14 julho, 2017

Grandes cabrões!


'Opinião dos que acham tudo mau, ou de tudo esperam o pior'. É mais ou menos isto que traduz o significado da palavra "pessimismo" em vários dicionários de português. Contudo, em nenhum deles encontramos qualquer sinónimo a "pessoas que duvidam da palavra de vigaristas, e das suas promessas". Essas, não são pessimistas, são gente atenta, previdente e realista, pouco virada para regressar à infância, ou acreditar no Pai Natal. Só os políticos, os ingénuos e os vigaristas chamam a essas pessoas pessimistas, o que é sintomático...

Foram frequentes os artigos que aqui escrevi sob o tema da Democracia e da Liberdade. Em todos eles enfatizei o meu cepticismo sobre a fiabilidade de ambas, numa sociedade sem respeito pela ética e pela Lei, como é o caso de Portugal. Para mim, que devia ser pessimista mas que ainda consigo elogiar pessoas e suas obras e virtudes, há muitos anos concluí que vivo numa falsa democracia. Isto, não é pessimismo, é convicção inexorável e intelectualmente verossímil! Salazar, foi um ditador, mas tinha uma virtude: nunca o ouvi dizer que era democrata... Se o disse, nunca o ouvi. Hoje, pratica-se a ditadura e chamam-lhe democracia, que é o pior  modelo das ditaduras. Isto, não é pessimismo, é uma realidade.  

Podia agora desencadear um repertório de casos onde figuras com cargos políticos e públicos de prestígio se notabilizaram por actos criminosos repulsivos, ou de simples cidadãos fugazmente destacados por grandes gestos humanistas, mas não vale a pena. 

Todos nós sabemos a balbúrdia que grassa no nosso país. Recordar a morte recente de 64 pessoas, ou o desmazelo do atol de Tancos, só é imperativo pela gravidade das duas ocorrências, mas nem sequer era necessário, porque os Sócrates e os Passos Coelhos desta vida e todos os que ainda lhes lambem as botas bastam para uma retrospectiva do que foram os 'governos' de ambos entre 2005 e 2015. 

Não me orgulho de aqui ter  nascido e vivido a maior parte da vida (embora adore a minha cidade). Nada. Hoje, arrependo-me de não ter fugido à guerra do Ultramar quando nem sequer precisava de fazê-lo. Este país não o merecia. Os impulsos da juventude pagam-se caros... Para mim, não importa ganhar campeonatos de futebol, seja do meu clube ou da selecção (que agora nada me diz). O Ronaldo é português, mas não é Portugal, assim como José Mourinho, ou Lisboa. Nada destas pessoas e desta cidade importam para me sentir abrangido por um sentimento onde a comunidade não entra. Ronaldo e Mourinho foram bem sucedidos nas sua vida pessoal. Ponto. O mérito é deles, e o orgulho também.

Agora, falar do orgulho de um país é uma coisa mais séria, mais  abrangente. É um amplo e deversificado conjunto de casos de sucesso com benefícios de ordem vária para toda uma comunidade. Aí sim, pode caber o orgulho nacional. O resto, é (desculpem-me dizê-lo) folclore politiqueiro para distrair o povinho e "credibilizar" um país dominado por um clube de futebol e meia-dúzia de grupos ligados à comunicação social, com ideias e interesses verdadeiramente desagregadores. 

Bastou ao actual Governo mudar de ideias na decisão da escolha da cidade para a candidatura à EMA (Agência Europeia do Medicamento), para esses cabrões de merda saírem a terreiro conjecturar previamente desgraças e insucessos por ter vindo para o Porto. São mesmo estrangeiros estes gajos! Estrangeiros perigosos!

Que viva Espanha! É de Lisboa que sopram os ventos divisionistas. Para mim, vale mais um galego que mil centralistas juntos. Cabrões!    

PS-Hoje, apetece-me dispensar o politicamente correcto...Estou saturado desta gente. 
Além disto, o Porto Canal em vez de dar relevância ao inquérito feito supostamente na Agência, devia também condenar a sua divulgação dado efeito negativo que pode dar à candidatura do Porto. Também podia convidar um comentador idóneo para falar sobre este assunto, mas nada...
Curioso, ou nem por isso (sabendo do que a casa gasta), é que o inquérito apareceu imediatamente após a mudança da escolha do Governo, o que me leva a duvidar dos propósitos do presidente da APIFARMA. 

Cabe portanto à Comissão Europeia avaliar e decidir as várias candidaturas, pelo que a suposta opinião dos funcionários da EMA não conta para este totobola.