12 outubro, 2012

Ver, para querer

Marco António Costa
São recorrentes os casos em que figuras com boa reputação social e profissional, quando transitam para a vida político-partidária, e especialmente daí para o Governo, não conseguem mostrar as competências que pouco tempo antes lhes eram reconhecidas, decepcionando os cidadãos, contribuindo dessa maneira para o aumento do cepticismo que têm em relação à classe política.

O caso mais recente enquadra-se na actuação do actual Ministro da Educação, Nuno Crato. Pessoalmente, tinha uma imagem positiva deste homem. Ouvia as suas intervenções com uma atenção e um respeito que não dedico a outros, com estatuto e responsabilidades maiores. Agora, é o que se vê, um homem vencido, sem ideias, dominado pela máquina trituradora do carreirismo. Agindo assim, só não se  percebe é como querem(?) eles ser respeitados quando não demonstram coragem para assumir as suas limitações e pedir dispensa.  Sinceramente, eu gostava de os respeitar, até porque por educação, gosto de respeitar toda a gente, mas eles teimam em  não nos dar pretextos para isso, antes pelo contrário... Que havemos de fazer?

É dominado por este cenário de sucessivos flops e malogros que me vejo forçado a colocar sérias reservas a uma figura do Governo que me tem chamado à atenção pela positiva. Trata-se do Secretário de Estado da Segurança Social, Marco António Costa. Aprecio o seu estilo discreto e a sua aproximação empenhada com os mais desfavorecidos]. Pelo que me é dado saber há mais pessoas de "olho" nele. O insuspeito padre Lino Maia, Presidente da CNIS [Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade] é uma delas. Tem-lhe enaltecido a capacidade de comunicar e a arte para resolver problemas extremamente delicados. Não será apenas por oportunismo político que muitos o querem como substituto de Luís Filipe Menezes na Câmara de Gaia. 

No que me diz respeito, prefiro manter-me comodamente no sofá de segurança chamado: "ver, para crer".

Que tristeza!

11 outubro, 2012

E ainda este artigo extraído do JN


CDS: é o eucalipto, estúpido!


O CDS de Paulo Portas exibe os pergaminhos de ser o partido dos valores da "História de Portugal", do território e das pessoas que o habitam. Pois, chegou a hora de Portas o provar. Porque o CDS está a fazer, através de Assunção Cristas, ministra da Agricultura e Ambiente, e de Daniel Campelo, secretário de Estado das Florestas, um demencial ataque ao território. Num ano em que a área ardida mais que duplicou face ao ano anterior, o Governo quer liberalizar a plantação de eucaliptos em qualquer terreno, esquecendo que nada tem sido mais grave do que as vastas áreas plantadas em monocultura, como a do eucalipto, para que os fogos se tornem incontroláveis, os solos cada vez mais pobres e o despovoamento do Interior irreversível.

A Proposta de Lei de Cristas e Campelo permite aos proprietários de terrenos com menos de cinco hectares mudar de espécie florestal sem qualquer tipo de autorização. Todos sabemos qual é a mais rentável: o eucalipto. Quem quer esperar 80 anos por um sobreiro, ou 50 para vender madeira de carvalhos ou nogueiras? E no entanto, estas são as espécies que garantem a biodiversidade portuguesa, a fertilidade dos solos, uma boa gestão dos recursos hídricos e mais resistência ao avanço do fogo.

Um exemplo: 95% da área que é hoje pinhal tem menos de cinco hectares. Com esta proposta o Governo autoriza, em nome da "desburocratização", a liberdade de se mudar do menos rentável pinheiro para o eucalipto... Esquecendo que o eucalipto é uma árvore australiana e se tornou por cá numa invasora imparável.

Além disso, até aqui, as áreas ardidas não podiam ser replantadas com eucaliptos se antes ele não estivesse lá. A partir desta proposta do Governo, luz verde ao eucalipto... Querem melhor convite para pôr a arder o que resta de castanheiros ou carvalhos? Preparem os carros de bombeiros para o próximo verão... Mas pior ainda: mesmo nas áreas acima dos 10 hectares, apesar da autorização para se plantar eucaliptos ser ainda exigida, ela fica automaticamente aprovada se os serviços públicos não responderem em 30 dias. Ora, com a redução de funcionários, está aberta a porta para que passe tudo tacitamente... Um parêntesis: sabem quanto custa o combate aos incêndios por hectare? 25 euros. Este ano arderam 110 mil hectares, área duas vezes e meia maior do que a do ano passado. Combates pagos por todos nós. Qual a solução? Carros, bombeiros, helicópteros... Falso: é a floresta, estúpido!

Com esta medida, o CDS dá mais um salto no tempo: passa do "Partido da Lavoura" para o partido do "petróleo verde" inaugurado pelos governos Cavaco (lembram-se da GNR a bater em populares em 1988 em Valpaços, por estes serem contra a eucaliptização?). O rasto de miséria e devastação do território desta Proposta de Lei do Governo será, a prazo, ainda mais nociva que a dívida, os défices e a troika, juntos.

Exportamos muito papel e isso é bom? As coisas têm de ser q.b.. Porque as consequências de mais eucaliptos, para além de mais fogos, são a desertificação dos solos, envenenamento das albufeiras com as cinzas, diminuindo cada vez mais a qualidade da água potável. Uma terra sem minerais por décadas ou séculos... E terreno onde esteve eucalipto, só nasce eucalipto. Nem precisa de se plantar. Mas arrancá-los custará milhões.

A campanha do trigo de Salazar, no Alentejo, foi um êxito social e económico na altura. Hoje, nas terras usadas para a autossuficiência salazarista, resta pouco. O trigo plantado pelo ditador visionário em solo sem capacidade para o produzir provocou uma ferida na terra que vai demorar sete mil anos a regenerar. E agora vejam o alcance desta medida do Governo: permitir eucaliptos até nos mais férteis solos agrícolas nacionais - apesar da nossa dependência alimentar.

Bem sei que Paulo Portas daqui a 30 ou 40 anos já não estará na política ativa e hoje isto dá votos - a malta gosta de sacar umas massas com uma árvore que cresce sozinha e que de 10 em 10 anos se vai cortar fácil. É dinheiro em caixa sem trabalho nenhum. Mas é o fim do Interior e da agricultura de que precisamos. Portas ficará na História como o homem da "Lavoura" sim, porque, afinal, acabou de vez com ela.

Por não ter tempo para postar...



...deixo-vos mais estas fotos tiradas recentemente junto à marina de Gaia. Quem disse que o Porto é uma cidade cinzenta devia ser enforcado ;-)


10 outubro, 2012

Media insistem em dar status aos medíocres

Prós e contras & família
Há uma tecla, sobre a qual não me vou cansar de tocar enquanto os pianistas encartados, pagos para o desempenho do ofício, se recusarem a fazer o seu trabalho. A 'tecla', é um jeito metafórico de dizer que devem "pressionar os governantes [e ex-governantes], de forma a obrigá-los a assumir a sua falta de sentido das responsabilidades". Os pianistas encartados são, evidentemente, os jornalistas, porque enquanto profissionais independentes [são eles que o dizem] da comunicação, tinham o dever de arrancar da boca dos políticos aquilo que eles não gostam de dizer.

Não deixa de ser embaraçoso para um jornalista que se preze, aparentemente pago para informar com isenção, que a blogosfera esteja gratuitamente a ultrapassá-los em termos de objectividade e pertinência. E é pena, porque podiam aproveitar este vazio de competências institucionais e políticas, para mostrar o que valem, espremendo até ao tutano os dirigentes e ex-dirigentes governativos até eles explodirem de raiva [ou de vergonha]. Mas não. Em vez disso, seguem o caminho mais fácil, que é: "se não podes vencê-los, junta-te a eles". Mas são tão estúpidos que nem o despedimento de 48 trabalhadores hoje anunciado pelo Público os convence que o filão do conformismo com que foram vendendo jornais está-se a esgotar e que, se querem destacar-se da blogosfera e vender mais jornais, têm de escrever mais para o grande público e menos para clientelas políticas.

Se estes tempos de pré-anarquia inconstitucional nos têm trazido dissabores de toda a ordem, também trazem com eles evidências que andaram muitos anos camufladas. Até aqui, os cidadãos mais ingénuos, ainda se davam à bondade [e à paciência] de ouvir os políticos. Para isso, muito contribuíram as televisões, promovendo ao longo dos anos debates e fóruns com aparente qualidade democrática e alguma irreverência,  para dar um tom mais genuíno ao espectáculo. Só que o mais importante ficou sempre por dizer:  uma resposta séria sobre a dimensão da responsabilidade política... Os tempos mudaram, entretanto. Redes sociais e blogues constituíram-se  rapidamente numa verdadeira força comunitária, quase um poder. Os órgãos de comunicação social, amarrados aos patrocínios comerciais, e à clientela política, começam agora a perceber [embora sem o assumir] que a corda do faz de conta está quase a rebentar e justificam a dispensa de pessoal com a crise económica. A crise conta para o caso, mas a perda de credibilidade também.

As estações de tv são quem sai pior nesta paisagem. Estão em perda vertiginosa e no entanto insistem em querer enganar-nos com os pareceres dos Mendes e dos Marcelos. Mas o que é que esperam deles? Opiniões, ou soluções? Por acaso os jornalistas não saberão que eles já tiveram a sua oportunidade e também não provaram grandes aptidões? Sendo assim, que interesse haverá para nós saber o que eles pensam? É impressionante o número de convidados que enchem diariamente os estúdios de televisão de manhã à noite para falar do governo e da crise, com repetições durante a madrugada. Grande parte deles, foram [e são] incompetentes, pouco honestos e trapaceiros. Também foram parte activa do drama porque hoje estamos a passar, e não há um único jornalista que se lembre disso e se sinta incomodado com a situação. Limitam-se a fazer o que lhes ordenam como se fossem trabalhadores desqualificados e acéfalos, reles paus mandados. Têm diante deles os aldrabões, os criminosos, aqueles que juraram respeitar a Constituição e que mais não fizeram do que a descaracterizar, e no entanto, tratam-nos como se fossem autênticos sábios!

Cá para mim que ninguém nos ouve, jornalistas e políticos, são farinha do mesmo saco. A menos que comecem a seleccionar melhor quem convidam para falar de coisas sérias. O que não é o caso.

Mas, serão eles assim tão tacanhos que ainda não tenham percebido o triste papel a que se estão a prestar? Ou estarão a fazer de nós parvos? Será por este caminho que querem restaurar a credibilidade perdida?   

09 outubro, 2012

Não sei se vou ter dinheiro para lhe pagar...


 

Imagine que é um recente proprietário de uma fábrica de tijolos [por exemplo] devidamente equipada, e que para esta  produzir a quantia necessária para atingir os objectivos previamente traçados, precisa de xis número de operários.  Sendo o leitor uma pessoa de bem, e de contas, o que terá de fazer para avançar com o negócio? 

Admitindo que já tenha viabilizado o estudo de mercado e montado uma boa estratégia para conquistar clientela, a primeira coisa que deverá fazer, é saber se tem capital suficiente para as despesas correntes, à cabeça das quais terá de constar uma verba para salários, de modo a apurar se o dinheiro de que dispõe para o efeito chega para pagar a todos os trabalhadores. No caso de não chegar, tem duas alternativas: reduzir ao pessoal, sacrificando o volume de vendas inicialmente previsto, ou então, procurar financiamento para completar o projecto.

Será esse o procedimento habitual do empresariado médio em Portugal? Não tenho grandes dúvidas. Inspirado por um Estado caloteiro e mau pagador - é bom especificar que nós só somos Estado para contribuir, porque quem nele manda são os Governos -, uma grande parte dos empresários não faz as contas assim, prefere seguir a linha do que foi durante muitos anos estimulado pela banca com  a cobertura de vários governos, como seja: "compre agora, pague depois".  Depois, o que é que observamos? Coisas brilhantes como, dizer a empregados recentemente admitidos pérolas do género: "não sei se terei dinheiro para lhes pagar". Deste modo, procuram logo à entrada mentalizá-los para situações semelhantes no futuro, ao mesmo tempo que os mantém assustados com o espectro do despedimento.  Não é muito inteligente, diga-se, mas o chico-espertismo é assim mesmo, nunca foi prova de inteligência. De mau carácter e oportunismo, seguramente.  

Mesmo assim, nada impede os mais incautos que eventualmente se deparem com cenários desta natureza, de responder da mesma moeda aos donos do negócio qualquer coisa assim: "se o senhor não sabe se tem dinheiro para me pagar, então também não sei se me apresentarei ao trabalho quando você quiser".

Aparentemente, a chico-espertice do patrão pilantra seria logo abortada à nascença com efeitos retroactivos altamente significativos, caso as pessoas se levassem um pouco mais a sério e deixassem de parte medos antigos, partindo sempre do cómodo princípio que só terão a perder, porque haverá sempre alguém disposto ao triste papel de se deixar explorar.   

08 outubro, 2012

Foi bom, mas podia ter sido melhor

OBRAJACKSON!
  • Depois queixem-se dos "generalismos", senhores jornalistas [se os há honestos, por que permitem isto?].

Nunca tive dúvidas, mas eles tratam de as reforçar: a RTP tem nos seus quadros, talvez o maior número de vigaristas por metro quadrado da comunicação social portuguesa, embora não esteja sozinha nesta maratona, como é público.

Apesar de saberem que os golos sofridos e marcados contam para a classificação geral, ontem, em vez de dizerem que o FCPorto liderava o campeonato [como aliás fizeram quando o Benfica estava na mesma situação], disseram que o FCPorto se "colou" ao Benfica na classificação, o que não é a mesma coisa.  O FCPorto passou para a frente. Mas, é assim que anda este país, os escroques são mais que as galinhas, mas menos prestáveis...

  • Apesar de merecer ganhar o jogo contra o Sporting [que ainda não percebeu que as queixinhas não ganham troféus], o FCPorto voltou a acomodar-se ao 1-0. Sobre isto apenas tenho a dizer o seguinte: se o treinador não percebe porque é que isto continua a acontecer, é porque não sabe lidar com o problema, o que é preocupante, não só para a equipa, como para os adeptos. No meu conceito sobre o que deve ser um treinador completo, cabe também a liderança dos aspectos psicológicos. Como adeptos, devemos apoiar o treinador, mas não é escondendo o que pensamos [e tememos] que o faremos melhor. É preciso dar o alerta antes que seja tarde. É que se os jogadores são quem decide, então talvez seja mais coerente - e fique mais em conta - abdicar do treinador.

Lamento dizê-lo, e não me quero armar em visionário, mas com esta alternância na postura e no rendimento da equipa, com esta instabilidade exibicional, não acredito que haja um único portista que se sinta confortável nesta situação e não fique em cada desafio com um travo amargo de insegurança em relação ao futuro. Mas, descansem os mais puristas que não serei eu que me servirei dum eventual fracasso para dizer: eu não disse, eu não avisei? Não! O que eu gostava apenas, era de ver corrigidas algumas debilidades, antes que seja tarde. 

Como diria o saudoso Robson: depois de conseguir o 1º. golo, é preciso partir logo à procura do 2º, e se possível controlar o jogo, depois do 3º... Ele dizia-o, mas não se contentava com isso, obrigava os jogadores a obedecer-lhe, nem que para isso tivesse de os mandar dar umas voltas ao relvado, depois dos jogos!

PS-Antes que algum "perfeccionista" me lembre que o FCPorto ganhou por 2-0, lembro eu que só conseguiu chegar ao 2-0 através de um penalti, que apesar de justo, até podia nem ter sido marcado, caso o árbitro fechasse os olhos, como é habitual no Jorge de Sousa... Já sabemos: nós não podemos contar com os humores favoráveis dos árbitros...

Governo de salvação nacional




No início dos anos 80 Portugal vivia uma crise semelhante, na sua natureza, à atual. Foi necessária a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) para equilibrar as nossas contas públicas, o que se fez à custa de duros sacrifícios impostos ao povo português, nomeadamente aos que tinham como única fonte de rendimento a sua capacidade de trabalho. Quem não se lembra das falências e dos salários em atraso, incluindo em empresas pertencentes ao próprio Estado?

O país, porém, era outro: estávamos a caminhar, lenta mas decididamente, para a integração na Comunidade Económica Europeia (CEE) o que aconteceu em 1 de janeiro de 1986, e, apesar de pobres, os portugueses não estavam tão endividados como estão hoje. Os dois principais partidos, PS e PSD, puseram de lado as suas divergências partidárias e aliaram-se num gigantesco esforço patriótico para ultrapassar a situação. Os seus dirigentes máximos, Mário Soares e Carlos Mota Pinto, souberam colocar o interesse nacional acima dos interesses imediatos dos respetivos partidos.

É claro que houve muita contestação entre as clientelas partidárias, insatisfeitas com a divisão de lugares no aparelho Estado feitas por António Campos e Ângelo Correia, então promovidos a uma espécie de prebostes para repartir as sinecuras públicas. Da parte do PSD os principais franco-atiradores eram o recém-falecido Eurico de Melo e o ex--ministro das Finanças do Governo da Aliança Democrática, Aníbal Cavaco Silva, o qual acabaria por derrubar a coligação logo a seguir à sua entronização (com a bênção do «motapintista» Fernando Nogueira) durante um tumulto público que o PSD organizara na Figueira da Foz. Cavaco Silva foi eleito presidente do PSD e logo a seguir primeiro-ministro, Mário Soares foi eleito presidente da República (depois de uma estrondosa derrota do PS nas eleições legislativas) e Mota Pinto faleceu subitamente, em Coimbra, em 1985. Apesar de todas as dificuldades, a crise foi vencida e o país iniciou em 1986 um período de prosperidade e também de esbanjamento de recursos sem precedentes na nossa história coletiva.

Se evoco esse período da nossa vida política é para me interrogar por que é que, hoje, perante uma crise de dimensões muito maiores, os dois maiores partidos da nossa democracia não põem de lado as suas divergências partidárias e até ideológicas para mobilizar as vontades e recursos nacionais para a combater. Por que é que o atual presidente da República não promove, através do seu magistério de influência, uma tal via.

É claro que as clientelas partidárias, sobretudo as dos partidos que estão no Governo, iriam sentir-se prejudicadas, pois teria de haver uma redistribuição de lugares e cargos nos órgãos centrais da administração pública, nas fundações dependentes do Estado, nos institutos e nas empresas públicas. Mas, a dimensão e natureza da crise que vivemos não justifica esse esforço adicional de patriotismo? Não justifica que os partidos ponham, uma segunda vez, o interesse nacional acima dos seus próprios interesses egoístas?
Os custos que o povo português terá de suportar ao não se enveredar por esse caminho serão muito maiores do que os que suportaria se o combate à crise fosse feito com o esforço conjunto do PS e do PSD. Não há boas soluções, muito menos duradouras, geradas no quadro de visões unilaterais e ideologicamente fanáticas como está a acontecer agora. Além disso, numa coligação entre os dois maiores partidos da democracia portuguesa nenhum deles teria força suficiente para fazer ao outro enxovalhos públicos semelhantes aos que o PSD está a fazer ao seu atual parceiro de Governo. Na verdade só um partido que põe decididamente os interesses da sua clientela acima do interesse nacional (e até da sua própria dignidade política) é que suportaria o que a dupla Pedro Passos Coelho e Vítor Gaspar têm vindo a fazer ao CDS. O PS, por seu turno, não pode nem deve limitar-se a esperar, na zona de conforto que é a Oposição, a "pasokização" do PSD.

Quando o sistema político não é capaz de gerar soluções consensuais e duradouras para uma das maiores crises da nossa história, então a verdadeira solução terá de ser encontrada fora do próprio sistema.

Nota de RoP: 
Só o facto de nos habituarmos a comentar a clientela política instalada nos partidos, sem uma reacção à altura da sua gravidade, constitui de per si um outro problema, que é a "naturalidade" como o absorvemos. 

É por estas razões que a corrupção não pára de subir na política. E é por isso também que os políticos não se livram tão cedo da fama de crápulas e de gente de má fama. 

Comecem a exigir o castigo à medida do crime e vão ver como esta bandalheira acaba. 

07 outubro, 2012

TEORIA DE MARC FABER

Curiosa teoria económica anunciada nos Estados Unidos. O tipo chama-se Marc  Faber. É analista e empresário. Em Junho de 2008, quando a Administração Bush estudava o lançamento de um projecto de ajuda à economia americana, Marc Faber escrevia na sua crónica mensal um comentário com muito humor:

"O Governo Federal está a estudar conceder a cada um de nós a soma de 600,00$. Se gastamos esse dinheiro no Walt-Mart, esse dinheiro vai para a China. Se gastamos o dinheiro em gasolina, vai para os árabes. Se compramos um computador o dinheiro vai para a India. Se compramos frutas, irá para o México, Honduras ou Guatemala. Se compramos um bom carro, o dinheiro irá para a Alemanha ou Japão. Se compramos bagatelas, vai para Taiwan, e nem um centavo desse dinheiro ajudará a economia americana

O único meio de manter esse dinheiro nos USA é gastando-o com putas ou cerveja, considerando que são os únicos bens realmente produzidos aqui.

Eu já estou a fazer a minha parte..."

RESPOSTA DE UM ECONOMISTA PORTUGUÊS, IGUALMENTE DE BOM HUMOR:

"Estimado Marc: Realmente a situação dos americanos é cada vez pior.Lamento no entanto informá-lo que a cervejeira Budweiser foi recentemente comprada pela brasileira AmBev. Portanto ficam somente as putas.

Agora, se elas (as putas), decidirem mandar o seu dinheiro para os seus filhos, ele viria directamente para a Assembleia da República de Portugal aqui em Lisboa, onde existe a maior concentração de fdp do mundo".