Com a intervenção do FCPorto, o Porto Canal passa por uma espécie de "segundo nascimento" que justifica uma enorme expectativa quanto ao posicionamento que vai adoptar. Num país doentiamente super-centralizado em todos os domínios, aos quais não foge a Comunicação Social, o aparecimento de um orgão que se pretende voltado para a Região Norte, é um evento promissor que, quem sabe, poderia indiciar o início de uma nova época em que o desequilíbrio Lx/resto do país pudesse ser atenuado. Para que isso seja possível, o novo Porto Canal não poderá limitar-se a pretender ser mais um igual aos outros.
A sua estratégia terá de ser inteligente e realista, com objectivos sensatos e bem definidos, com um público-alvo criteriosamente escolhido. Eu diria mesmo e, se fosse o responsável máximo pelo canal assim o faria, que a questão da definição de objectivos e posicionamento e da estratégia para os alcançar, é tão complexa e vital ,que não deveria estar limitada a uma só pessoa, por muito profissional e experiente que fosse, nem sequer confinado a um grupo restrito só porque são dirigentes do canal. Eu, no lugar do responsável máximo, trataria de ouvir um alargado leque de pessoas de variadíssimos campos e sensibilidades, individualidades de destaque na Região ou simples anónimos que no entanto poderão ter sugestões válidas.
Para bem do canal e para um completo aproveitamento da sua capacidade influenciadora das populações nortenhas, espero que o grupo dirigente não se arvore em detentor único da verdade e tome decisões estratégicas só "porque sim", só porque é dirigente. Esta circunstância não lhe dá o direito de errar clamorosamente, e deste modo alienar uma válida tentativa de afirmação de um canal de TV nortenha.
Penso que a opção inicial que foi tomada pelo FCP quando decidiu responsabilizar-se pela gestão do canal, foi a mais correcta. Quiseram um canal que não fosse apenas um canal mais ou menos sectário de um clube desportivo, mas sim um canal que pretende ir além disso e por-se ao serviço de uma certa ideia de "nortismo", ao mesmo tempo que no plano desportivo dá prioridade absoluta ao FCPorto, assumindo o seu portismo, ao contrário da CS lisboeta que pretende esconder o seu ódio ao FCP abrigando-se atrás duma pretensa neutralidade e idoneidade, atitude que acaba apenas por ser um reflexo representativo da sua falência moral e profissional. Como diz o Rui Valente no seu post de ontem, não queremos essas prostitutas no Porto Canal.
Se aplaudo a opção inicial para o canal, tenho fortes reservas em relação a opções estratégicas tomadas posteriormente a nivel de gestão, que me suscitam fundadas dúvidas. Para não tornar este texto demasiado enfadonho, continuarei estes comentários o mais brevemente possível.