01 agosto, 2009

Sectarismo anti-FCPorto até no luto

Nem mesmo ontem, quando noticiavam a perda do grande Bobby Robson, as televisões conseguiram dar um arzinho de isenção. Claro, que tendo Robson, em Portugal, conquistado apenas no Futebol Clube do Porto as maiores glórias, depois de ter sido despedido abruptamente pelo Sporting, de quem é que as televisões se foram lembrar para falar sobre ele:

  • Sousa Cintra e Eduardo Bettencourt, que o despediram
  • José Mourinho
  • Manuel Fernandes e Inácio

De Pinto da Costa, limitaram-se a reproduzir declarações escritas que fez noutros locais. O que seria normal neste caso, e muito mais coerente, seria procurarem opiniões junto do clube e dos jogadores que lhe facultaram as melhores condições [por ele mesmo reconhecidas] para ser campeão.

Mas, não lhes ocorreu tal lógica. Por motivos de força maior, fizeram mais do mesmo, com os pontinhos de hipocrisia do costume...

O Quebra Nozes

31 julho, 2009

Luto e profundo respeito...

por BOBBY ROBSON, um grande treinador e um grande HOMEM. São pessoas como esta que custa muito ver partir. Um cavalheiro, como já não há memória. Além de exigente e muito competente irradiava simpatia.
Os seus treinos eram um espectáculo! Gostava-se facilmente dele.
Que mais posso dizer? Nós, portistas, nunca te esqueceremos. Ficarás na nossa memória e na do Futebol Clube do Porto. Para sempre.

Bem hajas Robson.

O direito respeitável à abstenção

Gosto dos confrontos de ideias, não fujo deles. Às vezes, é até mais estimulante do que o mais sincero dos elogios. Acontece, é que eu não gosto de confrontos desleais, onde a deturpação dos argumentos é sistematicamente usada. Com esse tipo de pessoas recuso o diálogo porque ele se torna impossível e estimula-nos a agressividade natural. E é só por essa razão que me recuso a «democratizar» a minha caixa de comentários com opiniões de manipuladores anónimos. Diga-se, em abono da verdade, que nessa matéria, não tenho grande razão de queixa.
Já agora - um pouco off topic -, que falei de comentadores anónimos, quero esclarecer o seguinte: sou da opinião, que quem deixa comentários num post ou artigo e quer ser levado a sério, deve sempre identificar-se. Noutros tempos, seria uma atitude banal, um gesto de simples boa educação. Hoje, as coisas mudaram [em muitos aspectos para pior], e como tal, vermos comentadores "assinarem" o seu verdadeiro nome, é quase considerado um acto de heroísmo. Sou tolerante com os anónimos que criticam com inteligência e boas maneiras, mas refuto e censuro sem qualquer embaraço os arrogantes.

Fechado este parêntesis, passo a explicar porque é que comecei por falar em frontalidade. É porque a frontalidade ou o confronto leal entre pessoas de bem, é a única forma honesta de usar a inteligência. Todas as outras podem ser materialmente mais lucrativas, menos desgastantes, mas um dia acabarão fatalmente por esbarrar nas armadilhas que foi gerando em seu redor. Os senhores políticos [nem todos, mas, enfim...], são o paradigma mais perfeito do que acabo de escrever...

É por isso, que quando escrevo não me preocupo com a agressividade das minhas palavras nem com quem se possa sentir melindrado com elas, porque os meus ataques são dirigidos com objectividade, não lanço poeira para o ar. Ataco, mas explico porquê.

É com esse espírito que me atrevo a sugerir aos meus leitores o seguinte: nas próximas eleições legislativas, não votem! Se votarem em branco, os meus amigos estarão apenas a seguir uma canção de embalar politicamente correcta, muito difundida pelos políticos, que não serve rigorosamente para nada. Aquela historinha [muito mal contada] que pretende fazer a distinção entre o voto em branco e a ausência a um acto eleitoral [o absentismo], não é mais que um pretexto para gerar problemas de consciência cívica na cabeça das pessoas. Não passa de um embuste político criado para "obrigar" as pessoas a votar na expectativa de que, à última hora, o eleitor mude de ideias, e vote.
Já que, com os governantes pouco temos aprendido, excepto a fazer o que não se deve, passemos então nós a ensinar-lhes alguma coisa. É de borla, nem sequer os obrigaremos a pagar impostos pela lição. Já agora, antes que me apareça por aí alguém com a velha cassete dos "deveres de cidadania e dos quase 50 anos de ditadura em que não pudemos votar", quero lembrar que toda a eloquência de um discurso é um saco vazio se não tiver alguma substância lá dentro. Ora, a Democracia - é disso que estamos a falar - e o voto sem substância, não passam de dois sacos vazios e rotos.
O que quero precisar, quando aconselho a abstenção, é que se todos temos responsabilidades na construção da Democracia, os governantes por nós mandatados, têm de as ter redobradamente, porque têm autoridade para isso, e só por isso a têm... Ou seja, devem ser eles os primeiros, não só a transmitir confiança aos eleitores, como a reforçá-la. Como? Com seriedade, com o cumprimento regular daquilo que prometem, com espírito de sacrifício, com sentido de justiça, com humanidade, com sentido de coesão nacional, com humildade, com capacidade para recuar perante os erros. Ora bem, é isso que nós lhes reconhecemos?
Resumindo: a Democracia não pode ser tratada como uma abstracção. A Democracia é uma instituição em permanente construção e aperfeiçoamento que devia ser constantemente reforçada naquilo que tem de mais sagrado: a respeitabilidade. Incumprido e desprezado compulsivamente como é este último item pelos senhores governantes, não sei porque terão de ser os cidadãos a fazê-lo. Eu não voto porque há uma coisa chamada Democracia, eu votarei com o mais elevado senso cívico, se acreditar que ela é respeitada pelos seus mais altos representantes. E não é.
Não vou às urnas só porque há uns tipos com autoridade [mas desqualificados], que me pedem para ir. Eu votarei, só e sempre que a minha consciência o ditar. Para mim, votar em branco, é como dar uma satisfação aos governantes que me recuso a cumprir, enquanto não tratarem melhor a Democracia. Sobre o que penso da Democracia, é a minha opinião quem mais ordena, não a do Sr. Presidente da República ou de qualquer outra pessoa. Infelizmente, não têm influencia nenhuma sobre mim.

A abstenção, pode mesmo ser muito útil, se induzir alguns a presumir que preferimos ir à praia ou ao cinema, a participar na fantochada de colocar um votinho em branco num caixote, só para mostrarmos que somos rapazes bem comportados...

30 julho, 2009

Promiscuidade

A Câmara Municipal do Porto constituiu-se como um dos participantes de um novo fundo de investimento imobiliário fechado - Fundo Porto Novo - juntamente com várias entidades privadas: um Banco e Imobiliárias. A finalidade é, segundo a câmara, rentabilizar os seus activos imobiliários. O Fundo tem para já seis empreendimentos, "aprovados pela câmara" (que proeza!) espalhados pelo Porto, incluindo um junto ao Parque da Cidade, onde até agora era heresia construir, mesmo do lado de fora do parque (não houve um antecessor de Rui Rio que foi por este crucificado por ter concedido um alvará de construção para a extremidade nascente do parque, embora no seu exterior?).

A minha primeira reacção à notícia da criação do Fundo foi de concordância. Rentabilizar activos parecia uma boa medida para atenuar as crónicas dificuldades financeiras da câmara. Uma reflexão mais atenta fez-me no entanto nascer dúvidas, no campo dos princípios éticos quanto à associação entre uma câmara e interesses privados da área do imobiliário ( apenas refiro "princípios éticos" por desconhcer o que se poderá passar no aspecto dos "princípios legais").

Algumas dúvidas efectivamente ocorrem. Porquê a associação com esses promotores e não com outros? São estes os que melhor servem o interesse da comunidade? Porquê? Foram contactados outros interessados com vista à tomada de correcta decisão quanto aos parceiros mais convenientes? Não se irá criar uma situação de concorrência desleal em relação a todos os outros promotores imobiliários? Quem representará a câmara na gestão do Fundo? Como actuará a câmara quando enfrentar conflitos de interesse entre a sua posição autárquica e a sua posição de participante numa sociedade imobiliária? Não haverá aqui uma situação de promiscuidade, uma bandeira tão cara a Rui Rio e que lhe serviu, entre outras coisas, para atacar o FCPorto?

Perguntas que certamente ficarão sem resposta, o que não inibe a sensação de que este envolvimento da CMP me parece eticamente censurável.

Os sanguessugas estão de volta!

Este é um alerta para os verdadeiros tripeiros e nortenhos. Não só para os portistas, mas também para os boavisteiros, salgueiristas, e leixonenses.
A excepção, faço-a sem qualquer complexo de xenofobia-clubística, para todos aqueles que vivendo no Norte e no Porto, fazem o joguinho dos clubes lisboetas, o que equivale a dizer, aqueles que aparam o jogo dos centralistas, agora rebaptizados por Sanguessugas.
O campeonato está à porta, e a campanha de calúnias e notícias venenosas sem fundamento já começou. Ontem foi o JN, hoje as televisões. A saga anti Pinto da Costa, versus FCPorto, está de volta. Como é que havemos de tratar estes vermes? Vamos passar outra vez a nova época a vê-los a achincalhar-nos? Não vamos fazer nada? Temos alguma razão séria e objectiva para manter laços afectivos e etnográficos com uma capital que nos quer destruir?
Quando é que nos decidimos a exterminar esta praga de escroques? Mas, será que ainda não perceberam que é isso que eles querem fazer connôsco? Isto, não é futebol, isto é a porca da política a minar o país, através do futebol.

A Democracia está a precisar de obras (JF)

"A sensação de que expirou o prazo de validade da velha frase batida de Churchill - “A democracia é o pior de todos os sistemas políticos, com excepção de todos os outros” - reforçou-se quando soube que o presidente francês e a sua esposa pop gastaram, em 2008, 760 euros por dia em flores – ou seja mais do que 80% dos portugueses ganham num mês.
Olho para o espectáculo da elaboração das listas de deputados, ouço o que se disse e fez no Chão da Lagoa, vejo o Porto a apagar-se e sem voz - apesar de ter gerado os dois mais notáveis empresários do país (Américo e Belmiro) e vibrantes e indiscutíveis pólos de excelência, como Serralves, a Universidade, o FC Porto e a Casa da Música - , e mais me convenço de que o edifício democrático, construído quando não havia nem telefone, nem televisão, nem Net, nem aviões, está a precisar de profundas obras de restauro."
Jorge Fiel
(Parte do texto, do Bússola)
Nota do RoP
Pouco a pouco, cresce o exército de desconfiados dos sacro-santos dotes desta Democracia. Desculpem-me a imodéstia, mas parece-me que estou a ganhar adeptos...

José Ferraz Alves - RTV dia 30 de Julho

A não perder: Rede Norte e Tua.

Programa do Governo do PS para 2009-2013 mete de novo a "Regionalização" na gaveta.

Para que não restem dúvidas...

Página 89:
"Entre 2009 e 2013 importa consolidar a coordenação territorial das políticas públicas como processo preliminar gerador de consensos alargados em torno do processo de regionalização"
E nem mais uma palavra sobre a Regionalização. Que é isto senão a repetição da mesma pastilha de 2005, ou seja da não-regionalização, quando Sócrates se comprometeu, tanto em 2005, como na sua campanha interna de 2008, à frente dos nossos olhos, em avançar no próximo mandato (2009-2013 supostamente) com a regionalização que, do seu ponto de vista, teria de ser através de um referendo?
O que nos diz agora o programa para 2009-2013 é o mesmo que dizia para 2005-2009, coordenação territorial que aliás só foi feita muito pontual e marginalmente, como toda a gente sabe, além da regionalização já feita, desde há muito, em sectores como a educação e saúde, mas sem legitimidade política nem competências.
Nós não falamos de consolidações de coordenações territoriais com base nas regiões-plano, o que não é mais do que um verbo de encher, nós falamos é da regionalização do país, com juntas regionais eleitas democraticamente e com legitimidade política, para imporem as políticas regionais e para serem verdadeiramente uma dimensão regional da governação com legitimidade própria, como em toda a Europa.
Nós falamos de se fazer a regionalização seja com referendo ou sem referendo, que aí as opiniões dividem-se.
Até porque ela é mais necessária do que nunca para o país e em particular para o Norte. Será preciso explicar estas coisas a socilistas do Porto que tiveram sempre a R. como bandeira ?
(Pedro Baptista/Blogue Servir o Porto)

29 julho, 2009

Engraçadíssimo este Portal do Dragão

Digam lá se este "boneco" não ficou um espanto.

Por falar em falta de seriedade...

... lembrei-me de uma ocorrência, no mínimo indecorosa, passada com o clube do regime [o Benfica] e um determinado Governo, que foi praticamente abafada pelos media ou quase ignorada. Tivesse o mesmo caso alguma conexão com o FCPorto, e o nosso competente clube ia parar imediatamente à 2ª. Divisão, ou quem sabe, se não seria irradiado de todas as competições desportivas.
Como [para nosso bem], não teve nada a ver com tão promíscuas ligações, a coisa ficou meio esquecida na prateleira do oportunismo, para pegar quando der jeito, ou quando alguma ilustre figura pública achar oportuno usar o frigorífico para puxar dos galões da honestidade que até então, permaneceram de prevenção, bem congeladinhos...
Tem-se falado à boca pequena, através do que, aqui e ali, se vai conseguindo saber por alguns meios informativos mais expeditos, do apoio que os órgãos sociais do Benfica deram ao PSD num célebre jantar com vista à obtenção de favores com as dívidas ao fisco que o clube de Lisboa mantinha com o respectivo Ministério. Os favores, terão sido concedidos como garantia, com a aceitação de acções do Benfica sem cotação em Bolsa, pela actual líder do PSD, na altura Ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leira, a mesma senhora que hoje anda a prometer rigor aos portugueses em caso de victória nas legislativas.
Isto aconteceu precisamente no XV Governo que era então liderado pelo 1º.Ministro Fujão Barroso, que como é sabido, não perdeu a 1ª. oportunidade que lhe ofereceram para subir na carreirinha de político profissional e encher de orgulho os papalvos. Agora, anda aflito à procura de apoios, porque há na Europa quem considere que não está lá a fazer nada, mas isso é outra história.
Por mera coincidência, além do 1º.Ministro Fujão Barroso e de Manuela Ferreira Leite, Ministra das Finanças [e do Estado] compunham o elenco governativo, entre outros, as seguintes "personalidades":
  • Ministro da Defesa [e do Estado], Paulo Portas
  • Ministro da Segurança Social e do Trabalho, Bagão Félix
  • Ministro do Ambiente e do Ordenamento, Isaltino Morais
  • Ministro das Obras Públicas, Carmona Rodrigues
  • Ministro da Justiça, Celeste Cardona

Em rigor, não há aqui indícios objectivos para suspeições ou conjecturas que nos levem a concluir que estamos perante uma eventual seita de mafiosos, mas o que há de facto, são alguns nomes - que já andaram e andam na baila pelas piores razões -, que poderão servir de alerta à distracção que costuma dominar a memória de muitos eleitores com o andar do tempo. Simultaneamente, serve como registo para ficarmos a saber concretamente os nomes de quem encobriu e encobre esta falcatrua benfiquista com a anuência implícita dos governantes de então, bem como a rectidão de processos que nos reserva o futuro, seja ele da oposição ou do actual Governo. A abstenção, é pois a atitude mais idónea e prudente a considerar.

PS-Já imaginaram o que não se diria ou fazia, se isto se tivesse passado com o FCPorto? E os senhores «jornalistas», a assobiar para o ar...

Marinho Pinto defende comissão de inquérito a casos de ex-governantes em cargos empresariais

Clicar sobre o título para ler a notícia (Sol)
Só os que beneficiaram e beneficiam com a situação aqui apontada pelo bastonário dos advogados Marinho Pinto, é que discordarão da proposta de uma Comissão de Inquérito Parlamentar para efectuar uma investigação a determinadas decisões políticas a favor de algumas empresas.
Admiro a coragem e a seriedade deste homem na razão directa porque desprezo o vocabulário hermético e "comprometido" dos seus adversários.
Ou muito me engano, ou tão cedo não teremos na Ordem dos Advogados alguém com este carisma. Não é seriamente que se enriquece depressa e muito...

28 julho, 2009

Teorias da treta

Um tal de Miguel Angel Belloso [economista, creio que espanhol], escreveu no i de segunda-feira que, cito: o anseio da igualdade é um anseio da cultura espanhola. Entre outros considerandos deste quilate, disse também que o repúdio e a inveja em relação ao êxito pessoal dos outros não são nada de novo. Depois, fala em transacções de mercado, nas gordas retribuições de administradores, de directores de empresas, ou de desportistas bem sucedidos e a repulsa que estas geram na opinião pública, justificando-as com o factor procura. Ou seja, por mais dinheiro que o investidor esteja disposto a dar por um produto ou por uma pessoa/produto, é porque pensa que vai ganhar com o que pagou por ela. O resto é «poesia».
Salvo raras excepções, a visão "pragmática" que os economistas têm da vida e do mundo, parece só ter um único ângulo credível: o da própria economia. A lei da oferta e da procura, resume as performances da prosperidade humana. O humanismo, é coisa que não existe.
Não sei se por falsa modéstia ou esquecimento, este especialista não foi capaz de apresentar um único argumento de peso que explicasse aquilo a que ele chama "a magia do mercado" que explica as altas retribuições de quadros superiores. Explica apenas, e mal, que um alto salário de um dirigente leva a mudanças técnicas, ao aumento de vendas e à expansão do emprego...
Esqueceu-se, foi de dizer que tipo de emprego e de remuneração resulta para as populações desssa expansão. Devia estar a pensar em Espanha, porque apesar do país vizinho passar também por elevados indíces de desemprego, distribui o produto da sua riqueza com muito mais justeza e dignidade que em Portugal, e é assim que se explica a diferença de nivéis de vida entre os dois países. O empresariado português pede produtividade, multi-formação, em troca de quase nada. Por cá, os maus hábitos instalam-se, os bons nunca fazem escola.
Não há economia, engenharia financeira [ou o que lhe quiserem chamar] que se afirme, enquanto se insistir nestas primárias dicotomias da oferta e da procura. Enquanto o pragmatismo economicista continuar emparedado entre a mesquinhez de méritos duvidosos, em que a componente humana é analisada por critérios próximos da escravatura, não há prémio Nobel da Economia que nos safe. Não há mérito que justifique a injustiça, quer ele se aplique a um banqueiro ou a um jogador de futebol.
Há a justiça e o humanismo. Se o mérito explicasse tudo, bem andaria o Mundo, mas o mérito não pode [nem deve] andar de braço dado com a corrupção, nem em paz com o emprego precário ou, o que é mais dramático, com o desemprego de longa duração.
É isto, e apenas isto, que suscita a «inveja» de que o cronista fala, e naturalmente, a infelicidade dos mais desfavorecidos. O resto, não passa de mero corporativismo de uma classe tradicionalmente favorecida.

Rui Cartaxana

A morte de um ser humano, seja ele qual for, significa o fim de uma vida, e só por isso deve merecer a condescendência dos vivos. Mas, é uma fatalidade a que ninguém escapa, está-nos reservada, com sêlo de garantia, sejamos nós ricos, remediados ou pobres.
Há, no entanto pessoas que nem sequer tivemos oportunidade de conhecer pessoalmente, que pelo seu carácter, pela sua dimensão humana, por tudo de bom que semearam em vida, pelos exemplos de amor, de inconformismo, de justiça, de saber, de solidariedade que deixaram quando partiram, nos fazem sentir tristes, e com um profundo sentimento de perda. Há, felizmente, muitos casos desses - não tantos como gostaríamos -, mas há-os.
Não foi esse o caso de Rui Cartaxana, um indivíduo que, tal como outros, mais novos, que por aí há aos pontapés, são mesquinhos, falsos e intriguistas. Não são jornalistas, são coisas. Não lamento a sua morte. A mim, enquanto cidadão, não me faz falta nenhuma, nem todos os que lhe seguem as pisadas.
Paz, à sua alma, e que alguém lhe consiga perdoar todas as pulhices que urdiu. Eu, não.

27 julho, 2009

Mais um assimilado a olhar pela sua vida...

Pinto Ribeiro, o ministro da Cultura, pretende fazer mais um novo museu a que chamará Museu da Viagem, mas que também se poderá chamar Museu dos Descobrimentos. Vai ser em Lisboa, obviamente, e será mais um museu que os governos criam nessa cidade, numa política continuada de concentrar em Lisboa praticamente tudo o que tenha epíteto de "Nacional", seja museu, laboratório, ou similar. O resto do país não se queixa, olha com abúlico desinteresse para estes esbulhos, a grande maioria provavelmente até acha que está tudo dentro da normalidade porque " Lisboa é a capital do país" e portanto é legítimo que tenha tudo. Altruísmo bacôco! Já estamos habituados, este reparo é chover no molhado, mas até nem é aí que quero chegar.

O que me causa indignação e deveria também causar a todos os que têm um mínimo de orgulho e amor-próprio, é a confessada intenção do ministro de ir roubar (este é o termo ajustado) peças a outros museus, afim de as levar para o tal Museu da Viagem. Diz Sua Exa. que " as peças não existem isoladamente. Estarem cinco peças isoladas em Coimbra, três no Porto, duas em Guimarães, sete em Belmonte ninguém quer empobrecer isso. Está-se a enriquecer, a criar massa crítica(...)". Não empobrece, Sr. ministro? Não, diz ele, espraiando-se numa explicação esotérica ( o termo adequado não é esse mas tenho receio de ser acusado de insulto a um membro do governo ) para tentar justificar a rapina de museus espalhados pelo país, em favor da sanha centralista de Lisboa. Tenho consciência que se tratará de mais um dos múltiplos casos de drenagem centrípeta de bens e recursos sugados por todo o país e que portanto este meu protesto mais não será que um gesto quixotesco sem nenhuma consequência prática. Resta-me a esperança que, de qualquer modo, a partir de Setembro este ministro desavergonhado vá fazer as suas tropelias para outro lado.

p.s.1 Repare-se que, certamente por coincidância, todos os museus citados no exemplo do Sr.ministro, são a norte do Mondego.

p.s.2 Dizem-me que este ministro é natural do Porto. Uma tristeza! Parece que estes "assimilados" não vêm melhor processo de "trabalhar" para os futuros tachos do que serem mais papistas que o papa junto daqueles que distribuem as benesses a que aspiram. E depois admirem-se de que a credibilidade dos políticos ande de rastros!

26 julho, 2009

Um exemplo anti-emplastro















Em cima , à esquerda, está um exemplo de como o equipamento do FCPorto [no caso, o de andebol] pode perfeitamente sobrepôr-lhe publicidade [Vitalis], dispensando o recurso aos tais emplastros rectangulares. Então, não é muito mais decente?

Uma notícia com duas faces

O lado agradável da notícia que hoje se pode ler no JN, é que a REFER está a fazer obras de conservação na ponte D.Maria Pia. Mais do que "obras de conservação", constituem-se como verdadeiras "obras de salvação". A ponte estava ao abandono, caminhava para a ruína, num imperdoável crime de lesa-património. Bem haja a REFER por esta atitude que deve alegrar não só os habitantes de PortoGaia, como todos aqueles que acreditam que património valiosos deve ser carinhosamente conservado e respeitado. A câmara de Gaia está já a trabalhar no embelezamento do seu lado da ponte. Um parque, um restaurante, uma esplanada, além do melhoramento do visual da área, actualmente bastante degradada.

A face triste da notícia é que paItálicora o lado do Porto desconhecem-se projectos. Dado o carácter imobilista da gestão de Rui Rio, existem fundadas razões para temermos ter de enfrentar mais quatro anos com uma ponte Maria Pia "coxa": alindada do lado de Gaia, ao deus dará do lado do Porto. O ódio viceral de RR para com L.F.Menezes também não augura nada de bom. Episódios do passado levam a crer que esse ódio de RR falará mais alto que o desejo de beneficiar o Porto.

Desejo sinceramente estar errado, porque uma ponte Maria Pia renovada e com visuais agradáveis dos dois lados do rio Douro seria mais um trunfo turístico para a cidade de PortoGaia.

Bom fim de tarde de domingo!

Grande,ou pequeno Porto

É só a minha opinião, e até prova em contrário não tenho razões para a mudar.
Tudo o que nos últimos anos se tem tentado fazer em matéria de comunicação social com sede e direcção editorial no Porto, quer seja em televisão, em rádio, em jornais, novos ou remodelados, tem falhado, por várias ordens de razões.
A primeira, quiça a mais importante, por uma crónica falta de vontade dos grandes empresários em investirem em projectos assumidamente regionais. Vem-me logo à cabeça duas das mais poderosas figuras do Norte, como Américo Amorim e Belmira de Azevedo. O primeiro, depois do negócio da cortiça dedicou-se à banca e nunca mostrou grande interesse pelo negócio da comunicação social.
O segundo, além dos hipermercados e dos telemóveis, criou o Público e a Rádio Nova, mas sem qualquer cunho vincadamente nortenho, quer na forma, quer no conteúdo. Ou seja, lançou o negócio e colocou o jornal sob o controlo de Lisboa, escolhendo José Manuel Fernandes para Director. A rádio, funcionou sempre como uma espécie de aprendiz de feiticeiro sem qualidade nem força emissora. Qualquer rádio amadora se faz ouvir com mais qualidade e em zonas mais distantes ...
Falámos muito da sociedade civil, do empreendedorismo, mas o que é certo, é que que quando se realiza algo com cariz regional, a tendência é para que a ideologia rapidamente se submeta aos interesses centralistas. A distância do Poder conduz os empresários de todas as categorias para uma completa indiferença pelas questões de afirmação local, preferindo sacrificar o bem estar dessas populações à segurança da manutenção de negócios prioritários com os decisores de Lisboa.
Tenho para mim, que vem faltando aos nossos empresários, uma grande dose de formação política, no que concerne às assimetrias regionais e uma total insensibilidade para a vertente social dos problemas. Se o caminho mais curto para fazer um negócio no Porto é ir primeiro a Lisboa, não hesitam vão lá, e depois acabam por implantá-lo também lá, por ser mais prático e rentável. E assim contribuem para o empobrecimento do Norte. É uma bola de neve que só a Regionalização seria capaz de reduzir.
Os tristes exemplos daquelas duas figuras que o Grande Porto escolheu para entrevistar, são um manifesto clássico do que é o real provincianismo do empreendedorismo local. São de cá, mas pensam como lisboetas. Consideram factores de modernidade chamarem aos portuenses gente fechada e provinciana[fica-lhes bem, perante as cortes de Lisboa] o que é totalmente falso, por que eu já vivi lá e sei como eles são, e julgam-se vanguardistas por posarem nus para revistas da fofoca ou usarem rabinho de cavalo... Estes interlocutores são os últimos que os portuenses querem ler e ouvir. A massa crítica não está nestes biblots ambulantes, está em muita gente anónima, com imenso valor a quem o poder central nunca deu voz, e quando um jornal, logo nas suas primeiras edições vai buscar estas figuras, o futuro não promete ser risonho...