04 maio, 2012
03 maio, 2012
O rosto sob a máscara
Gostaria de não voltar à provocação congeminada pelo grupo Jerónimo
Martins contra o feriado do 1.º de Maio e a luta dos trabalhadores
portugueses pelos seus direitos, mas a culpabilização que por aí tenho
visto dos consumidores, na sua maioria pobres (e é desses que falo), que
literalmente assaltaram as lojas Pingo Doce para conseguir géneros
alimentares a metade do preço é, para mim, incompreensível.
É
certo que nem só de pão vive o homem, mas dizer isso a quem tem fome
(fome de pão tanto como de justiça) parece-me uma crueldade inaceitável.
Como
inaceitável é a condenação dos trabalhadores do Pingo Doce - em geral
precários e com salários brutos inferiores a 500 euros - por terem
cedido à chantagem da empresa, furando a greve para, mesmo humilhados e
ofendidos, poderem manter o emprego. Por um humilhante e extenuante dia
de trabalho terão recebido um salário/dia a triplicar, cerca de mais 30
euros; e, sobretudo (quem os culpará?), a possibilidade de obterem
também alimentos com 50% de desconto.
Alexandre Soares dos Santos
tem uma agenda política e, com total insensibilidade social e moral, pôs
as suas lojas, os seus trabalhadores e os seus clientes ao serviço
dessa agenda. Alguma coisa, além de comida a metade do preço por um dia,
os portugueses ganharam com isso: viram o rosto que está por detrás da
máscara.
Nota de Renovar o Porto:
Ontem li dois artigos sobre o mesmo assunto: Pingo Doce. Um, era da autoria de Manuel António Pina, que poderão reler aqui, e o outro era deste «iluminado», que se pode ler aqui.
Agora digam lá quem é que anda a precisar de conserto...
02 maio, 2012
Pinto da Costa é intelectualmente superior a qualquer político
Embora Pinto da Costa não pare de nos surpreender, não haverá muito mais para dizer sobre as suas competências, sendo a capacidade de liderança indiscutivelmente a mais consensual de todas. Possui no entanto uma outra grande virtude, sobre a qual quase não se tem falado ou escrito e que provavelmente muito terá contribuído para a sua afirmação pessoal, que é a sagacidade de ter sabido resistir aos apelos secretos dos partidos do arco do poder [PS/PSD e CDS] para integrar os seus quadros [sobretudo na região do Porto e Norte do país].
Oportunistas como são, nenhum desses partidos enjeitaria a colaboração de Pinto da Costa, mais que não fosse apenas para roubar votos aos adversários... Apesar das persistentes tentativas - dentro e fora da região - para lhe destruírem o prestígio que muito trabalho e igual sabedoria lhe custou, ele sempre soube sair por cima e da forma que mais lhe dá prazer: a vencer. Furtando-se sempre sabiamente a esses convites, evitou assim pisar os terrenos movediços da política onde a ideologia e o pragmatismo continuam de costas voltadas. Pinto da Costa não apregoa ideologias político partidárias, mas tem a sua própria, e faz do pragmatismo uma das suas maiores qualidades. Por isso nunca podia compatibilizar-se com a política partidária.
Desde menino que não sou dado a idolatrias, não é agora que sou crescidinho e maduro que vou mudar. Nem quero. Essa faceta do meu feitio mantém-se, mesmo com Pinto da Costa. Agora, se não faço cerimónias para criticar, também não tenho rebuço em elogiar quem merece. E Pinto da Costa pertence ao pequeno grupo dos que gosto de elogiar. Assim mesmo vale a pena estabelecer comparações entre ele, que dedicou toda uma vida ao seu clube de uma forma ímpar e total, com todos os primeiros ministros de Portugal, pelo menos de 1974 a esta parte. A comparação pode parecer descabida porque as responsabilidades são distintas.
Um dirigente de futebol não tem obviamente as mesmas responsabilidades nem as mordomias de um primeiro-ministro, nem um grande clube como o FCPorto tem a dimensão de Portugal. Mas se pensarmos melhor, é tudo uma questão de escala e principalmente de... competência. Senão vejamos: Pinto da Costa tem um reduzido grupo de colaboradores, os 1ºs.ministros têm [pelo menos] uma dúzia de ministérios [o actual tem 11] que por sua vez têm secretários de Estado [este governo tem 36], que por sua vez têm os adjuntos e assessores. Enfim, o governo actual tem ao todo 235 nomeações, faltando ainda as referentes aos Ministérios da Justiça, Administração Interna, Negócios Estrangeiros, Economia e Emprego, Saúde, Educação e Ciência, Solidariedade e Segurança Social e a Secretária do Estado dos Assuntos Parlamentares... Não será mesmo assim gente a mais para tão pobres resultados?
Pois eu acho que sim. As dificuldades causadas pelas más políticas governativas e por um liberalismo globalizado pautado por sucessivas cedências ao mundo da finança repercutem-se como se sabe em todas as áreas de actividade, e não é por acaso [e irónico] que tem sido a Banca precisamente a mais protegida, apesar de co-responsável pela especulação financeira mundial. Logo, não é possível impedir que o descalabro atinja todo o tecido empresarial e os próprios clubes de futebol. O FCPorto não foge à regra e por isso tem tido algumas dificuldades de tesouraria para fazer frente aos custos das modalidades. Contudo, a extraordinária gestão desenvolvida ao longo de décadas não impossibilitou o clube de continuar a ganhar títulos. Nas modalidades, este ano já lá cantam 3 títulos: no futebol a Supertaça e o Campeonato Nacional, que nem sequer chegou ao fim. No andebol: o tetra-campeonato nacional. As outras modalidades podem igualmente dar em outros tantos campeonatos. As perspectivas são as melhores, é só aguardar mais umas semanas...
Como evitar então comparar a capacidade de liderança de Pinto da Costa, com esta viagem homicida para nenhures do actual e anterior governos? Como? Se, em resumo, é de dedicação, de espírito missionário e de competência que estamos a falar? Será honesto afirmar que os nossos políticos têm revelado essas qualidades? Terão alguma vez cumprido os objectivos a que se propuseram nas campanhas eleitorais? Alguma vez souberam subir os níveis de emprego para padrões satisfatórios? Alguma vez respeitaram a vontade e os anseios dos eleitores? Por algum período de tempo razoável os portugueses viveram com uma qualidade de vida sustentada, e com salários primeiro-mundistas?
Pois, já sabemos que na semântica política há sempre os "ses" e os "porquês" zelosamente guardados para as horas do descalabro: a culpa foi do(s) "outro(s)". De desculpas dessas percebem os políticos... Mal comparando, são desculpas ao "bom" estilo dos clubes de Lisboa que culpam sempre os outros [e o sistema] por falharem os seus próprios objectivos.
Mas que diabo, sempre esperei mais dos políticos. Já faz tempo, é verdade, há muitos anos, há 38 mais precisamente. Agora, só espero o pior. E estou a ser optimista.
Pois, já sabemos que na semântica política há sempre os "ses" e os "porquês" zelosamente guardados para as horas do descalabro: a culpa foi do(s) "outro(s)". De desculpas dessas percebem os políticos... Mal comparando, são desculpas ao "bom" estilo dos clubes de Lisboa que culpam sempre os outros [e o sistema] por falharem os seus próprios objectivos.
Mas que diabo, sempre esperei mais dos políticos. Já faz tempo, é verdade, há muitos anos, há 38 mais precisamente. Agora, só espero o pior. E estou a ser optimista.
30 abril, 2012
Victor Pereira, melhor Pessoa que líder
Abraço de gratidão |
A paixão pelo futebol - diria antes -, a paixão pelo nosso clube é tão irracional que em determinados momentos até consegue colocar adeptos do mesmo clube uns contra outros. No entanto, basta ganhar mais um campeonato para todos esquecerem as divergências, ainda que seja até à temporada seguinte e tudo recomeçar novamente.
Estas picardias entre "irmãos" de clube nem sempre são desprovidas de sentido, nem traduzem a irracionalidade típica das paixões. Se o problema se resumisse a isso, as divergências limitar-se-iam a incompatibilidades próprias dos diferentes temperamentos e educação que caracteriza as pessoas, e tudo se resumiria a uns pontuais arrufos. O problema fundamental é social. Há adeptos que confundem o direito legítimo de pensar diferente, de criticar ou louvar, com a vaidade extrema de se julgarem donos da verdade, e é aqui que as coisas se tornam mais feias.
Na blogosfera há dezenas, senão centenas, de sites e blogues ligados ao FCPorto, sendo sem dúvida o Dragão até à morte, do Manuel Vila Pouca, um dos mais populares e participados do universo azul e branco, o que lhe confere alguma autoridade democrática para o podermos considerar um dos mais equilibrados e combativos na defesa daquilo a que agora se chama portismo. E não é por me ter tornado seu amigo que o afirmo. Ele sabe bem que nem sempre estou de acordo com as suas opiniões, embora na maior parte das ocasiões haja uma grande convergência de ideias.
Outros blogues existem que também têm feito um trabalho importante pela causa FCPorto, como o Viva o Porto Carágo, e muitos mais [que me escuso a citar para não ferir susceptibilidades], mas outros há ainda que, não obstante o seu portismo, assumem uma postura crítica com o clube demasiado reactiva à mais ligeira brisa de instabilidade, só comparável à dos nossos adversários directos, o que explica em parte as discordâncias que atrás referi. Numa sociedade profundamente desigual como a nossa, pautada pelo elitismo e pela vaidade de certas classes, tradicionalmente dadas ao auto-elogio e à discriminação com base em meras futilidades, essas reacções não escapam ao futebol. E é talvez também por combater esse tipo snobe de "portismo" que o Dragão até à Morte tem o maior número de acompanhantes na blogosfera portista.
Outros blogues existem que também têm feito um trabalho importante pela causa FCPorto, como o Viva o Porto Carágo, e muitos mais [que me escuso a citar para não ferir susceptibilidades], mas outros há ainda que, não obstante o seu portismo, assumem uma postura crítica com o clube demasiado reactiva à mais ligeira brisa de instabilidade, só comparável à dos nossos adversários directos, o que explica em parte as discordâncias que atrás referi. Numa sociedade profundamente desigual como a nossa, pautada pelo elitismo e pela vaidade de certas classes, tradicionalmente dadas ao auto-elogio e à discriminação com base em meras futilidades, essas reacções não escapam ao futebol. E é talvez também por combater esse tipo snobe de "portismo" que o Dragão até à Morte tem o maior número de acompanhantes na blogosfera portista.
Aqui chegado, e porque fui [e continuo a ser] um crítico de Victor Pereira, enquanto líder e treinador, manda a justiça que lhe agradeça a conquista de mais um campeonato - embora tenha deixado fugir prematuramente a Champions e a Liga Europa -, porque o objectivo principal foi atingido. Mas, se não aprecio Victor Pereira enquanto treinador, nutro por ele uma enorme simpatia enquanto pessoa. As palavras de gratidão e o forte abraço que Victor Pereira trocou com Pinto da Costa espelham um grande carácter e um sentimento hoje infelizmente em vias de extinção que é a gratidão. Tenho a certeza que Victor Pereira é um grande Homem, que é um portista valente e sério.
Se um dia Victor Pereira puder, ou souber, associar a estas grandes virtudes a da liderança, então mudarei a minha opinião sobre as suas competências, porque vou ter muita dificuldade em esquecer a irritabilidade que algumas das suas opções em certos jogos me causaram.
Se um dia Victor Pereira puder, ou souber, associar a estas grandes virtudes a da liderança, então mudarei a minha opinião sobre as suas competências, porque vou ter muita dificuldade em esquecer a irritabilidade que algumas das suas opções em certos jogos me causaram.
29 abril, 2012
Parabéns aos Campeões!
Não foi uma época brilhante, não senhor. Mas, dentro dos altos e baixos, de uma irregularidade inusitada e de várias exibições frouxas, conseguimos mesmo assim ser superiores aos nossos adversários.
Sou dos que não apreciam as qualidades de liderança de Victor Pereira, sempre o assumi. Contudo, é meu dever deixar aqui os meus cumprimentos ao técnico do FCPorto pela victória neste campeonato.
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