Se me perguntassem, por altura da saída de Varela do FCPorto, se preferia que ele ficasse, diria rotundamente que não. Para um clube como o FCPorto, que almeja(va) competir sempre ao mais alto nível, não creio que este hábito de repescar jogadores em fim de carreira possa significar uma boa gestão de recursos humanos. Falo de Varela, como podia falar do Quaresma, jogador talentoso mas demasiado caprichoso para assimilar o (já saudoso) espírito de jogador à Porto. Até podem dar jeito, em circunstâncias extremas de necessidade, mas se nunca chegaram a interiorizar esse espírito quando chegaram e ainda eram jovens, não é na idade do retiro que o vão fazer. Isto, nada tem a ver com patinhos feios, porque ambos tiveram bons momentos no FCPorto, contribuindo para a conquista de campeonatos e troféus, mas sim com as suas próprias características.
Só citei estes dois exemplos, para ilustrar, aquilo que me parece ser uma das falhas da gestão, contratação e formação dos plantéis, nas aberturas de mercado das últimas épocas. Claro que há circunstâncias específicas que podem justificar estas situações, mas não me parece que tenha sido o caso. O que me parece, é que a pesquisa prévia de jogadores para as várias posições não está a ser feita com o cuidado habitual, nem da parte do clube, nem da parte do(s) treinador(es) contratados. Duvido que actualmente haja, no departamento de scouting do FCPorto, um critério de selecção de jogadores que comporte, para além do aspecto técnico e físico, a componente do carácter.
Quando Brahimi chegou ao FCPorto, e o vi jogar pela primeira vez, logo pensei que ali podia estar um grande craque, no entanto, recordo-me bem da sua expressão de espanto quando marcou golos nas primeiras jornadas na conversão de um par de livres soberbos. Hoje, já não tenho a mesma opinião sobre ele, e percebo porque é que ele próprio se espantou do que fez. A Brahimi, falta-lhe a inteligência dos grandes jogadores, de saber quando devem jogar para o colectivo, ou optar pela finta objectiva. Brahimi é um auto-deslumbrado que se acha melhor do que é, talvez também porque não teve mestre que o ensinasse a ser melhor. Parece (digo eu), que ainda nenhum treinador lhe disse que não é a agarrar-se à bola, rodopiar sempre da mesma forma, uma e outra vez, para logo a perder, que crescerá como jogador, ou será aquilo que pensa que é, sem ainda o ser. O espírito colectivo dele não é dos melhores, para poder identificar-se como um jogador à Porto. Como ele, há mais. Tello (já cá não está) mas também foi sempre um jogador apagado, e foi para o Torino. Sérgio Oliveira, tem habilidade, mas muito pouca alma. José Angel é um barrete.
Depois, temos jogadores que podem ser reabilitados do agora confirmado síndrome de Lopetegui, se houver talento,tempo e determinação para isso, porque estão irreconhecíveis. É o caso de: Ruben Neves, Aboubakar, Corona, Evandro (acho-o interessante, mas sub-aproveitado), Martins Indi, e Bueno (lesionado). Herrera é imprevisível, ora está bem, ora liga o "complicómetro". Finalmente, temos aqueles que dentro da anarquia geral do nosso clube (refiro apenas o futebol sénior), são na minha opinião os mais fiáveis e aguerridos. Refiro-me concretamente a: Danilo, Miguel Layún, Maxi Pereira, Marcano, André André, Suk, (Marega?!) e os guarda-redes. Da equipa B, gostaria que fossem paulatina e oportunamente lançados jogadores como: Ismael Diaz (possante e jogador de equipa), Omar Govea (médios), Chidozie, Verdasca, Victor Garcia (defesas), Gleison (pé esquerdo fantástico) e André Silva (avançados).
O lançamento de jogadores B para a equipa principal, obedece aos cuidados que qualquer treinador experiente tem de ter para escolher o melhor momento para o fazer, mas, entre optar por séniores cujo rendimento foi por demais testado sem grande sucesso e arriscar meter alguns da B com provas dadas, sou apologista da segunda hipótese.
De resto, só a SAD e o respectivo presidente sabem o que pretendem fazer. Se vão enveredar outra vez pelo caminho suícida do experientalismo (Lopeteguisadas) e do silêncio, ou se tencionam defender como lhes compete o FCPorto, e fechar negócios de jogadores com o cuidado e rigôr que se impõe. Se não estiverem para aí virados, então façam o favor de se retirarem e promover eleições.
PS-Não falo do jogo de ontem, porque agora é tarde demais para esperar milagres. Se ganharmos um trofeuzinho este ano, já fico contente. Ao que chegamos, Porto!