Caia ou não caia o Governo, é uma questão de tempo, novas - e pouco promissoras - eleições se desfilam neste cinzento horizonte português. A menos que, entretanto, haja o bom senso de se formar um governo de salvação nacional com os restos que sobram [sobrarão?] de gente capaz e sensata para defender o país dos aprendizes de feiticeiro que ainda nele mandam, dando-lhe um rumo sem ter de recorrer ao extermínio do povo.
Caso se realizem eleições antecipadas, lá teremos de aturar outra vez os feirantes da política a prometer-nos mundos e fundos, rodeados dos tios e das tias, e mais toda aquela prole de lambe-cus que costumam acompanhar as comitivas partidárias em almoçaradas e arraiais. E o mais certo, é que tal não passe da repetição de filmes antigos, para povo enganar, correndo o risco de tudo ficar na mesma [ou pior] uns mêses depois, sem que esta santa democracia nos poupe a um novo ciclo de vilanagem.
Os banqueiros, esses, são bem mais espertos que o povo, se assim não fosse dispensavam as garantias que nos exigem quando precisamos que nos emprestem dinheiro. Não fazem por menos, só nos financiam se dispusermos de bens patrimoniais de valor igual ou superior ao montante requerido, caso contrário, nicles! E até faz algum sentido. Isto de fiar, já foi tempo. Agora com os eleitores já não é assim.. Mesmo estando vacinados contra o regabofe das campanhas, mesmo que não levem a sério as promessas dos candidatos ao trono da República, se os cidadãos quiserem ainda assim votar nalgum programa que lhes pareça convincente, não podem exigir qualquer tipo de garantias, apesar de terem imensas razões para desconfiar das promessas. E as razões abundam, não são ficcionais...
Mas, palpita-me que o povo se quiser votar, terá de o fazer [como de costume] às cegas, por intuição, ou então, simplesmente renunciar ao voto. E como assim tem sido noutras ocasiões, confesso que não compreendo de que se podem os cidadãos queixar se deixarem mais uma vez o país nas mãos de novos irresponsáveis. De garantias, repito, é o que mais precisam os portugueses. Se os Bancos não fiam, por que havemos de fiar nós?
A propósito, hoje havia uma reunião do Conselho de Estado. Ter-se-à Cavaco esquecido de convidar Dias Loureiro e Duarte Lima? É que a presença desses cavalheiros seria uma verdadeira certidão de credibilidade para a classe política...