Penso não se perder grande coisa, se aliviarmos a pressão de negativismo económico e social instalada no país pelo mão suicida do(s) govern(s), e nos focarmos de novo nos assuntos que nos estão mais próximos. Vou então voltar à carga com a situação do Porto Canal.
Dizia-me hoje o amigo e companheiro de blogue e tertúlias, Rui Farinas, que o FCPorto, actual co-proprietário do Porto Canal, parece alheado do respectivo planeamento programático e informativo. Tenho a mesma impressão, e como já tive oportunidade de dizer, não entendo por que é que o director Júlio Magalhães ainda não foi instado pela SAD do FCPorto a apresentar uma explicação/informação aos espectadores sobre as razões pelo atraso a que aparentemente se chegou. Seria um singelo gesto público de consideração, que só lhes ficava bem e que podia servir eventualmente para tranquilizar as potenciais audiências.
Além da má imagem que esse estranho silêncio transmite, o Porto Canal arrisca-se a perder a confiança dos espectadores que dele perspectivam, mais do que um canal de televisão, uma plataforma de comunicação importantíssima, para o Porto, o Norte e o FCPorto se afirmarem, e se defenderem do ostracismo, da indiferença, e diria mesmo, do desprezo, a que têm sido votados, a todos os níveis, pelo intratável centralismo.
Em termos programáticos, o que de bom ainda há no Porto Canal, vem da anterior administração. Dos poucos programas entretanto criados, suponho que pela actual direcção, alguns, como o que ontem foi transmitido [com o nome "O Parlamento da Região"], com a participação de deputados conhecidos que pouco mais fazem que defender a partidarite trauliteira do costume, não se vislumbra originalidade nem vontade de dar voz a gente mais credível, que podia muito bem fugir do quadro político-partidário, principalmente do chamado arco do poder [PS/PSD/CDS].
O Norte e o Porto, precisam, em primeira instância, de um canal ousado, honesto, frontal; que saiba distanciar-se q.b. de protagonistas gastos e sem credibilidade, chamando a si, de preferência, pessoas sem rabos de palha, com ideias novas, combativa, sem aquele medo irritante de provocar rupturas necessárias. Trazer os amigos do "politicamente correcto" ao canal, será mais uma forma de repetir o embuste de outros projectos que também muito prometeram, e nada cumpriram, acabando engolidos pelos capangas do centralismo [NTV e RTPN].
Falando nisto, lembrei-me de Pedro Baptista, líder do Movimento do Partido do Norte, e do seu aparente afastamento do Porto Canal. Terei de lhe perguntar, se foi ele que se afastou, ou se é o Porto Canal - ou alguém em seu nome -, que recomendou o seu afastamento, talvez inspirado naquele enigmático argumento de ser portador de alguns "anti-corpos"...
Pessoalmente, considero que no contexto político e social da actualidade, todos os anti-corpos são necessários para fazer frente a um outro corpo, esse sim, monstruoso, chamado centralismo que, paradoxalmente, parece não provocar alergias a ninguém, embora alguns passem a vida a queixar-se dele, só e quando, vão ao Porto Canal...
Tem a palavra o FCPorto. E, seria bom que a palavra do FCPorto fosse a do Jorge Nuno Pinto da Costa irreverente, dos bons velhos tempos.