Foram muitos, os anos de luta contra a repressão centralista que o FCPorto da era Pinto da Costa teve de travar até levar o clube ao pódio dos maiores palcos do futebol internacional. Internamente, e muito antes de chegar a presidente (em Junho de 1922), já o FCPorto se tornara no 1º Campeão Português de Futebol, da primeira edição oficial neste modelo de competição com uma victória sobre o Sporting por 3-1. E desde então não se ficou por aí, outros troféus e campeonatos foram conquistados ainda que intercalados com alguns anos de jejum. O FCPorto não tinha atingido a projecção mundial da era competente de Pinto da Costa, mas começou nestas andanças desportivas a vencer, convirá não esquecer.
É por se terem passados muitos anos (34) e por ter liderado o clube, contra tudo e contra todos, isto é, contra o centralismo e sua guarda pretoriana, constituída essencialmente por políticos e órgãos de comunicação social, que me custa ver alguém como ele passar de si próprio uma imagem absolutamente antagónica à que o tornou famoso. É lastimável que tenha deixado chegar o FCPorto (porque é do FCPorto que se trata) a este ponto de desorientação, e também que não haja lá dentro ninguém com coragem (e devoção quanto baste pela instituição), para o aconselhar a reflectir seriamente na actual situação e delinear uma estratégia realista, passível de corrigir erros cometidos e de reconduzir o clube ao estatuto prestigiado e ganhador dos anos recentes (excepto os 3 últimos).
Custa-me ver Pinto da Costa transformado numa caricatura ridícula do que já foi, num sósia de si mesmo... derrotado . Custa-me recear que não vá a tempo de sair , sem evitar enterrar-se no lodaçal opaco de oportunismo e desnorte em que o clube parece ter-se transformado. Custa-me que deixe o tempo correr demais, até ao dia em que sócios e adeptos lhe apontem a porta da rua como solução extrema para salvar o clube da derrocada total. O Pinto da Costa que conheci e admirei, não corria estes riscos, porque antes dele, pensava no clube.
O FCPorto de agora é uma casa de falsos silêncios, porque lá dentro deve haver ruídos inconfessáveis que um dia vão seguramente chegar aos nossos ouvidos e pelas piores razões. Desses silêncios, o mais violento e intolerável, é o que está a ser usado com os portistas de todo o mundo. Esse é inadmissível, o que pessoalmente mais me ofende. E só por isso, deixei de considerar o líder. Para mim, morreu. Por isso, desejo toda a sorte do mundo a Nuno Espírito Santo e à sua equipa, porque vão mesmo precisar muito dela. O campeonato ainda agora começou, mas não nos iludamos, porque as coisas vão continuar a ser feitas pelo outro lado, como disse alto e bom som o rei dos pneus. A Federação/Comissão de Arbitragem já lá tem os seus serviçais. Quando houver problemas, o silêncio da estrutura directiva e presidente vai manter-se, e NES só terá duas alternativas: ou fala pelo presidente, ou bate com a porta e vai embora.