De volta à realidade nacional, onde os poderosos e gangsters da banca e da política, continuam a ser tratados pela Justiça como se fossem pessoas altamente respeitáveis, confesso que já me cansa esta inutilidade que é ser "livre" e dizer o que penso, só para fingir que vivo numa democracia. A verdade é que há muito que percebi que esta "liberdade" é a única maneira confortável de exercer a ditadura na Europa comunitária do século XXI, até porque de comunitária já tem pouco... Se a isto juntarmos a vergonha genocida de dois países recém libertos da cortina de ferro, entre a Ucrânia e os separatistas pró Moscovo, é caso para mandarmos definitivamente à merda todos os optimistas do planeta e perguntarmos se não serão eles também um pouco responsáveis pelo que de pior está a acontecer à humanidade.
Então, o que nos resta dizer? Se tudo isto ao menos servisse para despertar os portugueses da longa letargia de maturidade cívica em que mergulharam, do mal o menos. Mas não. Apesar de continuar a ser enganado, a ser despojado dos seus bens mais básicos, este povo continua pateticamente a manifestar-se orgulhoso com a vida cor de rosa de Ronaldo e Mourinho, como se incorporasse em si o cérebro de uma criança de 5 anos de baixo coeficiente intelectual.
Como dar a volta a isto, se nem o futebol, ou melhor, o amor ao clube, os ajuda a perceber a discriminação com que a sua região ou cidade é tratada em relação aos clubes da capital? Como é possível transmitir "miolo" a um cérebro que abdica de o usar para seu próprio bem? Alguém duvida que se perguntássemos agora a alguns portuenses portistas, que dos clubes grandes, são seguramente os adeptos que mais razão de queixa têm para se sentirem discriminados, se eram a favor da regionalização ainda havíamos de ver muitos a repetir - tais papagaios desmiolados - a lengalenga dos centralistas, que eram contra por não querem "dividir" o país? E outros, nem sequer respondiam, por desprezível ignorância.
Um país onde prevalecem os gostos por programas do tipo "Portugal no coração", por Gouchas e Teresas Guilhermes, um país que não "dá" tempo ao povo para se divertir pensando, é um país formatado para gerar a imbecilidade. E desengane-se quem pensa que isso é por acaso. Não é.