Como diria o meu saudoso amigo e colaborador de blogue, Rui Farinas*, quando a conversa inclinava demais para a lamuria, bradava com humor, naquela voz metálica que o catacterizava: "já estou a ficar deprimido!". Por mais que tentássemos evitar, lá estávamos nós outra vez a voltar ao mesmo, falando embora de vários assuntos.
A incompetência, a irresponsabilidade [e mesmo a desonestidade] dos nossos governantes ocupavam como lapas praticamente todos os temas abordados. O problema não era de Rui Farinas - que até tinha um sentido da vida muito pragmático e não era nada dado a lamechices -, nem era nosso [meu, e do Vila Pouca], era o país onde nascemos. O país? Nós? Todos? Da mesma maneira? Com igual responsabilidade? Ou, mais de alguns, que de muitos outros?
Falemos sério. É claro que não são os cidadãos que vão para o executivo, são os que eles elegem para desempenhar tais funções. Aniquilemos de vez essa conversa de que a "culpa é de todos", porque repetí-lo, é perpetuar uma mentira que não é nossa, e que só serve para desculpabilizar os governantes e seus compadres das asneiras que vão fazendo. É importante não esquecermos isto. É que se tivéssemos plena consciência do nosso grau de responsabilidade no destino do país, talvez hoje fossem outros a pagar a crise...
Falemos sério. É claro que não são os cidadãos que vão para o executivo, são os que eles elegem para desempenhar tais funções. Aniquilemos de vez essa conversa de que a "culpa é de todos", porque repetí-lo, é perpetuar uma mentira que não é nossa, e que só serve para desculpabilizar os governantes e seus compadres das asneiras que vão fazendo. É importante não esquecermos isto. É que se tivéssemos plena consciência do nosso grau de responsabilidade no destino do país, talvez hoje fossem outros a pagar a crise...
A facilidade com que os portugueses pegam num falso assunto e o propagam, é impressionante. Os portuenses em particular, e mais genericamente os próprios nortenhos, sabem por experiência própria que a RTP nunca foi verdadeiramente uma televisão de serviço público. Durante muitos anos a RTP dispôs de dois canais abertos [a RTP1 e a RTP2] e nos últimos tempos mais 4 canais por cabo [RTP Internacional, RTP África, RTP Informação e RTP Memória]. Apesar disso, nunca dedicou um canal às Regiões e ao Norte, como está agora, por exemplo, o Porto Canal a fazer [e muito bem].
No campo desportivo, mais propriamente no futebol, a RTP geminou-se e até superou em centralismo e facciosismo, as 2 estações privadas [SIC e TVI], desprezando levianamente o papel de televisão subsidiada pelos contribuintes. Inclusive, usa o canal 2 para passar desporto, privilegiando sem pudor as modalidades onde o Benfica está presente [futsal] e ignorando aquelas onde o FCPorto tem brilhado [o basquete, o hóquei e o andebol], alterando as transmissões consoante o êxito ou o insucesso das respectivas modalidades do clube de Lisboa. Daqui poder-se inferir sem sombra de dúvidas que nem mesmo a RTP 2, o mais estatal dos canais da televisão do Estado, presta serviço público com a isenção e o rigor a que devia estar obrigada [vêm, como não é a nós que compete ordenar o cumprimento das obrigações dos órgãos do Estado?].
Resumindo: não é o facto de a RTP ter o privilégio de viver sob a tutela do Estado que lhe confere o estatuto de servidora de conteúdos de interesse público, mas a noção rigorosa do que isso é, e representa. Além de que concorre de forma desigual com as estações privadas, sem no entanto as superar em probidade e isenção. Para se destacar destas e hoje merecer a solidariedade de todos os portugueses, teria de gozar de boa reputação, de um cadastro acima de qualquer suspeita. E não goza. Pela minha parte, sou totalmente contra o tipo de serviço que me tem prestado, e até agradecia que alguns dos seus dirigentes e funcionários fossem irradicados, porque são maus profissionais, são desonestos e geradores de conflitos.
Mas desenganem-se aqueles que pensam que a privatização da RTP vai torná-la melhor e menos onerosa. Ainda a privatização não foi consumada e a desonestidade mantém-se: o Governo tenciona(va) transferir para a empresa privada que eventualmente ficar com ela as taxas de audio-visual que nós pagávamos pelo serviço público, o que além de ser um abuso, não prenuncia nada de bom em termos de ética e de seriedade. Por aqui, podemos imaginar o que o futuro nos reserva.
Mas desenganem-se aqueles que pensam que a privatização da RTP vai torná-la melhor e menos onerosa. Ainda a privatização não foi consumada e a desonestidade mantém-se: o Governo tenciona(va) transferir para a empresa privada que eventualmente ficar com ela as taxas de audio-visual que nós pagávamos pelo serviço público, o que além de ser um abuso, não prenuncia nada de bom em termos de ética e de seriedade. Por aqui, podemos imaginar o que o futuro nos reserva.
* Fez no passado dia 6 dois mêses que nos deixou.