26 julho, 2009

Grande,ou pequeno Porto

É só a minha opinião, e até prova em contrário não tenho razões para a mudar.
Tudo o que nos últimos anos se tem tentado fazer em matéria de comunicação social com sede e direcção editorial no Porto, quer seja em televisão, em rádio, em jornais, novos ou remodelados, tem falhado, por várias ordens de razões.
A primeira, quiça a mais importante, por uma crónica falta de vontade dos grandes empresários em investirem em projectos assumidamente regionais. Vem-me logo à cabeça duas das mais poderosas figuras do Norte, como Américo Amorim e Belmira de Azevedo. O primeiro, depois do negócio da cortiça dedicou-se à banca e nunca mostrou grande interesse pelo negócio da comunicação social.
O segundo, além dos hipermercados e dos telemóveis, criou o Público e a Rádio Nova, mas sem qualquer cunho vincadamente nortenho, quer na forma, quer no conteúdo. Ou seja, lançou o negócio e colocou o jornal sob o controlo de Lisboa, escolhendo José Manuel Fernandes para Director. A rádio, funcionou sempre como uma espécie de aprendiz de feiticeiro sem qualidade nem força emissora. Qualquer rádio amadora se faz ouvir com mais qualidade e em zonas mais distantes ...
Falámos muito da sociedade civil, do empreendedorismo, mas o que é certo, é que que quando se realiza algo com cariz regional, a tendência é para que a ideologia rapidamente se submeta aos interesses centralistas. A distância do Poder conduz os empresários de todas as categorias para uma completa indiferença pelas questões de afirmação local, preferindo sacrificar o bem estar dessas populações à segurança da manutenção de negócios prioritários com os decisores de Lisboa.
Tenho para mim, que vem faltando aos nossos empresários, uma grande dose de formação política, no que concerne às assimetrias regionais e uma total insensibilidade para a vertente social dos problemas. Se o caminho mais curto para fazer um negócio no Porto é ir primeiro a Lisboa, não hesitam vão lá, e depois acabam por implantá-lo também lá, por ser mais prático e rentável. E assim contribuem para o empobrecimento do Norte. É uma bola de neve que só a Regionalização seria capaz de reduzir.
Os tristes exemplos daquelas duas figuras que o Grande Porto escolheu para entrevistar, são um manifesto clássico do que é o real provincianismo do empreendedorismo local. São de cá, mas pensam como lisboetas. Consideram factores de modernidade chamarem aos portuenses gente fechada e provinciana[fica-lhes bem, perante as cortes de Lisboa] o que é totalmente falso, por que eu já vivi lá e sei como eles são, e julgam-se vanguardistas por posarem nus para revistas da fofoca ou usarem rabinho de cavalo... Estes interlocutores são os últimos que os portuenses querem ler e ouvir. A massa crítica não está nestes biblots ambulantes, está em muita gente anónima, com imenso valor a quem o poder central nunca deu voz, e quando um jornal, logo nas suas primeiras edições vai buscar estas figuras, o futuro não promete ser risonho...

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