27 janeiro, 2012

O Estado caloteiro


Sem grande dificuldade, seria possível encher o espaço desta crónica com números que atestam uma das maiores vergonhas da nossa República - os calotes que o Estado prega, ao mesmo tempo que, sem corar, apregoa ser uma pessoa de bem. Como esse seria um exercício aborrecido para o leitor, a introdução deste texto pode resumir-se usando palavras de Miguel Cadilhe: "Um Estado 'caloteiro' é absolutamente condenável do ponto de vista da ética da República, envergonha-nos a todos. Mas em tempos de crise isso ganha uma outra gravidade do ponto de vista da economia", disse o ex-ministro das Finanças ao JN (ver edição de ontem).

É difícil contrariar a opinião de Cadilhe. Mas é fácil acrescentar-lhe outra "gravidade": aquela que afecta os trabalhadores e respectivas famílias. É ver, na mesma edição deste jornal, o caso da PMH. A empresa fornece material hospitalar a todos os hospitais públicos. Tem 900 funcionários: 560 em Samora Correia e 340 em Penafiel. Está à beira de mandar os trabalhadores para casa, porque o Estado lhe deve 8 milhões de euros. Quer dizer: como o Estado não é pessoa de bem, arrisca-se a ter quase mais um milhar de portugueses a engrossar as já volumosas listas do desemprego.
O exemplo é grave, se pensarmos no número de famílias que podem ser afectadas (muitos dos companheiros das funcionárias da PMH estão igualmente sem trabalho). Mas é apenas uma pequenina ponta (com o devido respeito pelos eventuais afectados) de um dos tremendos icebergues que gelam a nossa economia.

As causas primeiras deste estado de coisas são tributárias de um modo de vida muito português: aquele que se agarra ao facilitismo, ao laxismo e ao chico-espertismo para escapar por entre os pingos da chuva. Que atire a primeira pedra aquele que, perante uma exigência do Estado, não procurou ziguezaguear para tentar escapar à dita cuja.

Verdade: os portugueses têm suficientes razões de queixa do Estado para procurar vingança. Verdade: o Estado arranca-nos o couro e o cabelo sem sequer pedir licença. Verdade: as coisas vão piorar antes de melhorar. Desconfio, no entanto, que mesmo quando melhorarem, as coisas, estas coisas dos calotes, manter-se-ão mais ou menos como estão.

Estamos a falar de um terrível círculo vicioso em que (quase) ninguém paga o que deve a tempo e horas. O Estado não paga às câmaras, que por sua vez não pagam às empresas, que por sua vez não pagam ao Fisco, à Segurança Social e aos trabalhadores, que por sua vez não pagam impostos e somam despesa... E por aí fora até à asfixia do sistema. Numa economia sem liquidez como a nossa, esta é a verdadeira morte do artista. Até porque, mesmo quando o nó parece desbloquear-se, aparece sempre um burocrata a pedir mais um papel que faz o processo voltar ao início. Faz lembrar aqueles jogos em que o traiçoeiro dado nos atira para uma casa cuja penalização é regressar ao início. Sucede que, nos jogos, temos tempo e a coisa é a brincar. Na vida real, não temos tempo e a coisa é a sério.
Regresso a Miguel Cadilhe: "O Estado agrava a crise, em vez de a moderar".

[do JN]

26 janeiro, 2012

O pobre Cavaco...

O regresso da Velha Senhora




A Antena 1 acabou com a rubrica de opinião "Este Tempo" após, numa crónica de Pedro Rosa Mendes, aí ter sido criticado o servilismo do Governo face ao regime corrupto de Luanda e o tipo de jornalismo que, pago a peso de oiro com dinheiros públicos, sabuja, sob o diáfano manto da "informação", cada poder do momento.

A decisão recorda-me episódios idênticos vividos no JN antes de 1974. Um em que uma crónica de Olga Vasconcelos sobre Indira Ghandi, filha de Nehru (que ordenara a invasão da "Índia Portuguesa"), levou à ordem de encerramento da rubrica onde fora publicada; e um outro que pôs fim ao Suplemento Literário dirigido por Nuno Teixeira Neves por aí não ter sido devidamente louvado um medíocre romance do escritor do regime Joaquim Paço d'Arcos. Os dois jornalistas só não foram despedidos porque tiveram o apoio do então director Pacheco de Miranda e, no primeiro caso, também do chefe de Redacção Costa Carvalho.

As personagens são agora outras, ou as mesmas com outros nomes, mas as semelhanças são inquietantes (só não há na Antena 1 Pachecos de Miranda nem Costas Carvalhos). E vivemos, diz-se, em democracia, regime em que a Velha Senhora, a Censura, não tem, diz-se, lugar.

Mas por algum motivo 64,6% dos portugueses estão hoje, segundo o "Barómetro da Qualidade da Democracia" apresentado há dias, insatisfeitos com a democracia que temos, quando em 1999 mais de 80% a consideravam "boa" ou "muito boa".

A tendência do Totoloto é [de novo] acumular jackpots sem dar o prémio principal


 Consultar Sorteios
 
 Totoloto
Sorteio: 007/2012 - Quarta-Feira Data do sorteio: 25/01/2012
Chave:89152943+13Ordem Saída:29439815+13
PrémioAcertosNúmero de vencedoresValor
1.º Prémio5 Números + Nº da Sorte0(1)
2.º Prémio5 Números1€ 26.710,41 
3.º Prémio4 Números134€ 249,16 
4.º Prémio3 Números6.346€ 5,26 
5.º Prémio2 Números88.317€ 2,26 
Nº da SorteNº da Sorte139.872Reembolso do valor da aposta de Totoloto
Estatísticas
Nº de Bilhetes/Matrizes540.172
Nº de Apostas1.498.901
Receita ilíquida apostas€ 1.349.010,90
Montante para prémios€ 667.760,40
(1) Previsão 1º Prémio c / Jackpot€ 2.600.000,00



Recebi resposta da SCMisericórdia [em baixo] ao meu último e-mail, e como poderão constatar, continuam sem dar respostas concretas às questões que tenho colocado. Que esta situação é prejudicial ao apostador e altamente vantajosa para a Santa Casa, parece não haver a mínima dúvida.


Caro Apostador,


Agradecemos, desde já, o seu e-mail, o qual mereceu a nossa melhor atenção.
Relativamente à questão que nos colocou, vimos por este meio informar que, que tomamos devida nota das suas sugestões. Para nós são importantes os contributos de todos os nossos jogadores, porque só com este tipo de “feed-back” podemos trabalhar para uma melhoria constante da prestação dos nossos serviços.
Estamos disponíveis para qualquer esclarecimento adicional através da Linha Directa Jogos, 808 20 33 77 das 8h às 24h todos os dias da semana.

Boa sorte onde quer que esteja.

Stephanie Martins

Jogos Santa Casa

25 janeiro, 2012

Eusébio...e os oportunistas da capital do império

Eusébio
Para quem, como eu, teve oportunidade de ver Eusébio jogar e até congratular-se com os dois únicos êxitos europeus do clube que representou, por nessa altura me encontrar fora do país, não precisa - como tentam fazer certos fundamentalistas benfiquistas que nem sequer o viram dar um chuto -, de o meter à força pelos olhos e ouvidos do povo.

Eusébio não carece da hiper-propaganda centralista para ver reconhecido o seu valor, porque ela já foi sobejamente vendida. Nem tão pouco de enaltecer a sua qualidade enquanto futebolista, ou a sua dignidade, enquanto Homem. Bem pelo contrário. Ao querer impingir Eusébio ao país, de forma sensacionalista, como se fosse um ícone nacional, o centralismo mediático pode até estar a manchar a imagem do jogador. Sendo eu portista, como é público, digo aqui, sem sofismas, que admiro e gosto de Eusébio, sobretudo pela sua simplicidade, tão diferente do clube que representou, arrogante e desrespeitador...

Por isso, gostar e admirar Eusébio, não deve, nem pode ser confundido com o clube onde jogou e mostrou a sua grande qualidade. É que o centralismo, ao pretender elevar Eusébio à condição divina de património nacional, está a aproveitar o seu 70º aniversário para, através do homem glorificar o Benfica, tentando ofuscar o valor de jogadores igualmente talentosos de outros clubes.

Enquanto português, endereço os meus parabéns pessoais sinceros a Eusébio, porque não sendo ele português de origem [é Moçambicano], à época era cidadão do império colonial, podendo assim representar o país na selecção nacional.

Parabéns pessoais, foi o que atrás escrevi... Porque, ao Benfica e àquilo que esse clube representa, antes e depois do 25 Abril/74, não desejo nada de bom. Goste-se ou não, o Benfica como clube, simboliza o centralismo crónico e discriminatório de que o resto do país e o Norte em particular, tem vindo a ser vítima. A esse símbolo, desejo justamente o mesmo que o doente deseja ao mal de que padece: que morra no inferno. E se for no da Luz, tanto melhor.

Agora, leiam isto:

Já imaginaram a quantidade de programas ditos desportivos e de "verdade desportiva" se produziam nos vários canais das televisões e dos jornais centralistas, se em vez do Eusébio, fosse um jogador do FCPorto a fazer as mesmas declarações? Já? Vá lá, não é preciso queimar os neurónios...Você já sabe.

Não, não serei eu quem vai seguir o exemplo da má-língua e da sacanice lisbonária e começar a malhar nas palavras que Eusébio, na sua ingenuidade característica de homem simples proferiu há muito tempo. Mas, só de imaginar a bagunça, os processos e as ameaças que por aí andariam se o mesmo se passasse com alguém ligado ao FCPorto, dá-me vontade de os esganar...

"Coragem", dizem eles

 


Se há palavra hoje abastardada é a palavra "coragem". De um eleito que faz o contrário do que prometeu dizem os apaniguados que é "corajoso", apesar de um dos sinónimos mais nobres de "coragem" ser "constância"; o mesmo ou outro eleito conformam servilmente e obedientemente as suas politicas a ditames externos, e isso é "coragem" e não cobardia; medidas de austeridade impostas aos mais pobres e vulneráveis são "corajosas"; o destempero de uma velha política, agora dita "senadora", contra o direito à saúde dos mais idosos é um "acto de coragem"; um presidente titubeante que assina, sem pestanejar, o que lhe põem à frente e tolera a subversão de valores e direitos que jurou defender é, também ele, "corajoso".

"Coragem" chegou ao português vindo do francês"courage" que, por sua vez, deriva de "coeur", "coração", em cujas cavernas habitam, na generalidade das culturas, não só a inteligência e a sabedoria como a própria divindade, além de "disposições interiores" como a constância, o ânimo ou a rectidão, em oposição ao que é traição, pusilanimidade e fraqueza e pequenez de carácter .

Assim, "corajosos" são hoje os que, humilhados e ofendidos, sobrevivem sem ceder à tentação da servidão; os que não traem por um prato de lentilhas ou uma assessoria; e todos aqueles (jornalistas, magistrados, funcionários, cidadãos em geral) que, em tempos de debandada moral, teimam, apesar de tudo, em manter-se inteiros.

Nota de RoP: 
Se o leitor é pessoa bem formada, e livre de amarras partidárias, diga lá se o que Manuel António Pina aqui escreve sobre a ideia que os políticos hoje têm da "coragem", não é exactamente assim. Eles invertem e pervertem tudo, o carácter dos Homens e das palavras! Como é  possível haver quem vote nesta gente e queira com ela mudar o país? Como?

24 janeiro, 2012

Resposta de Renovar o Porto à Santa Casa da Misericórdia

Cara Stephanie Martins,

Retribuindo os agradecimentos que me dirigiu, passo a responder ao seu e-mail.

O facto de me informar que «todos os jogos sociais do Estado são submetidos a estudos de viabilidade e de mercado», não me dá garantias, enquanto eventual jogador, de valer a pena jogar no Totoloto. O que quero dizer simplesmente, é que, pesado o lado aleatório, e as dificuldades próprias dos jogos de sorte, este novo sistema de 49 algarismos do Totoloto [5 algarismos + 1(da sorte), para o 1º.], reduz drasticamente as possibilidades de acerto no 1º. prémio, e até no 2º., como é patente dos resultados de sucessivos concursos [33 concursos consecutivos com Jackpot, e 13 sem 2ºs prémios!]. O que é estranho, dado que quando os números iam de 1 a 45, era frequente haver totalistas, e mais do que um, muitas vezes. O que significa que a alteração só veio prejudicar os apostadores. Comparativamente com o Euromilhões, e apesar do universo de apostadores ser maior que o do Totoloto, é mais "frequente" encontrar totalistas no Euromilhões. Acresce, que os prémios do Totoloto não são atractivos na relação «probabilidade /preço/valor do prémio», pelo menos é essa a minha conclusão.

Poderá também confirmar - relendo o meu mail anterior -, a sugestão que fiz não reclamava a identificação dos premiados, como se infere da sua resposta, mas sim a localização e divulgação dos futuros premiados. Como concordará, isso é feito frequentemente com o Euromilhões quando há apostadores premiados em Portugal e até no estrangeiro. Daí, continuar a estranhar que a Santa Casa da Misericórdia não se disponibilize naturalmente a fazer o mesmo. Isso, não só teria o efeito de consolidar a confiança dos apostadores, como também poderia aumentar o seu número.

Pela minha parte, enquanto a frequência de premiados for a que se tem verificado,  não volto a jogar no Totoloto. Mas, claro, a decisão de manter, ou não, as coisas neste pé, é vossa.

Com os melhores cumprimentos,
Rui Valente 

----- Original Message -----

Totoloto . A resposta é ambígua,não convence...

Da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, e a propósito do deserto de primeiros prémios  do Totoloto, recebi hoje resposta ao e-mail que tinha enviado e aqui publiquei. Leiam e tirem as vossas próprias conclusões.
RV


Caro Apostador,
Agradecemos desde já o seu contacto, o qual mereceu a nossa melhor atenção.

Relativamente às considerações que nos transmitiu sobre as alterações ao Totoloto, em vigor desde 13 de Março de 2011, informamos que todos os jogos sociais do Estado são submetidos a estudos de viabilidade e de mercado cujos indicadores servem de base à sua definição. Neles constam as probabilidades associadas às diferentes categorias de prémios, no entanto, e serem apenas probabilidades, não garantem níveis de frequência e valor dos prémios atribuídos; consequência da dinâmica e imprevisibilidade que revestem este tipo de jogo.

Quanto às restantes recomendações que apresenta, o DJSCML tem o dever de proteger a identidade dos premiados, não fornecendo quaisquer informações que contribuam para os identificar/localizar, exceto quando exista uma autorização expressa dos mesmos ou quando o teor da informação veiculada não ponha em causa o seu anonimato.

Estamos disponíveis para qualquer esclarecimento adicional através da Linha Direta Jogos, 808 20 33 77 das 8h às 24h todos os dias da semana.

Boa sorte onde quer que esteja.

Stephanie Martins



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23 janeiro, 2012

O provedor da mediocridade

Cavaco Silva
Cada vez que abre a boca, Cavaco destrói por completo o ar altivo de falsa elevação que tantas horas de treino lhe custou. 

Cavaco é o espelho do país, decadente e desequilibrado. Um Presidente casual, como casuais são a maioria dos políticos do nosso país. Mas ele lá está, na Presidência da República. Que desgosto...

Mas, tal como com Sócrates e Passos Coelho, tenho muita honra em nunca ter votado nele. Ao contrário de Cavaco, que raramente se engana, eu procuro não me enganar, e engano-me às vezes. Nunca me enganei foi em relação a Cavaco.

22 janeiro, 2012

Pinto da Costa no Conselho Editorial do JN

Entre outras figuras públicas do Norte, como Rui Moreira e Manuel Serrão, Pinto da Costa foi convidado pelo Jornal de Notícias. Ver vídeo, aqui.

Totoloto, e a aldrabice continua...


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 Totoloto
Sorteio: 006/2012 - Sábado Data do sorteio: 21/01/2012
Chave:1723242747+10Ordem Saída:2317242747+10
PrémioAcertosNúmero de vencedoresValor
1.º Prémio5 Números + Nº da Sorte0(1)
2.º Prémio5 Números0(2)
3.º Prémio4 Números225€ 356,99 
4.º Prémio3 Números13.105€ 3,40 
5.º Prémio2 Números160.625€ 1,66 
Nº da SorteNº da Sorte117.208Reembolso do valor da aposta de Totoloto
Estatísticas
Nº de Bilhetes/Matrizes675.467
Nº de Apostas2.003.359
Receita ilíquida apostas€ 1.803.023,10
Montante para prémios€ 892.496,43