14 maio, 2015

A minha pátria começa no Porto e pára em Lisboa

Caros leitores e amigos, hoje, escrevo exclusivamente para vocês.  Para todos aqueles que me honram com a sua presença neste simples espaço de cidadania e de Liberdade. Sim, Liberdade com L maiúsculo, porque aqui falámos sem medos, sem mordaças, sem pressões chantagistas. Nós somos mais livres e democratas que todos os media juntos. E não precisamos de um massacre do tipo Charlie Ebdo para afirmarmos o nosso apego à Liberdade. Aqui, não damos como adquirida a conquista da Democracia. Aqui, não se faz da Democracia uma couraça intocável para refúgio de oportunistas, corruptos, e anti-democratas. Para nós, a Democracia é encarada como um processo de aperfeiçoamento permanente, nunca será tida como obra acabada. Porque, é por muitos a acharem terminada, que ela está doente e tarda a reabilitar-se. 

Se hoje disse que  escreveria para os amigos, é por uma razão muito simples: para dizer o que penso, sem preocupações de elegância, politicamente correctas. Estou farto, e cansado de gajos e gajas politicamente correctos. Essa gente não presta.

Começo por vos dizer, que tantos anos decorridos (41) do 25 de Abril, dia em que imaginei que o nosso país ia finalmente sair do cinzentismo salazarento, me sinto profundamente traído. Porque foi por gostar do meu país, que deixei o meu "asilo" de aventureiro no estrangeiro, para regressar e alistar-me no exército e cumprir o serviço militar que me levou para a guerra colonial (Moçambique). Hoje, enquanto português de Portugal (não é pleonasmo, porque há quem tenha a portugalidade centrada em Lisboa), sinto a consciência tranquila, mas se fosse agora, não voltava a fazê-lo. Os "democratas" do pós 25 de Abril que ocuparam lugares distintos demais para a sua categoria, não mereciam tamanho sacrifício. Sabendo do que esta gente é capaz, que é bem pior que foi Salazar (e Salazar não se dizia democrata), ter-me-ia deixado estar onde estava, e não me arriscava a morrer por um país com tão medíocres governantes. 

Mas, se tivesse de me disponibilizar de novo para combater, só uma causa me movia: a descentralização/regionalização. Mesmo com armas, porque pela vontade política, está provado, nada conseguimos. Hoje, abomino, tenho uma empedernida repulsa por tudo o que fale do Terreiro do Paço e por todos aqueles que o bajulam, sem terem sérios motivos políticos para isso. As suas motivações são de mero oportunismo pessoal. Para qualquer nortenho esclarecido, apoiar as políticas centralistas, é um verdadeiro acto de traição à sua região.

Não cometerei o erro de separar o Terreiro do Paço dos cidadãos lisboetas e dos nortenhos que lhes alimentam a soberba, porque são também responsáveis por este clima de discriminação e despudor. O fanatismo instalado no futebol, onde o Benfica é uma espécie de offshore do regime, é aproveitado politicamente sem olhar a meios para atingir os fins mais abjectos. Toda esta bagunça tem passado ao lado da indiferença dos cavalheiros que ocupam os mais altos cargos do país. Como é possível sobrar simpatia por esta gentinha? Como é possível que os nortenhos se sintam bem representados por esta garotada? Como? Só há uma forma: a submissão. E quem se submete, não merece respeito.

Estou certo que, se dissesse estas coisas num estúdio de televisão, a seguir teria de enfrentar  montes, carradas de moralistas, patrioteiros e afins escandalizados por ouvirem um gajo dizer o que sente e não ter medo de o dizer. Foi essa a razão porque comecei esta crónica dirigindo-a exclusivamente aos amigos.

Pouco me importa revolver-lhes as sobras de dignidade, o amor próprio, porque até o que sentem me é indiferente. Tão indiferente, como eles têm sido connôsco todos estes anos, com os nossos afectos, os nossos valores, a nossa pronúncia, os nossos costumes, os nossos clubes, a nossa dignidade, o nosso respeito e nossa liberdade. Eles têm-nos mesmo ódio, porque só o ódio explica a discriminação permanente que nos fazem, e  não se escusam a escondê-lo. A comunicação social é o maior posto avançado desse ódio... E não vale a pena tentarem trocarem-nos as voltas com o cinismo do costume, alegando que estamos a misturar as coisas, que confundimos o futebol com o resto. O futebol não é tudo, mas faz parte desse "resto". Só que o futebol, tem a vantagem de desmascarar muitos cavalheiros, que noutros "palcos" gostam de passar por grandes estadistas, grandes humanistas, grandes políticos e grandes comentadores. O palco do futebol, mais do que o da política, fá-los despir o verdadeiro carácter. Não, nós não confundimos as coisas, e eles sambem-no bem. Por isso, e enquanto prosseguirem nesta vaga ignóbil de rapinagem étnica, social, cultural e económica, olhando para o umbigo da capital como se outro território não houvesse, nunca mais me sentirei integrado numa verdadeira nação. E são eles, só eles, os únicos responsáveis por esta situação.

Estes últimos dias escrevi coisas pouco abonatórias  do Jornal de Notícias, e fundamentei os motivos. Estou a pensar seriamente fazer um ultimato ao actual Director Geral, para lhe comunicar que tudo farei para desacreditar o Jornal de Notícias se o rumo que lhe está a dar fôr aquilo que parece. Se tomar essa decisão, será menos um leitor que o JN perderá. Não um leitor ocasional, um leitor diário, de jornal/papel, comprado. Chega de golpadas!  

PS - Ainda não escrevi ao Afonso Camões - esse perfeito desconhecido albicastrense dos nortenhos que Proença de Carvalho escolheu para Director do JN - , a anunciar-lhe o fim da minha ligação ao jornal, na qualidade de leitor/modalidade papel, que dura há mais de 30 anos. Mas já comecei a dar os primeiros passos nesse sentido. Ontem e hoje, apliquei os 2,80 € dos dois jornais, em coisas mais credíveis. Depois, é como deixar de fumar, a gente habitua-se e os pulmões agradecem...     

13 maio, 2015

Subtilezas de cores diferentes no JN

Com subtileza se brinca com a democracia

Em tons de azul:
um artigo da autoria de Norberto A. Lopes que reproduz as críticas do FCPorto ao director de comunicação do Benfica, João Gabriel, e o acusa de declarações xenófobas a Lopetegui. A notícia é acompanhada de uma foto do treinador portista tirada numa conferencia de imprensa. 


Com subtileza se aduba o eucalipto centralista

Em tons de vermelho
crónica da responsabilidade de Delfim Machado, mais "profunda e humanista", com este título: "Jesus ajudou crianças sem família" (comovente)... Para compor o ramalhete altruísta do novo mestre da táctica, acrescenta uma foto de JJ com este texto ternurento: "quando se insurgiu contra um polícia para defender um adepto benfiquista".

É esta a imagem de marca que o novo JN está a tentar deixar. Se isto, não é brincar com a nossa inteligência, então não sei o que é. Mas, desde quando é que a insurretice e o desrespeito à autoridade de um agente de segurança pública foram exemplos de cidadania? 

Que Porto é este carago? Que JN é este? Só nos faltava esta! Camões: tens nome grande mas fibra de vendido.


12 maio, 2015

Do Jornal de Notícias à intimidação fascisante

"Fabiano não aceita ser bode expiatório  - guarda-redes do FCPorto rejeita responsabilidade total pela goleada de Munique e aponta o dedo a Lopetegui"

Foi com estas palavras e um poster com a foto de Fabiano na 1ª página, que o Jornal de Notícias de sábado saiu a público (confirme aqui). Ora, ouvindo as declarações públicas de Lopetegui, que desmentiu rotundamente a existência de conflito com Fabiano, fartando-se de lhe elogiar o carácter, tudo indica que o JN tenha empolado uma situação inexistente. E como sempre, esta época, o presidente Pinto da Costa aos costumes, disse nada...

Como ainda estarão recordados os leitores mais assíduos, tive ensejo de escrever, ainda não vai muito tempo, um post em que manifestava alguma apreensão sobre a constituição do novo corpo directivo do JN e que me levou inclusivé a publicar uma carta que enviei ao respectivo Director Geral (aqui). Como previa, não obtive resposta...

Ainda não foram decorridos 3 mêses e as minhas suspeitas parecem confirmar-se. O Jornal de Notícias, que já vinha perdendo algum do fulgor genético que o identificava, livre da tutela centralista, parece estar também a dar os últimos suspiros nas mãos dos eternos cães de fila da máquina terreiro-pacista... Paulatinamente, assim como não quer a coisa, o jornal vai cobrindo em tons de vermelho vivo as páginas desportivas, ao mesmo tempo que concorre com os pasquins de Lisboa (Correio da Manhã) na boatice e na facturação. 

A este propósito, gostei de ouvir ontem no Porto Canal o Bernardino Barros confessar aquilo que há muito suspeitávamos, que tem a ver com a pressão, seguida de ameaças (cá está o tal medo de que vos falei há dias) que é feita sobre alguns jornalistas, para publicarem determinadas notícias e não outras... É altamente preocupante, e não menos vexante, que alguém, jornalista ou de outra profissão qualquer, tenha de se sujeitar a estas pressões para manter o emprego. Isto só vem confirmar o que se sente e pressente nos meios de comunicação social: uma intimidação da parte de quem dirige sobre os subalternos num sentido específico de dar certa orientação, tanto a programas como a notícias desportivas. Mas, não deixa de ser grave e pouco dignificante para a classe, que os jornalistas, profissionais que vivem da escrita para poderem exprimir livremente as suas opiniões, se tenham deixado intimidar a este ponto. Por esta altura, e apesar da hipocrisia dos meios em que se movem, deve ser impossível dar o grito de Ipiranga para aqueles que ainda têm espinha dorsal! 

Volto a repertir-me: como irá reagir Pinto da Costa quando perceber (será que ainda não percebeu?) que faz farte de um Conselho Editorial de um provável novo pasquim centralista?  Repito: Pinto da Costa esta época ainda não falou útil, só disse banalidades, evasivas. Mas asseguro-vos que irá falar. Resta saber se falará do presente ou do futuro do FCPorto. Se for sobre o futuro, cá estarei para o ouvir. Se quiser falar do passado/presente, pela minha parte, já não tenho interesse em ouví-lo, porque por muito que tenha a dizer, já vem tarde. E porque nada justifica o pesado silêncio e a desconsideração que teve  para com todo o universo portista.

Para mim, a sua actual postura é um insulto.

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OBS - A título de curiosidade, sugiro uma leitura pelo grupo do Conselho Editorial. Parece mesmo um rebuçado de mel para adoçar a têmpera das únicas figuras que sobraram do Norte. Como não podia deixar de ser, é uma mistura ambígua de pessoas, umas mais relevantes que outras, mas assim, bem prensadas num molhe, baralham e controlam melhor eventuais reacções... Incluindo a do ex-presidente Jorge Nuno Pinto da Costa.

Oferta de emprego!

Álvaro Magalhães
novo candidato a comentador desportivo *
Não se pode dizer que seja propriamente uma novidade, porque não é, mas como cada vez conquista mais adeptos, e é já um facto, digamos que está na moda, aqui deixo a sugestão.

Se o leitor está desempregado, ou vive de uma pequena reforma, tem agora uma boa oportunidade para arranjar emprego bem remunerado, ou de acrescentar uma boa côdea à sua reforma. Para tal, terá de enviar o currículo vitae para o Departamento de Pessoal de qualquer estação de televisão sediada em Lisboa, com os seguintes requisitos: 

Descrição das funções:
  • Comentador desportivo (futebol)
  • Adepto do FCPorto
Requisitos:
  • Ter boa apresentação (não obrigatório)
  • Falar com sotaque lisboeta (de preferência)
  • Ser expedito a falar mal do seu clube, e muito bem do Benfica, ou do Sporting (às vezes)
  • Ter capacidade de autocontrole sempre que detectar ocorrências prejudiciais ao FCPorto
  • Ser masoquista, saber sofrer em silêncio mesmo que insultem a própria mãe (ou o pai)
  • Ter sentimentos solidários com os adversários directos, mesmo sabendo que são ajudados pelos árbitros
  • Usar da ambiguidade quando achar que se impõe defender o clube de forma a preservar o seu posto de trabalho
  • Não interromper os colegas adversários de debate mesmo que falem o dobro do tempo do seu
  • Deixar o pivôt trabalhar à vontade ainda que o discrimine 
Oferece-se:
  • Avença proporcional às manchas de veneno que selar sobre o FCPorto
  • Despesas de deslocação e estadia em hotel de 4 estrelas

* "Lopetegui está a reagir assim porque está a perder. É uma reacção de mau perdedor. Jesus tem conseguido mais com menos recursos". (No JN de hoje)

Outra decepção, mais um "homem do norte", desnorteado 

11 maio, 2015

LOPETEGUI

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JULEN LOPETEGUI
Não sei se Julen Lopetegui se vai manter no comando da equipa do FCPorto da próxima época, nem vou aqui discutir a sua competência enquanto treinador, embora se a quisesse avaliar justamente tivesse de levar em conta o facto de a sua inexperiência enquanto técnico de equipas seniores ser do conhecimento de quem o contratou: Pinto da Costa... Se apostou nele, e numa equipa jovem, então, que saiba esperar que a "planta" cresça, e dê frutos, e que já agora, faça o favor de explicar aos adeptos o que tenciona fazer no futuro próximo, que só lhe fica bem.

Mas, independentemente do que possa acontecer, há uma coisa que Lopetegui já conquistou: o respeito dos adeptos.

Não me lembro de ter passado nos últimos anos pelo FCPorto um treinador tão frontal e assertivo como Julen Lopetegui. O basco não tem papas na língua, mesmo. Sem insultos, nem aqueles lugares comuns que não dizem nada, de humor burro, do tipo uma no cravo e outra na ferradura, muito habitual nos portugueses, Lopetegui fez bem mais do que devia. Levou o FCPorto aos quartos de final da Champions League, discutiu (e ainda discute) o campeonato nacional taco a taco com o outro clube, com as vicissitudes que conhecemos, e fez o mais difícil, que foi defender o FCP fora das 4 linhas, contra tudo e contra todos, quando essa tarefa cabia exclusivamente a Pinto da Costa.

Se há alguém a quem os adeptos não devem culpar pelo que aconteceu de negativo esta época é Julen Lopetegui. Se o fizerem, estão a apontar para o alvo errado, podem ter a certeza. E além de mais, não creio que seja justo. Ah, e é preciso não esquecer que este ano não tivemos Presidente...