12 janeiro, 2013

A televisão que o Norte precisa...

...não deve pactuar com a trapaça generalizada que se faz na concorrência, caso contrário, nunca se imporá como a televisão que ousou dar o salto por cima, de fazer a diferença pela superioridade em relação às outras. 

Falando em televisão para o Norte, não posso deixar de falar no Porto Canal, primeiro porque já existe, e depois porque já  descentraliza, já difunde [e bem] informação e  coopera com muitas cidades e povoações do Norte do país. Para vingar, será fundamental não apenas evitar a concentração excessiva no Porto, como também desenvolver uma filosofia editorial crítica e selectiva, quer com colaboradores residentes, quer com os convidados que escolher para debater todo o tipo de temas, com especial realce para as questões relacionadas com a política e o desporto.Não ser criterioso, será abrir portas à vulgaridade.

Tenho sérias reservas para pensar que este meu desiderato venha algum dia a concretizar-se, e explico porquê. A comunicação social padece do mesmo mal que afecta a maioria dos portugueses: o medo. O medo é inimigo da liberdade, e é a ausência desta que está a afectar de morte a boa informação. Os media vivem de patrocínios e audiências, mas não podem deles depender demasiado nem se subjugar a elites, ou pseudo-elites, sob pena de se auto-anularem e defraudarem as expectativas do grande público nortenho. As elites não são fiáveis, enganam. De mais a mais, agora que ninguém sabe bem quem são, e onde estão. 

Belmiro de Azevedo podia ser uma grande elite do Norte, mas já mostrou não ter perfil para isso. Belmiro quer vender, ponto. Se é Lisboa que manda, muda-se para Lisboa e faz-se-lhe a vontade. Mesmo que por cá deixe ficar a fachada e as sedes das  empresas, as decisões tomam-se na capital. Belmiro não é político, é um negociante muito "prático"... Como ele, são a maioria das pessoas do Norte com poder suficiente para se afirmarem nacionalmente. E os políticos do Norte são iguais, medianamente iguais. Mas, que diabo, ainda não andam camuflados, são simples de identificar.

Não se compreende por isso, que o Porto Canal tenha convidado recentemente para debater a orfandade de líderes no Norte um lambe-rabos, chamado Hermínio Loureiro. Custa-me a acreditar que ninguém no Porto Canal, a começar pelos quadros dirigentes, não conheça o perfil camaleónico e vincadamente centralista do autarca de Oliveira de Azemeis, para tomar a triste decisão de convidar protagonista tão imprestável para discutir um assunto tão caro aos nortenhos. Outro dia, foi Marcelo Rebelo de Sousa [outro centralista manhoso], não tarda nada, vamos ter de apanhar com o sósia menor, Marques Mendes, e o Norte só tem a perder com tais escolhas*.

Não se pode criticar no vazio. A política não é uma ciência abstracta, é uma actividade com executores, que são os políticos. A crise tem responsáveis, esses não são o povo, são quem ele elegeu para o governar. As televisões estão cheias de "politólogos" que tiveram responsabilidades políticas fracassadas, e só isso é por si mesmo, uma aberração, uma tautologia, uma deformação. O que pode o público ganhar ouvindo um, ou muitos incompetentes?  À medida que este critério editorial absurdo se repete transmite-se para a opinião pública a ideia [erradíssima] de que a importância das pessoas vem do estatuto e não do uso que se lhe dá.

Gostava imenso que o Porto Canal fosse o canal pioneiro a perceber que o caminho para o sucesso não pode ser esse e que por vezes é preciso mesmo aceitar grandes desafios e fazer rupturas. Romper com a mesmice, diga-se, nem sequer é grande revolução, mas que urge fazê-lo, urge. 

* Há que dar oportunidade a quem não tem currículo governativo, a gente respeitável, e com bom "cadastro"... Sim, porque a esse nível [governativo], poucos se podem dar à vaidade de imaginar que governaram bem, que sabiam o que estavam a fazer. Para si próprios, talvez soubessem, para o país, seguramente que não. 

10 janeiro, 2013

O bom ditador

Charlie Chaplin























Penso não me enganar se disser que nos últimos 50 anos nunca o nosso país passou por uma crise tão violenta como a actual. Também não imagino que alguém com idade suficiente para isso, possa desmentir esta forte convicçao. Mas, aquilo que para mim é realmente dramático, é não aparecer, no meio desta grande confusão, ninguém capaz de fazer a diferença pela positiva. Gente para dar pareceres sobre o que sabe, e o que não sabe, não falta, basta carregar nos botões do comando da tv nas horas de maior audiência e vêmo-los às dezenas, em todos os canais. É só escolher. Mas, intelectualmente, são todos iguais. Alguns deles [muitos], até foram responsáveis pela actual situação económica e social, que é o que me tira mais fora do sensato...

Pois se isto é uma Democracia, então eu não a quero para nada. Mas, também não quero o regresso ao passado, para satisfazer os apetites secretos de muitos que nunca chegaram a digerir a revolução de Abril e que andaram todos estes anos a engolir sapos, boiando consoante o sabor das correntes, sem contudo deixarem de tirar partido do regime. De certa forma, hoje até se sentem mais confortáveis, porque fazem agora com a prosápia da democracia, aquilo que faziam outrora pela repressão da PIDE. 

Não acredito em Messias para reconstruir Portugal, mas quando um país inteiro não é capaz de gerar um grupo de Homens eticamente superiores e de grande visão política para o Governar a sério, dá-me vontade de sonhar que é possível acreditar em bons ditadores. Não porque seja contra a repressão aos falsários e aos traidores que nos têm desgraçado a vida, porque essa repressão defendo-a sem piedade, mas porque atrás de um bom ditador pode sempre estar um ditador absoluto. 

Há um sentimento evidente de cansaço instalado na população que advem da acumulação de enganos e traições com que os governantes a tem presenteado. Os debates, de tão repetitivos, já não convencem ninguém, nem servem para nada, a não ser para aumentar a revolta contra quem os promove. O país já não existe, resta o romantismo de pensarmos que somos um país. Não temos líderes, a pobreza económica, alastrou-se ao espírito e aos ideais sociais. Temos demasiados fanfarrões, candidatos a mais do mesmo, gente fútil, e os garotos que outros levaram ao Governo, agradecem. Ninguém [nem os próprios governantes] sabe quando e como isto vai terminar, e as expectativas são frouxas, para não  dizer pessimistas. Isto, dizem, é  Democracia...Já não sei no que pensar. O que sei, é que não acredito num país que deixa sem castigo os grandes criminosos e pune severamente os mais desfavorecidos. Olho para o Presidente da República e para o Governo e sinto vergonha de os saber portugueses. Por que será que eles não emigram? 
  

Anticonstitucionalissimamente

1. Esta é, salvo melhor pesquisa, a palavra mais longa do dicionário português. Contém a nossa idiossincrasia lunar: é complexa, rebuscada, negatória, adverbial e única. Está-nos no sangue, na história: chumbar quem, anticonstitucionalissimamente, tentar mudar o paradigma sem uma revolução. Depois é tudo legítimo. Mas, previamente, sem sangue, não se consegue ajustar os meios à realidade.

É verdade que este Governo é uma desmoralização permanente pela falta de ética, rigor e sentido de Estado. Mas não pode ser pela Constituição que os atiramos ao mar. Deveria ser pela incompetência pura e simples e assumida através da única organização que tem poder para alterar a situação: o interior do PSD. O CDS, já sabemos, está de acordo com o fim da tripla Passos/Relvas/Gaspar.

2. A privatização da ANA continua a mexer, sempre na mesma direção. O Governo transferiu 276 milhões de euros para a Câmara de Lisboa de forma a vender a empresa de aeroportos com os terrenos da Portela lá dentro. Questão: as autarquias do Norte, Faro, Açores ou Madeira não tinham quaisquer direitos para serem ressarcidos? Mas mais: numa altura em que não há dinheiro para nada, os 276 milhões foram pagos já a 31 de dezembro, muito embora os franceses da Vinci só paguem a compra da ANA em prestações durante nove meses. Por fim, e cereja no bolo, a Câmara de Lisboa fez o que tinha a fazer: entregou o dinheiro todo à Banca para amortizar dívidas. Mas não é notável que tudo, mas tudo, vá sempre desaguar à Banca?

3. Domingos Azevedo, presidente da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, é há muitos anos o homem que diz, com palavras certeiras e sotaque a condizer, verdades nuas e cruas sobre as decisões das Finanças. E as declarações dos últimos dias são maravilhosas. Vintage.
Domingos disse anteontem a Gaspar e à sua equipa de doutorados, pós-doutorados, MBA e NBA das Finanças que eles só dão "barracada". Mas quem quiser ouvir o vídeo, basta ir a SIC Notícias.pt. "Não é suficiente criar uma lei para obrigar as empresas a pagar os salários com duodécimos quando elas não têm dinheiro para o fazer"... "Barracada".

A equipa de Gaspar fez uma coisa ainda mais perversa neste tema: tem informação privilegiada e vai fazer os cálculos internos para pagar aos funcionários públicos já com os duodécimos. A restante economia privada... que pague agora com valores errados, que depois corrige em duplicado em fevereiro. São milhões de horas extras de trabalho, em todo o país, para desfazer trapalhadas das Finanças - e bastaria que o Governo fizesse as coisas a tempo e horas, como se supõe num país europeu, para evitar este desgaste. A medida dos duodécimos faz surgir também um pequeno monstro contabilístico no horizonte: no final de fevereiro as tesourarias têm de se preparar para mais 20% de encargos salariais, descontos e retenções na fonte. E daí para a frente 10% a mais todos os meses (com exceção dos meses de pagamentos de subsídios).

Sim, são muito bonitos aqueles programas de incentivo ao empreendedorismo de que é moda gostar-se, mas falem com os jovens (ou não jovens) empresários de pequenas empresas e verão o que lhe dizem: o problema não é o negócio, não são as 10 ou 15 horas de trabalho diárias. Às vezes nem é só o pagar-se impostos a perder de vista. O problema é o inferno gerado pelas Finanças nas sistemáticas alterações a tudo e mais alguma coisa: as constantes mudanças nos sistemas de faturação, as exigências com as mais mesquinhas questões, como por exemplo passar-se a informar de véspera as Finanças da necessidade de se transportarem mercadorias - se não se tiver uma guia autorizada é-se multado com possível apreensão de mercadoria. Ou ainda as amortizações que mingam de ano para ano, já para não se falar dos lucros altíssimos a quem tem lucros ou as penalizações fortes a quem tem prejuízos... Esta gente no Terreiro do Paço não faz a mínima ideia como incentiva tantas pessoas a desistir diariamente de continuar com os seus pequenos negócios. E a prova da distância face à realidade é que ninguém, hoje, 10 de janeiro, consegue fazer ideia de qual é realmente o seu salário... Os que ainda o têm.

[do JN]

08 janeiro, 2013

Para memória futura, a querida RTP



Este, foi o momento mais digno do programa Trio de Ataque da RTP, ainda no ar, agora com a participação de Miguel Guedes, Rui Oliveira e Costa e um sabujo qualquer, cujo nome me faz lembrar o Gobern(o): a retirada categórica de Rui Moreira.

Só lastimo que Miguel Guedes não tenha seguido o exemplo de Rui Moreira, porque já lhe deram muitas razões para isso. Na RTP do serviço público é assim, conspira-se, e pouco mais.

RTP, a tal do serviço público...



Cá está ele de novo, o "excelente" jornalismo que se faz em Portugal. Como podem constatar, desta feita é a própria RTP, a tal que eles dizem prestar serviço público, que não perde uma oportunidade para fazer do FCPorto um clube de arruaceiros que destroem tudo por onde passam. Atentem bem como a notícia foi apresentada.

Começaram por dizer que "os adeptos benfiquistas cuspiram sobre o guarda redes dos dragões e o hoquista reagiu" [e quem não reagia em tal situação, depois do histórico de agressões, naquele recinto?*].

Ou seja, A RTP procurou, como é habitual, aliás, enfatizar o facto de Edo Bosch ter reagido, e não a cuspidela que originou a sua reacção, ou até a deficiente protecção da polícia. A seguir, dizem que o guarda-redes terá atingido um adepto, quando as imagens mostram perfeitamente que ele não chega sequer a tocar-lhe e que nada de grave sofreu, até porque voltou a aparecer cheio de "coragem" [ver no vídeo aos 37 segundos]para reatar a provocação. Depois, servem-se do Record - que é a coisa mais ordinária que alguma vez um jornal pariu - como fonte para dizer que o adepto atingido pelo E.Bosch terá sido "assistido" no local, tudo isto para dar uma ideia trágica da ocorrência e fazer do guarda redes portista o mau da fita.

Por fim, de forma acrítica e desleal, transmitiram o comunicado do Benfica, como se fosse algo de respeitável, uma espécie de artigo da Constituição, sem filtrar o facciosismo nele inscrito, ignorando de novo as cuspidelas que levaram à reacção defensiva, mas inofensiva de Edo Bosch.

A intenção - é como já vem sendo tradição da RTP - lançar areia para os olhos dos mais distraídos, e deixar nos espectadores o anátema da violência e do mau comportamento em tudo que cheire a FCPorto. É tudo, menos inocente.

Aqui chegados só me ocorre dizer uma coisa: fdp!

* A este propósito, faço questão de recordar que coisa grave, foi sim a agressão cometida sobre um ex-jogador de hóquei do FCPorto, não vão muitos anos, naquele mesmo recinto, por um adepto benfiquista que o levou ao Hospital com uma fractura no crâneo e isso foi desvalorizado pela RTP. Assim como o comportamento do treinador de Basquéte do Benfica que em pleno Dragãozinho se virou para o público com gestos  simulando um golpe de navalha na garganta, e que a querida RTP, a tal do serviço público de merda, fez vista grossa. Se fossem todos despedidos eu fazia uma festa. Juro!

Também é assim a nossa administração local

 

ENQUANTO ASSISTIMOS, PACATAMENTE, AO FECHO DE INÚMERAS JUNTAS DE FREGUESIA, GRANDE PARTE DELAS, O PRIMEIRO E ÚLTIMO REDUTO DE APOIO ÀS POPULAÇÕES, PODEMOS CONTEMPLAR ESTES VERDADEIROS ‘MONUMENTOS’ REPRESENTATIVOS DA MUITA INEFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA QUE TODOS NÓS TEMOS QUE PAGAR.

Os elementos mencionados no quadro acima representam, apenas, 1.473 funcionários de um universo global da CM Lisboa de 9.956 funcionários, dos quais, 2.315 são Técnicos Superiores e dirigenteS. 

[do Blogue REgionalização]


Nota do RoP:
DEVEM SER COISAS COMO ESTAS QUE FOMENTAM A COESÃO NACIONAL E QUE REFINAM O SENTIDO DA PÁTRIA AOS PORTUGUESES...



06 janeiro, 2013

Mas que raio de jornalismo é este?

Como não gosto de criticar sem fundamentar, volto ao tema do meu post anterior, para que não existam dúvidas quanto às razões do meu desapontamento em relação ao mau jornalismo que se continua a fazer em Portugal. O curioso, é que são os próprios jornalistas e as suas incorrigíveis incongruências, quem mais  fortalece os meus argumentos.

Vejamos então porque falo assim. Na página dedicada à política do JN de hoje - que lamentavelmente não está disponível na Net -, que usou como título de um artigo da autoria da jornalista Ana Carla Rosário, uma frase do deputado Manuel Pizarro ["Porto Nunca Se Ajoelhou Ante Quem o Quer Diminuir"], aparece em rodapé, juntamente com a respectiva foto, a opinião de 6 figuras públicas, entre as quais a do conhecido psiquiatra do Porto, Júlio Machado Vaz, também a do socialista Augusto Santos Silva, ex-Ministro da Defesa, que é afinal a peça que está a mais neste grupo de apoio ao Movimento "Fazer Ouvir Porto" da iniciativa do também socialista Manuel Pizarro.

Augusto Santos Silva não só é uma peça a mais, como é também o elemento que descredibiliza o artigo em questão, e talvez o próprio Movimento, porque todos sabem que este senhor, sendo natural do Porto, quando estava no Governo, foi um dos que desprezou todos os problemas de índole regional e regionalista, com o estafado pretexto de "não ser oportuno", engrossando a fileira dos tais protagonistas político-partidários nortenhos que batem a pala aos senhores do Terreiro do Paço a que se referiu o director-adjunto do JN, Fernando Santos, aqui,  e que pelas mesmas razões, mereceu a minha crítica, aqui. Haja memória, e coerência, é o que se lhes pede! 

Afinal de contas, se a ideia é, como eles gostam de dizer,  credibilizar a informação, porque é que em vez de ignorarem e votarem ao silêncio aqueles que traíram o povo, prometendo uma coisa, quando estavam na oposição [e a cena repete-se com este fidalgo], e fazendo outra, quando chegam ao Governo, publicam as suas opiniões? Por quê, se estão a difundir a opinião de um simples aldrabão? E para quê, se depois andam para aí a criticá-los ambiguamente, sem terem a coragem de lhes citar os nomes? Assim é fácil, qualquer badameco critica, mas não deixa de ser uma grande hipocrisia e também uma punhalada nas costas infligida aos poucos jornalistas que ainda honram a profissão.

Depois, armem-se em vítimas e digam que é um exagero culpar os jornalistas de certos abusos. Têm culpa, sim senhor, e não é pouca! Isto, já para não falar dos pasquins desportivos, não é...

PS- Enviei este post por e-mail a Ana Carla Rosário. Já sei que não me vai responder. Por que será?