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Carga no desfiladeiro de Somosierra
em Espanha |
Imagino que o Sr. 1º. Ministro António Costa deverá ter de si próprio uma opinião positiva, e íntegra. É natural, ninguém gosta de pensar mal da sua própria pessoa, ainda que possa ter motivos para isso. Ninguém é perfeito, mas a naturalidade nem sempre confere com veracidade, mormente se a espaços não tomarmos uns "banhitos" de bom senso e franqueza.
Falando em bom português, "banhitos" é o que costumamos chamar "exames de consciência". Como é habitual nos políticos, para não haver equívocos, acrescento que para serem genuínos, os banhos de consciência do 1º. Ministro, não devem separar o cidadão do funcionário de Estado, porque é essa divisão a causa de muitos erros. Ademais, o cargo de 1º.Ministro mais não é que um posto superior do funcionalismo público, que só fará juz dessa superioridade se a souber respeitar, ou seja, se cumprir condignamente o seu dever.
Admitindo que António Costa tenha interiorizado bem a responsabilidade da superioridade hierárquica do seu cargo, não deixa de ser um funcionário do Estado. Compete-lhe a ele inteirar-se do que acontece no país em praticamente todas as áreas. Para tal, existem os Ministérios, as Secretarias de Estado, e as Autarquias Locais. Para além destes departamentos governamentais, deve manter-se sempre bem informado e só o conseguirá se confiar nos órgãos de comunicação social, e para que isso aconteça deve saber o que ela vale enquanto serviço público (isto aplica-se igualmente aos media privados). Como não há qualidade quando não há seriedade, das duas, uma, ou o 1º.Ministro não controla devidamente as fontes de informação, e é irresponsável, ou se controla pactua com ela, e é cúmplice.
Posto isto, concedendo "pro bono" que António Costa segue este alinhamento e acompanha atentamente o trabalho dos seus ministros e secretários, sou levado a concluir que se sente confortável com a anarquia instalada em certas áreas, e instituições. A comunicação social de Lisboa é uma dessas áreas, esconde umas notícias (as mais graves) e publicita outras (as mais convenientes).. É centralista, desleal e anti-democrática com o resto do país, sem o assumir, como é singular nos traidores. A secretaria de Estado do Desporto é outro cancro para a sociedade, e o seu responsável directo uma desonra para o Governo, para o partido socialista, para toda a classe política, e para Portugal (onde entro eu, e milhões de portugueses indignados com isto ! Revoltados, até!
Paradoxalmente, e com cautelas reveladoras de uma má vontade notória, António Costa escolheu o momento ideal (das eleições) para falar daquilo que não quer (da Regionalização)! Falou, quando é conversa o que menos precisamos (eu já não consigo ouví-lo). Queremos sobretudo acção, e respeito pela Constituição. Dispensamos ideias envenenadas (o referendo), herdadas do antigo regime que roubaram a génese à Constituição da República . Essa Constituição (de 1976) era bem mais democrática e patriótica do que a que foi sendo abastardada pelos inimigos do 25 de Abril com o referendo. É um facto incontestável! Só desmente a verdade quem convive confortável com o mundo do crime.
Se 43 anos não bastaram para esclarecer, reflectir, informar e concretizar o processo da regionalização, será agora, e com a parcimónia que o 1º.Ministro denuncia que o Governo vai cumprir a Constituição? O discurso é sempre o mesmo, cheira a engôdo, não é autêntico, nem prevê determinação, e se assim é, não será desta vez que a Regionalização irá para a frente. A traição do poder político será outra vez consumada.
Se tal vier a acontecer, talvez possa ser esta a última pancada que o poder político e a comunicação anti-social se atrevem a dar ao povo. Nunca se sabe. Cá se fazem, cá se pagam. Ninguém achava possível o 25 de Abril em 1974.
Não somos franceses, porque eles até nos adágios são mais combativos que nós: Impossible c'est pas français (palavras de Napoleon, quando tomava Madrid e encontrou as suas tropas bloqueadas pelo exército espanhol ...
É preciso acreditar, completo eu. Se isto não é uma declaração de guerra do poder central ao resto do país, anda lá perto. Pelo menos, parece um convite à insurreição popular. Tudo começa quando alguém abusa do poder.