03 maio, 2012

O rosto sob a máscara

Gostaria de não voltar à provocação congeminada pelo grupo Jerónimo Martins contra o feriado do 1.º de Maio e a luta dos trabalhadores portugueses pelos seus direitos, mas a culpabilização que por aí tenho visto dos consumidores, na sua maioria pobres (e é desses que falo), que literalmente assaltaram as lojas Pingo Doce para conseguir géneros alimentares a metade do preço é, para mim, incompreensível.

É certo que nem só de pão vive o homem, mas dizer isso a quem tem fome (fome de pão tanto como de justiça) parece-me uma crueldade inaceitável.

Como inaceitável é a condenação dos trabalhadores do Pingo Doce - em geral precários e com salários brutos inferiores a 500 euros - por terem cedido à chantagem da empresa, furando a greve para, mesmo humilhados e ofendidos, poderem manter o emprego. Por um humilhante e extenuante dia de trabalho terão recebido um salário/dia a triplicar, cerca de mais 30 euros; e, sobretudo (quem os culpará?), a possibilidade de obterem também alimentos com 50% de desconto.

Alexandre Soares dos Santos tem uma agenda política e, com total insensibilidade social e moral, pôs as suas lojas, os seus trabalhadores e os seus clientes ao serviço dessa agenda. Alguma coisa, além de comida a metade do preço por um dia, os portugueses ganharam com isso: viram o rosto que está por detrás da máscara.

Nota de Renovar o Porto:

Ontem li dois artigos sobre o mesmo assunto: Pingo Doce. Um, era da autoria de Manuel António Pina, que poderão reler aqui, e o outro era deste «iluminado», que se pode ler aqui.  

Agora digam lá quem é que anda a precisar de conserto...
 

1 comentário:

  1. Eu sei o que este senhor paulo ferreira precisava,era de ir para caixa do pingo doce, porque o dono desse supermercado é muito amigo dos trabalhadores,mas tenha cuidado senhor liberal porque da maneira que as coisas estão,ninguém está livre deste liberalismo selvagem que tanto elogia!
    manuel moutinho

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