19 setembro, 2008

NÃO RESISTO A PUBLICAR...

Nunca sofri de um ataque de priapismo puro e duro, daqueles que duram 36 horas (ou até mais), como o que ocorrido num episódio recente da série Serviço de Urgência, da Fox, em que as simpáticas enfermeiras tiveram de administrar duas injecções na base do pénis do paciente para conseguirem derrubar a teimosa erecção que o atormentava.

O pior que me acontece neste particular são episódicos mini-ataques de priapismo nocturno que se revelam bastante incómodos quando coincidem com uma irreprimível vontade de satisfazer as minhas necessidades fisiológicas de carácter líquido.

Não é preciso ser-se um iniciado nas artes do tiro curvo e do tiro tenso (o que, por acaso, eu sou, já que a minha especialidade na tropa foi Anti-Carro e Morteiro Médio) para se perceber que é completamente impossível acertar com a urina dentro da sanita se o pénis está erecto.

A alternativa de fazer xixi como as senhoras, ou seja sentado, é um exercício doloroso e desprovido de resultados práticos já que pénis está num ângulo superior a 90 graus com o chão e não está no seu estado flexível pelo que é impossível acomodá-lo dentro da sanita.

O que fazer nestas circunstâncias? Caso se trate de pequenos ataques, não é necessário recorrer à Urgência do Hospital. Pense em coisas desagradáveis (como por exemplo, rim grelhado ao pequeno almoço) ou ligue o televisor e fique a ver um canal de vendas. Se não passar, vista o roupão e vá aliviar-se ao ar livre (hipótese particularmente recomendada se morar perto de um bosque) rezando para não encontrar no elevador uma vizinha feia que pode achar que você ficou assim entusiasmado por a ver. Ou então use o método de Robert de Niro em «O Touro Enraivecido» - encha um «frappé» e despeje o gelo sobre as suas partes. Vai ver que resulta.
(De Jorge Fiel)


PS. No Verão de 2006, a revista Única publicou um conjunto de pequenas crónicas sobre as minhas doenças. A série foi interrompida na 13ª crónica, dedicada ao meteorismo, que não chegou a ser impressa, por decisão superior. Ao arrumar os ficheiros no meu computador dei de caras com estes textos e achei por bem republicá-los, na vã esperança de que alguém se divirta com as minhas desgraças. Ponham-se a pau, porque aí vão eles.

OLHA PARA O QUE EU DIGO!

Balsemão exige mudança radical na televisão pública

Francisco Pinto Balsemão exigiu ontem uma "solução radical" na forma como na Europa são geridos os serviços públicos de televisão, quando discursava num encontro em Helsínquia como presidente do European Publishers Council (Conselho Europeu de Empresas Proprietárias de Jornais), associação que representa alguns dos principais grupos de media.
O também "patrão" da SIC e do grupo Impresa, que preside ao EPC desde 2001, considera que os Estados europeus devem "limitar o tamanho" dos operadores públicos de televisão, que no futuro terão de se concentrar na transmissão de programas de "alta qualidade" - sem contarem para isso com apoios do Estado ou com taxas pagas pela população, defendeu. "Podem claramente conseguir receitas significativas se produzirem programas fora de série!", salientou Balsemão, que falava durante uma conferência internacional sobre o futuro do serviço público de televisão.
Exemplos de programas de "alta qualidade"? "Mais programas de história natural, documentários pesquisados de forma adequada, notícias que abordem assuntos caprichosos de forma justa e séria, melhores comédias inovadoras ... e menos telenovelas, ou exploração de exibicionistas vulneráveis [em reality shows]", afirmou o responsável máximo da SIC.O modelo dos Estados Unidos ou um plano desenhado no Reino Unido para a evolução da BBC são as duas opções de futuro para a nova geração europeia de operadores públicos, salientou também o presidente do EPC. Nos Estados Unidos, as estações de televisão e rádio públicas são de âmbito local e "desenvolvem a sua própria programação", dentro de redes mais vastas. "Têm um pouco de financiamento directamente do Governo mas uma grande parte do seu dinheiro vem de indivíduos, fundações, companhias, subscrições e de patrocínios", exemplificou.
Já o modelo sugerido para a BBC por Anthony Jay, antigo gestor da estação pública - e argumentista de algumas séries como Yes, Prime-Minister - propõe a redução dos 11 canais televisivos do grupo para apenas um canal digital e duas rádios, um canal desportivo e várias estações locais.
Já a comissária europeia para a Concorrência, Neelie Kroes, salientou na quarta-feira que a decisão do tribunal europeu há três semanas - que insistiu que Portugal tem de reforçar os instrumentos de controlo sobre o financiamento do serviço público de televisão - é um "importante precedente", ao dar a Bruxelas a tarefa de vigiar essa mudança.
"Quero flexibilidade para o serviço público de televisão, mas a Comissão precisará de saber que o dinheiro que fica disponível de forma flexível está a ser gasto correctamente", referiu Neelie Kroes. As políticas europeias para a comunicação televisiva estão em reanálise. 1 canal apenas de âmbito generalista para a BBC é uma das propostas para o futuro da estação pública britânica
(Inês Sequeira, In PÚBLICO)

Comentário RoP:

Francisco Pinto Balsemão já foi 1º. Ministro de Portugal, precisamente entre 1981 e 1983, no VIII Governo Constitucional. Primeiro Ministro, sim, não há engano. Cargo que, no subconsciente (ou no imaginário, como queiram) dos cidadãos, deve requerer altos padrões de probidade e valores. Contudo, este fino cavalheiro, que foi lá para fora, na qualidade (imaginem!) de Presidente do Conselho Europeu de Empresas Proprietárias de Jornais, exigir uma solução radical para a forma como são geridos os serviços públicos de televisão, é o dono da SIC, responsável pelo melhor, mas também pelo pior que se tem produzido estes últimos anos em matéria de televisão no país.

Aqui está mais uma boa amostra como os políticos têm de si mesmo uma ideia desfocada da realidade e absolutamente narcisista. Acham que podem ser aquilo que efectivamente não são nem nunca hão-de ser, só porque foram políticos. Pronto. Ser político - mesmo Primeiro Ministro -, não confere implicitamente uma garantia de elevação humana e cívica ao portador. É apenas um trampolim para se poder tornar relevante ou não, mas essa importância só os cidadãos lha podem dar, se a merecer. E, neste caso concreto, eu não lha reconheço, porque penso que não a merece.

Pinto Balsemão e a sua SIC, são responsáveis por alguma lufada de ar fresco na televisão mas também o são pelo mais poluído e ordinário. Foi a SIC, que lançou programas como a «IURD», «Os Donos da Bola», «A Noite da Má Língua», onde a intriga e a arbitrariedade foram do pior que se fez em Portugal.

Ainda hoje é responsável por programas erótico-porno (na SIC Radical) cuja valia, sobretudo para os mais jovens, ainda estamos por perceber. A má língua, a conspiração, é outra das apostas da casa. E não falo assim por questões de puritanismo bacoco, falo apenas por uma questão de exemplo.

Quem se julga afinal, Pinto Balsemão, para dar conselhos ao Estado? Para lhe (e nos) dar sugestões dos programas de "alta qualidade" que a RTP deve, ou não, transmitir? Não é a ele que compete dar pareceres sobre a coisa pública, é à opinião pública!

Percebe-se assim que as angústias de Pinto Balsemão pouco tenham a ver com a ética e a qualidade, elas devem-se, exclusivamente, à concorrência que a televisão pública lhe está a fazer e ao dinheiro que ele e a sua SIC podiam ganhar se a afastassem da corrida.

Não é que a RTP me inspire mais credibilidade, pelo contrário. Teoricamente, até concordaria com Pinto Balsemão, se não fosse ele a falar do que não devia.

Jacques Brel (Ne me quitte pas)

BOM FIM DE SEMANA!


IR AO FUNDO DA QUESTÃO

Antes de avançar com o que hoje tenho para dizer, faço questão de separar dois aspectos em relação ao meu modo de avaliar a actuação dos políticos, grosso modo, e à impressão individual e pessoal que faço de cada um. Um tanto contra uma certa corrente, convenientemente correcta, sou daqueles que coloca em primeiro lugar o carácter do indivíduo, só a partir desta premissa - que considero a maior de duas proposições -, é que me interesso pela segunda e retiro as minhas próprias conclusões. Ninguém tem poderes sobrenaturais para descobrir com exactidão o que vai na alma de outro indivíduo, sobretudo quando a sua relação presencial não existe, por isso não nos resta outra saída senão raciocinar por dedução. É o que eu faço, e é seguramente o que a maioria de nós faz uns com outros.
Ainda há dois dias deixei aqui a minha opinião pessoal sobre Pedro Baptista, candidato à liderança da Distrital do PS, que vale alguma coisa para mim e não valerá para outros, mas é exactamente o que penso, embora não passe, como disse, de uma impressão intuitiva. E para que ninguém venha mais tarde apresentar-me a "factura" por um eventual erro de cálculo, reitero que a minha opinião se enquadrava exclusivamente na sua faceta de homem frontal que é quase sempre uma marca das pessoas honestas. Espero assim não me enganar.
Chegado aqui, passo ao assunto do dia. Não é novo para mim, mas é pertinente. Trata-se da substância das coisas.
Faz hoje 8 dias que participei na 1ª. Reunião da ACDP (Associação de Cidadãos do Porto), onde apesar de terem comparecido poucas pessoas, se pôde trocar as primeiras impressões (além do próprio conhecimento pessoal de alguns de nós), e alinhavar ideias para uma futura reunião. Foi positivo, mais que não seja por nos "obrigar" (como alguém disse) a sair do teclado do computador e do anonimato doméstico. A minha intervenção foi curta e baseou-se ao fim e ao cabo naquilo que venho pensando e escrevendo no Renovar o Porto, que consiste na minha absoluta perda de confiança não apenas na classe política como na prática democrática neste país. Em síntese, o que disse foi esta coisa complicada mas quanto a mim imprescindível para me envolver em qualquer projecto de cidadania: saber o que está dentro, conhecer sempre o caminho que se pretende percorrer.
Observem bem. Lamentavelmente, não nos faltam exemplos para mostrar, mas vou pegar neste porque é o mais actual e mexe no bolso de todos nós: a alta dos preços dos combustíveis.
Os organismos criam-se e desfazem-se. É o mais fácil. As leis também. Difícil (sobretudo em Portugal) é fazê-los funcionar e cumprir. E o mal começa logo aqui. Não foi complicado instituir uma autoridade para a concorrência (AdC), mas neste momento delicado em que ela devia justificar a sua criação, não funciona. Nem o próprio Governo mostra capacidade para a obrigar a cumprir. O crude sobe, sobe imediatamente o preço dos combustíveis, o crude baixa, os preços não descem! E mais: as gasolineiras fazem peito ao Governo e não parecem dispostas a respeitar
qualquer ordem no sentido de os levar a baixar o preço do combustível. Vamos agora à substância deste organismo chamado AdC. O que é e como se chama? O que é já sabemos e não funciona. Quem responde por ela chama-se Manuel Sebastião. Que rabos de palha (conluios)terá então o Governo para não se livrar deste incompetente abusador?
A própria Constituição da República não é levada à letra, e altera-se quando e sempre que os governantes não são capazes de a articular com os poderosos interesses económicos. Foi (disse-se), uma das Constituições mais avançadas do Mundo, contudo pouco proveito tiramos desse privilégio!
Há, está mais que provado, uma tendência neste país para não levar nada a sério. Está na moda agora (maldita vaidade), sempre que há dificuldades para governar o país, alterar as leis. Assim se vai ganhando tempo para governar, perdendo-o com o país e o povo. Assim se prolongam os prazos de incompetência e corrupção dos governantes e assim vamos aturando esta corja de garotada.
Com estes belos exemplos, com os quais me recuso terminantemente a pactuar, não há ninguém que me convença que os mecanismos democráticos vigentes bastam para dar a volta a esta pouca vergonha. Porém, este é o pensamento do Chefe de Estado e do restante poder (Governo). Percebe-se, mas não lhes acrescenta qualquer dignidade. A voz do Cavaco não é o que podia ser. É apenas e só, a voz de mais um homem que deve sentir-se bem dentro da própria pele por ter chegado (como outros antes dele), ao mais alto cargo da Nação, mas está longe de ser uma voz realmente importante para os cidadãos.
Toda a gente sabe, que "zelar pela coesão nacional" para estes políticos clonados, se confina a zelar pela estabilidade do Poder, não pela dos cidadãos.
Para que servem então as instituições se elas são incapazes de se auto-regenerar? Quero que alguém me desminta e diga (se souber), definitivamente, se não é em procurar engendrar uma fiscalização eficiente dos eleitores sobre o poder político, que consiste o nosso primeiro passo.

18 setembro, 2008

LINKS + COMENTÁRIOS

F. C. Porto vence Fenerbahçe (3-1) e lidera o grupo G a)

Rio diz que atraso no metro é grave e promete luta b)

Mercado do Bolhão volta à estaca zero c)

PGR vai recorrer da indemnização a Pinto da Costa d)


COMENTÁRIOS:
a) - Tudo bem, quando acaba bem... Tudo bem, quanto à juventude de alguns jogadores, mas Jesualdo já está em plena competição. Tem de arrepiar caminho e mostrar aos adeptos que sabe pôr a equipa a fazer pressão intensa, logo à frente. Este, é quanto a mim um dos seus calcanhares de Aquiles.
b) - Se Rio diz que promete luta, agora é que vai ser. Oito anos depois... Ponham-se a pau!!!
c) - Da estaca zero nunca passou o Bolhão, nem passará a cidade do Porto com este Presidente a geri-la.
d) - Já sabemos que os recursos são legais, que fazem parte de qualquer processo, mas que este recurso da Procuradoria Geral da República cheira mais a uma caça ao homem, salta aos olhos. Quando não se é capaz de perceber erros próprios, muitas vezes opta-se pela fuga para a frente. É o que está a fazer este Procurador, e a sua "excelsa" equipa.

17 setembro, 2008

O NOVO «PATRONATO»

Quando ouvi o senhor 1º. Ministro falar pela 1ª. vez da "Flexisegurança", pensei cá para mim, "pronto, vem aí asneira, outra vez!".

Se bem entendemos, a "Flexisegurança" é um projecto de origem dinamarquesa que visa simultaneamente proporcionar um maior suporte social aos empregados e uma maior facilidade aos patrões para os despedirem. Consta que o Estado vai disponibilizar cerca de 4,2 milhões de euros no projecto até 2010 (o que se resume a pouco mais de 1 milhão de euros por ano), entre 2006 e 2010. Seria muito louvável que o público fosse devidamente informado sobre a aplicação dessas verbas e respectivas datas.

Estando a "Flexisegurança" a ser discutida no seio dos 27 países da União Europeia por não apresentar uniformidade de critérios de ordem social e económica, em Portugal, o que começa a verificar-se com preocupante frequência é um despudorado oportunismo da parte de alguns "empresários" para se descartarem das suas principais responsabilidades, como seja, pagar a tempo e horas aos seus colaboradores.

A putativa crise económica (alguma vez, deixámos de a ter?), também serve para ajudar à missa, mas, efectivamente, não pode ser apenas pura coincidência que desde que se descobriu a pomada curandeira da "Flexisegurança", nunca se ouviu tanta gente queixar-se dos ordenados em atraso como agora!
A classe empresarial portuguesa perdeu completamente a classe, - passe a redundância -, ou o que dela restava, uma vez que já nem tenta preservar a sua imagem, quer a nível pessoal quer a nível do próprio estatuto. A ladainha do "não sei se vou ter dinheiro para lhe pagar este mês", ao que parece, pegou de estaca ao mesmo ritmo que se perdeu a vergonha e não há ninguém que se incomode com isto. O que será, afinal, que estes patrões rascas e de vão de escada pensam do estado de espírito e da disponibilidade para trabalhar de pessoas que ouvem este discurso miserável ao fim do mês? Que se vão empenhar mais? Será?
Senhores "empresários" pedintes, esta conversa da treta tem curta duração, não se preparem para lhe dar corda e abrir com ela um novo cículo de escravatura. Se não têm capital para criar uma sociedade, não abram, procurem emprego como os comuns mortais. Se o negócio não é rentável só têm um caminho a seguir: fechem-no! Desculpem se acaso os insulto por vos lembrar que para se ser patrão é preciso também pagar ao pessoal, "ter unhas" para ser capaz de rentabilizar o negócio de modo a dividir os lucros, com justiça e sabedoria.
Para acabar com esta praga crescente, só posso dar um conselho a quem tem o azar de trabalhar para estes patrões oportunistas. Da próxima vez que vos cantarem o fado bandido do "não sei se vou ter dinheiro para lhe pagar este mês", respondam à letra e cumpram : "não sei se o patrão vai poder contar comigo para trabalhar no mês que vem!".
Depois, depois dirijam-se ao sindicato mais próximo e vejam se ainda servem para alguma coisa. Se a porta estiver fechada, procurem os escritórios da "Flexisegurança" e sentem-se no sofá mais confortável que estiver à mão, e protestem.
Se não resultar, só resta um caminho: a ponte D. Luís...

LINKS (jn)

Falta de dinheiro pode comprometer metro do Porto

Comentário: O dinheiro não chega para tudo*

Shopping da IKEA abre a 16 de Outubro

Inspecção arrasa gestão urbanística em relatório


* Declarações proferidas pela Secretária de Estado dos Transportes

- Sugestão de Renovar o Porto para superar a "dificuldade": promover imediatamente uma dieta de emagrecimento com os fundos financeiros em Lisboa e passar a distribuir os comunitários (como o QREN) de forma mais criteriosa e aos seus respectivos destinatários. Percebeu, senhora D. Ana Paula Vitorino?

16 setembro, 2008

HOMENAGEM A RICHARD WRIGHT-PINK FLOYD



Morreu hoje. Foi um dos fundadores do grupo Pink Floyd e era um excelente teclista. Tinha 65 anos

O contra-ataque já começou!

Suponho que, até para quem não está familiarizado com as intrigas politiqueiras deste "santo" país, não escapa a percepção do que realmente está a acontecer no PS-Porto.

Após a entrevista de Pedro Baptista ao jornal PÚBLICO, as reacções não se fizeram esperar. O principal visado, Renato Sampaio, líder distrital do PS-Porto, optou por não comentar a referida entrevista, comentando-a. Afirmando que "não leu a entrevista de P.B., e que, mesmo que a tivesse lido, também não a comentaria", Renato Sampaio não está mais do que a proteger-se de um duelo de que, em normalidade democrática, sairia completamente derrotado.
Não será por ter do seu lado os compadres e as comadres do aparelho partidário, que se sente seguro do lugar que detém - e que já revelou à saciedade não merecer -, como líder distrital da região. Ele está consciente que são os eleitores sem "fidelização" partidária, quem mais ordena, e quem têm a última palavra em termos de peso e decisão eleitoral. Sabendo isso, foge de Pedro Baptista como o diabo da cruz.
Goste-se ou não, Pedro Baptista tem a sinceridade própria dos não alinhados, dos politicamente incorrectos. Não teme (já deu provas disso), "o chefe" nem a família política (o que não é forçosamente sinónimo de indisciplina), e se preciso for chama os bois pelo nome, dizendo algumas verdades terrivelmente incómodas.
Os argumentos dos adversários políticos de Pedro Baptista, dentro e fora do PS, vão ser tudo menos honestos e originais. Podemos esperar pouco mais do que coisas como "populismo", "comunismo" e outros truques terminados em ismo para o desacreditar. Quando a sustentação argumentativa é frágil, os políticos medíocres valem-se dos dogmas que eles próprios inventam, cultivam e transformam em clichés para derrubar quem os tenta ameaçar.
O deputado José Lello, que não fez nada de relevante para defender o "seu" Boavista da arbitrariedade "justiceira" de Lisboa, é um bom exemplo do que atrás foi referido. Acomodado à tradicional condição dos políticos de carreira, que interiorizam (erradamente) que os poderes e benesses públicas também são poderes privados com lugares vitalícios seguros, reagiu da forma mais básica e previsível: a má língua. "O Pedro Baptista está num processo de regressão ao tempo em que era líder de «O Grito do Povo».
Incontornável, como se constata, o recurso às frases estigmatizadas para se anular quem está a ser "inconveniente". Como de costume, os políticos recorrem às palavras mágicas para se defenderem, sem hesitar um segundo, em usar os estigmas mais antigos desde que se convençam que funcionam. Outrora foi o "comunismo", agora, como o chavão já não pega tanto, recorrem ao "populismo". É simples, é barato e deve dar votos...
Ora, é bom recordar que o jornal «O Grito do Povo» de inspiração marxista-leninista, ao qual alegadamente P.B. esteve ligado, era um jornal revolucionário de 1972, anterior ao 25 de Abril, o que em nada denigre o carácter de Pedro Baptista. É sensato que se tenha em conta a idade e o contexto em que tal aconteceu para evitar de dizer banalidades. A mal afamada Dra. Maria José Morgado e o próprio Durão Barroso, pertenceram ao MRPP e o senhor José Lello já se deve ter esquecido das semelhanças... E quantos mais andam por aí que foram "revolucionários" e que agora estão confortavelmente instalados nos empregos dos partidos tradicionais do poder?
Quantos são, fazem ideia? Zita Seabra, servirá para encabeçar a lista?
Creio não oferecer dúvidas a ninguém que neste caso Pedro Baptista está cheio de razão. O que diz, só peca por condizer com o que muitos de nós dizemos e pensamos. E depois? Se a isso entenderem chamar populismo, então chamem, mas nesse caso passaremos também a compreender que populismo já deixou de significar oportunismo político para significar honestidade.
E eu penso que Pedro Baptista é honesto, como são quase todas as pessoas frontais.

Acórdão iliba F. C. Porto e arrasa Liga e Federação

O Tribunal Arbitral não está convencido que F. C. Porto ou Pinto da Costa tenham cometido actos ilícitos sobre a participação do F. C. Porto na Champions, sendo particularmente crítico em relação à justiça desportiva portuguesa. E praticamente obriga a UEFA a rever a famosa norma 1.04.

Dois meses depois da decisão final da UEFA, que garantiu a presença dos dragões na edição de 2008/09 da Liga dos Campeões, indeferindo os recursos de Benfica e V. Guimarães, que pretendiam ver o clube das Antas suspenso devido às sentenças da Comissão Disciplinar (CD) da Liga e do Conselho de Justiça (CJ) da FPF no caso Apito Final, o TAS pronunciou-se em forma de acórdão, que na prática significa mais uma vitória para o F. C. Porto.

Segundo o documento, a que o JN teve acesso, "as duas decisões da CD da Liga Portuguesa e do CJ da Federação não demonstram que o F. C. Porto, ou o seu presidente, tenham estado envolvidos em actividades ilícitas", acrescentando que "nem o TAS, nem a UEFA, estão vinculados às normas da justiça desportiva portuguesa". Há até uma referência à forma "estranha" como decorreu a célebre reunião do Conselho de Justiça do dia 4 de Julho e que confirmou o castigo de Pinto da Costa, ao mesmo tempo que recorda que ainda há recursos à espera de decisão dos tribunais.

O acórdão revela, igualmente, que Benfica, V. Guimarães e UEFA serão obrigados a pagar 10 mil euros cada ao F. C. Porto, para custear as despesas de todo o processo, como viagens e custos com advogados, que se arrastou durante grande parte do Verão.

O painel do TAS encarregue de apreciar este caso "ficou totalmente satisfeito" pelo facto de a norma 1.04 dos critérios de admissão das equipas na Liga dos Campeões, que diz que qualquer clube que esteja ou tenha estado envolvido em actos destinados a adulterar a verdade desportiva fica proibido de participar nas provas da UEFA, não ter sido adoptada nesta situação.

A interpretação do TAS é de que a UEFA terá de rever rapidamente esta norma e, embora este acórdão não seja definitivo quando ao futuro e, designadamente, em relação à questão da retroactividade da lei, pode concluir-se que muito dificilmente o F. C. Porto voltará a ter problemas para participar na Liga dos Campeões porque a norma terá de ser alterada. Se a UEFA voltasse a abrir um processo aos dragões, e porque este acórdão faz jurisprudência, teria de o fazer em relação a todos os clubes que estiveram envolvidos em casos semelhantes no passado recente, como o Milan, Juventus, Lázio, Fiorentina, Dínamo de Kiev ou, num passado mais distante, o Anderlecht.

Os juizes do TAS também aceitaram a decisão do F. C. Porto de não recorrer da sentença da Liga, que ditou a perda de seis pontos na classificação final do campeonato passado, entendendo que os responsáveis portistas podiam fazê-lo uma vez que já sabiam que a vantagem pontual da equipa na tabela lhe garantia o título.

(Fonte: JN)


OBS:

Quem fica mal nesta «fotografia» é, em primeiro lugar, a justiça desportiva portuguesa, começando pela Procuradoria Geral e acabando nos orgãos de justiça da Liga e da Federação Portuguesa de Futebol.

Agora, para lá das respectivas indemnizações que o nosso decrépito Estado terá de pagar a Pinto da Costa, importa enfatizar a incompetência e as ilegalidades praticadas por quem as devia procurar evitar a todo o custo. Importa apurar, se não houve má fé e o propósito deliberado de prejudicar o Futebol Clube do Porto na pessoa do seu Presidente. Só assim a justiça terá realizado um serviço completo à sociedade, e, neste caso particular, a uma grande fatia da população portuense!

Por último, o facto de o Renovar o Porto já ter alguns leitores além fronteiras - nomeadamente, no Brasil, e em todos os países onde existem comunidades portuguesas, porque doravante, vão passar a conhecer melhor, em matéria de futebol, o que é, e significa, a sigla do Futebol Clube do Porto, a sua organização, e finalmente, como são, e de que são capazes, realmente, os seus adversários mais directos para atingirem os seus fins...

15 setembro, 2008

BREVE RESCALDO DA 1ª. REUNIÃO DA «A.C.D.P.»

De uma primeira reunião, sem quaisquer apoios, promovida pela simples vontade de um cidadão, não se podia esperar mais. O primeiro passo é sempre o mais difícil de dar. Praticamente, serviu para as pessoas se conhecerem. Por isso, nota 20, para o Alexandre Ferreira!
Também devem ser felicitadas todas as pessoas que aceitaram o repto do jovem arquitecto, independentemente das opiniões de cada um sobre o âmbito e os objectivos da dita reunião. Era sexta-feira (à noite), uma noite tradicionalmente mais indicada para outros convívios, especialmente para a malta mais nova...
Enaltecer também a comparência do jornalista do PÚBLICO, Luís Lima e a cobertura que fez do evento em artigo no mesmo jornal (domingo).
Agradecer igualmente, ao Clube Literário do Porto a disponibilidade das instalações para o evento.

TEMOS HOMEM?

Se ganhar, corro com os actuais deputados eleitos pelo PS no Porto!

Aos 60 anos, Pedro Baptista, militante do PS e ex-deputado à Assembleia da República, propõe-se disputar a liderança da Federação Distrital do Porto do PS, actualmente nas mãos de Renato Sampaio, que se recandidata ao cargo. Nesta entrevista, que pode ser ouvida na íntegra em www.radionova.fm, o actual líder é acusado de nunca ter levantado a voz para defender o Porto e o Norte.

Pedro Baptista, num partido no poder, como o PS, há espaço para líderes politicamente incorrectos?

Eu diria que tem que haver. Num partido que tem como tarefa prioritária ser governo tem que haver uma dinâmica plural no seu interior, troca de ideias entre o Governo e as bases e vice--versa. Este país e a Europa em geral andam a precisar muito de líderes e pessoas politicamente incorrectas, porque o politicamente correcto até já é uma expressão pejorativa que significa ortodoxia, repetição, inutilidade, nulidade intelectual. É preciso pessoas que pensem pela sua cabeça, que combatam a tendência para o pensamento único, que se assumam pela sua consciência e, aqui tocamos no ponto, que não se deixem levar pelas hordas de carreiristas que procuram lugares e ser benquistos pelos chefes, à custa de não pensarem, de serem subservientes e baterem palmas.

Mas o que é que lhe tem desagradado mais na actuação do PS no Porto? É isso que está a referir?

Eu até estava a fazer o retrato no mundo com que rompi logo na minha infância, o da União Nacional. O Partido Socialista é um partido democrata, é um esteio da democracia portuguesa. E não só é como tem que ser...

E tem sido?

Ora aí está a questão. Tem sido, mas pode deixar de o ser. Em numerosos momentos da vida do PS parece que estamos na União Nacional. Quando se desenvolve unanimismo, quando se considera o silêncio um capital...

Mas acredita ter alguma hipótese de vencer uma candidatura com uma rede de apoios estabelecida, como a de Renato Sampaio? Vai mesmo apresentar-se a votos?

Sem dúvida nenhuma. Não há razão nenhuma para não ir até ao fim. Até porque nem é verdade que haja uma discrepância de apoios. O meu adversário terá reunido no sábado mil pessoas num almoço--comício. Mas há 16 mil militantes no distrito. E eu gostaria de saber quantas pessoas estiveram no sábado no pavilhão do Académico por querer, e quantas por ter de estar. Centenas daquelas pessoas são os nomeados políticos, são também os candidatos indicados pelos directórios. Pessoas que estão lá para não deixarem de ser nomeadas ou indicadas nas próximas eleições para as autarquias e para a Assembleia da República. Depois, os eleitores votam num processo que já está manipulado a montante, porque as listas apresentadas ao eleitorado não são aquelas em que o eleitorado gostaria de votar.


Com o Pedro Baptista na liderança do PS Porto, o que é que mudaria? A lista de deputados?

Eu entendo que eles deviam ser escolhidos internamente a nível concelhio, numa relação proporcional de acordo com o eleitorado de cada concelho. Deve haver uma espécie de primárias internas. E digo internas porque não posso prometer outra coisa pela qual vou lutar: uma eleição à americana, aberta a todos os cidadãos. Defendo que os deputados deixem de ser nomeados secretamente por uma ou duas pessoas, em resultado dos acordos mais espúrios do tipo "apoia-me, se não já sabes como é!". Às vezes nem é preciso dizê-lo.

Pode dar exemplos?

Não falo de casos concretos, mas dos vinte deputados do Porto, os dois ou três que tiveram atitudes críticas durante os primeiros anos do mandato já se calaram. E nenhum deles me vai apoiar. Também há outra razão. É verdade que eu já disse que, por mim, corro com eles todos. Admito que haja um ou dois, mas, que eu tenha conhecimento, não há nenhum deputado eleito pelo Porto que se tenha portado à altura dos seus eleitores.

Em que outras matérias faria diferente?

O presidente da federação não levantou a voz em relação a um único dossier: quando tomaram a iniciativa sobre o desemprego, foi a reboque de outro partido. Em relação ao desvio de dezenas de milhões de euros dos programas temáticos do QREN [Quadro de Referência Estratégico Nacional] para Lisboa, nem uma palavra. Depois há a desigualdade de investimentos em Lisboa e no Porto. Posso-lhe falar de sete ou oito temas. Veja a questão das Scuts por exemplo. As concelhias da Póvoa, de Vila do Conde e de Matosinhos tomaram posição contra as portagens, e o presidente da federação nunca o fez. Eu encontrei aqui no Porto o meu amigo Mário Lino, ministro das Obras Públicas, e disse-lhe de caras: "Vais arranjar aqui uma nova Maria da Fonte". A verdade é que as portagens ainda não foram para a frente. Se forem aplicadas, eu vou estar com o povo, porque entre a fidelidade ao partido e a fidelidade às pessoas, à região, às minhas ideias, eu não tenho dúvidas. Não tem nenhum sentido escolher para colocar portagens uma região com dificuldades económicas, e deixar de lado até a Via do Infante.

Como pode impedir isso?

Quando for presidente da federação, vou falar directamente com o Governo. Levanto a voz se não me ouvirem, o que não acredito. Acredito que, quando eu for presidente da federação, José Sócrates vai governar melhor do que agora, que tem uma pessoa só para lhe dizer que sim. Ele é suficientemente inteligente para perceber isso. Isto não é novidade nenhuma. O Porto, há uma dúzia de anos, era assim. Falava por uma pessoa que era mais fleumática que eu - e oxalá ele estivesse no lugar em que eu quero estar, com a vitalidade que tinha na altura. Com Fernando Gomes nunca se atreveriam a fazer este tipo de coisas ao Porto. Veja o caso do metro. Como é possível a centralização da Metro do Porto? E não houve um deputado do PS que levantasse a voz... O presidente da federação não defendeu o Porto, quando temos derrapagens no metro em Lisboa.

Nos partidos do poder, o PSD fica com o exclusivo da crítica...

Lamento é que só façam isso quando estão na oposição. Um defeito do PS, também. Os cidadãos não podem aceitar que a região seja utilizada como um joguete. Só há bandeiras regionais quando se está na oposição, e quando se está no poder vende--se esse crédito por uma subida no poder central. Tem sido esta a nossa história nos últimos vinte anos, no PS e no PSD. E é preciso romper com este estado de coisas.

De que forma?

Sou defensor de pactos regionais no sentido da defesa da Região Norte.

Mas o PS parece estar a dar a Rui Rio o exclusivo do debate sobre a regionalização, no Norte...

O trabalho preparatório para criar as condições para a regionalização nas comissões de coordenação regional tem sido, pelo que sei, muito deficiente. E tenho uma interrogação. Em 2009 teremos que fazer da regionalização uma bandeira eleitoral, e confesso que acho que não vai ser fácil. Há um pensamento adverso à regionalização por parte de grupos centralistas.

(Abel Coentrão e Carla Marques «Rádio Nova)

Nota:

Se for necessário, eu dou uma ajudinha, senhor Pedro Baptista ...


14 setembro, 2008

MUDAM-SE OS TEMPOS! SERÁ, MESMO?

Aproxima-te um pouco de nós, e vê. O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos.

A práctica da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima abaixo! Toda a vida espiritual, intelectual, parada.

O tédio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretárias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce. As quebras sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. Neste salve-se quem puder a burguesia proprietária de casas explora o aluguer. A agitagem explora o lucro. A ignorância pesa sobre o povo como uma fatalidade. O número das escolas só por si é dramático. O professor é um empregado de eleições. A população dos campos, vivendo em casebres ignóbeis, sustentando-se de sardinhas e de vinho, trabalhando para o imposto por meio de uma agricultura decadente, puxa uma vida miserável, sacudida pela penhora; a população ignorante, entorpecida, de toda a vitalidade humana conserva únicamente um egoísmo feroz e uma devoção automática.

No entanto a intriga política alastra-se. O país vive numa sonolência enfastiada. Apenas a devoção insciente perturba o silêncio da opinião com padre-nossos maquinais. Não é uma existência, é uma expiação. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido! Ninguém se ilude. Diz-se nos conselhos de ministros e nas estalagens. E que se faz? Atesta-se, conversando e jogando o voltarete que de norte a sul, no Estado, na economia, no moral, o país está desorganizado - e pede-se conhaque! Assim, todas as consciências certificam a podridão; mas todos os temperamentos se dão bem na podridão! ....................

Escrito em 1871 por Eça de Queirós


Nota:
Considerei oportuníssima a publicação em post, do comentário da "mulher lua" - que não é mais do que a reprodução de um texto de Eça de Queiroz - , pela lamentável actualidade que ele contém. As frases a azul parecem-me as mais paradigmáticas. Obviamente que, se retirarmos a "sardinha", ao tempo de Eça o alimento dos camponeses (e que agora está caríssima), e substituirmos o voltarete pelo Euromilhões ou pelo Totoloto, quase se pode dizer que o ambiente é o mesmo.

Particularmente, uma das coisas que mais me incomoda nos políticos, é ouví-los ou lê-los, a citarem Eça de Queiroz!!! Devem pensar que, ao fazê-lo, se libertam do peso insuportável da inoperância política e cívica dos seus vetustos pares queirozianos... Mas, não. Não só não se libertam como enfatizam a sua falta de qualidade.

A.C.D.P. - Associação de Cidadãos do Porto

Cidadãos querem criar associação cívica metropolitana ou, no mínimo, uma federação de bloggers do Porto

Não chegaram a aprofundar as questões que os preocupam nem sequer chegaram a um consenso sobre o tipo de entidade que pretendem constituir. A primeira reunião da denominada Associação de Cidadãos do Porto reuniu cerca de duas dezenas de pessoas, anteontem à noite, no Clube Literário do Porto.

O encontro foi convocado por um jovem arquitecto do Porto, Alexandre Ferreira, através de um post que colocou no blogue A Baixa do Porto (http://www.porto.taf.net/). " Visto o estado de ruptura com o poder central, os exemplos diários de desprezo para com a cidade do Porto e a Região Norte, o servilismo e oportunismo das distritais dos partidos, proponho o primeiro passo para a constituição de uma associação de cidadãos, organizada, que tenha como propósito a defesa dos interesses colectivos da nossa área metropolitana, a discussão e apresentação de propostas e de acção concertada", escreveu o mentor do projecto a 13 de Agosto em A Baixa do Porto.
No final do encontro, em que se afloraram temas como a regionalização ou a gestão do aeroporto Sá Carneiro, Alexandre Ferreira dizia-se satisfeito, apesar do número reduzido de cidadãos que se mobilizou. "Acho que isto tem pernas para andar, provavelmente como grupo de debate, no início, mas, depois, já como uma associação, movimento ou algo parecido", disse ao PÚBLICO. "O imobilismo e a passividade têm de acabar", afirmou Alexandre Ferreira, referindo-se ao descontentamento de muitos portuenses que diz sentirem-se prejudicados pelo poder central. "O nosso objectivo é defender a cidade", enfatizou.

"Nós estamos a viver pior, para que o núcleo central, em Lisboa, viva melhor", lamentou Rui Farinas, colaborador do blogue Renovar o Porto que se mostrou disponível para ajudar "naquilo que for possível".
Rui Moreira desejado
Para Alexandre Ferreira, a reunião foi apenas um primeiro passo. Agora, o objectivo é reunir mais apoios: "Queremos alargar a base, com muita gente, transversal a idades e estratos sociais", assumiu. Alguns dos presentes advertiram que, para ter sucesso, o movimento precisará do apoio de personalidades com peso mediático.

Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, foi o nome mais citado. Falou-se da necessidade de uma gestão autónoma do Aeroporto Sá Carneiro - com uma base da Ryanair -, de regionalizar o país, de salvar o Boavista... Mas não se chegou a posições definitivas. Combinou-se nova reunião, em data e local a definir. "Tenho expectativas de que possamos ser um embrião capaz de defender a região e criar pressão junto dos órgãos dirigentes", resumiu Alexandre Ferreira.

Quase todos os presentes eram bloggers e, a certa altura, surgiu a ideia de dar o nome Federação de Blogues Portuenses ao grupo. A designação não reuniu consenso e a questão ficou para futuros encontros. "Pode ser uma associação, um movimento, isso discutimos depois", afirmou Alexandre Ferreira.

O projecto é regionalista e propõe-se defender os interesses da Área Metropolitanado Porto.

(Notícia do "PÚBLICO", de Luís Lima)