Acreditar na democracia portuguesa é uma ofensa aos povos do norte da Europa,
e a todos aqueles que se esforçam para a tornar autêntica. É também boicotar o trabalho dos que se empenham para a credibilizar contra quem usa essa tremenda impostura para dominar. Isto, a que levianamente alguns ainda apelidam de democracia nada mais é que uma grande vigarice que os mentores do 25 de Abril não souberam reprimir. A euforia com a queda do Estado Novo tolheu-lhes a lucidez de deixarem a democracia crescer sem a maturidade que só a boa educação permite.
Não sei se foram os descentes da PIDE que se infiltraram nos aparelhos partidários, se foram os governantes que se distraíram, ou as duas coisas ao mesmo tempo. O que sei é que, 43 anos de Liberdade não foram suficientes para blindar a democracia com a licitude e respeitabilidade que ela precisa. Edificar uma democracia sem estes "alicerces", é tão irresponsável como entregar uma criança ao cuidado de um pedófilo, passe a analogia Nada, nem ninguém, me convence que o regime em que vivemos seja empenhadamente democrático, com tanta gente a violar, dia após dia, as regras mais elementares de qualquer sociedade civilizada. Com outra consequência, não menos humilhante: há quem se governe com esta situação.
Tendo disso consciência, cabe-me enfatizar as descobertas que Francisco J. Marques tem revelado no Porto Canal sobre a rede mafiosa benfiquista. E não é apenas por se tratar de algo condenável, é pela enorme gravidade que ela evidencia, e pelo contágio pernicioso dos maus exemplos que podem transmitir às novas gerações. Mesmo assim, penso que o FCPorto não está a tirar o partido que podia desta situação. Estou convicto que o Porto Canal podia chamar a si muito mais audiências e patrocínios caso alargasse a programação dentro deste mesmo tema. Podia ganhar muito dinheiro, sem precisar de inventar e de entrar pelo caminho da injúria.
É evidente que a escassez programática do Porto Canal é manifesta, e contrasta com a curiosidade pública que casos de corrupção como este despertam. No Porto, e no país inteiro. O interesse no evoluir das investigações é grande, e por isso pertinente que o Porto Canal explore este caso sem excessos nem tentações insídiosas, mas com plena convicção. O caso não é para menos, e ninguém de bom senso nos pode criticar por isso. Tenho a certeza que o programa Universo Porto da Bancada é actualmente o canal com mais audiências do país às 3ªs feiras à noite. E não são certamente apenas de portistas! Saiba o Porto Canal explorar o filão que tem à mão neste momento.
Episodicamente, queixamos-nos de o Porto não ter massa crítica, o que é verdade. Isto também tem a ver com o que já temos escrito. Lamentavelmente, os tempos são de conformismo, de grande míngua ideológica, e de medo. Apesar disso, é pouco provável que algo possa impossibilitar o Porto Canal de realizar outros debates que contemplem o dossier BenficaGate como tema central. A qualidade dos convidados é fundamental, e teria de ser criteriosamente selectiva. Nem arruaceiros, nem gente híbrida. Prevaleceria o conhecimento da realidade, a frontalidade, e sobretudo um grande espírito de solidariedade entre os participantes. Fundamentalmente, devia destacar-se a indignação geral dos portistas, assim como o contraste com a indulgência dos órgãos federativos, responsáveis directos por estes assuntos, forçando-os a intervir.
O facto de Fernando Gomes (da FPF), ter sido recentemente nomeado para director executivo da FIFA não deve impedir o FCPorto de o notificar pelo silêncio displicente com este escândalo, nem tão pouco de o coagir a responder, eventualmente com pré-aviso de participação do ocorrido à própria FIFA, porque é um dever seu! Não podemos aceitar posturas permissivas como a que ele tem tido, porque o silêncio perante um assunto tão grave, não é resposta que se dê. Julgo que quem terá mais a perder será ele, e não o FCPorto. A não ser que me escape alguma coisa...
O que custaria aceitar, é que o FCPorto deixasse fugir a oportunidade de se afirmar condignamente perante os sócios, os simpatizantes, e o Mundo. Se o polvo é gigante, e tem muitos tentáculos, não interessa. O que interessa é fazer lembrar ao país que se este assunto, com óbvios sinais de ilegalidades e conivências, não fôr resolvido com seriedade, é o próprio Estado quem bate no fundo. Se isso acontecer, o FCPorto poderá, se quiser, recorrer à União Europeia, e pelo menos embaraçar o governo português .
O que já não se aceita, é que desista, caso se confirme a queda a pique da autoridade do Estado. Cai o Estado, levanta-se o FCPorto! É um momento que pode revolucionar para melhor o futebol português. Nós não podemos queixar-nos do polvo se não soubermos pô-lo no seu lugar, que é no fundo dos oceanos e não numa sociedade de homens civilizados. Se não quiserem lá ficar, a alternativa só pode ser a cadeia.
Okey, chamem-me sonhador que não levo a mal. Prefiro isso, a dizer que não vale a pena.
Nota:
Parece que prevejo a futilidade dos que andam na vida a enganar o mundo. Fernando Gomes. presidente FPF, escreveu um artigo n'A Bola que é um verdadeiro atentado ao carácter. Um vendido! Mais um, entre uma multidão. Qual Durão Barroso.