Há muito que ando para falar no assunto, e vai ser hoje mesmo. Antes porém, devo reconhecer não ser a pessoa indicada para falar dos meus incontornáveis defeitos, mas acredito não ser do tipo de homem facilmente consensuável, embora, quando tal é possível, e dependendo do quê, procure consensos.
Não sou consensuável* pela resistência que ofereço às 'moralidades' impostas pela comunicação social, e à sua irresistível tentação para manipular a opinião pública. Este caso muito recente do atleta e grande profissional Ricardo Carvalho, que até já foi tratado pelo seleccionador por desertor, é paradigmático, mas é apenas mais um, entre centenas deles, com critérios de avaliação diferentes, consoante o nome, ou as origens do "réu". Não confundam, porque não se trata de tribunais, com juízes, togas e tudo, trata-se de justiceirismo, feito a partir de estúdios de rádio e televisão, com o apoio editorial dos jornais.
Não queria perder muito tempo a especular sobre conceitos de "deserção", porque às tantas ainda vou magoar certa gente graúda que desertou efectivamente do país, e fugiu a uma guerra, a que chamaram colonial, mas que outros [a grande parte], acreditavam travar contra o terrorismo e com elevado sentido pátrio... Decorridos 37 anos, receio ser necessária mover outra "guerra", agora dentro de portas, para apurar as verdadeiras razões de muitas deserções, cinicamente baptizadas de políticas, para pôr a casa em ordem. Mas isso, é apenas um cenário hipotético. Pelo menos, por enquanto.
Voltando a Ricardo Carvalho, que continuo a estimar e respeitar como nunca na vida respeitarei determinados jornalistas, com nome e rosto bem conhecidos, não ouso sequer julgá-lo pelo que fez de errado, num momento de algum descontrole emocional [mas se calhar justificado], pelo peso preponderante de grande profissionalismo e carácter que exibiu na sua honrada carreira. Coisa que, muitos dos que agora o querem queimar na fogueira da Inquisição Centralista, já deram provas sobejas de não possuir.
E é, baseado no histórico já antigo de justiceiros como estes, que sou absolutamente contra a colaboração em jornais como A Bola, ou o Record, de figuras públicas adeptas do FCPorto, mesmo que em teoria seja para o defender. Sem ofensa para a mais antiga profissão do mundo, ninguém que frequente os espaços onde ela acontece se livra de passar por 'colega' de ofício da dita cuja se a assiduidade for muita.
O eufemismo aplica-se perfeitamente a quem se arrisca a navegar nesse tipo de águas fétidas, a troco de umas democráticas avenças. Não me estou a ver a colaborar num jornal cuja direcção desde há muito escolheu o Futebol Clube do Porto como alvo a abater e tudo tem feito para denegrir a sua imagem. Esses ambientes, dos jornais e estúdios de tv, há muito que ultrapassaram a sadia rivalidade clubista, transformaram-se numa nova moda de caça ao homem. O processo Apito Dourado prova-o, e apesar de já ter sido julgado, a saga continua, como se pode constatar no Trio de Ataque e noutros programas do género. Portanto, quem entende que, nestas condições manifestamente discriminatórias para o FCP, está a defender o clube, engana-se, e engana todos os portistas.
O eufemismo aplica-se perfeitamente a quem se arrisca a navegar nesse tipo de águas fétidas, a troco de umas democráticas avenças. Não me estou a ver a colaborar num jornal cuja direcção desde há muito escolheu o Futebol Clube do Porto como alvo a abater e tudo tem feito para denegrir a sua imagem. Esses ambientes, dos jornais e estúdios de tv, há muito que ultrapassaram a sadia rivalidade clubista, transformaram-se numa nova moda de caça ao homem. O processo Apito Dourado prova-o, e apesar de já ter sido julgado, a saga continua, como se pode constatar no Trio de Ataque e noutros programas do género. Portanto, quem entende que, nestas condições manifestamente discriminatórias para o FCP, está a defender o clube, engana-se, e engana todos os portistas.
Da participação de Rui Moreira num desses programas inquisitórios contra o FCP, a que mais apreciei e o honrou, foi justamente a daquela noite em que se levantou para abandonar o estúdio. Em vão, esperei que Miguel Guedes lhe seguisse o exemplo, ou que a aceitar substituir Rui Moreira, o fizesse sob determinadas condicões, como seja, a garantia da parte da direcção da RTP de que não se repetiria a linha programática antiga.
O que vemos agora, dá-me razão. Nada mudou. Os ataques e as acusações continuam.
O que vemos agora, dá-me razão. Nada mudou. Os ataques e as acusações continuam.
Só me espanta,é Rui Moreira ter escapado ao estigma de desertor. Teve sorte...
*Não faço ideia se o termo consensuável existe, sei que o que existe é: consensual. Mas, o que pretendo aqui significar com consensuável é algo como isto: alguém vulnerável a falsos consensos.
*Não faço ideia se o termo consensuável existe, sei que o que existe é: consensual. Mas, o que pretendo aqui significar com consensuável é algo como isto: alguém vulnerável a falsos consensos.