04 fevereiro, 2012

Porto Canal (I)

Com a intervenção do FCPorto, o Porto Canal passa por uma espécie de "segundo nascimento" que justifica uma enorme expectativa quanto ao posicionamento que vai adoptar. Num país doentiamente super-centralizado em todos os domínios, aos quais não foge a Comunicação Social, o aparecimento de um orgão que se pretende voltado para a Região Norte, é um evento promissor que, quem sabe, poderia indiciar o início de uma nova época em que o desequilíbrio Lx/resto do país pudesse ser atenuado. Para que isso seja possível, o novo Porto Canal não poderá limitar-se a pretender ser mais um igual aos outros.

A sua estratégia terá de ser inteligente e realista, com objectivos sensatos e bem definidos, com um público-alvo criteriosamente escolhido. Eu diria mesmo e, se fosse o responsável máximo pelo canal assim o faria, que a questão da definição de objectivos e posicionamento e da estratégia para os alcançar, é tão complexa e vital ,que não deveria estar limitada a uma só pessoa, por muito profissional e experiente que fosse, nem sequer confinado a um grupo restrito só porque são dirigentes do canal. Eu, no lugar do responsável máximo, trataria de ouvir um alargado leque de pessoas de variadíssimos campos e sensibilidades, individualidades de destaque na Região ou simples anónimos que no entanto poderão ter sugestões válidas.

Para bem do canal e para um completo aproveitamento da sua capacidade influenciadora das populações nortenhas, espero que o grupo dirigente não se arvore em detentor único da verdade e tome decisões estratégicas só "porque sim", só porque é dirigente. Esta circunstância não lhe dá o direito de errar clamorosamente, e deste modo alienar uma válida tentativa de afirmação de um canal de TV nortenha.

Penso que a opção inicial que foi tomada pelo FCP quando decidiu responsabilizar-se pela gestão do canal, foi a mais correcta. Quiseram um canal que não fosse apenas um canal mais ou menos sectário de um clube desportivo, mas sim um canal que pretende ir além disso e por-se ao serviço de uma certa ideia de "nortismo", ao mesmo tempo que no plano desportivo dá prioridade absoluta ao FCPorto, assumindo o seu portismo, ao contrário da CS lisboeta que pretende esconder o seu ódio ao FCP abrigando-se atrás duma pretensa neutralidade e idoneidade, atitude que acaba apenas por ser um reflexo representativo da sua falência moral e profissional. Como diz o Rui Valente no seu post de ontem, não queremos essas prostitutas no Porto Canal.

Se aplaudo a opção inicial para o canal, tenho fortes reservas em relação a opções estratégicas tomadas posteriormente a nivel de gestão, que me suscitam fundadas dúvidas. Para não tornar este texto demasiado enfadonho, continuarei estes comentários o mais brevemente possível.

03 fevereiro, 2012

Jhon Denver

Preocupações de Júlio Magalhães denunciam a cobardia das elites nortenhas


Suponho que valerá a pena ler as declarações de Júlio Magalhães proferidas 4ª.feira passada, na tertúlia do café Astória, no dia em que assumiu a direcção do Porto Canal para confirmarmos que o mal do Norte está nas suas elites:

«A RTP tem esvaziado a sua redacção do Porto e a primeira vaga de despedimentos já falada vai começar por esta delegação. São 400 no Porto mas esquecem-se que em Lisboa são 2000. E ao que sabe será uma saída forçada de 150 profissionais. A SIC fez um grande investimento num estúdio fantástico em Matosinhos mas agora não tem operacionalidade. E na TVI também houve esse esforço na minha direcção mas agora não se vê na nova grelha conteúdos que possam ser desenvolvidos no Porto», falou, munido de profundo conhecimento de causa. Mediante isto, Júlio Magalhães foi directo aos desígnios que o acompanham no projecto que acaba de abraçar.
  
«Está aberto o espaço e esta é uma possibilidade única de ter um canal do Porto aberto para todo o país. Queremos fazer do Porto Canal uma referência, também de serviço público, oferecendo amplitude de conteúdos em difusão por cabo. E, finalmente, quanto mais possível, dar expressão a vozes do norte de todas as áreas, chamando massa crítica e formando talentos», sublinha Júlio Magalhães, esperançado em dar a volta às dificuldades inicias encontradas, autêntico espelho fiel de um país dominado pelas directrizes da capital.

«Além de ser importante sensibilizar a norte algumas instituições para que deixem de estar de costas voltadas, o entrave maior que já comecei a sentir prende-se com a tentativa de estabelecer parcerias com empresas de cá, que me remetem para as suas sedes em Lisboa», relatou Júlio Magalhães, já desprendido «da cadeira do poder na TVI», desgastados por algumas lutas internas e apostado em dar um rumo mais revigorante ao Porto Canal e para isso apelando a uma maior união e cumplicidade em torno das novas ideias.»

Só espero é que Júlio Magalhães não caia no mesmo erro das elites nortenhas, e se lembre de convidar para o Porto Canal os despedidos da RTP, alguns dos quais são cúmplices do centralismo. Se não for cuidadoso no recrutamento e selecção de pessoal, arrisca-se a destruir o novo projecto do Porto Canal. Gente que se dá bem com Deus e com o Diabo, é do pior que há para o canal dar o tal salto de qualidade.

Espero também que não caia na armadilha de escolher como convidados, toda a comandita de figuras públicas e privadas, que nada de bom fizeram pelo Norte. Que deixe o Prof. Marcelo lá pela TVI, pois nunca o ouvimos preocupado com a discriminação centralista contra o Norte. 

Nós precisámos de despoluir o ambiente de protagonistas papagaios e fúteis, precisámos de esperança, de gente nova e descomprometida com o passado. Não precisámos de ouvir cassetes usadas.    

 

02 fevereiro, 2012

Totoloto - a vigarice do costume. Jacpots destes ninguém quer

Totoloto
Sorteio: 009/2012 - Quarta-Feira Data do sorteio: 01/02/2012

Chave: 7 9 23 27 43 + 1 Ordem Saída: 7 23 43 9 27 + 1


Prémio Acertos Número de vencedores Valor
1.º Prémio 5 Números + Nº da Sorte 0 (1)
2.º Prémio 5 Números........................1              € 26.493,15
3.º Prémio 4 Números.................  279              € 118,69
4.º Prémio 3 Números..............  9.518              € 3,47
5.º Prémio 2 Números.........  124.397              € 1,59
Nº da Sorte Nº da Sorte 60.850 Reembolso do valor da aposta de Totoloto
Estatísticas
Nº de Bilhetes/Matrizes 535.742
Nº de Apostas 1.486.709
Receita ilíquida apostas € 1.338.038,10
Montante para prémios € 662.328,86
                                                                                       (1) Previsão 1º Prémio c / Jackpot € 3.200.000,00

Lucho Gonzalez, um Senhor

LUCHO GONZALEZ, UM LÍDER
A menos que me escape qualquer coisa, eventualmente obscura, a decisão de Lucho Gonzalez regressar ao FCPorto, abdicando de 6 milhões de euros a que teria direito no final do contrato com o Marselha, de desistir de vários prémios, e de se disponibilizar a ganhar no FCPorto menos de metade do que ganhava, a atitude deste excelente e honrado jogador, é, a todos os níveis digna de louvor. É um "Comandante" no futebol, é verdade, mas mesmo assim, atribuía-lhe de bom grado a Torre de Espada, a condecoração mais prestigiante que se pode entregar a um militar. Isto, diga-se de passagem, já não se usa...

Mesmo admitindo que o FCPorto o possa recompensar com qualquer prémio extraordinário, a decisão do Lucho, para além de sensibilizar os adeptos que já nutriam por ele uma admiração especial, vem de certa maneira também pôr o dedo na ferida ao patriotismo de alguns nativos [e não são assim tão poucos] que gravitam no nosso futebol. Que me lembre, até hoje, ainda não tive o prazer de ver exemplo semelhante, em termos de desprendimento ao vil metal, da parte de jogadores portugueses. Pelo contrário, o que temos visto, são Figos a trocar de clube por uma paixão cega, mas às pesetas [no Barça foi apelidado de pesetero], para depois de terminada a carreira e de engordada a conta bancária ceder à hipocrisia de discordar da representação na selecção nacional de jogadores estrangeiros legalmente nacionalizados... Este, é o tipo de"patriotismo" mais cobarde, bacôco e contraditório que alguma vez se pôde imaginar. Mas, em Portugal, fez, e continua a fazer, escola [que o confesse Scollari].

Mas, Luís Figo, nem sequer é quem fica pior na fotografia, até porque, ganância à parte, como profissional, foi um jogador modelar, em termos de aplicação nos jogos, tanto nos clubes onde jogou, como na selecção. Como tal, é justo destacar-lhe a competência que enquanto futebolista justificou o bom dinheiro que ganhou.

O mesmo é impossível dizer de quem devia dar o exemplo e nunca o dá: os senhores políticos. Esses, a avaliar pelo resultado prático do seu "futebol" - que é a governação do país -, nem sequer foram homens para mostrar capacidade para jogar numa "liga de honra", nem muito menos numa "profissional"...  Os resultados são desastrosos e fracos, e quanto à  honra ou à dignidade, estamos conversados.

Lucho, em comparação com a escumalha política, é sem dúvida de outra dimensão, um exemplo para guardar e mais tarde recordar.

Neo-liberalismo

O actual governo liderado pelo pseudo social-democrata Passos Coelho é, sem sombra de dúvidas, o mais liberal de todos os governos que têm passado pela democracia portuguesa (com ou sem troika). Tem vindo a criar todas as condições para uma vaga de privatizações nas mais diversas áreas (saúde, educação, transportes, etc.), cortando serviços em todos os sectores de modo a que os cidadãos procurem agilizar a sua vida recorrendo por necessidade aos privados.

É o maior retrocesso civilizacional, sem precedentes, o que se está a passar actualmente em Portugal, especialmente nestes sete meses de governação dos partidos neo-liberais no poder. (Nunca Sá Carneiro fez tanta falta como agora)! 

Andamos quase todos a pagar impostos, cada vez mais elevados, para ter serviços destinados aos cidadãos, mas os iluminados que governam o país acham que se os trabalhadores portugueses trabalharem mais horas, com menos dias de férias e menos feriados, fica o problema resolvido, enquanto os lucros das vendas de empresas públicas e o apuro dos impostos cobrados, continuarão a ser geridos para pagar a troikas, a boys e afins, sobrando os trocos para os poucos serviços sociais que vão resistindo.

A redução dos défices público e privado tem sido paga pelo português comum, que depende do seu salário ou da sua pensão para viver, além dos mais desfavorecidos que vêem o S.N.S. ser desmantelado aos poucos, os aumentos dos transportes serem brutais, a energia ser cobrada aos prêços mais elevados da Europa (onde o salário mínimo é 4 vezes superior ao português), etc.etc.
 
Não foi o povo que governou este país ao longo dos últimos 38 anos de democracia. Os que governaram e governam estão muito bem na vida. Mas é o povo que se torna sempre o “bode expiatório” e que tem que pagar as crises.

“Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição”! Governam-se!
 
Renato Oliveira

(Porto)



Nota de RoP:
Este post foi enviado pelo Renato Oliveira para o Correio do Leitor do Jornal de Notícias

O JN e os tiros nos pés

O JN de hoje mostra-nos - sem emitir opinião -, um vídeo alegadamente de cariz sexual, da Fundação Leizaola para promover a língua basca. Depois de ter vizualizado o referido vídeo, devo confessar que esperava outra coisa, mais hard-core,  menos púdica... Aliás, pessoalmente, até achei as imagens algo inocentes para terem causado tanta polémica em Espanha. Mas, conhecendo a realidade espanhola, até se compreende, dada a resistência que o governo central espanhol tem colocado a todas as lutas pela independência de um povo que, linguística e etnograficamente nada tem a ver com o castelhano. Se o governo espanhol nunca mostrou o mínimo interesse em negociar a independência  com os bascos, quer pela via do diálogo, quer por cedência à pressão subversiva e violenta da ETA, onde está a maldade deste vídeo? 

Já agora, seria interessante saber se a administração e a directoria do "nosso" JN têm opinião formada sobre este assunto, e se aplaudiriam o Renovar o Porto se decidisse divulgar as três ou quatro páginas diárias com imagens de publicidade à prostituição, sem um outro objectivo, que não, o comercial. Se o fizessem [por exemplo], para promover a Regionalização, talvez nem fosse má ideia. Pelo menos, mais digerível e objectiva, era certamente.

PS-Impossível ler o texto deste post em qualquer jornal nacional. Espero que já tenham percebido porquê...

01 fevereiro, 2012

Benfiquistas acusam o toque quando ouvem a verdade

Se há coisa que me dá particular prazer, é fazer  com os centralistas o mesmo que eles fazem com o resto do país, isto é, ignorá-los, fazê-los passar - ainda que por breves momentos -, pelo garrote da censura, deixá-los entregues à sua própria pequenez . 

Hoje, deparei na caixa de comentários com um dessas criaturas, toda melindrada com o que escrevi sobre o Eusébio, tentando injectar-me aquelas "verdades" fabricadas à medida das suas conveniências e dos seus esfarrapados valores. Tão grande é o desprezo que essa gentinha me infunde, que nem sequer me dei ao trabalho de ler o comentário até ao fim, pois já conheço, de cor e salteado, a megalomania ancestral do discurso. Mas, confesso que me dá um certo gozo confrontá-los com a realidade de uma democracia falsa e falida, feita à medida dos seus interesses, que nem mesmo Salazar ousaria praticar. 

30 janeiro, 2012

A justiça sem papas na língua do nosso procurador-geral




A entrevista que o procurador-geral distrital do Porto concedeu e o JN publicou na edição de ontem é enorme demonstração de cidadania.

Se o bem e o serviço públicos estiverem nas mãos de homens como Alberto José Pinto Nogueira. Um procurador frontal, que não se refugia no cargo para se inibir de testemunhar e clarificar o que a maioria dos portugueses intui mas não entende as razões de fundo. Ou seja: que os mais graves problemas de que sofre a justiça têm origem na política. Seja por deficiente ou excessiva legislação, seja por abuso de poder, geralmente associado à ideia de que as funções e cargos de serviço público podem ser um guarda-chuva para comportamentos pessoais postos em causa e susceptíveis de escrutínio judicial. E judicioso.

Para aqueles que, em Portugal, defendem com unhas e dentes a necessidade de aceitarmos, todos, a avaliação contínua como forma de implantação da meritocracia, as respostas que Pinto Nogueira dá às questões que ensombram a nossa sociedade deveriam constituir a magna carta da reforma das reformas: a da justiça. Porque sem ela, e com a crise a vergastar--nos, dificilmente nos uniremos e mais dificilmente ainda seremos solidários.

O mais entusiasmante do que pode ser esta reforma das reformas é que ela requer austeridade. Exactamente! Austeridade nas leis, por exemplo. Que é o que responde Pinto Nogueira quando lhe perguntamos se também ele tem ideia de que os ricos se safam sempre: "Têm dúvidas de que se eu tiver um processo desses, ele nunca mais acaba? Para combater é preciso leis mais simples".

Austeridade também na resposta à questão de sabermos se faz sentido combater a corrupção criando um novo crime de enriquecimento ilícito: "Esse novo crime partiu da cabeça de uma pessoa que andou a investigar a Câmara de Lisboa [...] e no fim disse: Não acusamos porque não é crime".

Ainda austeridade quando responde sobre o receio do que a política ainda possa vir a fazer à justiça: "Tenho medo é dos telefonemas dos políticos. Já houve um que telefonou para cá porque uma procuradora do DIAP o acusou. Queria que eu demitisse a procuradora... E, não contente, telefonou ao procurador-geral".
Austeridade, por fim, quando aborda o problema da mediatização da justiça a propósito da "Operação Apito Dourado", uma das mais badaladas: "[...] perguntaram-me o que achava da ideia de formar uma equipa especial. Quando saí do gabinete, já estavam a anunciar na televisão. Sem um único magistrado do Porto. Porquê. Eram especiais de quê? Ressuscitaram processos de forma infundamentada que nem chegaram a julgamento"

29 janeiro, 2012

Se os media andam a dormir, nós não andamos!



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 Totoloto
Sorteio: 008/2012 - Sábado Data do sorteio: 28/01/2012
Chave:1528333642+2Ordem Saída:1536423328+2
PrémioAcertosNúmero de vencedoresValor
1.º Prémio5 Números + Nº da Sorte0(1)
2.º Prémio5 Números0(2)
3.º Prémio4 Números165€ 476,90 
4.º Prémio3 Números6.857€ 6,37 
5.º Prémio2 Números107.408€ 2,44 
Nº da SorteNº da Sorte88.382Reembolso do valor da aposta de Totoloto
Estatísticas
Nº de Bilhetes/Matrizes665.761
Nº de Apostas1.962.554
Receita ilíquida apostas€ 1.766.298,60
Montante para prémios€ 874.317,81
(1) Previsão 1º Prémio c / Jackpot€ 2.900.000,00
Observações
(2) Nos termos do Regulamento, o montante do 2º prémio acresce ao montante do 3º prémio.


Ainda espero da Santa Casa da Misericórdia uma resposta clara e transparente, sobre as dúvidas que aqui tenho levantado e lhe tenho comunicado. Na prática, o que conta são os resultados, e os resultados, neste novo ciclo de concursos [que se prevê longo], continuam a dar-me razão: não há prémios, e sem premiados, [com o 1º. prémio], não vale a pena mesmo jogar. No sorteio de ontem, inclusivé, também não houve apostas premiadas com o 2º. prémio... 


Tirem as vossas próprias ilações e passem-nas a amigos e familiares que costumem desperdiçar dinheiro neste jogo.