Outras acções, agora em banho-maria, mas que voltarão logo que surja
oportunidade, são as relativas ao Porto de Leixões (o porto de mar que
mais exporta, o mais eficiente, a principal porta de saída das
exportações) e à Linha do Minho e sua modernização. Acrescenta-se ainda a
intenção governamental de construir uma linha ferroviária "para as
exportações" a mais de 300 km da Região onde elas são geradas. Esta
situação revela-se ainda mais escandalosa, pois segundo um representante
da Comissão Europeia "a aposta de Alta Velocidade portuguesa irá
servir os portos de Sines, Setúbal e Lisboa, e Aveiro via Salamanca,
deixando, pelo menos para já, fora desta rede europeia Leixões e Viana."
Não é coincidência. É objectivamente intenção do Governo promover a
competitividade dos portos que se têm revelado deficitários,
prejudicando e retirando qualquer tipo de competitividade aos portos de
Leixões - Viana do Castelo e à Região que servem no escoamento das
cargas que recebem ou exportam no contexto nacional, relegando-os para a
irrelevância. O objectivo do denominado Governo de Portugal, confesso e
não esquecido, é fundir a gestão de todos os portos nacionais, com a
desculpa de poupança na gestão. Na realidade é uma forma de retirar a
autonomia a Leixões e dessa maneira perturbar e condicionar a sua gestão
de forma a que ele deixe de ser um concorrente eficaz, tornando-se
irrelevante e submisso aos interesses de outros portos que até agora se
têm revelado incapazes de concorrer pelos seus próprios meios.
Questionem-se apenas quais serão as prioridades dessa “gestão
estratégica conjunta” quando esses gestores estiverem sentados no seu
gabinete com vistas para o Porto de Lisboa e com o pensamento em Sines.
Uma vez mais sacrifica-se a eficiência e a competência aos clientelismos
e centralismos.
O que significam estas decisões? Significam que ao privilegiar os
portos, aeroportos e as ferrovias em torno de Lisboa e ao tornar menos
competitivos e deficientemente ligados com o exterior as infraestruturas
que servem o Norte, que apenas Lisboa será competitiva e atractiva para
o investimento industrial e logístico pois terá todas as mais-valias e o
Norte em comparação não terá argumentos para competir. Além disso, a
médio prazo, as indústrias que se encontram a Norte, neste momento a
região mais exportadora do País e a que apresenta balança comercial
positiva, serão levadas a deslocar-se para a zona de influência de
Lisboa, pois ao terem custos superiores e demorarem mais tempo a escoar
os seus produtos a Norte, irão paulatinamente sair do Vale do Ave e
Sousa, do Minho, do Entre-Douro-e-Vouga, da AMP e instalar-se em redor
das infraestruturas portuárias e ferroviárias que lhes garantam melhores
ligações e que se situarão exclusivamente em redor de Lisboa. Esta
deslocação do tecido produtivo irá resultar na destruição da economia do
Norte e num desemprego ainda mais elevado, pondo em causa o futuro e a
sobrevivência da Região mais povoada de Portugal.
Nos últimos dias temos assistido a alguns números de indignação por
parte das estruturas regionais dos partidos do arco do poder e com
representação parlamentar. É pena que só agora tenham acordado para o
problema e alguns tenham mesmo colaborado nesta ignomínia quando eram
governo. O assunto já vem de trás, não é de agora. Estes partidos
caracterizam-se inclusivamente por fazer eleger pelas listas nos nossos
distritos deputados para-quedistas lisboetas que se representam apenas a
si próprios e não têm qualquer ligação e interesse para com a Região.
Em certos casos são mesmo eleitos como cabeças de lista. É por isso que
muita da actual indignação soa a clamores de falsas virgens ofendidas.
No entanto, ainda estamos todos a tempo de nos unirmos.
As implicações destas decisões por parte do suposto Governo de
Portugal, que de uma forma intencional e concertada, condenam à miséria e
ao isolamento o Norte de Portugal, obrigam a que desta vez todas as
forças políticas, cívicas e económicas, deixem por uma vez de lado as
suas fidelidades aos seus directórios centrais, aos seus egoísmos e
inércias de ocasião, e se juntem de uma forma concertada e unida na
defesa dos interesses justos e legítimos do Norte, sem quartel e sem
compromissos que não sejam a manutenção da autonomia dos aeroportos,
portos e iguais ligações ferroviárias. É que desta vez a derrota e a
passividade irão significar o destruição e o abandono do Norte e dos
seus habitantes, de forma irremediável, com um impacto que se irá
repercutir por gerações. Os que têm responsabilidades e poder neste
momento serão julgados à luz da história do que fizerem agora e do seu
sucesso para evitar este crime de lesa-pátria.
A Eurorregião Galiza-Norte de Portugal, a segunda de maior
importância socioeconómica da Ibéria, que concentra no Norte de Portugal
uma das regiões mais industrializadas da Europa, e na Galiza dois
gigantes mundiais como a Zara e a Pescanova, precisa dum grande
aeroporto internacional que garanta a sua ligação rápida aos grandes nós
da rede mundial. Esse papel tem sido feito pelo Aeroporto Sá Carneiro
de um modo crescente e eficaz. A chegada das companhias de aviação
low-cost alteraram todo o panorama do transporte aéreo na Região com
reflexos altamente positivos na sua atracção turística e competitividade
económica pois encontra-se agora ligada a todos os grandes centros
europeus de um modo rápido, flexível e a preços baixos.
Posto isto o MPN apresenta a sua posição:
1) O MPN considera que a privatização dos aeroportos nacionais é uma perda de soberania;
2) O MPN considera que devem ser mantidos na esfera pública e a sua
gestão regionalizada; o que não implica que seja feita directa e
exclusivamente pelo Estado podendo encontrar-se formas de contratualizar
a sua gestão operacional a entidades privadas e/ou outras;
3) O MPN considera que os Aeroportos nacionais, implementada a
Regionalização do território continental, devem ser propriedade das
respectivas Regiões;
4) Caso venhamos a encontrar-nos perante o facto consumado da
intenção de venda em bloco dos aeroportos nacionais, o MPN endereça
desde já o convite a todas as forças vivas, empresários, detentores de
capital, mulheres e homens de boa vontade, todos os cidadãos para que
nos acompanhem. O MPN propõe-se congregar vontades para juntar capital
suficiente, recorrendo inclusivamente à subscrição nas ruas de futuras
acções a 1 (um) euro, para formar uma entidade empresarial nortenha que
concorra à compra da ANA em bloco e depois venda os restantes aeroportos
a quem der mais. O objectivo é o mesmo - salvaguardar a autonomia do
Aeroporto Sá Carneiro -, a estratégia é que é inversa.
O MPN tem desde a sua origem em movimentos de cidadãos que lutam pela
Autonomia da nossa Região abordado insistentemente estes problemas. Nós
dizemos presente. Quem quiser lutar e colaborar em prol da nossa Região
sabe onde nos encontrar.
[do blogue A Baixa do Porto]