Manuel Luís Mendes |
Quando houve, no país, o debate sobre os malefícios e benefícios da televisão pública, ficou claro que a sua existência se devia ao facto da informação neutra e equidistante ficar mais salvaguardada numa estação televisiva pública do que sob a alçada de uma entidade privada sempre mais sujeita aos interesses particulares, do que ao bem público.
Por isso, a RTP seria a única a defender o pluralismo e neutralidade da informação, algo que os privados não garantiriam.
Só que na transmissão do jogo entre o FCPorto e o Rio Ave a parcialidade foi demasiado notória.
Durante todo o encontro não houve uma palavra para a espetacular exibição dos portistas!
Não. Para os comentadores houve sim muitas dificuldades por parte dos vila-condenses que não conseguiam suster os ataques dos dragões.
O mérito não foi, pois, dos líderes do campeonato mas do demérito do adversário.
Chegou – se ao cúmulo de terem ficado escandalizados com uma entrada mais dura de Soares a merecer amarelo, mas nunca vermelho, como pediam os comentadores. Depois, qualquer situação mais incómoda e simples para os da casa, era um perigo constante e um alarme incrível…
Serviço público? Talvez, mas a Benfica TV não faria melhor…
O que importa é que o FCP fez uma exibição de gala e se não houvesse tanto desperdício a goleada seria histórica.
Essa a realidade, embora os telecomentadores de serviço a tenham iludido.
Como estamos no Natal, haja tolerância, esperando que, no novo ano, algo mude para que tudo não fique na mesma…
Admitindo que no melhor pano cai a nódoa, seria avisado que a RTP ganhasse a consciência de que tem um estatuto que defende o interesse do país e não de um qualquer facciosismo de circunstância. Deveria ser – a tem de ser! – como a seleção nacional de futebol :a equipa de todos nós. Tem de saber que é mais um serviço cívico do que uma empresa particular. O seu lucro é a informação rigorosa e não os dividendos dos acionistas.
E se algum profissional da casa, não aceitar esta postura, então só lhe resta um caminho :sair pela porta por onde entrou para a Benfica TV, Sporting TV ou Porto Canal…
Aliás, isso aconteceu com vários jornalistas e daí não veio nenhum mal ao mundo. Pelo contrário, houve bom senso e seriedade. Não enganaram quem lhes pagava e foram servir outros patrões. Tudo certo, pois.
Inadmissível é parecerem o que não são : independentes. Como diz o povo, quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele…
Quanto ao Governo, que tutela o setor, não pode assobiar para o lado e fazer de avestruz. Tem de ser mais interventivo.
É que sujeita – se a perder, no desporto, os créditos que tem granjeado noutras áreas, com consequências eleitorais imprevisíveis.
Boas Festas a todos os leitores do Porto24, independentemente de clubes, são os nossos votos sinceros.
(de Porto24)