Um dos vários testemunhos da insensibilidade política dos governos que estiveram no poder desde o 25 de Abril, é nunca terem revelado a percepção atempada do verdadeiro significado do centralismo.
Falar de centralismo, ou de descentralização, passou a ser uma formalidade mais geométrica que política, ou social. Se a oposição parlamentar, os supostos apoiantes da descentralização fossem pragmáticos, e competentes, nem sequer permitiam que o PS pegasse na expressão ardilosa "descentralização", porque isso é dar-lhe pretextos com tretas para confundirem a população do interior com simples esmolas, e dessa maneira acabarem de vez com a verdadeira reforma, que mais não é a Regionalização.
Regionalização, é tudo o que é preciso fazer, já chega de trafulhices! Qual descentralização, qual quê! Isso não existe, é um enganador processo de intenção.
Regionalização, é tudo o que é preciso fazer, já chega de trafulhices! Qual descentralização, qual quê! Isso não existe, é um enganador processo de intenção.
Mesmo porque, quando se fala de centralismo parece uma questão de moda meramente ocasional, mas é algo muito mais sério que isso. Em Portugal, o centralismo não é apenas uma maneira egocêntrica de "governar", é sobretudo pura discriminação, egoísmo. Eu comparo o centralismo ao racismo, e digo-o aqui, ou em qualquer local onde vá, que é na realidade o que sinto, e com um sentimento de revolta tão grande que não me importava nada de ver o Porto separado do raio da capital. Racismo não é apenas uma questão de preconceitos raciais, ou da cor da pele, é essencialmente discriminação, que é isso que os sucessivos governos tratam de fazer ao resto de Portugal, e ao Porto em particular.
Se os portuenses entendessem puxar dos galões, da legitimidade da sua portugalidade, e se quisessem armar-se em castas superiores, como fazem os lisboetas, não seria preciso muito, a história fala por si, o nome da nossa cidade diz tudo.
Mas, não é disso que que se trata. Nós não queremos mais do que aquilo a que temos direito, como justiça e liberdade, porque é isso que nos andam a roubar, com o centralismo. Fundos europeus destinados ao Porto e a outras cidades do Norte, são permanentemente desviados para a capital, a comunicação social é centralista (racista, portanto), o desporto é sectário e eticamente desregrado, com preferências que nunca deviam existir.
Se fosse preciso pegar em armas para combater esta traição à democracia e ao 25 de Abril, estaria pronto para pegar nelas. Se fui para África, e já me arrependi, por esta causa nunca me arrependeria, tenho a certeza. Espero que não seja necessário chegar a esse extremo.
PS: O nome do país provém da sua segunda maior cidade, Porto, cujo nome latino-celta era Portus Cale.[12][13]
Este texto vem no início da primeira página da Wikipedia referente a Portugal...