Bandeira da União Europeia |
No início, quando comecei a pensar sobre as vantagens da abolição de fronteiras na Europa comunitária, achei a ideia magnífica. Mal sabia, que no momento em que a decisão fora tomada já essa mesma Europa do "Mercado Comum" se fragmentava do melhor da sua ideologia: a união política e económica entre os povos.
Criada em 1957 para terminar com as constantes guerras na Europa, teve origem na CEE (Comunidade Económica Europeia) então constituída por 6 países (França, Alemanha, Bélgica,Itália, Países Baixos e Luxemburgo). Com razão, ou não, o Reino Unido nunca se mostrou abertamente cooperante com a integração, e não será surpresa que agora decida sair, sem contudo dar mostras de querer pagar os custos inerentes. Curiosamente, foi a partir de 1993, ano em que mudou a designação de CEE para União Europeia, que - sem disso dar sinais - a desunião começou a desenhar-se...
Pergunto: como é que isto irá acabar? A questão é tanto mais pertinente como é preocupante. Se a par da instabilidade económica e social dos países da dita União juntarmos a ascensão dos partidos de teor nazi em vários deles, não resta na Europa actual grande espaço para optimismos.
Importa lembrar que Hitler existiu. O que ele fez a Humanidade não devia nunca esquecer, mas esquece, porque é curta (e perigosa) a memória do povo. Hitler fez-se eleger pela burguesia, pelo empresariado, mas também pelo povo, através de um partido com nome muito popular (Partido dos Trabalhadores Alemães) mais tarde rebatizado com o nome de Partido Nacional Socialista dos "Trabalhadores Alemães", vulgo Partido Nazista...
Nos EUA, Trump foi eleito "democraticamente", e ainda não sabemos do que é capaz. Marine Le Pen, na Europa, ameaça imitar os resultados de Trump. Nada disto pode ser obra do acaso. O Mundo anda mal, muito mal governado. Como explicar então a recorrência deste fenómeno assustador?
Eu não sei a resposta, mas tenho a minha opinião. Em primeiro lugar, porque nunca acreditei na compatibilidade entre uma Democracia consistente e uma Liberdade absolutista e sem ética. Há muito quem defenda a Liberdade obsessivamente, quem a queira de braço dado com a calúnia, com a irresponsabilidade, e até com a própria corrupção (sem o admitir). Legitimam estas teses baseados na eficiência da Justiça, sobrecarregando-a com responsabilidades de âmbito social e educacional que cabe à própria sociedade providenciar. A Justiça existe para administrar conflitos, não para educar.
Em segundo lugar, a própria história explica, em parte, porque foi que em muitos países (como a Alemanha) os ditadores chegaram ao poder. Deveu-se basicamente ao fracasso de regimes "democráticos" desregrados e incompetentes, que com o desemprego geraram a anarquia, e o descontentamento popular. Os democratas avessos à ética e à contenção vivem escravos de um conceito de Liberdade demagógico favorável aos oportunistas que dela se servem para se governarem, até levarem os seus próprios países à falência. Uma democracia séria, exige, não facilita. Mas a exigência tem de começar pelo tôpo das hierarquias e daí transmití-la às bases. Não como acontece em Portugal, e nalguns outros países.
Mal comparando, se numa sociedade democrática a Liberdade de opinião engloba e tolera pacificamente a violação das mais básicas regras comportamentais, como a calúnia, a discriminação e a xenofobia, alguém será capaz de justificar a utilidade dos sinais de circulação rodoviária? Por que será que eles existem? Não terão sido concebidos para a nossa própria segurança, e a segurança dos outros? Qual é o mal de cumprirmos com essas regras? Será que só as aceitamos porque tememos pelas nossas vidas, e as recusamos quando se trata de regulamentar as nossas relações sociais e políticas? Que coerência podemos reconhecer na liberdade extrema, quando os extremismos provam à saciedade fomentar o caos?
E da política, o que dizer? Por que havemos de votar em homens ou mulheres de quem, na maior parte dos casos, nada conhecemos? E porque havemos de os aturar um mandato inteiro quando nos apercebemos que se afastam das promessas e dos próprios programas eleitorais, dando-lhes o ensejo de se governarem à nossa custa? E que dizer da renúncia ao cumprimento da própria Constituição?
E dos jornalistas? Que direito têm eles de enganar o povo com as suas falsidades? São profissionais credíveis? Gozarão dessa reputação, ou não serão também eles a causa maior das democracias amputadas do rigor que lhes alimenta a solidez?
Resumindo: são os falsos democratas, os inimigos da transparência e da paz social, os piores dos ditadores. Tanto os Trump's, como os Le Pen's deste mundo, são pouco recomendáveis, mas a verdade seja dita, só enganam quem quer ser enganado, ou quem tem a ganhar com a sua eleição. Pior, são os que nos oprimem a coberto da capa de democratas. São eles que conduzem ao poder os outros ditadores.
PS-Foi logo pela manhã que escrevi este post. Coincidentemente, já a manhã ia alta quando no jornal Público Rui Moreira dizia isto ...
PS-Foi logo pela manhã que escrevi este post. Coincidentemente, já a manhã ia alta quando no jornal Público Rui Moreira dizia isto ...