08 novembro, 2019

Precisamos de aprender a chutar


FC Porto tem apenas quatro pontos e tem de vencer os jogos que faltam

Não vale a pena bater no ceguinho, a equipa do Futebol Clube do Porto anda presa por arames. Os problemas já foram por demais escalpelizados. Se quisermos acompanhar a confiança dos mais optimistas, há que acreditar que ainda está tudo em aberto, bastando vencer os dois últimos jogos que faltam. Gostava que fosse esse o prognóstico, e não o da minha convicção "pessimista".

Não é para espantar, um pormenor importante. Independentemente da qualidade do plantel, que está longe de se comparar a outros de há  4/5anos atrás, podemos concluir, definitivamente, que é o modelo de jogo de Sérgio Conceição que não encaixa no perfil dos jogadores. Marega e Aboubakar eram dos mais possantes fisicamente. Se juntarmos Danilo, Alex Telles e (agora) Pepe a estes dois, teremos um total de cinco, sendo que desses cinco, apenas Pepe, Alex Teles e Aboubakar reúnem as qualidades que faltam aos restantes; pujança física, técnica e inteligência. 

Por isso, continua a surpreender-me que Sérgio Conceição continue a mater a braçadeira de capitão no braço de Danilo, jogador ainda sem grande experiência, nem perfil para o cargo. Feita esta apreciação (pessoal) e sem pretender desvalorizar todo os jogadores que sobram, porque todos têm as suas qualidades específicas, incluindo o próprio Marega, a conclusão que tiramos é que todos eles (ou quase)   foram gravemente lesionados durante mêses. Creio mesmo que foi o clube mais prejudicado (também) por este motivo, até por todos sabermos que é neles que os adversários do FCPorto estão mais autorizados para "entrar a matar", como ninguém pode negar. Estes últimos jogos, incluindo mesmo o jogo com o Famalicão (que vencemos), em que produzindo um futebol simples, muito agradável de ver - que até nos surpreendeu -, não foram suficientes para ficarmos com a garantia que a equipa estava a dar sinais de estabilizar.  Tínhamos razão.  Isso, ontem, ficou mais uma vez provado. O único aspecto positivo do jogo com o Glasgow Rangers, foi a grande pressão que fizemos sobre os escocêses durante meia hora (+ ou-), mas sem quaisquer resultados objetivos. Tirando um, ou outro caso pontual, não fomos capazes de elaborar uma jogada de pé para pé até a endossar ao rematador que nunca chegou a aparecer. Voltamos a ter de lembrar uma história antiga no futebol português. Que conste (repito), nenhum treinador foi cabaz de melhorar essa lacuna: a qualidade de remate. 

Nesta matéria, a minha conclusão pessoal, assenta apenas em dois pressupostos: ou os (poucos) jogadores portugueses que sabem chutar eficazmente conseguem este feito por habilidade própria, ou aqueles que não sabem, não são treinados devidamente para o efeito. Não tem outra explicação. Vejam quantas vezes vários jogadores do FCPorto rematam às balizas adversárias sem olharem sequer para os espaços abertos. O resultado acaba por ser previsível, ou acertam nas pernas dos adversários, ou chutam para fora da baliza, para o lado, ou para cima da trave. 

Danilo é um jogador esforçado, mas chuta mal. Corona é mais competente  a driblar (quando quer) do que a rematar, mas tem técnica. Podia falar de outros, mas não é esse o meu objectivo, só quero dar alguns exemplos. Sem precisar de entrar em pormenores está provado que a posse de bola não basta para chegar ao golo, é preciso gostar de aprender a chutar, ou aperfeiçoar esta técnica se não forem naturalmente dotados para isso. Há erros que podem ser corrigidos, mas para isso é preciso que o treinador saiba e queira ensinar.

Custa-me ter de dizer isto, mas é uma verdade, os escocêses no que concerne rematar são N vêzes melhores que nós. Quem diz os escocêses, diz todos aqueles países ligados à Grã Bretanha. Eles apuram o acto de rematar, e não é só com a bolinha pousada no chão, eles adoram rematar de primeira, o que é fantástico, porque além de acrescentarem beleza aos golos têm a vantagem de não dar tempo aos adversários para cortarem o lance. Aqui, não. Dão toques, e mais toques, de tanto quererem fazer tudo certinho, que acabam de ficar sem a bola, e não acertarem na baliza. Se há uma coisa que me irrita em certos diplomados em futebol portugueses, é terem a mania que o futebol português é mais tecnicista que o dos nórdicos e ingleses. É um complexo há muito lançado pelo nacional-lisbonismo, Aquela parolada muito lisboeta que tornou parolos muitos portuguêses. O Glasgow, ganhou e muito bem. 

PS-Quanto ao pénaltie, foi um erro do árbitro, que nos tornou a vida difícil. Foi lamentável que o Pepe se tivesse lesionado, porque é o melhor jogador actual do FCPorto.  O Alex Telles não anda bem, mas não creio que seja por negligência. Ele foi durante jornadas a fio o jogador mais utilizado
por Sérgio Conceição e o que mais e esforçou. Não nos esqueçamos disso, seria injusto.   
Outra razão, além da péssima qualidade de passe e de remate, o FCPorto deste Sérgio Conceição não tem um sistema de jogo ofensivo, com desmarcações bem treinadas. O jogo deste FCPorto, de SC baseia-se na pressão alta (e nem sempre), em não deixar jogar os adversários (enquanto as pernas aguentam) mas sem qualquer profundidade. Os jogadores têm medo de avançar porque não são treinados para isso. Sérgio C., não sabe mais do que isso, está perdido. É a conclusão que retiro.     



04 novembro, 2019

Continuamos a deixar a corrupção engordar

FCPorto protesta o jogo como Sporting, mas mansinho,
como cabe à «diplomacia» desportiva nacional...

Nós, portistas, andamos meios perdidos, algo baralhados entre continuar a apoiar Pinto da Costa, ou dispensá-lo. Uns, confundem solidariedade com submissão, preferindo fechar os olhos ao pragmatismo dos resultados, e viver dos sucessos do passado na ilusão que algum dia o líder regresse. Com isto, esquecem o clube que amam, a essência da paixão que os move, que é o FCPorto. Não é uma pessoa, nem muito menos um Deus.

Os que agora censuram o presidente, já o apoiaram, e muito, como é o meu caso e de outros adeptos. Os que ainda o defendem, não têm o direito de se considerarem melhores dos que o criticam, porque as críticas que lhe são dirigidas são sustentadas em argumentos sérios e objectivos. Tanto neste blogue, como noutros, e nas próprias redes sociais, há adeptos a explicarem porquê. Querem evitar que o FCPorto bata no fundo. As causas são várias.  O que não quero nunca, é que nos precipitemos na escolha de quem vier a candidatar-se à liderança do clube. Até  sobre essa hipotética renovação concordei que se Pinto da Costa continuasse pro-activo fosse ele a propôr a candidatura do seu substituto. Agora, já não penso assim. Acho que ele tem outras prioridades acima do FCPorto.  

Na minha opinião, a causa principal dos problemas do FCPorto é a fragilidade da liderança. Fragilidade, não só patenteada pelo decréscimo dos recursos financeiros, e de má gestão, mas fundamentalmente por uma clara incapacidade para salvaguardar a segurança do FCPorto. A juntar a isto, existem outros factores perniciosos, que resultam da vulnerabilidade do clube,  e que só servem para intensificar abusos e prejuizos, causados por quem deles se aproveita. Importa também destacar outro facto: tudo isto acontece em praticamente todas as modalidades, para além do futebol.

Senão, vejamos: se, enquanto clube queremos preservar o futuro e a dignidade do FCPorto, não podemos manter este modelo de gestão. É quase tão criminoso tolerar o crime, sendo dele vítimas, como quem o pratica. O prolongado silêncio da administração acaba também por levantar suspeitas, e isso não é nada normal. Competências técnico tácticas à parte, e sem subestimar a qualidade dos adversários, o FCPorto não é obrigado a aceitar tudo o que ultrapassa o razoável, e é ilegal. Basta de fazermos de conta que somos lorpas, que não percebemos as artimanhas das arbitragens, e de alguns adversários!

Comecemos pelo futebol. Por que raio havemos nós de continuar a aceitar os incessantes "erros" de arbitragens, como se fossem sempre meras casualidades, como se ignorássemos a intenção? Por quê, se o objectivo do vídeo-árbitro foi precisamente para reduzir os erros humanos involuntários? Mas, para que serve se atrás da máquina colocarem um árbitro desonesto? É preciso dizê-lo sem papas na língua, porque há como prová-lo. Não podemos é permitir constantemente a adulteração dessas provas. É preciso convencer o próprio Estado da sua incompetência, da sua inqualificável cumplicidade. Que esse comportamento desacredita-lhe a autoridade. O Estado tem de ser obrigado a regenerar-se, a perceber a democracia que teoricamente preconiza.   O que é preciso é obrigar toda esta gente a encarar os factos tal como são, e não deixá-los tranquilos no seu conforto. Até porque o currículo comportamental destes cavalheiros vai nesse sentido. O VAR do jogo de ontem anulou um pénaltie marcado pelo árbitro  de campo, e não registou outro que o árbitro aparentemente não viu. Em que ficamos?

Além de mais existem as imagens de televisão para rever os lances de jogo mais duvidosos, e o FCPorto até tem o privilégio de dispôr de uma estação independente. Por que razão continuamos a consentir a acumulação de tantos erros contra nós, apenas a constatá-los, em vez de os usarmos como objecto legal de defesa? Por quê? Esta condicionante é incompreensível, é uma declarada abdicação do direito à defesa.

Com um comportamento destes, os dirigentes do FCPorto estão indirectamente a consentir abusos de autoridade, do próprio Estado, que faz de conta que não sabe nada! Ou, que outra razão poderá justificar tamanha indulgência? E como havemos de acreditar que esta SAD, e o presidente, estão realmente empenhados a defender o FCPorto se nem sequer abrem a boca sofre o assunto? Alguma explicação têm de dar aos associados, não é verdade? Ou, pensam que não? Se assim fôr, como parece, então ainda é pior. É porem-se a jeito para uma saída inglória do clube, pelas portas traseiras. E se é todo o conjunto da estrutura da SAD a primeira responsável, o senhor Pinto da Costa está a lançar ao lixo tudo o que de positivo fez no FCPorto, o que é lamentável para ele próprio, e para os adeptos que sempre o apoiaram durante anos.

Passemos ao Hóquei em Patins: ninguém duvida do mérito da nossa equipa, como, de boa fé, ninguém duvida da qualidade dos rivais de Lisboa, pela simples razão de ser verdade. Agora, o que ninguém, igualmente de boa fé, pode dizer, é que tanto o Benfica como o Sporting, têm o mesmo comportamento, o mesmo respeito pelos regulamentos da competição como tem a equipa do FCPorto. Ninguém! Excepto os fanáticos, aqueles que negam a diferença entre o preto e o branco com a naturalidade típica dos desonestos.

Reparemos só nos detalhes: é, ou não verdade que o guarda-redes do Sporting tem um comportamento em campo completamente inadequado a um grande profissional? Viram os nossos atletas a pressionar os árbitros como ele (Girão) e os seus colegas pressionam?  Eu não vi. Viram o modo tresloucado e furibundo como ele bate o stick no chão? Aquilo é de um tipo normal? No entanto, não me dispenso de considerá-lo um grande guarda-redes, porque o é. Mas é só isso. Elevação e respeito é o mais que lhe falta.

Enfim, impõe-se recordar que foi este mesmo Sporting que num jogo com o FCPorto, também em Lisboa, agrediu barbaramente um jogador do FCPorto pondo-o em estado de coma. Isto é recorrente naquela terra, e nós achamos que os nossos atletas são obrigados a suportar esta discriminação com as consequências que sabemos. Considero isso uma injustiça, um abuso. O FCPorto paga-lhes, tem o direito de exigir o melhor deles, mas não tem o direito de os obrigar a tolerar a bandalheira assassina em que se tornou o nosso desporto. Isso, não.

Repito: essa história antiga do "contra tudo e contra todos" não é um hino de valentia, é uma ideia errada de combatividade, é sujeitarmos os atletas a competir em condições desiguais. Se os nossos forem agredidos, não podem reagir, porque são logo penalizados se não respeitarem as leis (como no futebol), aos outros tudo lhes é permitido.

O comando das "tropas" devia começar no presidente e na SAD, são todos eles que deviam dar o exemplo, incluindo o da capacidade combativa. Pois que sejam eles a dar o exemplo. Que recorram aos tribunais, à União Europeia, ao que entenderem, mas justifiquem o cargo que exercem, e lutem pelo FCPorto.

Mas  há mais. Os dois principais clubes de hóquei de Lisboa assemelham-se no estilo e nos métodos. Tanto o Benfica como o Sporting exploram muito a velocidade de jogo. O FCPorto, também não desdenha a rapidez, só que, enquanto os jogadores dos nossos rivais usam esse elemento para, na impossibilidade de visarem a baliza do FCPorto, se lançarem para cima dos nossos atletas e simularem faltas com tal aparato que mais parecem ter apanhado em cima com um camartelo. Fazem isso com uma frequência tal, que já não duvidam da colaboração das arbitragens. A fita, a vigarice, não é técnica desportiva, é acto próprio das mentalidades batoteiras.

E o FCPorto, em vez de se impor, de obrigar a Federação da modalidade a pronunciar-se sobre o assunto, não, remete-se ao silêncio deixando os seus atletas a pensar se foi boa ideia jogarem no FCPorto, um clube sem comando.

Como tal, nem sequer tenho vontade de comentar a derrota de ontem,  a exibição algo inibida dos nossos jogadores, porque jogar num país assim, de árbitros vendidos, e num ambiente tão doentio, não entusiasma ninguém. Neste país, só vencem sem problemas, os clubes corruptos e corruptores, os viciados da falsidade. É por hábitos como estes que entre nós se popularizam clichés muito bravios mas sem qualquer efeito prático. Os tempos mudaram, e para pior. O FCPorto recusa-se a lutar pelos seus interesses e direitos. Assim, passa de vítima a cúmplice de quem o ataca. Sádico, não?

PS-Sei que me repito, mas não vejo como mudar a agulha e compreender tanta indulgência, tanta cobardia mesmo. Não há desculpa. O Porto não era isto.Um dia, ainda vamos saber as causas. Receio que não sejam as mais nobres.

PS2-Alterei o título do post da palavra centralismo para corrupção por considerar mais apropriado. Embora tenham algumas semelhanças...