Suponho ser do conhecimento de uns poucos comentadores da blogosfera portista a relação de amizade que mantenho com o Manuel Vila Pouca. Foi através dos nossos blogues que nos conhecemos, juntamente com o saudoso Engº. Rui Farinas, homem vivido, culto e profundamente regionalista, que também aqui colaborou comigo algumas vezes.
Quando o conhecemos, já se aproximava dos 80 anos, mas tinha um gosto pela vida, e uma fibra de fazer corar de vergonha muitos jovens. Amava genuinamente o Porto, e toda a região do Douro. Ainda hoje, sinto a sua falta.
Foi o futebol (Clube do Porto) que nos uniu, mas sobretudo a rejeição comum que sentíamos por essa macabra doença chamada centralismo. Infelizmente, já não está entre nós, e faz falta, porque não abundam homens com a sua irreverência. Ainda me recordo, quando me encontrei com ele pela primeira vez no Clube Literário do Porto, e das reuniões que mais tarde tivemos por altura do precocemente abortado Movimento Pro Partido do Norte, criado pelo ex-deputado socialista, Dr. Pedro Baptista, e mais tarde o Dr. Anacoreta Correia, com quem cheguei a reunir, juntamente com Rui Farinas, na residência do primeiro.
Faça-se justiça, outros (poucos) comentadores da blogosfera portista e portuense compareceram a essas reuniões. Estou-me a lembrar do Jorge Aragão, do Carlos Romão do blogue A Cidade Surpreendente, e algumas figuras públicas com aparentes simpatias regionalistas. Aparentes, porque também lá apareceram tipos como Narciso Miranda e Carlos Abreu Amorim, os quais, confesso, não me inspiram a mínima confiança.
Vem este regresso ao passado a propósito de uma conversa que tive com o Vila Pouca sobre a disponibilidade de alguns portistas para darem o seu contributo pessoal na luta contra a discriminação que continuamos a sofrer por parte da comunicação social, nomeadamente no que concerne ao futebol. Todos reconhecem que o terreno está minado, que vai ser difícil reverter esta tendência anti-democrática e anti-constitucional de proteger o Benfica das malhas da Justiça. Apesar disso, nem todos se mostram disponíveis para ajudar a combater este gigante maléfico. Queixam-se, reclamam em todas as direcções, criticam, sugerem sem explicar como, mas querem ficar sempre no seu cadeirão de espectadores passivos.
Foi a este propósito que no nosso bate-papo semanal disse ao Vila Pouca em jeito de provocação sadia, que estava com vontade de lançar novamente um desafio a esses portistas exigentes, mas muito acomodados, que consistia em perguntar-lhes o que estavam dispostos a fazer para apoiar o FCPorto nesta luta de David e Golias, contra o centralismo corrupto. O Vila Pouca respondeu: não vale a pena Rui, você não se lembra da resposta que deram à petição que lançou para censurar o comportamento da RTP? Ripostei: eu sei Vila Pouca, mas não valeria a pena tentar de novo para testar a reacção?
Sei que o Vila Pouca não se vai importar por ter revelado esta inócua conversa, até porque a considero algo pedagógica, mas pergunto: será que nem com o Francisco J. Marques a denunciar o comportamento criminoso do clube do regime e o silêncio dos media, ainda há portistas sem coragem para o apoiarem?
Fica ao cuidado dos adeptos abstencionistas (isto não é votar em partidos, é mais importante), porque os poucos que aderiram à primeira petição não merecem censura. Cumpriram a sua parte.
PS: Peço desde já desculpa se porventura me esqueci de citar o nome de alguns
que colaboraram e compareceram nas referidas reuniões.
PS: Peço desde já desculpa se porventura me esqueci de citar o nome de alguns
que colaboraram e compareceram nas referidas reuniões.