04 março, 2020

José Fernando Rio é bem vindo. Chegou primeiro, merece uma oportunidade


A propósito da recente candidatura de José Fernando Rio a presidente do FCPorto, devo dizer que me deixou finalmente animado. E por quê? Simplesmente pelas razões que ele próprio apresentou no jornal O Jogo, e que, como devem reconhecer, coincidem com as que tenho vindo a apresentar há já alguns largos mêses (se não anos). O FCPorto foi perdendo a dinâmica de gestão competente que celebrizou Pinto da Costa durante longos anos, e contrariamente ao que  ele próprio prometera nas últimas recandidaturas, não abdicou do cargo, revelando alguma inconsciência dos prejuízos que estava a causar ao FCPorto. 

Esta atitude, pouco sensata, desiludiu-me muito, porque sempre pensei que cumprisse a promessa assim que se tivesse apercebido dos problemas que estava a gerar, e que em vez de se agarrar ao poder, fosse ele mesmo a sugerir a candidatura do seu substituto, admitindo obviamente que a escolha fosse consensual para a maioria dos portistas. Confesso que esta teimosia de Pinto da Costa, acompanhada de um silêncio macabro, face aos prejuízos causados pelo nosso principal rival, foram decisivos para não manter a mesma consideração que tinha por ele. Foi tempo demais a fazer asneiras e a agir como se nada estivesse a acontecer. Não foi uma única vez ao Porto Canal comunicar aos adeptos o que pensava ou tencionava fazer com as vigarices praticadas pelo Benfica, e pela passividade das autoridades desportivas e pelo próprio Estado sobre as mesmas. Para mim, foi uma rendição assumida, e isto é imperdoável.

Os portistas foram demasiado tolerantes, mas não os critico por isso, porque mostraram que são gente grata e boa. No entanto, quando a gratidão é cega, passa a ser desmerecida correndo-se o risco de prejudicar aquilo que os une para sempre, que é o FCPorto, e não propriamente quem o lidera, porque como agora se constata, nem sempre um bom lìder mantém intacta a liderança.

Por tudo isto, e por causa destes anos de penúria e sofrimento, por percebermos o que estava a acontecer de negativo com o FCPorto, por sermos perseguidos e discriminados pelo próprio Governo e sobretudo por uma Justiça minada pela delinquência e por um apadrinhamento algo mafioso, impunha-se que alguém desse o primeiro passo candidatando-se ao lugar de presidente. Esse passo foi dado imprevisivelmente, por José Fernando Rio, e só por isso,  por ser o primeiro candidato, quando todos os outros não ousavam avançar para não correrem o risco de serem mal quistos pela ousadia de defrontarem Pinto da Costa e perderem, elogio a decisão corajosa de José Fernando Rio. A prova disso, é imediata candidatura de outros ao lugar de Pinto da Costa! Começam a sair da toca, coisa que não se atreveram a fazer por "respeito" a Pinto da Costa, mas agora, como surgiu um candidato, esse respeito vai diluir-se rapidamente, e provavelmente seguido da ciumeira do costume.

Como fui dizendo, repetidamente, a gratidão não tem forçosamente que ter carácter eterno. De repente, pode ser inimiga da sensatez e da inteligência. Por mais que me custe dizer, acho que se alguém tem sido ingrato com os adeptos nos últimos tempos é Pinto da Costa, por ter mantido um comportamento quase monárquico para com todos eles. Pessoalmente, não achei graça nenhuma a isso, e fiquei ainda mais decepcionado com ele, porque está a destruir tudo o que de positivo fez pelo FCPorto.

Portanto, sê bem vindo, José Fernando Rio! Parabéns por seres o primeiro a dar o grito de Ipiranga na república portista. A liberdade é de ouro, e não é só para a sociedade civil, é para o mundo do futebol também, mas sempre respeitando a Lei, que é coisa que o próprio Estado não sabe fazer.  Como se confirma vergonhosamente.

PS-Agora, resta saber o que planeia fazer José F. Rio e que concorrentes terá de enfrentar. Se fôr só o António Oliveira pode estar descansado, que não será esse putativo candidato a minha opção. Não confio em gajos que pulam facilmente de poleiro... 


03 março, 2020

QUO VADIS JUSTIÇA?

Paulo Baldaia
Cobardes como são os nossos políticos, ninguém pia perante tragédia tão evidente como aquela a que estamos a assistir em direto na justiça. Não os desculpo, mas percebo-os.

Com o que escrevo em jornais e digo na TV e na rádio, sei bem que tenho de me manter longe de problemas com a justiça, não vá apanhar um procurador que me queira julgar em praça pública ou um juiz que faça sentenças para os amigos, que podem bem ser meus inimigos. Aguentei-me até aqui e agora, pela esperança média de vida, só tenho de me aguentar mais um quarto de século.

Devo dizer, em abono da verdade, que este tipo de azar é uma questão de lotaria. É preciso não ter sorte nenhuma, já que a maioria dos magistrados do Ministério Público e dos juízes são gente de bem e merecedores do poder que lhes depositamos nas mãos. Acrescento até que, percentualmente, deve dar-se o caso de haver bastante mais malandragem a exercer a profissão de jornalista do que a administrar a justiça em Portugal. O que me força a concluir que tramado, e bem tramado, está o povo que pouco ou nada pode fazer quando se trata de administrar a justiça.

Com a classe política calada, os operadores de justiça embaraçados e a Comunicação Social viciada em julgamentos populares, o que podem os portugueses esperar da justiça? Um Ministério Público que suspeita de si próprio e tem uma associação sindical a acusar a sua líder de estar refém do poder político, juízes que escolhem juízes à procura de sentenças à medida, políticos que lavam as mãos como Pilatos cada vez que lhes pedimos responsabilidades.

Se deixarmos de acreditar na justiça, estaremos a deixar de acreditar em tudo. O presidente do Tribunal da Relação de Lisboa renunciou ao cargo, mas isso não chega. É preciso saber como foram distribuídos os processos nos diferentes tribunais. Não nos podemos esquecer que o superjuiz Carlos Alexandre também já pôs em causa a distribuição dos processos no TCIC. O povo tem direito de saber. Para onde vai a justiça?
P.S.: Já agora, a pena máxima para um juiz que cometa um ilícito é a jubilação ou a aposentação compulsiva?
Jornalista

02 março, 2020

José Fernando Rio, foi corajoso

Afinal, temos candidato!
É preciso ter boa memória para, sempre que fazemos críticas à gestão do FCPorto que não agradam aos gostos de todos, não entremos em contradições censurando os sócios mais exigentes por não terem tido a coragem de se candidatarem ao lugar de Pinto da Costa.

Pois, agora não podem queixar-se, porque finalmente surgiu um candidato inesperado: nada mais que José Fernando Rio, portista e colaborador do Porto Canal! Esse mesmo. Sucede que, o candidato apareceu, mas pelos vistos esta candidatura ainda não satisfaz o gosto desses adeptos que tanto clamavam a coragem de outros para se candidatarem ao lugar de Pinto da Costa! É verdade. Parece que para ficarem plenamente satisfeitos, deviam ir para a televisão ou para o próprio Porto Canal deitar abaixo Pinto da Costa e só depois se candidatarem... Digo-vos já, que se fosse eu a candidatar-me a Presidente do FCPorto, depois de andar há tanto tempo a censurá-lo duramente, pelas razões que  se conhecem, tenho a certeza que ninguém votaria em mim. O mais certo, seria ir para a rua, muito antes de abrir a boca.

Depois, ainda estou para ver alguém que frequente ou colabore com o Porto Canal a criticar Pinto da Costa, e muito menos a dizer que vai candidatar-se à liderança do FCPorto. Ninguém ousou fazê-lo. Por isso, embora não conheça pessoalmente José F. Rio, a não ser pela televisão (ele já era conhecido no Porto Canal, antes do FCPorto ser accionista), não tenho nada contra a sua candidatura. Só sei que é portista como eu, e além disso ainda não conheço o que tem projectado para o clube. Desde já, digo-vos que confio mais nele do que no candidato sombra chamado António Oliveira. Nesse não votaria concerteza!

Portanto, tenhamos calma e pensemos sobretudo no que é mais urgente para o FCPorto. Para mim, é sem dúvida substituir a SAD, e não lhe dar mais tempo para levarem o clube à falência absoluta. É também possível que a coragem de José Fernando Rio sirva de estímulo a outros putativos candidatos que atrás do pretexto da "consideração" por Pinto da Costa, ficaram à espera que alguém ousasse enfrentar "o touro" pelos cornos (passe o pleonasmo).  Preferia que desta candidatura nada de anormal ocorresse. Os adeptos têm sido excessivamente confiantes com Pinto da Costa. Compreende-se, mas não se pode concordar, com tanta tolerância (é o FCPorto que terá de pagar as consequências), permitindo a situação muito complicada de agora.

E o dinheiro não abunda, como bem se sabe.