o Governo português até o fazer agir, sair da toca, em vez de deixar que continue a fazer de conta que nada se passa. Devíamos envergonhar o poder político pela indiferença que dá mostras face ao maior escândalo do futebol nacional.

Pela minha parte (e isto que sirva de exemplo aos medrosos) afirmo aqui, neste simples blogue, sem qualquer receio de punição, que tanto o 1º. Ministro, como o Presidente da República, são cúmplices por, até ao momento, nem sequer terem dado sinais de exercer a tal magistratura de influência de que muitas vezes falam e muito poucas praticam.

Resumindo, e concluindo: em Portugal, a democracia não existe! Vive-se há 43 anos numa ditadura em que a mentira equivale à tortura da PIDE de outros tempos.

Tenham muita paciência senhores políticos, nunca conquistarão um voto meu. Pela minha parte, vão ter de arranjar outro emprego, ou na falta dele, emigrar!

22 agosto, 2017

Fogo, futebol e fado. A nova trilogia lusa

Não há argumentos dignos
de respeito para justificar
isto

Decorridas três jornadas da nova época futebolística, até ver, não se vislumbram sinais de mudança no comportamento dos organismos que tutelam o futebol português. Como sempre, há uns fogachos de boas intenções que  mais não  são do que areia para os olhos de quem assiste impotente à degradação (essa sim, galopante) de todas as áreas da sociedade. 

Sem me abstrair do futebol, que não é, nem deve ser a coisa mais importante da vida de todos nós, os incêndios, que para quem ainda não entendeu [refiro-me a todos os governantes], significa morte de humanos e animais, mais a destruição de florestas e terras de cultivo, são o fenómeno que melhor espelha o nível de civismo de quem tem gerido o país. 

Portugal, é, ao contrário do que esses mesmos políticos tentam fazer crer, o país mais inseguro e frágil da Europa. Qualquer criança malvada, pode arrasar o país com uma simples caixa de fósforos, porque a prevenção simplesmente não existe. Nunca vi um inferno destes em lado nenhum, com a mesma intensidade e progressão. Pena é, que os locais dos incêndios não se concentrem em casas ou propriedades de políticos, porque talvez assim tivessem um pouco de vergonha na cara de condicionarem a resolução destas desgraças às desculpas de sempre.

Por isso, se nem vidas humanas respeitam (apesar das palavras afectuosas do PR), é pouco provável que em Portugal, o futebol venha algum dia a ser regenerado. Os vídeo-árbitros são aparelhos que podiam ajudar as más decisões dos árbitros, mas são perfeitamente inúteis se atrás deles continuarem homens desonestos. Não vale a pena imaginar o contrário. Os erros dos árbitros são muito simples de tolerar, se forem apenas erros humanos, porque acontecem pontualmente, e um árbitro íntegro sabe muito bem ultrapassar essas situações pela sua competência na maior parte do tempo do jogo. Os erros criminosos, são deliberados, persistentes, e no caso português, mesmo provocatórios.

Ainda no sábado se constatou o que acabo de dizer, no jogo entre o Belenenses e o Benfica, numa jogada em que o vídeo mostra com nitidez que Eliseu pisou deliberadamente o adversário, e o árbitro deixou passar uma falta que implicaria a expulsão do jogador encarnado. Agora, não há lugar a desculpas. Ou o árbitro é desonesto, ou tem medo de alguma coisa, e se tem, que o diga a quem de direito.

Gostava que o FCPorto, tal como o Porto Canal, sendo duas referências da nossa cidade, se tornassem num modelo para o país, cada qual na sua área. Gostava, porque amo a minha cidade e tudo o que lhe está ligado. Que o FCPorto, neste caso concreto, quem nele manda [o Presidente] soubesse transformar ambas as instituições, em dois exemplos de vanguardismo. Que o Porto Canal produzisse um novo estilo de informação, mais sério, mais objectivo e mais pragmático, e que o FCPorto fosse um exemplo de combatividade desportiva, e cívica.

Como já não tenho idade para me iludir, embora o sonho comande a vida (como diria António Gedeão e cantava Manuel Freire], não acredito de todo que Pinto da Costa tenha as mesmas ideias. E se pensarmos no desleixo que paira no Porto Canal, e na subserviência de Júlio Magalhães para com os amigos lisboetas e do centralismo, a certeza dessa impossibilidade é total.