Como portista que me orgulho de ser (e portuense também), vou dizer algo que nem todos os que gostam do FCPorto concordarão: a derrota de ontem caiu-me mal pelo número de golos sofridos, mas aceitei-a melhor do que a pouca vergonha que grassa no futebol português. Senti tristeza sim, mas perante a diferença de qualidade entre as duas equipas, conformei-me. Já com as vigarices, não há conformismo possível para mim.
Vamos lá ver. Uma equipa como o FCPorto, que tem praticamente o mesmo plantel que tinha com Lopetegui e Nuno Espírito Santo, que produzia um futebol monótono, de bola para trás e para o lado, que sentia extrema dificuldade para chegar à baliza adversária, cuja solução era fazer marcha a trás, comparada com a de Sérgio Conceição, desculpem-me o brejeirice, era uma grande droga!
Sérgio Conceição fez quase um milagre. E por quê? Porque conseguiu transformar jogadores medianos em bons jogadores, e os bons em muito bons. Agora, o que ele não pode é transformá-los muito mais que isso, porque não depende apenas dele, mas sim de dois factores incontornáveis: das características intrínsecas de cada jogador, e do contexto em que jogam.
Sérgio Conceição fez quase um milagre. E por quê? Porque conseguiu transformar jogadores medianos em bons jogadores, e os bons em muito bons. Agora, o que ele não pode é transformá-los muito mais que isso, porque não depende apenas dele, mas sim de dois factores incontornáveis: das características intrínsecas de cada jogador, e do contexto em que jogam.
Aquilo que mais me fascinou no Liverpool, foi a rapidez de execução da equipa, a precisão, a inteligência, e um detalhe que em Portugal nunca se quis cultivar: o futebol duro, mas leal! Os jogadores do FCPorto não podem ser censurados pelo que aconteceu. A realidade é esta: o Liverpool é muito melhor em todos os aspectos. Uma, ou outra entrada mais dura (é verdade), que o árbitro consentiu indevidamente, quase todos os desarmes do Liverpool derivaram de um enorme poder de antecipação. Tantas foram as ocasiões em que os nossos tinham a bola mais próxima que os adversários, e foram quase sempre ultrapassados. Como detesto a xico-espertice, mesmo no futebol, apesar da derrota, senti um grande alívio por não ver jogadores (de parte a parte), a atirarem-se para o chão, a perderem tempo, a simularem faltas, enfim a ver futebol de 1º. Mundo. A jogar assim, este Liverpool pode ser um sério candidato ao caneco da Champions!
Não obstante, é justo lembrar que os primeiros 25 minutos (+/-), foram muito bem controlados pela equipa. A concentração era grande, e a primeira oportunidade até foi nossa. O grande problema é que os níveis de concentração para jogar contra equipas desta qualidade têm de ser muito superiores aos do nosso campeonato. A diferença foi essa. Houve uma distracção, sofremos um frango, e tivemos o azar de jogar numa noite de chuva ininterrupta... Nós temos a equipa mais combativa e resiliente do nosso campeonato, mas para campeonatos de países como a Inglaterra, da Alemanha, ou mesmo de Espanha, temos de nos superar, e nem sempre isso basta.
Não é o momento para particularizar, mas um jogador como o Brahimi, tão idolatrado por alguns, tendo potencial técnico falta-lhe a objectividade e sentido prático. Ontem, aconteceu o que já aqui afirmei há muito, quando disse que num campeonato diferente teríamos muitos dissabores com as suas constantes "entregas" de bola aos adversários por querer fazer tudo sozinho e não ter a noção das suas limitações. Vi-o a fazer duas ou três jogadas interessantes, mais nada. Não foi o único, já sei, mas como sempre acontece quando uma equipa de desiquilibra, os melhores, os mais fiáveis comem por tabela.
De qualquer modo, louva-se a atitude do público, e dos Superdragões, que mesmo na derrota souberam animar a equipa. Os mais esquisitos foram-se embora, e qualquer dia vamos vê-los outra vez a assobiar a equipa com o pacote de pipocas na mão. Se assobiassem para as pessoas certas talvez os assobios tivessem alguma utilidade...