|
Este não é o caminho |
Há na blogosfera quem me conheça pessoalmente e que sabe bem o que penso sobre o que está a acontecer no FCPorto. Em qualquer momento essas pessoas podem desmentir-me, se fôr caso disso, mas será difícil, porque o que está a acontecer, é exactamente o que eu previa. Não estou a dizer isto para me dar ares de sabichão, de gajo que nunca se engana (como o Cavaco Silva de má memória). Estou apenas a constatar factos. Além disso, os meus posts podem confirmar muito bem o que tenho vindo a dizer. O que não imaginava é que a queda fatal fosse tão cedo.
O que mais me angustia neste virar de costas ao clube (que, é bom recordar, são os adeptos) por parte do principal responsável, são as consequências que daí resultam. As más exibições e resultados da equipa de futebol sénior, foram apenas parte do problema, digámos que funcionaram como lastro para outros problemas. Normalmente é isso que acontece, quando uma liderança se ausenta e perde a noção da sua importância. Só me espanta, é que Pinto da Costa não saiba coisa tão básica e continue aparentemente indiferente aos danos colaterais da apatia que o tomou.
Se pesquisarem os artigos que aqui mesmo publiquei, observarão que só muito contextualmente optei por responsabilizar jogadores e treinador(es) pelas causas do que está a acontecer no FCPorto. Por uma razão muito simples - e é aqui que discordo de outros portistas -, é que eles foram vítimas da conjugação de vários factores (para eles transcendentais) pelos quais não podem ser imputados, sob pena de invertermos a lógica hierárquica dos poderes. Certas más decisões, como a escolha de Lopetegui para treinador, estiveram na base de muitas outras. Essa escolha, foi de Pinto da Costa. Por sua vez, a escolha de muitos jogadores foi de Lopetegui. E por aí fora. Por outro lado, Lopetegui não teve capacidade para impôr a sua ideia de futebol aos jogadores que escolheu. Depois, foi o que se viu, o sentido foi sempre na escala regressiva. Lopetegui não tinha mais condições para continuar. Perguntar-me-ão: então, e com Peseiro temos condições? Nestas conjunturas, quando o mal já está feito e as chances esgotadas, não me choca a mudança, mas é sempre um risco, sem dúvida.
A todos estes factores em cadeia seguiu-se um outro, para mim o mais grave de todos: a resignação de Pinto da Costa como líder. É aqui que reside o principal problema. Ao ignorar as discriminações feitas ao FCPorto, quer por arbitragens escandalosas, algumas mesmo provocadoras, quer pela postura agressiva e faltosa dos adversários que disso se aproveitam, Pinto da Costa desencadeou uma espiral de abusos cujos resultados foram o que todos já sabemos: a perda de respeito. Mas, não foi só o respeito de quem nunca o respeitou por inveja, foi o dos adeptos que nunca estariam à espera de ser tão desconsiderados, como é o meu caso.
Dito isto, é uma grande ingenuidade, diria mesmo, uma burrice, pensarmos que o desânimo, a raiva por nós sentida face a todas estas discriminações, juntamente com a apatia de quem mais manda no clube, não se apoderem dos próprios jogadores e técnicos. Sabendo, como nós sabemos, que com eles os árbitros são implacáveis, que à mais pequena falta podem ser injustamente castigados, e até expulsos, é extremamente difícil esperar deles grandes rasgos de superação. Os jogadores, tal como nós, perceberam que o nosso clube perdeu a capacidade de se indignar e de reclamar o respeito que lhe é devido. Perceberam que quem manda não faz o seu papel, por isso lhes falta a alma que muitos reclamam, sem compreenderem que não é com silêncio que se combatem injustiças.
Conclusão: até as modalidades, dotadas de excelentes treinadores e atletas (Andebol, Hóquei em Patins e Basquete), foram praticamente afastadas das provas mais importantes, contaminadas por esta lamentável época de negligencia, vergonha e medo.