28 abril, 2012

Que a selecção se exploda*!


A temporada de futebol está a chegar ao fim e a selecção nacional começa a aparecer nos media. Daqui a algum tempo seremos submergidos por enxurradas diárias de "notícias" da selecção que não interessam a ninguém.

Desde já, e por muito irrelevante que a minha opinião seja, quero declarar claramente que não torço pela selecção portuguesa. Em primeiro lugar porque torcer pela selecção é um pouco como torcer pelo próprio país. Ora nas circunstâncias actuais, acontece que tenho desgosto e até vergonha de ser português, e só tenho pena de não poder desistir da minha nacionalidade.

Em segundo lugar, porque me choca e me revolta o descaso a que a FPF tem sujeitado o Norte, justamente a região do país que é indiscutivelmente, e a vários títulos, a capital futebolística de Portugal. Toda a gente se lembra que isto começou na era Scolari, por razões que tinham a ver, além do centralismo endémico, com as tentativas desesperadas que Lisboa faz para tentar destruir o FCPorto. Mudou o presidente da FPF, mudou o seleccionador, mas a atitude insultuosa mantém-se. Dentro de duas ou três semanas, será cerimoniosamente anunciada a lista de jogadores seleccionados. Óptima ocasião para fazê-lo no Norte, no Porto como a sua capital, ou em Braga ou Guimarães, este ano Cidades Europeias. Seria uma singela homenagem a uma região que tanto tem dado ao futebol. Mas não, a cerimónia terá lugar em Óbidos!

Perante tudo isto, só me resta desejar que a selecção lisboeta se expluda! Adelante España!!

 * «Exploda» no Brasil, é uma maneira educada de dizer f.....da.

27 abril, 2012

Atirei com o pau ao gato, tu-tu, mas o Benfica não morreu, eu-eu...

Calma, que não me converti a este novo tipo de fundamentalismo...  A gracinha do título é só para tentar chamar a atenção daquelas aves de rapina que nasceram convencidas que o mundo está a menos de um palmo dos seus fedorentos umbigos. Fedorentos, certamente! Eles até gostam de ser conhecidos assim, ou não fosse esse o nome de baptismo dalguns gatos que por aí andam, convencidos que têm muita gracinha mas o melhor que conseguem, quando aparecem na televisão, é obrigar os telespectadores a mudar de canal.

Mas eu não vos quero falar desse tipo de gatos. É de outros, embora pertençam todos à mesma seita. O que vos quero dizer é que, mais uma vez, neste país, as instituições que deviam ser do Estado, ou seja, de todos nós, continuam a funcionar só para alguns de nós [salvo-seja!]. É que acabo de tomar conhecimento que a Inspecção Geral [é geral, é!] de Educação arquivou a queixa apresentada pelo pai da criança contra os educadores e à direcção do jardim de infância onde tinha a filha, depois daquele organismo ter procedido a um inquérito aos acusados e não ouvir o queixoso...Resultado: arquivaram o processo, porque a actuação da escola não mereceu censura jurídico-disciplinar. Para completar o ramalhete, o queixoso só teve conhecimento da decisão pela imprensa... Na resposta à queixa, o director do Agrupamento de Escolas da Ericeira disse que a cantilena é prática comum a outros jardins de infância do concelho" e que em nenhum momento se fala de futebol ou de algum clube em particular".  

Conclusão: os pais da menina [de 4 anos] deixaram de levá-la à escola porque devem ser loucos ou uns grandes mentirosos... Só pode.

Sugiro então aos educadores de infância do Porto que façam o mesmo que os seus colegas da Ericeira, mas para variar, na versão FCPorto. Que mal é que tem? Um dólitá era dimendá sabonete colorete um dólitá. Viva o Porto!!! Ou: Vitó tinha uma gaita de um buraquinho só, sua mãe lhe dizia toca na gaita ó Vitó. Viva o FCPorto!!! Inocente, sem dúvida. 

Vamos a isso, gente! Mais que não seja para vermos se o Ministério da Educação leva a coisa a sério, como vem sendo hábito, desde que envolva o nome do FCPorto. Filhos da p....ta de nazis!
                         

25 abril, 2012

Memorandum

Revolução dos Cravos refere-se a um período da história de Portugal resultante de um golpe de Estado militar, ocorrido a 25 de Abril de 1974, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933, e que iniciou um processo que viria a terminar com a implantação de um regime democrático, com a entrada em vigor da nova Constituição a 25 de Abril de 1976.

Este golpe, normalmente conhecido pelos portugueses como 25 de Abril, foi conduzido por um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), composto por oficiais intermédios da hierarquia militar, na sua maior parte capitães que tinham participado na Guerra Colonial e que foram apoiados por oficiais milicianos, estudantes recrutados, muitos deles universitários. Este movimento nasceu por volta de 1973, baseado inicialmente em reivindicações corporativistas como a luta pelo prestígio das forças armadas, acabando por se estender ao regime político em vigor. Sem apoios militares, e com a adesão em massa da população ao golpe de estado, a resistência do regime foi praticamente inexistente, registando-se apenas quatro mortos em Lisboa pelas balas da DGS.

Após o golpe foi criada a Junta de Salvação Nacional, responsável pela nomeação do Presidente da República, pelo programa do Governo Provisório e respectiva orgânica. Assim, a 15 de Maio de 1974 o General António de Spínola foi nomeado Presidente da República. O cargo de primeiro-ministro seria atribuido a Adelino da Palma Carlos.

Seguiu-se um período de grande agitação social, política e militar conhecido como o PREC (Processo Revolucionário Em Curso), marcado por manifestações, ocupações, governos provisórios, nacionalizações e confrontos militares, apenas terminado com o 25 de Novembro de 1975.

Estabilizada a conjuntura política, prosseguiram os trabalhos da Assembleia Constituinte para a nova constituição democrática, que entrou em vigor no dia 25 de Abril de 1976, o mesmo dia das primeiras eleições legislativas da nova República.

Na sequência destes eventos foi instituído em Portugal um feriado nacional no dia 25 de Abril, denominado "Dia da Liberdade".

[in Wikipedia]

Nota de Renovar o Porto:

Por mais que alguns tentem negá-lo, o Movimento de 25 de Abril que levou ao derrube da ditadura e à posterior implantação de eleições livres [não confundir com democracia, porque uma democracia é algo mais que isso], foi essencialmente da responsabilidade de um grupo de jovens militares desgastados com a interminável guerra colonial e não exclusivamente da luta clandestino de alguns políticos. Só depois do golpe militar é que se deu a adesão espontânea do povo e o regresso do exílio de alguns políticos, como Álvaro Cunhal e Mário Soares.

Como tal, e porque tenho idade bastante para saber exactamente como as coisas se passaram, é bom que não coloquemos de mais o povo e os próprios políticos num pedestal, mesmo que isso torne o cenário mais poético aos nossos olhos. Até porque, os políticos, não têm muitos motivos para se orgulharem com o rumo que deram ao país e com o uso que fizeram da democracia, como se pode inferir do actual quadro sócio económico.

24 abril, 2012

Crónica nojenta do sub-director do JN

Algo me deve estar a escapar, porque ainda estou para perceber o que levará certas pessoas a diabolizar as forças armadas cada vez que alguém desse importante sector da sociedade resolve opinar sobre a situação do país. Tudo indica, a avaliar por reacções anteriores, ter-se instalado em Portugal um estranho estigma sobre os militares, apesar da parcimónia que os tem caracterizado ao longo destes anos de má governação da responsabilidade exclusiva da classe política.

Depois de ler este artigo de opinião do director adjunto do JN, onde o autor fala dos militares de Abril de um modo algo paternalista e cínico, fiquei com a nítida sensação de haver da sua parte um ressentimento mal resolvido para com a Instituição Forças Armadas. Senão, registemos a primeira das suas expressões: «Todos os anos, por esta altura, a Associação 25 de Abril dá um sinal de vida, não vá o povo ser ingrato e incapaz de reconhecer  o mérito de um naipe de protagonistas responsáveis pela queda em 1974 de quase 50 anos de ditadura em Portugal». No parágrafo seguinte o jornalista vai mais adiante e diz: «Para uma boa parte de historiadores a instauração do regime democrático deu-se em Novembro e não em Abril». E a ambiguidade do texto só termina mesmo no fim. O link do artigo acima disponível permitirá ao leitor tirar as suas próprias conclusões, por mim chegam-me estes para levantar algumas das dúvidas que este texto me deixou.  

As questões que me ocorre colocar são as seguintes: serão porventura os militares de Abril a besta negra dos malefícios sociais e económicos de que o país hoje padece? Não terão eles, tal como nós, o direito de emitirem as suas opiniões, mesmo que a espaços e moderadamente? Afinal, em que é que os jornalistas e o resto da sociedade, onde se incluem políticos e banqueiros, se destacam eticamente para se acharem no direito de tapar a boca aos militares? Terão sido os jornalistas e os políticos os autores morais do 25 de Abril? Ou será o mês de Novembro o "verdadeiro" marco histórico da mudança de regime? Digamos - para não ferir susceptibilidades -, não terá sido em Novembro que se produziu a revolução à medida das conveniências das elites residuais do regime de Salazar e Caetano?

Quando se fala em respeito, como fez o jornalista no final do artigo, de forma petulante e ingrata, está-se por momentos [infelizes] a esquecer a pouca vergonha dos BPN's, dos submarinos e da Face Oculta, que por certo deixarão, pela enésima vez, os criminosos livres do merecido castigo, apenas porque pertencem à classe das tias e dos colarinhos brancos em que o regime anterior era pródigo, e que agora ousam empunhar a bandeira da democracia, como se ela existisse...

23 abril, 2012

Esquerda e direita em Portugal são diferentes apenas na ideologia não nos homens

Nos tempos que correm, em que lamentavelmente os assuntos de carácter passaram para o plano da insignificância, não se notam de facto grandes alterações entre as políticas de esquerda e de direita. Apesar disso, continuo profundamente convencido que ideologicamente existe uma grande diferença entre ambas, e que é decisiva. Enquanto a esquerda tem falhado sucessivamente pela incapacidade dos seus líderes resistirem aos "encantos" da direita que se define claramente como pró capitalista, esta é por tradição secular, avessa à humanização das sociedades. A direita apenas mantém  a aparência democrática porque, em tese, ainda existem partidos de esquerda, o que não quer dizer propriamente que a esquerda se tenha orientado consistentemente por valores humanistas.

Por outro lado, a direita só contempla o humanismo nas suas práticas políticas quando se sente eleitoralmente ameaçada pela esquerda, o que contribui para a confusão "ideológica" entre ambas. Mas a direita não tem ideologia, tem uma cartilha económica e financeira, cujo objectivo supremo se resume à acumulação rápida de capital, com os menores custos, sendo o desemprego o mais dramático de todos, contrariando por completo a fama ardilosa que lhe tem valido alguns votos, de ser geradora de postos de trabalho. Entre um cidadão e uma máquina, a direita não hesita em eleger a máquina, desde que tenha garantido mais lucro, nem que para isso tenha de despedir cem pessoas. Isto é assim, e quem tiver dúvidas, só prova duas coisas: ou beneficia directamente com esta situação, ou é intelectualmente limitada para compreender o que está à vista de todos e então precisa de viver outra vida para chegar a essa conclusão...

Seja como for, a esquerda moderada, onde tem pontificado o Partido Socialista tem sido, ao longo do seu tempo de vida, uma decepção permanente, tanto quanto está no governo como quando é oposição. Isto porque nunca teve líderes à altura de lhe devolver a génese ideológica que a identifica(va) e que a podia fazer descolar definitivamente da direita e do perigo de se fundir e confundir com ela. 

A este propósito deixo-vos este singelo exemplo: a página "Política" do JN de domingo apresentava uma foto grande do actual Presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, a reclamar [agora] a autonomia do Norte e a Regionalização quando ainda há poucos mêses, durante o mandato de Sócrates, dizia que não ser oportuna a Regionalização...  

Se há coisa que me repugna nestes políticos, é a profunda falta de respeito que demonstram pelos cidadãos e pela sua memória, para manterem um discurso quando o seu partido está no governo e outro quando estão na oposição. Esta mudança de discurso é tão brusca e flagrante quanto provocatória, e devia ser suficiente para os eleitores riscarem de vez da cena política este tipo de gente que faz gala de os enganar as vezes que forem precisas apenas e só para se manterem agarrados ao poder. E neste aspecto concreto esquerda e direita, são iguais. E por quê? Porque quem as representa é gente sem carácter, sem ideais e intelectualmente desqualificada.

Por isso, e uma vez que esta democracia não contempla meios simples e eficazes para os eleitores se livrarem destas "pragas", não vejo outra forma que não obrigar os políticos a assinarem um contrato com força jurídica que dê garantias aos cidadãos de cumprirem as promessas feitas em campanhas eleitorais. Ou seja: tal como é praticado pela banca quando queremos aceder ao crédito para adquirir um bem, devíamos exigir dos políticos garantias bancárias e prazos mínimos para realizarem os projectos de governo. Com os bens pessoais hipotecados, talvez esta garotada começasse a formar uma ideia mais séria do que é ter sentido de responsabilidade e de Estado. A não ser assim, bem podemos [como diz Pinto da Costa] esperar deitados que eles vão continuar a fazer de nós eternos palermas.