Será defeito meu talvez, mas fico baralhado com a importância que os comentadores dos órgãos de comunicação social continuam a dar à parte secundária da política, em contraste com o silêncio que votam aos princípios da mesma que vão sendo parmanentemente violados.
Sinceramente, não acredito que seja só por má fé que assim procedem, mas continuando a agir assim, os media dão-nos fortes motivos para pensarmos que preferem mesmo vender jornais, conquistar audiências, e fazer-nos passar por parvos, a tratarem a política com seriedade.
Sinceramente, não acredito que seja só por má fé que assim procedem, mas continuando a agir assim, os media dão-nos fortes motivos para pensarmos que preferem mesmo vender jornais, conquistar audiências, e fazer-nos passar por parvos, a tratarem a política com seriedade.
Que razões idóneas terão ainda os cidadãos para ponderarem no que dizem e prometem os governantes, se a estes subitamente lhes faculta toda a liberdade para se desdizerem, para romperem com as promessas, ou mesmo anular as poucas que cumpriram? Se nos lembrarmos que outros governos nos fizeram acreditar anos a fio que os descontos que andávamos a fazer para a Segurança Social, que visavam o nosso bem estar futuro, para beneficiarmos de uma reforma na velhice e para cuidar da nossa saúde, e que agora outros o estão a negar, como se o dinheiro e as nossas vidas lhes pertencessem, suponho não ser necessário apresentar outros factos para nos recusarmos a dar-lhes crédito.
As questões que nos deviam preocupar a todos, e merecer as nossas prioridades, era saber como é que no futuro vamos obrigar os políticos a cumprir com o que prometem, e que garantias teremos que serão merecidamente penalizados em caso de faltarem à verdade. Neste momento, tenho olhos e ouvidos para o que dizem e fazem personalidades como Paulo Morais e Marinho e Pinto. Esses, devem ser os nossos homens de referência, pelo menos, até prova em contrário, porque ao invés do que alguns querem fazer passar, são eles que falam verdade e têm tido a coragem para apontar os principais alvos onde se concentram os problemas mais graves da nossa sociedade: a rede de influências entre políticos e a própria justiça.
Afinal, porque razão devemos dar crédito às garantias meramente oratórias do que diz o 1º Ministro, ou qualquer outro membro do Governo, se têm menos responsabilidades do que uma simples caixa de supermercado? Depois de tanta entrevista, tantos debates, já alguma vez ouvimos um jornalista perguntar de forma contundente a um governante a que penas se arrisca se não cumprir o que propõe fazer? Sabem o que acontece a um caixa de supermercado se deixar os clientes passar pelo caixa sem pagar? Afinal, que raio de responsabilidade é a dos governantes? Abandonar bruscamente o Governo, e ir para Bruxelas para Comissário Europeu e fazer de conta que vai tratar dos nossos problemas? Deixar a política para ir enriquecer para a Administração de grandes empresas? Ou, para ocupar um lugar bem remunerado na NATO? Será esse o sentido de responsabildade dessa gente? Isso é outra coisa: é oportunismo e falta de carácter!
Por enquanto, concentremos antes a nossa atenção no que está a fazer Paulo Morais na TIAC [Associação Cívica para a Transparência e Integridade], e o seu Presidente Luís Sousa, porque é com organismos desta natureza que nos devemos entreter. Com pessoas corajosas, que não se escondem [como muitos] atrás de supostos populismos e demagogias, para preservarem os seus inconfessáveis "negócios" e boicotarem o trabalho de quem os quer meter na ordem.
Para mim, a política tem de passar primeiro pela lavandaria, depois é preciso jogar fora aquela que tiver nódoas, e por fim, deixá-la restaurar-se progressivamente. Mas sempre atentos a recaídas...