16 dezembro, 2011

John Denver

E o jackpot continua...

Nos tempos que correm parece-me demasiado ingénuo [e perigoso], confiarmos  no estatuto de pessoas e instituições. As razões, todos as conhecemos. Figuras e organismos públicos da mais alta relevância, envolvidas em negócios obscuros de corrupção, são quase o pão nosso de cada dia. Como tal, temos razões acrescidas para exigirmos absoluta transparência, para o modo como são controlados os jogos sociais, como é o Totoloto.

Como tive oportunidade de vos informar em post recente, foram realizados 25 sorteios consecutivos sem aparecer um único totalista com o 1º. prémio, 11 dos quais, inclusivé, sem contemplar 2ºs prémios.

O sorteio da última quarta-feira acumulou novo Jackpot, subindo para 26*o número de sorteios sem totalistas. Será isto normal? Valerá mesmo a pena apostar com tamanhas limitações? Nem o Euromilhões acumula tantos Jackpots seguidos, apesar de jogado por muita mais gente [em 9 países da Europa] e do grau de dificuldade  ser consideravelmente maior  [é preciso "adivinhar" um total de 7 números (5 + 2 estrelas)].

Desculpem-me voltar a este tema, mas uma vez que a comunicação-social parece andar muito distraída com isto [já alertei o JN 3 vezes!], não me importo nada de ser eu a prestar este serviço público [e não precisam de me agradecer :-)].

*Estes 26 sorteios sem totalistas correspondem rigorosamente a um período de 3 mêses de sorteios bi-semanais [de 14/09/2011 a 14/12/2011].

Obs.- A recorrência destes factos parece-me justificar um acompanhamento mais cuidado da parte dos apostadores, porque, o mínimo que se pode concluir, é não valer a pena apostar no Totoloto, dada a estranhíssima raridade dos prémios. Pela minha parte, vou continuar a seguir este quase caso-de-polícia que, a avaliar pelas reacções, ainda não está a levantar qualquer inquietação, ou suspeita...  

Eis a chave do concurso de 4ª. feira última:




 Totoloto

Sorteio: 090/2011 - Quarta-Feira  Data do sorteio: 14/12/2011
Chave:1323374042+9
Ordem Saída:4213374023+9
PrémioAcertosNúmero de vencedoresValor
1.º Prémio5 Números + Nº da Sorte0(1)
2.º Prémio5 Números1€ 29.181,42 
3.º Prémio4 Números279€ 130,74 
4.º Prémio3 Números9.154€ 3,98 
5.º Prémio2 Números119.633€ 1,82 
Nº da SorteNº da Sorte140.155Reembolso do valor da aposta de Totoloto

Estatísticas
Nº de Bilhetes/Matrizes 570.275
Nº de Apostas 1.637.566
Receita ilíquida apostas € 1.473.809,40
Montante para prémios € 729.535,65
(1) Previsão 1º Prémio c / Jackpot € 9.600.000,00

15 dezembro, 2011

BARRAGEM? NO PASARÁ!

1 – A UNESCO no seu relatório ( citado pelo jornal "Público" ). "A barragem de Foz Tua tem um impacto irreversível e ameaça os valores que estão na base da classificação do Alto Douro Vinhateiro como património mundial". Fim de citação.Este relatório resultou de uma visita da UNESCO em Abril. Foi concluido no fim de junho e remetido ao comité ICOMOS que acompanha a UNESCO nesta questão em Portugal, que o remeteu para o as autoridades portuguesas em Agosto, neste governo não-Sócrates...passa Agosto, passa Setembro – o governo entretido a cortar direitos sociais – passa Outubro – o governo entretido a cortar direitos sociais – passa Novembro e entra Dezembro e finalmente este relatório é tornado público...( O governo estaria á espera que passasse despercebida esta bomba nuclear? )

2 – Para facilitar o trabalho ao governo ( mais entretido em cortar direitos sociais que em governar o território ), aqui vai o que é preciso fazer, facilito o trabalho deste atarefado governo:

O mais fácil:

a) Agora é preciso parar as obras da barragem.

( Segundo Joanaz de Mello - grupo ambientalista GEOTA - a concessão da barragem custou 50 milhões de Euros. )

b) Depois é preciso indemnizar as empresas em causa, EDP e MotaEngil

( Segundo Joanaz de Mello, há-de ser cerca de 60 milhões de Euros em indemnizações ás empresas. )

Este ambientalista defende que os custos futuros da barragem a pagar pelos Portugueses na factura da electricidade seriam de cerca de 2 biliões de euros. Ou seja, a longo prazo estamos a poupar 1.940 milhões de euros ( 2 biliões de euros menos os 60 milhões de Euros em indemnizações ).

c) Limpar toda a obra já começada. Remover todos os corpos estranhos entretanto construidos no território.

O mais difícil:

d) Conceber um plano nacional de poupança energética que substitua a energia que se iria gastar e produzir com esta barragem, mudendo assim o paradigma "produzir para consumir" para o paradigma "pensar primeiro para poupar depois".

e) Com as forças publicas e privadas da região do Douro elaborar um Plano Económico.

f) Com a C.P. Elaborar um plano para a reabilitação da Linha do Tua.

g) Concertar com a UNESCO, a "inclusão" no plano Económico, o plano para a Linha do Tua, os planos públicos e privados para o Turismo do Douro e do Tua, as entidades ligadas ao Vinho do Porto, ao turismo, o Museu da Régua, etc...De modo a que uns justifiquem os outros, e se apoiem mutuamente numa planificação económica, cultural, ambiental e "logística" ( transportes) que faça sentido : Tua / Douro /Ferrovia / vinho do Porto / turismo

"Ser realista e Exigir o mpossível":

h) O "impossível" (nada é impossível) é enfrentar os lobbies, claro: Falemos da privatização da EDP em curso, então. Esta barragem e todas as barragens do Plano nacional de barragens "valorizam" a EDP, acrescentando margem de lucro futuro aos abutres - perdão, aos investidores - que se seguirão!! Sem a barragem do Tua no pacote a vender a Alemães, Chineses ou Franceses, a privatização vai sair a um preço mais barato. Pior para todos nós... tanto melhor para o vale do Tua que já existe há milhares de anos e se ri de coisas efémeras que as suas escarpas não são obrigadas a compreender... Coragem, portanto, governo.

Para indemnizar a EDP e a Mota Engil não é preciso coragem. É fácil, é o costume.Estamos habituados.

A barragem já não é um problema do malvado Sócrates, é antes um problema do bondoso Passos Coelho...Continuarão a assobiar para o lado, fingindo não haver problema algum? Barragem ou património!

A UNESCO foi claríssima....

( Parece-me que já oiço alguns Autarcas da região, com a grande visão que os tem caracterizado a dizer "Oh, mais valeu mesmo a pena a classificação? O que ganhámos nós com a classificação até agora?

...A classificação não resolveu todos os nossos problemas ! Somos uns meros caciques e irresponsáveis"

i) Se o governo fechar os olhos á polémica, o Douro é desclassificado. Se o Douro fôr desclassificado vai haver revolta, dor e ranger de dentes. Haverá muito menos turistas ( muitos conhecem e vêm porque a zona é classificada, é um chamariz típico do turismo internacional). Com menos turistas há muito menos economia numa economia já em declínio – não esquecer a situação dramática do corte do benefício aos vitivinicultores que está a estrangular os pequenos produtores ( para gaudio de quem defende a lei da selva do Liberalismo no Douro)...Assunção Cristas, Álvaro e José Viegas: Vocês ponham-se a pau com a questão da barragem do Tua: É uma bomba que vos explodirá nas mãos se o Douro fôr desclassificado. É um dossier que é transversal, é simultãneamente "Transportes", "Economia", "Turismo", "Energia" e tudo junto ao mesmo tempo.

i) Que parte da frase "Ou a barragem ou a classificação" é que a EDP não percebeu? A EDP não percebeu definitivamente a frase, pois, logo de seguida disfarça com "areia para os olhos", chamando um Arquitecto – Souto de Moura ao caso – para embelezar a barragem, fazendo crer que com isso está a dar um passo para cumprir os requesitos da UNESCO...Sem comentários. Somos um bocado burros, sim, mas não tão burros como a EDP nos pinta...

j) Exigir Democracia e responsabilidade aos representantes locais é outra causa dentro da causa:  Como explicar os resultados no Douro de quem luta pelos interesses dos Durienses? Um mistério. Bloco de Esquerda e PCP - PEV têm lutado incansávelmente pelos interesses do Douro em multiplos foruns e os seus resultados eleitorais são fracos.E o que fez o deputado por Bragança (PS) Mota Andrade? Nada pela região. Tudo pelos lobbies. Votou sempre pelo Plano nacional de barragens contra os interesses da região.

E o que fará pelo Douro o deputado da nação Pedro Passos Coelho (PSD) eleito por Vila Real?
 
Pedro Figueiredo]

Políticos vira-casacas


Passei os últimos quatro anos com o peso da morte do rio Sabor na parte subterrânea do meu cérebro. De vez em quando, subitamente, lembrava-me de um rio pequeno que parecia chorar e rir, rebelde e limpo, de que quase ninguém queria saber à excepção de uns sonhadores unidos na Plataforma Sabor Livre.

Perante a ameaça de uma gigantesca barragem, eles falavam de um rio ainda com peixes, águias, lobos, vegetação milenar, muito inóspito, livre da nascente à foz, que viam morrer às mãos da ganância energética da EDP. E claro, com a bênção do anterior Governo - eram necessários muitos milhões para abater ao défice, a EDP pagava-os, foi sem espinhas.

Assim se vendeu a preço de saldo um extraordinário pedaço selvagem do território português, verdadeiramente único para quem tivesse olhos de ver - e muitos seriam os que, cada vez mais, acorreriam para sentir o que era a natureza em estado puro como quase já não há no mundo ocidental. Ou acham que os turistas viajam para visitar barragens e "centros de interpretação ambiental" que ficcionam o que existia antes destes holocaustos hídricos? Ou que alguém vem para Portugal para tomar banho em águas sujas e perigosas como são as de muitas barragens?

Sempre pensei que a esperança de salvar o outro rio também condenado, o Tua, não surgiria de um súbito alarme em defesa da natureza nem do reconhecimento do absurdo que é construir novas barragens (quando bastaria aumentar a potência das que já existem). A salvação do rio Tua seria... o comboio, essa obra humana que, apesar de tudo, não se compara com a "Mão de Deus" que esculpiu o vale do Sabor.

É o comboio que salva o Tua? Que seja. Uma obra extraordinária pela mão de uma geração visionária que rachou pedra e abriu túneis, fazendo uma engenharia notável para a época. Uma aventura que custou vidas e muito dinheiro - estávamos no século XIX, foi como se tivessem construído o TGV... Hoje percebemos que a linha do Douro e do Tua são a nossa "Suíça ferroviária". Só a poderemos aproveitar se não a destruirmos.

Além disso, os chineses ou os alemães que vão mandar na EDP não ficam mais ricos ou mais pobres se não construírem uma barragem no Tua. Mas nós perdemos muito sem o "Douro Património Mundial". Infelizmente, obediente a todos os poderes de circunstância, a CCDR-N continuou ontem o seu lamentável papel de cicerone da perda dos valores naturais do Douro sublinhando em comunicado que a barragem do Tua se situa em 99,9% fora do "Douro Património Mundial"...

É desta tragédia que vos falo: da tragédia da distância, quando as decisões dos gabinetes é meramente jurídica, técnica, quantas vezes absolutamente estúpida por ver as coisas por parcelas e não no seu conjunto. Como é o caso: então o comboio do Tua e a profunda afectação da paisagem está fora do tecnicamente designado "Douro Património Mundial"? Ah, bom, estamos mais descansados...

A EDP entretanto, que manda, paga e não dorme, o que fez? Contratou Souto Moura (do Porto, claro) para que o inquestionável "Pritzker" torne inquestionável a 'obra de arte' que vai ser a barragem. Um caso mundial. Será uma barragem forrada a granito? Dito de outra forma: não há, num homem como Souto Moura, um breve sobressalto antes de emprestar a sua mão a esse embuste que é pintar de "verde arquitectónico" a destruição irreversível de uma parte essencial do Douro natural e humano?

E Francisco José Viegas? Um homem nascido no Douro profundo - no Pocinho. Estou convencido que se dependesse dele isto parava. Mas a política é assim: instalem homens livres e inteligentes em gabinetes de Lisboa e Porto, submetam-nos aos lobbies ou à pressão dos partidos, e as suas decisões passam a ser a negação do que foi toda a sua vida. E mesmo que o secretário de Estado da Cultura comece por dizer no Parlamento que "a única coisa que o Governo não admite é perder a classificação de Património Mundial", tem depois de fazer números de circo e sugerir que se pintem barragens para as integrar melhor na paisagem. Ó Francisco, e se fizéssemos uma arrojadíssima jarra Phillipe Stark com as cinzas do original dos Lusíadas? Não era uma grande ideia?

[Fonte: JN]

Nota de RoP:

Por mais que custe reconhecê-lo, mesmo em Liberdade, a força das palavras ainda está longe  de poder travar as irresponsabilidades políticas. Como Daniel Deusdado escreve, é recorrente vermos pessoas que eram muito críticas antes de sentirem o inebriante perfume do poder, e renderem-se a ele, sem resistência, assim que lá chegam.

Creio não haver melhor momento para testar o carácter dos Homens, do que quando passam da política partidária para a governativa.  A porcaria, é sempre porcaria. Como não dar razão aos populares que, revoltados, ontem brindaram o 1º Ministro com mimos de "ladrão e mentiroso"? Raios os partam!



14 dezembro, 2011

Ao cuidado dos apostadores do Totoloto

Como há sempre quem queira dar-se ares de professor, começo por informar os leitores do seguinte: jogar, não é garantia de riqueza para ninguém, nem tão pouco modo vida em que se possa confiar. Dito isto, importa recordar que os concursos de apostas mútuas, como o Totoloto [e outros] são uma actividade legal, coberta pelo Estado, cuja exploração e organização está concessionada, exclusivamente, à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Outro "detalhe" a fixar, é este: é com o dinheiro de quem aposta, que a Santa Casa angaria fundos para suporte de diversas iniciativas de carácter social e de beneficiência.

Agora, passemos à questão principal. Trata-se de dúvidas antigas que, aliás, já tive ensejo de expor aqui e aqui, sobre a bondade da informação [não] disponível para os apostadores, quanto ao valor dos prémios e principalmente, do sistema de controle dos sorteios e registos do Totoloto. Recordo que, anteriormente, a televisão transmitia directamente [como agora no Euromilhões] os sorteios do Totoloto, com a presença dos júris, mas agora, ou andarei muito distraído, ou isso já não é feito.

Pelo que apurei [não é propriamente uma novidade], numa breve pesquisa na Internet, actualmente, o registo e validação das apostas é feito informaticamente, através dos terminais de jogo instalados nos mediadores [locais de registo]. Para quem não saiba, o processo de registo, anteriormente, era mecânico.

Considerando a pertinência do caso, enviei ao JN* um e-mail com o 2º.post acima linkado, o qual, estranhamente, não mereceu sequer uma resposta.  Curiosamente, uma semana depois terminavam os Jackpots, e o longo ciclo de sorteios sem chave premiada...

Quero admitir que tenha sido uma simples coincidência, mas o certo é que os sorteios sem prémio continuam a suceder-se a um ritmo que justifica a nossa atenção [pelo menos, a minha]. Antes de apresentar dados, insisto em dizer que há uns anos atrás, apesar de não existir a concorrência do Euromilhões, era frequente haver mais do que um apostar contemplados com o 1º prémio, facto que tornava o Jackpot bem mais raro, e por isso também mais apetecível. Nessa altura, para se ter direito ao 1º. prémio bastava acertar em seis números, e para aceder ao 2º. prémio, tinha de se acertar em 5 números + 1 [suplementar]. Presentemente, o grau de dificuldade explica-se, em parte, porque foram acrescidos 4 números [eram 45, e passaram a ser 49]. De resto, é praticamente igual, ou seja, agora, para ter direito ao 1º. prémio, é necessário acertar em 5 + 1 [o nº. da sorte]. Antigamente eram 6 números simples, o que vai dar ao mesmo. Se formos ver, hoje o 5 + 1 corresponde ao antigo 2º. prémio, o que equilibra teoricamente o grau de dificuldade.

Mas, o enigma não se fica por aqui. É que, actualmente, até para acertar no 2º. prémio é mais difícil que antes, quando o sistema era mecânico. Além de o valor ser muito baixo, e se falarmos então do 3º. prémio, é irrisório...

A conclusão que daqui se pode retirar, sem corrermos o risco de especular, é que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não terá muitas razões para se queixar da crise, ou para se assustar com a Troika. Nós, os apostadores, é que temos o direito de saber o que se está a passar, porque é do nosso dinheiro que os jogos vivem. E se há jogo, tem de haver prémios. A menos que o Estado, ou/e, a Santa Casa da Misericórdia estejam a fazer batota...

Deixo à apreciação dos leitores a lista de prémios das últimos 25 sorteios sucessivos do Totoloto [excluindo o de esta noite], com Jackpot [sem 1º.s  prémios], dos quais 11 com Jackpots em 2ºs. prémios:
  •   Sorteio Nº. 89/2011 =  Sem 1º. prémio,  e com 1 chave premiada no 2º.
  •        "        "   88/2011 =    "     "       "         e sem 2º. prémio atribuído
  •        "        "   87/2011 =    "     "       "         "     "    "        "         "
  •        "        "   86/2011 =    "     "       "         " com 1 chave premiada no 2º.
  •        "        "   85/2011 =    "     "       "         e sem 2º. prémio atribuído
  •        "        "   84/2011 =    "     "       "         " com 1 chave premiada no 2º.
  •        "        "   83/2011 =    "     "       "         e sem 2º. prémio atribuído
  •        "        "   82/2011 =    "     "       "         "    "   "        "          "
  •        "        "   81/2011 =    "     "       "         e com 3 chaves premiadas no 2º.  
  •        "        "   80/2011 =    "     "       "         "     "   2     "            "          "   "
  •        "        "   79/2011 =    "     "       "         " sem 2º prémio atribuído
  •        "        "   78/2011 =    "     "       "         "   "    "        "           "
  •        "        "   77/2011 =    "     "       "         " com 1 chave premiada no 2º.
  •        "        "   76/2011 =    "     "       "         " sem 2º. prémio atribuído 
  •        "        "   75/2011 =    "     "       "         " com 1 chave premiada no 2º.
  •        "        "   74/2011 =    "     "       "         " sem 2º. prémio atribuído
  •        "        "   73/2011 =    "     "       "         " com 1 chave premiada no 2º.
  •        "        "   72/2011 =    "     "       "         "     "   3 chaves     "        "   2º.
  •        "        "   71/2011 =    "     "       "         "     "   2      "         "        "   2º.  
  •        "        "   70/2011 =    "     "       "         "     "   1      "         "        "   2º.
  •        "        "   69/2011 =    "     "       "         "     "   1      "         "        "   2º.
  •        "        "   68/2011 =    "     "       "         "     "   2      "         "        "   2º.
  •        "        "   67/2011 =    "     "       "         "  sem 2º. prémio atribuído 
  •        "        "   66/2011 =    "     "       "         "       "     "         "           "
  •        "        "   65/2011 =    "     "       "         "  com 1 chave premiada no 2º.
* Este post será igualmente remetido para conhecimento, ao Jornal de Notícias 

13 dezembro, 2011

Ainda a barragem do Tua!

A meter água


O turismo, que devia ser uma das apostas estratégicas do País, é ignorado por causa de uma barragem

Há coisas que nunca mudam. O apego dos Governos às Parcerias Público-Privadas seria enternecedor se não fosse uma das grandes causas da ruína do País. A ligação quase umbilical entre o Estado, empreiteiros, bancos, concessionários e seus advogados pode explicar que ao fim de meio ano de Passos Coelho as PPP continuem a ser negócios ricos e florescentes para os privados e uma desgraça para o Estado. Está tudo na mesma, para pior.

Agora, há o risco de a Unesco retirar a classificação de Património Mundial ao Douro Vinhateiro, se a Barragem do Tua for construída. Podia não ter importância, só baixava um pouco mais o ânimo dos nativos, mas não. O que a Unesco disse, em 2001, é que há uma região tão bonita e fantástica em Portugal que tem de ser usufruída pelo Mundo inteiro. E isso atrai turismo, como tem atraído cada vez mais.

Mas subir o Douro de barco e andar na centenária e única Linha do Tua, submersa com a barragem, deixará de ser possível. O turismo, que devia ser uma das apostas estratégicas do País, é ignorado por causa de uma barragem que vai dar apenas 0,67 por cento a mais de energia e que, de custo inicial, é de 300 milhões (num total de 16 mil milhões pagos pelos contribuintes), fora as derrapagens e a mão de Souto Moura para “melhorar” o paredão de mais de 100 metros de altura.

Foi este paredão “imenso” que a ministra do Ambiente disse ao Parlamento já estar construído, para justificar a barragem. Mas não está. Confessou depois ao CM que o secretário de Estado Daniel Campelo a informou mal.

Mas, ficou tudo na mesma, pior. Mais de mil sobreiros já foram abatidos dos mais de cinco mil autorizados pela ministra e o argumento mudou. Agora, há um contrato para respeitar que, por acaso, tem sido seguido pela antiga firma de advogados da ministra e uma indemnização de cerca de 100 milhões no caso de quebra de contrato.

Então, retire-se o necessário dos 2500 milhões do CIEG (os custos políticos que se pagam com a factura da luz) e use-se como indemnização e isto sem invocar o interesse nacional que serve para alterar tudo o que é contrato laboral! Em vez das barragens, aposta-se na eficiência energética nos edifícios e nos transportes e a ministra do Ambiente, em vez de parecer… é!
 
[Fonte: CM, Autora: Manuela Mora Guedes]

Violência na Bélgica. Qual o espanto?



Ataque com granadas e armas de fogo na Bélgica

Pelo menos duas pessoas morreram e várias ficaram feridas, esta terça-feira, no centro de Liége, na Bélgica, na sequência de um ataque com granadas e armas de fogo, executado por vários indivíduos. Polícia fechou centro da cidade. Embaixada diz que não há portugueses entre as vítimas.
Pelo menos dois mortos em ataque com granadas e armas de fogo na Bélgica
Vista geral das operações de socorro junto do Palácio da Justiça



Os disparos e o lançamento de artefactos explosivos ocorreram em Saint-Lambert, no centro da cidade belga de Liége, onde se situa o Palácio da Justiça, cerca das 12.30 horas (11.30 em Portugal continental). Nas proximidades, está a funcionar um mercado de Natal muito frequentado, segundo a agência de notícias belga.

Um jornal local avança com a hipótese de o atentado ter sido obra de um quarteto que se evadiu do Palácio da Justiça. Quatro homens de Liége em julgamento por vários roubos e um homicídio, conta o jornal "La Meuse".

Segundo aquele jornal belga, três homens empoleirados na plataforma acima de uma pastelaria lançaram granadas para um abrigo de autocarro, onde estariam várias pessoas. Um outro terá disparado uma kalshinkov, arma automática de fabrico russo, informaram os media, dando conta de um forte destacamento policial e de uma perseguição nas ruas próximas da praça.

A polícia disse que um dos suspeitos do ataque foi abatido e o outro fugiu, refugiando-se num edifício anexo ao palácio da justiça. As forças antiterroristas tomaram conta do caso, acrescentou.

Fonte da Embaixada de Portugal na Bélgica disse à Lusa não ter qualquer informação sobre a existência de vítimas portuguesas.

[Fonte: JN]

Breve nota de RoP:

Numa Europa desastrada, sem liderança nem valores, e com políticas completamente absurdas, é certo e seguro que os actos de violência e o aumento da criminalidade só podem aumentar. Não há como ficar  surpreendido. Pena é, que os criminosos não saibam escolher melhor as suas vítimas...

12 dezembro, 2011

Governos "evoluem" de centralistas para racistas


Contrariamente a Jorge Fiel, há muito que ultrapassei a fase de repúdio pelo sentido literal do termo "querer ver Lisboa a arder".

Quando falámos de coisas sérias, a tolerância tem limites. Não é por não gostar de Lisboa, que de facto não gosto [nem tenho de gostar], mas apenas porque Lisboa tudo tem feito - e continua a fazer -, para ocupar o lugar de Espanha na ameaça à soberania  nacional. Hoje, é de Lisboa, e não de Espanha, que não devemos esperar bons ventos, e muito menos bons casamentos.

Aliás, já se torna irritante termos de estar sempre a explicar que quando dizemos Lisboa, não falámos dos seus habitantes, mas sim do que a cidade representa para o Resto do país. E Resto, escrito assim mesmo, com érre maíúsculo, porque há um outro país forjado pela inconsciência centralista,  ao qual, no entanto,  recusa conceder a independência para também  poder beneficiar como ela dos fundos comunitários. Daí, a razão de já não me repugnar ver Lisboa a arder. Afinal de contas, existem outras formas de fazer arder cidades, como desviar fundos das regiões desfavorecidas para a capital, que é um género mitigado de dizer que Lisboa anda a roubar [ou chular, como diz Jorge Fiel] as outras regiões do pais. Amparada por uma vigarice estrangeirada que dá pelo nome de spill over,  que foi negociada por Sócrates e Bruxelas, o governo central de Lisboa continua a sugar o Resto, secando-o, em lugar de o desenvolver, como era suposto.

Consequentemente, os melindres evidenciados pelos amigos lisboetas de Jorge Fiel com a expressão clublista "nós só queremos Lisboa a arder",  não fazem muito sentido, antes denunciando a ignorância própria de quem se habituou a ver o país limitado pelas fronteiras de Lisboa, sem se preocupar com o que acontece fora delas.

Estar próximo do poder, cega, e provoca o mesmo tipo de  arrogância, tanto a quem o sente, como a quem o tem. Assim sendo, mostrando-se esta gente incapaz de perceber pelos seus próprios meios, o que se está a passar no Resto [do país],  então, teremos mesmo que recorrer à política do "chicote", porque é única que eles percebem. As soluções democráticas, são só para países democráticos, que é o que o nosso ainda não é. 

Dúvidas houvesse, quanto à falta de solidariedade nacional, elas dissiparam-se com o cumplíce silêncio que se expandiu da capital para o interior centro/sul, durante um ano de portagens cobradas, exclusivamente no Norte. Não ouvimos, nem lemos, da parte desse povo, uma palavra de indignação ou protesto com a discriminação feita contra a nossa região. Onde esteve afinal a tal coesão nacional que os centralistas tanto gostam de apregoar? O que fizeram do argumento que acusa a regionalização de ser fracturante ? Então, por que razão agora os noticiários não páram de falar sobre as portagens na Scut's? Já lhes dói? Ou terá sido porque as portagens chegaram finalmente também ao país "real"? Às tantas, ainda tinham esperança de sermos só nós os únicos a pagar...

Com jeitinho, qualquer dia teremos o apartheid nacional nos autocarros, no Metro,  e até nos passeios públicos. É só deixar andar. Estou convencido que os nortenhos ainda não ganharam consciência real do que nos estão a fazer, e de quanto a apatia da população tem sido usada contra os seus interesses.

Isto, já não é só centralismo, é segregação nacional, pura e dura, e por mais que se esforcem,  não há chupeta spill over que a consiga dissimular.

Nós só queremos Lisboa a arder

Nós não queremos mesmo Lisboa a ser consumida pelas labaredas. O que nós queremos é dizer, em voz bem alta, que estamos fartos de ser chulados.

Há alguns anos (não muitos), com os ânimos incendiados pela vã tentativa do estado-maior benfiquista de quebrar a hegemonia portista com manobras na secretaria, esteve em voga a palavra de ordem "Nós só queremos Lisboa a arder".

A provocação não caiu no goto da generalidade dos residentes na capital, pelo que amiúde alguns lisboetas, meus amigos ou conhecidos, perguntavam-me se também eu achava bem a ideia de pegar fogo à sua cidade.

"Não. Lisboa é uma bela cidade. O que defendo é o uso de uma bomba de neutrões, de modo a preservar o magnífico património edificado". Foi esta a resposta que formatei para dar nessas ocasiões. Quando a pergunta não é séria, sinto-me desobrigado de responder a sério.

Neste novo século, trabalhei oito anos em Lisboa, uma das mais bonitas cidades do Mundo, pela qual é muito fácil uma pessoa ter uma paixão fugaz e à primeira vista.

Estou imensamente feliz por o JN me ter proporcionado voltar a viver na cidade que amo e onde nasci, mas não posso negar que, de vez em quando, ainda sinto uma pontinha de saudade de alguns pequenos prazeres que Lisboa pode oferecer, como um fim de tarde no miradouro da Graça, petiscar ao almoço uma sanduíche de rosbife e um copo de branco no terraço do Regency Chiado, ou tomar o café matinal na esplanada da Ponta do Sal, em S. Pedro do Estoril.

Quando alguém é incapaz de diferenciar se estamos a falar em sentido estrito ou figurado, geram-se situações embaraçosas e terríveis mal-entendidos. Ninguém quer mesmo Lisboa a arder. O que queremos a arder, num fogo purificador, é a governação centralista que empobrece o Norte e desgraça o país.

O modelo centralista de pôr todas as fichas em Lisboa, partilhado por todos os partidos do arco da governação, é o responsável por 2000-2010 ter sido a pior década de Portugal desde 1910-20 - anos terríveis em que vivemos uma guerra mundial, golpes de Estado e a epidemia da gripe espanhola.

Na primeira década deste século, o crescimento médio anual da nossa economia foi de 0,47%, apesar do afluxo diário médio de seis milhões de euros de Bruxelas, que valiam todos os anos 2% do PIB.

Já ultrapassado pelo Alentejo e Açores, o Norte é a região mais pobre do país, apesar de ser a que mais contribui para a riqueza nacional, com 28,3% do PIB, logo a seguir a Lisboa e Vale do Tejo, com uns 36% enganadores, já que aí está contabilizada a produção feita noutras partes do país pelas grandes companhias nacionais e multinacionais com sede na capital.

Quando leio (ver página 2) que ao abrigo do famoso efeito de dispersão - uma vigarice inventada para desviar para Lisboa fundos comunitários - dinheiro destinado às regiões mais pobres está a ser usado pelos serviços gerais e de documentação da Universidade de Lisboa, dá-me vontade de ir para a rua gritar "Nós só queremos Lisboa a arder".

Não. Nós não queremos mesmo Lisboa a ser consumida pelas labaredas. O que queremos é dizer que estamos fartos de ser chulados e já é tempo de impedir que Portugal continue a arder em lume brando, por culpa de governantes incompetentes ou corruptos.

[Fonte:JN]