26 janeiro, 2012

O regresso da Velha Senhora




A Antena 1 acabou com a rubrica de opinião "Este Tempo" após, numa crónica de Pedro Rosa Mendes, aí ter sido criticado o servilismo do Governo face ao regime corrupto de Luanda e o tipo de jornalismo que, pago a peso de oiro com dinheiros públicos, sabuja, sob o diáfano manto da "informação", cada poder do momento.

A decisão recorda-me episódios idênticos vividos no JN antes de 1974. Um em que uma crónica de Olga Vasconcelos sobre Indira Ghandi, filha de Nehru (que ordenara a invasão da "Índia Portuguesa"), levou à ordem de encerramento da rubrica onde fora publicada; e um outro que pôs fim ao Suplemento Literário dirigido por Nuno Teixeira Neves por aí não ter sido devidamente louvado um medíocre romance do escritor do regime Joaquim Paço d'Arcos. Os dois jornalistas só não foram despedidos porque tiveram o apoio do então director Pacheco de Miranda e, no primeiro caso, também do chefe de Redacção Costa Carvalho.

As personagens são agora outras, ou as mesmas com outros nomes, mas as semelhanças são inquietantes (só não há na Antena 1 Pachecos de Miranda nem Costas Carvalhos). E vivemos, diz-se, em democracia, regime em que a Velha Senhora, a Censura, não tem, diz-se, lugar.

Mas por algum motivo 64,6% dos portugueses estão hoje, segundo o "Barómetro da Qualidade da Democracia" apresentado há dias, insatisfeitos com a democracia que temos, quando em 1999 mais de 80% a consideravam "boa" ou "muito boa".

3 comentários:

  1. Nesta coisa em que vivemos e a que chamam DEMOCRACIA, existe uma censura insidiosa a que os governantes deitam mão de um modo despudorado, com o beneplácito de "jornalistas" sem dignidade e do próprio sindicato sempre pronto a protestar por causas menores mas que assobia para o lado quando os "jornalistas" se prostituem.
    A grande diferença em relação ao passado é que nesses tempos havia directores e chefes de redacção como aqueles que Pina cita, para os quais a palavra dignidade tinha significado. Hoje, são uma espécie praticamente extinta.

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  2. É salve-se quem puder, um olha para o quem eu digo, não olhes para o que faço.
    Começa a ser só haver macaquitos, já não há homitos, muito menos homens.

    Abraço

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  3. Neste momento o jornalismo está entregue a uns moços de recados,o melhor é estarem calados e levarem o dinheirito ao fim do mês.Chegou o 24 de Abril,com o relvas no poder!
    manuel moutinho

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...