02 maio, 2012

Pinto da Costa é intelectualmente superior a qualquer político

Embora Pinto da Costa não pare de nos surpreender, não haverá muito mais para dizer sobre as suas competências, sendo a capacidade de liderança indiscutivelmente a mais consensual de todas. Possui no entanto uma outra grande virtude, sobre a qual quase não se tem falado ou escrito e que provavelmente muito terá contribuído para a sua afirmação pessoal, que é a sagacidade de ter sabido resistir aos apelos secretos dos partidos do arco do poder [PS/PSD e CDS] para integrar os seus quadros [sobretudo na região do Porto e Norte do país]. 

Oportunistas como são, nenhum desses partidos enjeitaria a colaboração de Pinto da Costa, mais que não fosse apenas para roubar votos aos adversários... Apesar das persistentes tentativas - dentro e fora da região - para lhe destruírem o prestígio que muito trabalho e igual sabedoria lhe custou, ele sempre soube sair por cima e da forma que mais lhe dá prazer: a vencer. Furtando-se sempre sabiamente a esses convites, evitou assim pisar os terrenos movediços da política onde a ideologia e o pragmatismo continuam de costas voltadas. Pinto da Costa não apregoa ideologias político partidárias, mas tem a sua própria, e faz do pragmatismo uma das suas maiores qualidades. Por isso nunca podia compatibilizar-se com a política partidária.

Desde menino que não sou dado a idolatrias, não é agora que sou crescidinho e maduro que vou mudar. Nem quero. Essa faceta do meu feitio mantém-se, mesmo com Pinto da Costa. Agora, se não faço cerimónias para criticar, também não tenho rebuço em elogiar quem merece. E Pinto da Costa pertence ao pequeno grupo dos que gosto de elogiar. Assim mesmo vale a pena estabelecer comparações entre ele, que dedicou toda uma vida ao seu clube de uma forma ímpar e total, com todos os primeiros ministros de Portugal, pelo menos de 1974 a esta parte. A comparação pode parecer descabida porque as responsabilidades são distintas. 

Um dirigente de futebol não tem obviamente as mesmas responsabilidades nem as mordomias de um primeiro-ministro, nem um grande clube como o FCPorto tem a dimensão de Portugal. Mas se pensarmos melhor, é tudo uma questão de escala e principalmente de... competência. Senão vejamos: Pinto da Costa tem um reduzido grupo de colaboradores, os 1ºs.ministros têm [pelo menos] uma dúzia de ministérios [o actual tem 11] que por sua vez têm secretários de Estado [este governo tem 36], que por sua vez têm os adjuntos e assessores. Enfim, o governo actual tem ao todo 235 nomeações, faltando ainda as referentes aos Ministérios da Justiça, Administração Interna, Negócios Estrangeiros, Economia e Emprego, Saúde, Educação e Ciência, Solidariedade e Segurança Social e a Secretária do Estado dos Assuntos Parlamentares... Não será mesmo assim gente a mais para tão pobres resultados?

Pois eu acho que sim. As dificuldades causadas pelas más políticas governativas e por um liberalismo globalizado pautado por sucessivas cedências ao mundo da finança repercutem-se como se sabe em todas as áreas de actividade, e não é por acaso [e irónico] que tem sido a Banca precisamente a mais protegida, apesar de co-responsável pela especulação financeira mundial. Logo, não é possível impedir que o descalabro atinja todo o tecido empresarial e os próprios clubes de futebol. O FCPorto não foge à regra e por isso tem tido algumas dificuldades de tesouraria para fazer frente aos custos das modalidades. Contudo, a extraordinária gestão desenvolvida ao longo de décadas não impossibilitou o clube de continuar a ganhar títulos. Nas modalidades, este ano já lá cantam 3 títulos: no futebol a Supertaça e o Campeonato Nacional, que nem sequer chegou ao fim. No andebol: o tetra-campeonato nacional. As outras modalidades podem igualmente dar em outros tantos campeonatos. As perspectivas são as melhores, é só aguardar mais umas semanas...

Como evitar então comparar a capacidade de liderança de Pinto da Costa, com esta viagem homicida para nenhures do actual e anterior governos? Como? Se, em resumo, é de dedicação, de espírito missionário e de competência que estamos a falar? Será honesto afirmar que os nossos políticos têm revelado essas qualidades? Terão alguma vez cumprido os objectivos a que se propuseram nas campanhas eleitorais? Alguma vez souberam subir os níveis de emprego para padrões satisfatórios? Alguma vez respeitaram a vontade e os anseios dos eleitores? Por algum período de tempo razoável os portugueses viveram com uma qualidade de vida sustentada, e com salários primeiro-mundistas?

Pois, já sabemos que na semântica política há sempre os "ses" e os "porquês" zelosamente guardados para as horas do descalabro: a culpa foi do(s) "outro(s)". De desculpas dessas percebem os políticos... Mal comparando, são desculpas ao "bom" estilo dos clubes de Lisboa que culpam sempre os outros [e o sistema] por falharem os seus próprios objectivos.

Mas que diabo, sempre esperei mais dos políticos. Já faz tempo, é verdade, há muitos anos, há 38 mais precisamente. Agora, só espero o pior. E estou a ser optimista.    

2 comentários:

  1. É óbvio que Pinto da Costa é um caso ímpar, que só não tem reconhecimento merecido neste cantinho de invejosos e medíocres.
    Nunca ninguém consegui tanto, com tão poucos meios, se comparado com clubes muito maiores, de paises, maiores e muito mais ricos.

    Abraço

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  2. Pinto da Costa se fosse político a Cidade e Norte não estava neste marasmo, porque ele é um homem de luta e não uma figura acomodada como são estes políquinhos de meia tigela.
    Está muito bem lugar onde está, porque quem ganha com isso somos nós os portistas e o clube com vitorias e mais vitorias.
    Bem haja Pinto da Costa, até já e muita saúde.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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