17 novembro, 2017

Humor negro de Camilo

Germano Silva
Germano Silva

A história é conhecida, mas vale a pena relembrá-la. Camilo Castelo Branco conheceu Ana Plácido, a sua “paixão fatal”, por 1850, aqui no Porto

"Era num baile. Ondulava / d’ouro e sedas o salão…” Ela, “ beleza de Rubens, colo de jaspe, talhe de haste flexível que o mais leve sopro derruba “ tinha, então, dezassete anos e estava noiva de Manuel Pinheiro Alves, um homem bastante mais velho, quadragenário, rico comerciante da rua do Almada.
O casamento realizou-se em setembro daquele ano. Durante nove anos Ana Plácido, culta, romântica, idealista, resistiu ao fogo da paixão. Mas em 1859 deu o passo fatal: abandonou o marido e foi refugiar-se nos braços de Camilo levando com ela o único filho ainda pequeno.
O resto é por demais sabido: um ano depois de ter abandonado o lar conjugal (26 de março de 1860) Ana Plácido foi presa na Cadeia da Relação do Porto, onde Camilo também daria entrada, uns meses depois (5 de maio), acusados, ambos, do crime de adultério.
O caso subiu a tribunal onde veio a ser julgado pelo juiz José Maria de Almeida Teixeira de Queirós, pai do nosso grande Eça de Queirós que, no princípio não quis intervir no caso, “ por razões de consciência”, mas acabou por presidir ao julgamento de que os réus saíram absolvidos.
Três anos mais tarde (15 de julho de 1863) Pinheiro Alves estava às portas da morte. Vivia, então, hospedado num hotel de Vila Nova de Famalicão. Pediu que lhe levassem um confessor ao leito da morte. A ordem foi cumprida e lá compareceu o padre para assistir aos últimos momentos do moribundo. Confessou-se e no final o sacerdote advertiu-o de que só lhe podia dar a absolvição se ele perdoasse quantos o haviam ofendido.
Ofegante, Pinheiro Alves condescendeu. Que sim, que perdoava a todos, incluindo à mulher adúltera, “ exceto àquele homem…” – frisou. Aquele homem era Camilo. O sacerdote insistiu: Tem que perdoar a todos senão… Resposta pronta do moribundo: “ A esse não perdoo…” Então não o absolvo”, tornou o confessor. “ Irei para o inferno, retorquiu Pinheiro Alves, mas não perdoo…” E não perdoou.
Coisa curiosa. No dia e à hora a que Pinheiro Alves expirava, no silêncio de um modesto quarto de um hotel de Famalicão, Camilo, recostado no leito de um hospital de Lisboa, onde fora procurar solução para os seus muitos achaques, lia um romance. A Alberto Pimentel, um dos seus biógrafos, contou mais tarde que, exatamente à hora em que Pinheiro Salves morria, sentiu, de repente, “ um aperto misterioso e inexplicável nos gorgomilos, como se uma hercúlea mão invisível o estivesse a estrangular.” Ele há coincidências…

15 novembro, 2017

Benfica, fica mal e porcamente! E o Estado, também!


Não tenho filiação partidária, tenho sim uma simpatia quase endémica por concepções políticas de esquerda. Melhor falando, por doutrinas verdadeiramente humanistas, que não é bem a mesma coisa. Os extintos países comunistas da Europa, colapsaram pela forma pidesca como combateram e perseguiram os opositores do regime,  hipotecando a componente humana da doutrina. Esse, foi talvez o calcanhar de Aquiles de todos os regimes comunistas, e continuará a ser, caso não tenham capacidade para os reinventar. Mesmo assim, derrubados que foram os muros com os países capitalistas, hoje, não são mais felizes do que antes. Na própria Rússia de Putin, há uma grande comunidade de comunistas que já estão arrependidos pelo fim do regime anterior, mesmo os que lhes reconhecem falhas.

Desprezo o capitalismo selvagem das sociedades contemporâneas, e jamais as defenderei como paradigma de sociedade. São sistemas corruptos por natureza, e corruptíveis por contágio. É a certeza da vida que mais se aproxima da certeza da morte, nem sequer é um efeito colateral.  O fenómeno Bilderberg ganha cada vez mais pragmatismo, ainda que poucos se apercebam da sua monstruosidade para a o homem. José Saramago bem dizia: "Não são os políticos os que governam o mundo. Os lugares de poder, além de serem supranacionais, multinacionais, são invisíveis".

Enquanto outros ventos não chegam, e a própria União Europeia não se mostra interessada em fugir destas tentações, que mais a tornam uma cúmplice da "bilderberguização" global, do que vítima, já me contentava em viver num regime capitalista moderado, do tipo escandinavo. A Escandinávia é seguramente a única região do planeta onde as populações menos motivos têm para se envergonhar, enquanto tal. Como sistemas capitalistas que são, sujeitam-se aos consequentes surtos de corrupção, só com uma sintomática diferença por comparação com Portugal, são poucos, e quando detectados, pagam contas à Justiça.

Em Portugal, ou expressando-me melhor, em Lisboa, cultiva-se e protege-se a corrupção. Em Lisboa, governantes, partidos-políticos e comunicação social, orgulham-se de serem cúmplices de um clube de futebol com claques ilegais e assassinas. Sim, assassinas! Não, não estou a delirar, é verdade!

Chama-se: Sport Lisboa e Benfica.   

14 novembro, 2017

Ter catraios no Governo dá nisto

Jõao Paulo Rebêlo
O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, frisou, esta segunda-feira, que não existem "tratamentos diferenciados" no futebol português e referiu que nenhum clube pode prestar apoio direto a grupos afetos de adeptos não registados.

"Não é aceitável saber que há, ou imaginar que possa haver, um tratamento diferenciado. Somos todos rigorosamente iguais à luz da lei. O Instituto português do Desporto e da Juventude está a trabalhar e isso deve deixar descansados todos os que seguem o desporto", começou por sublinhar João Paulo Rebelo.

À margem do lançamento da bandeira da Ética, que decorreu no complexo desportivo da Academia da Estrela, em Lisboa, o secretário de Estado deixou claro que "não há clubes de clubes de primeira nem de segunda", alertando que a "lei é para ser aplicada a todos de forma inequívoca".

Questionado sobre os eventuais apoios prestados pelos clubes aos grupos afetos de adeptos não registados, a resposta foi clara, garantindo que "não podem existir".

Nota de RoP:

Estas reacções são acepipes muito difíceis de digerir. Bem sei, que um catraio, é um catraio, que quem o nomeou para o cargo de Secretário de Estado do Desporto, ainda mais catraio é. Só ao fim de quase meio ano, é que este Chico-esperto se decidiu a pôr o pescoço de fora? E ainda por cima para fazer de nós colegas de creche?
  
Estas declarações pecam por tardias e por razões obscuras... É que, mesmo sendo tardias não acrescentam nem esclarecem nada. E, das duas, uma,ou é gato escondido com o rabo de fora,ou  uma provocadora resposta cheia de nada. Talvez me engane, mas cá para mim, cheira-me a lexívia.

Caros leitores: estou disponível para encabeçar uma petição a exigir a demissão imediata deste miúdo.  

PS-Na impossibilidade de publicar um artigo de Álvaro Almeida, ex-candidato à Câmara do Porto, referente à independência da Catalunha/Regionalização portuguesa, deixo aqui o link cuja leitura recomendo: