08 agosto, 2017

Impensável, a réplica da época passada


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Já não sei o que é pior. Se a corrupção que se instalou no país, com a permissividade dos governantes, ou se são os cidadãos que a condenam, mas que ao mesmo tempo a toleram. 

Não fui eu, nem seguramente os leitores, que induziram os Dias Loureiros e os Duartes Limas desta bela democracia a enveredar pelos honrosos caminhos da delinquência. Se um, conseguiu escapar à Justiça e enriquecer subitamente, o outro, vai gozando os frutos das suas rapinagens num apartamento de luxo, em liberdade, embora nos queiram convencer que se mantém em prisão preventiva...

Podia falar também do ex-1º. Ministro José Sócrates, que só não foi condenado por viver em Portugal, onde a Justiça não passa de um constante circo cujas cobaias são zelosamente extraídas da pequena marginalidade para servirem de "exemplo". Esses, vão quase sempre parar à cadeia. Não faltam outros modelos, além dos que elenquei, davam para um livro com 600 páginas. Mas, não é preciso, porque sabemos todos muito bem quem eles são.

Mas, isto cansa de facto. Tal como os leitores, pouco mais posso fazer que denunciar esta pouca vergonha neste despretensioso espaço. No futebol, a nojeira é ainda mais difícil de suportar. O clima de impunidade perene  é cada vez menos tolerável porque além de sermos espectadores, somos simultaneamente testemunhas da podridão instalada nos bastidores do nosso futebol.   

A vergonha será tanto maior quanto a permitirmos. O futebol tem de ser antes de tudo regenerado. Mantê-lo neste estado, onde os sinais de corrupção já passaram ao patamar de provas, é colaborar para mais um campeonato viciado à partida. Os demais clubes (excepto o Sporting)  estão silenciosos. Não deviam, porque como já disse inúmeras vezes, nestes casos o silêncio é um voto de apoio ao criminoso. É outra forma de  cumplicidade. Mas isso, é lá com a consciência dos respectivos dirigentes.

Com o FCPorto não aceito mais um ano de silêncio. Estou (quero estar), convencido que depois de termos feito o papel de Sherlock Holmes, de denunciarmos este embuste mafioso dos e-mails, que não vamos deixar o(s) criminoso(s) sair intactos desta escandaleira, mesmo conhecendo a dimensão dos tentáculos do polvo. O campeonato já começou, e ao que pudemos ver, a bandalheira continua. Com vídeo-árbitro, ou sem ele, é a integridade dos homens que conta. Quem vicia o jogo no campo, também o faz frente a um ecrã. Não tenho ilusões sobre isso. A tecnologia vale o que vale. 

Não estou disposto a assistir a mais uma época de provocações e ofensas. O Porto, o meu Porto não era assim. Lutava, e exigia! Temos moral, e razões de sobra para ralhar com o Governo! Se o FCPorto se deixar de novo anestesiar por qualquer promessa politiqueira, sem que a Justiça seja reposta, deixo de uma vez por todos de falar do meu clube. Ele, como a cidade, como os portistas, merecem mais coerência com os slogans que o caracterizam. Basta de lamentos, vamos às atitudes e obrigá-los a olhar para nós com respeito. Definitivamente.
   

06 agosto, 2017

Há países, e paísezinhos

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Venceu a Holanda, mas se fosse
a Dinamarca era igual.
Venceu a dignidade e
o futebol sério


Assisti, por mero acaso, à final do Campeonato Europeu de futebol feminino entre a Holanda e a Dinamarca, e fiquei francamente impressionado. E não foi por se tratar do belo sexo das nórdicas e das holandesas. Foi muito mais do que isso. 

Quem quiser ficar agarrado a preconceitos machistas como aquele que por aí ainda anda, afirmando que o futebol é um desporto exclusivamente para homens, pode continuar a pensar assim, mas parou no tempo com certeza.

A evolução técnica do futebol feminino, comparada com o masculino, levando em consideração a antiguidade dos machos, é muito superior em muitos aspectos. Há na nossa 1ª. Liga, e mesmo nos escalões mais altos dos juniores, jogadores que rematam e dominam a bola muito pior que muitas mulheres. 

O facto de este jogo ter sido disputado entre duas equipas de países do Norte da Europa é de per si uma das razões que explica o fenómeno. E não se pense que as mulheres evitam o jogo "viril" muito peculiar nos homens. Não senhor, dão o corpo à bola com valentia, mas com muito mais fair play. Tive oportunidade de ver noutros jogos, jogadoras marcarem golos sem deixarem pousar a bola na relva verdadeiramente espectaculares! Golos que raramente, muito raramente mesmo, vemos no futebol masculino em Portugal. Para mim, são os golos mais sensacionais, porque não dão grandes hipóteses de defesa aos guarda-redes.

A cerimónia final deste evento foi sóbria, de uma dignidade tal, que ao vê-la, lembrei-me do esgôto descapotável em que se tornou o futebol nacional. Chegou-me logo aos neurónios a qualidade postiça dos nossos árbitros e a promiscuidade entre estes e um certo clube, abençoada e partilhada pelo Estado. Senti-me profundamente triste por ter nascido neste país, e simultaneamente (confesso),  com ciúmes daqueles dois pequenos/grandes países (apesar de todas as crises).

Caros amigos, não precisam evocar a universalidade da imperfeição humana, porque cá o rapaz já tem uns anitos, e já correu um pouco do mundo. Não há países perfeitos. Mas que diabo, podíamos ser um bocadinho mais amigos da rectidão e dos bons hábitos.