|
O Mirtilo faz muito bem a saúde |
Como disse há uns dias, os únicos programas que costumo ver nas televisões da capital são "A Quadratura do Círculo" e "O Eixo do Mal, ambos na SIC Notícias. São os únicos, mesmo! Muito do que ali é dito, interessa-me, por razões diferentes.
Entre outros assuntos, ontem, no Eixo do Mal discutiu-se um momento infeliz vivido pela Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG/GNR), que a propósito da divulgação das fotos de suspeitos capturados pela PSP declarou (cito), que
os criminosos não são merecedores do mesmo respeito e consideração que o cidadão comum.
Esta frase infeliz, mereceu o consenso geral dos comentadores e as maiores críticas, em tese, as minhas também. Pena é, que nestas ocasiões, em que o espectador concorda com parte considerável do que ali é dito, não possa entrar em contacto directo com os comentadores para lhes dizer porque
não concorda com tudo.
A base da acusação feita à Associação (ASPIG) baseou-se essencialmente no respeito pelo Estado de Direito Democrático (e na falta dele), pela salvaguarda do direito à Justiça, e enfim, por todas essas normas que devem ser honradas. Pelas bases éticas da Constituição, que também eu respeito e defendo. Com isto, estou completamente de acordo. Agora, o que a mim me transcende, é saber como é possível atingirmos todos um elevado sentido de Estado, e exigí-lo a outros (como à Associação em causa), se não damos à democracia a protecção e coerência que ela precisa para lá chegarmos!?
Não será um paradoxo que no mesmo canal onde é transmitido o Eixo do Mal, e supostamente se pretende defender o Estado de Direito de forma tão indignada, se mantenha ao mesmo tempo um bizarro manto de silêncio com programas ali também transmitidos, onde se fomenta a injúria, se ataca a dignidade das pessoas, e se fomenta o ódio? É tudo menos coerente.
Insisto: que saúde se pode dar ao Estado de Direito a transmissão de produtos que só servem para o debilitar? Não estou a referir-me a debates desportivos sérios, animados, mas respeitadores. Contra esses programas não há nada a reclamar e dentro de certas regras. Refiro-me aos programas de intriga, de vigarice, acusadores e indecentes. Essa liberdade abusiva, é o rastilho de uma bomba incontrolável. Estes comentadores do Eixo do Mal souberam todos censurar a ASPIG (e bem), mas parecem uns pombinhos com os "feitos heróicos" de um clube chamado Benfica! Isso é que eu já não compreendo.
A corrupção leva ao abuso, e o abuso do poder pede mais poder ainda. Não interessa saber se a corrupção vem da política ou do futebol, porque a corrupção é sempre um crime! Tanto assim é que, estando o Benfica sob investigação apertada do MP, acusado desse e outros crimes, chegou mesmo ao ponto de espiar a própria Justiça! Não fará a Justiça parte relevante do famigerado Estado de Direito? Por que se queixam então das declarações infelizes da ASPIG, e não abrem o "biquinho" sobre a balbúrdia criminosa que ocorre no Benfica? É nome de santo, agora? Ou compromete? O que é afinal?
Foi por essa razão que concordei (e também discordei) com o que ouvi ontem no Eixo do Mal. Eu, só acredito numa democracia regrada, os comentadores do EM dão-lhe (à Democracia) o direito de acesso ao mundo do crime, mas depois queixam-se dele, sem apresentar soluções.
Duarte Lima foi um figura de Estado. Foi acusado de crime homicida no Brasil, não foi totalmente julgado. Em Portugal foi acusado de "desviar" milhões da vítima. Hoje, goza os frutos do crime em prisão domiciliária (prisão????). Viva este modelo manso de democracia. O Sócrates também o defendia. O candidato Mirtilo seguramente defende também. A actividade política é cansativa, e coitado, não nasceu rico.
|
Aqui não entra ninguém,
excepto os democratas honestos
|
PS-Há alguns anos que ando a tentar explicar porque é que não acredito na democracia portuguesa.
Mais. Venho avisando, à minha maneira, que têm sido as vigarices dos partidos políticos ditos democratas e que estiveram no governo, que dessa maneira só estavam a alimentar os extremistas de direita. Este jornalista, só agora chegou a essa conclusão... São de compreensão lenta, pelos vistos. Ou fazem de conta que não percebem.