24 agosto, 2016

Já tinha saudades de um FCPorto assim

Pirueta de alegria de Felipe

Como pudemos constatar, não há victórias antecipadas, nem campeões garantidos, antes do tempo. 

Quando comento sobre o plantel do FCPorto deste ano, limito-me a reconhecer o que todos os portistas reconhecem: a necessidade de reforçar o ataque e a defesa com mais 2 ou 3 jogadores. Sobre Nuno Espírito Santo já aqui escrevi, e digo-o a quem me conhece, que para já está a surpreender-me pela positiva. Não gosto de deitar foguetes antes do tempo, sou prudente, mas não posso deixar de dizer as impressões que registo em determinado tempo. As minhas dúvidas sobre o FCPorto mantêem-se, são as que os leitores já conhecem, estão no tôpo da pirâmide hierárquica.

Como todos vós, delirei com mais esta façanha do nosso clube. Treinador e  jogadores, merecem os melhores elogios, embora me tenha custado muito ver a equipa jogar contra 9 adversários. Cheguei a temer o pior, que ainda íamos acabar por claudicar em superioridade numérica. Enfim, tudo está bem, quando acaba bem.

Há dois aspectos que não posso deixar de evidenciar, por me parecerem extremamente importantes. Primeiro, enaltecer a seriedade e a coragem do árbitro polaco por não ter hesitado em expulsar dois jogadores do Roma na sua casa. Em Portugal, com os nossos árbitros, o FCPorto não tinha essa "sorte", o mais que podiam fazer, era mostrar um amarelo, ou marcar uma simples falta aos infractores.  Além disso, o árbitro teve o mérito de acompanhar de perto todos os lances faltosos, quer de uma equipa, quer de outra. Outro aspecto que me agradou foi a coesão, o espírito de equipa dos jogadores do FCPorto. Contudo, houve algumas peças que destoaram um pouco da maioria. Pela positiva destaco o defesa Felipe, não só pela importância do 1º. golo, mas também pela grande exibição que fez. Octávio, Marcano, Alex Telles, Maxi Pereira, Danilo e depois Layun estiveram todos fantásticos. Empenhados, mas não brilhantes, estiveram também Herrera, André André, André Silva, Casillas (apesar de duas excelentes defesas), Corona (apesar do excelente golo). Não gostei da prestação de Sérgio Oliveira, entra sempre nos jogos de forma demasiado relaxada e (tal como os dois Andrés) com fraca potência no remate. Urge melhorar também estes aspectos.

De resto, só podemos estar felizes. Falta saber se esta victória e o capital que ela trás vão servir como pretexto para Pinto da Costa considerar o plantel fechado, ou se vai mesmo investir nas peças que ainda faltam no plantel. Quando o ouvi, fiquei com a impressão que (agora) está satisfeito com o que tem, e isso pode ser a morte do artista...

23 agosto, 2016

Os direitos de quem se acha patrão


Há um novo nicho para os empresários portugueses. Para aqueles que perseguem o lucro e ignoram os custos, as regras mais elementares do trabalho. Estou a falar dos estágios financiados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional. Existem patrões, revela o JN na sua edição de ontem, a exigir aos estagiários que lhes devolvam a comparticipação da empresa. Não satisfeitos, vão mais longe na sua perversidade laboral: a contribuição à Segurança Social acaba por ser paga também pelos estagiários.


Várias denúncias chegaram, nos últimos tempos, ao Conselho Nacional da Juventude. Não há, portanto, desculpas para se alegar desconhecimento da situação. Basta solicitar os nomes de quem apresentou queixa, embora tenham sido, por necessidade, coniventes com o esquema fraudulento. Aceitavam as "regras" de empresários sem escrúpulos, ou ficariam sem a declaração de terem feito o estágio profissional para se poderem inscrever na Ordem - e a partir daí, quem sabe, emigrar.


Nestes estágios, a remuneração é de 691 euros e a empresa tem um apoio, na maior parte dos casos, de 65 por cento deste valor. Aí vem a chantagem. O empregador, e não são empresas de construção civil, têxteis ou calçado - são gabinetes de arquitetura, psicologia e advocacia, o que revela a transversalidade da falta de ética -, exige ao estagiário que, no final de cada mês, vá ao multibanco e levante os 35 por cento em falta e os entregue em dinheiro.


Hugo Carvalho, presidente do Conselho Nacional de Juventude, chama a isto "lavagem de dinheiro". Em parte, pode ser. Mas na essência é outra coisa, sintoma do tempo que vivemos, bem mais grave do que a fraude fiscal. Chama-se a escravatura dos tempos modernos. Patrick Drahi, presidente da Altice, detentora da PT Portugal, já o tinha dito, preto no branco: não gosta de pagar salários, por isso paga o menos possível. É o sonho de qualquer capitalista malformado. Receber a força de trabalho, e a mais-valia, sem que para isso tenha de dar algo em troca.


Os patrões, referidos pelo JN, devem pois considerar que prestam um favor aos recém-licenciados. Olham-nos não como alguém que contribui para o desenvolvimento da empresa, mas como uma oportunidade de a empresa pagar menos impostos. Perante tais práticas, os estágios remunerados não cumprem o objetivo principal, o de abrir portas a jovens licenciados. Servem, isso sim, a patrões sem escrúpulos para engordarem os resultados, o que fará deles, com certeza, empresários de sucesso.

(Paula Ferreira/JN)


Nota de RoP:

Este caso, não é mais do que um retrato típico do "empresário"  português. Para esses chicos-espertos,, ser patrão, é ter direitos absolutos sobre quem precisa de trabalhar. Entre esses "seus" direitos, incluem o direito de desrespeitar os direitos dos outros. 

Mas, atenção! Por mais compreensão que possamos ter com o silêncio permissivo das vítimas, esse silêncio não deixa de ser um acto de cumplicidade com quem os explora. A pior coisa que alguém pode fazer nestas situações é pactuar com a chantagem.  

É também por causa de chantagens semelhantes que o Norte tem sido discriminado, tal como o Porto e o FCPorto... Esta gente não vale nada.


22 agosto, 2016

Benfica, o clube que nos envergonha, e dá repulsa

Ainda a procissão vai no adro, e os vermelhos já começam a pressionar os árbitros. A fazer côro com os queixinhas, como não podia deixar ser, junta-se a comunicação social mais desonesta e desavergonhada do planeta. Bastou um empate em casa para colocarem em causa a seriedade dos árbitros, provando a quem ainda acredita no Pai Natal, a profunda falsidade da sua mentalidade.

Nestes anos recentes são conhecidos pelo clube do colinho com perfeita propriedade, tão desaforada e decisiva foi a ajuda dos árbitros na conquista dos últimos (3) campeonatos. Isto, independentemente do desmazelo administrativo dos responsáveis do FCPorto e das asneiras daí decorrentes. O que chega a ser revoltante, é sabermos que a grande maioria (senão todos, mesmo), dos membros do Conselho de Arbitragem e sucedâneos, foram escolhidos a dedo pelo clube do fado (das tascas, dos chulos, ou do regime, se quiserem simplificar). 

Claro que a postura de silêncio, do no coments, adoptada em má hora pelo FCPorto há uns anos para cá, ajuda-os a pensar que a estratégia das queixas às arbitragens nos faz esquecer as declarações públicas bajuladoras sobre as mesmas que durante estas últimas épocas lhes permitiram ganhar 3 campeonatos seguidos. Mas não faz, apenas robustece a matemática das nossas convicções no que respeita a sua idoneidade. Qualquer criança percebe que toda esta ansiedade de começar, logo à 2ª. jornada, a criticar o árbitro, não é mais que um aviso à navegação aos árbitros dos jogos que se avisinham. É um modo indirecto de lhes dizer: vejam lá, nós não admitimos que nos deixem empatar em casa própria, por isso, ponham-se finos. E eles, podem disso estar certos, vão afinar, obedecendo. 

Ora, como eles conseguiram (vamos lá saber porquê) amordaçar o nosso Presidente e o resto da SAD, mesmo que o FCPorto jogue o suficiente para ganhar, ninguém pode impedir um mafioso de o ser, quando sabe de antemão que o crime compensa, que tem as costas quentes, ou seja, que pode prejudicar o FCPorto (e outros clubes) à vontade, porque as televisões do regime se encarregam de "provar tecnologicamente" e com muita banha da cobra à mistura, que o branco não é branco, é a côr que eles quiserem que seja...

É este o país em que vivemos. Só poderá mudar no dia em que lhes provarmos que a paciência e a tolerância têm limites, e esses limites já foram ultrapassados vezes demais.
      

21 agosto, 2016

Muita parra (garra) e pouca(o) uva (golo)

André Silva

Não me canso de dizer, e já não é de agora, o que mais me preocupa no FCPorto actual, é o topo da hierarquia. É quase sempre por aí que começam os problemas quando a máquina administrativa deixa de funcionar como lhe é exigido. Isto é válido para o futebol, como para qualquer outra organização, seja ela empresarial ou do Estado.  Ainda há poucos anos atrás dizia que se os governos do país trabalhassem com a eficiência do FCPorto, Portugal teria evoluído bem mais e melhor. O resto, são detalhes, ocorrências ocasionais próprias de uma estrutura de composição humana. Numa organização competente, os erros evitam-se, e quando eles acontecem resolvem-se facilmente.

Às vezes pergunto-me se o próprio Lopetegui será capaz de explicar o futebol mastigado e retrógado que parecia implantado no ADN dos jogadores, alguns dos quais de insuspeita qualidade. Acho que nem ele próprio saberá responder. O que suspeito, é que toda essa penosa situação derivou de um conjunto de circunstâncias que levaram o FCPorto a praticar um futebol irreconhecível. Pedia-se garra aos jogadores, mas esquecia-se um factor importante que lhe é inerente, que é o contacto físico com os adversários e que quase sempre resultavam na exibição célere de cartões como forma de intimidar os nossos atletas. As arbitragens intimidatórias misturadas com a permissividade dos responsáveis do FCPorto, incluindo Pinto da Costa, foram para mim, não a única, mas uma das causas do atrofiamento técnico e anímico de todo o plantel. Mais. Se olharmos para as modalidades, quase todas se foram abaixo nos momentos mais decisivos, incluindo o andebol que para mim era a que reunia mais condições para vencer o campeonato. Curiosamente, foi o basquete do incansável Moncho Lopez que menos acusou o toque.

Tudo isto é passado, mas convirá continuar a reflectir nas causas para não haver a tentação de relacionar o mau futebol de certos jogadores exclusivamente com as suas qualidades técnicas. No plantel do FCPorto ainda há muitos jogadores de épocas anteriores e no entanto, sem deslumbrar, já notamos algumas mudanças, a mais importante das quais, na tendência para lateralizar o jogo.  Até ver, verifica-se um futebol mais progressivo, com menos passes para trás, e isso já é positivo.

Ontem, com o Estoril, houve garra e o árbitro sem ser brilhante não foi escandaloso, não foi tão arrogante como outros, talvez isso tenha libertado mais os jogadores para correr e ir ao choque dentro da legalidade sem temer o homem do apito. Receio é que, quando isto começar a aquecer e (se) o FCPorto se isolar na tabela classificativa, o comportamento dos árbitros volte à "normalidade" e trate de coartar a fibra aos nossos jogadores. Se isso acontecer (oxalá me engane) como suspeito, quero ver se Pinto da Costa vai deixar (outra vez) o treinador a falar sozinho (como Lopetegui) colocando nas suas costas responsabilidades que só a ele e à SAD dizem respeito.

Resumindo: dadas as circunstâncias, estou a gostar do trabalho de Nuno Espírito Santo. Há ainda muito para evoluir. Qualidade de passe, melhor controle de bola, com menos toques e sobretudo, muito mais instinto matador, mais rapidez e fome de golo.