17 janeiro, 2009

4ª Reunião ACdP

No próximo dia 22 de Janeiro,5ªfeira,  pelas 21.30h, terá lugar no Clube Literário do Porto, a quarta reunião da Associação de Cidadãos do Porto, que terá a seguinte agenda:

Convite à mobilização para a defesa do Aeroporto

Acções de defesa da Gestão Autónoma

O impacto do Aeroporto na Região Norte


Inscrições: porto.agora@gmail.com
Clube Literário do Porto: Rua Nova da Alfândega, 22 | 4050-430

16 janeiro, 2009

Poesia "à moda do Porto"

Vaidade ou ostentação
Ou apenas amor à beleza?
Preguiça ou negligência
Ou somente moleza?
Ira, ódio ou vingança
Ou simples indignação?
Luxúria ou lascívia
Ou pura sensualidade?
Avareza ou egoísmo
Ou simples ambição?
Inveja ou cobiça
Ou somente desejo?
Gula ou voraz apetite
Ou apenas insaciedade?
Dos sete pecados
Que dizem, mortais
Dos sete, aqui, ilustrados
Qual será que mata mais?
Mulher Lua
(Extraído do blogue Luar Africano)

Angela GHEORGHIU - Habanera - Carmen

Bom fim-de-semana


Não quero acreditar que seja possível

No meu post de ontem mostrava indignação. Hoje trata-se de perplexidade.


O Alexandre Ferreira relatou-me agora a fantástica experiência televisiva que foi o debate no Porto Canal sobre o Aeroporto, em que acontece mais ou menos isto:

Guilherme Pinto, QUE TEM INSTALADO UM AEROPORTO INTERNACIONAL NO CONCELHO A QUE PRESIDE, afirma que a ANA não vai ser privatizada mas sim concessionada.

Rui Moreira explica que não é bem isso, ao que Guilherme Pinto responde algo como "Ah não tinha ideia..."

Não tive ainda oportunidade de ver o programa, mas vou verificar assim que tenha algum tempo livre.

Ironias da vida

O site transparência-pt.org, privado e com o objectivo de listar os ajustes directos nas compras da Adm. Pública, está em baixo com o seguinte erro:

500 - Internal Server Error

Será que foi o excesso de curiosidade que mandou o servidor ao ar?

Adenda às 18h40: pelos vistos foi mesmo excesso de curiosidade. O erro que aparece agora é o seguinte:

"Estamos com dificuldades no serviço devido ao elevado volume de acessos. Prometemos recuperar tão breve quanto possível, e agradecemos a vossa compreensão."

Fico mortinho por ver o que se vai passar a seguir.


15 janeiro, 2009

Grupo de Joaquim Oliveira despede pessoal

Controlinveste dispensa colaboradores

De novo, é a região do Norte/Porto a mais prejudicada. Segundo a PortoCanal, será na região do Porto onde haverá mais despedimentos. Não sei a crise económica explica esta razia. A política centralista seguida todos estes anos pela administração da Controlinveste pode ser outra das explicações.

Rigôr toponímico camarário...

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Como já aqui tornei público, tive muitas dificuldades em convencer a Divisão de Toponímia da Câmara Municipal do Porto a substituir (actualizar) como lhe competia as antigas placas toponímicas da rua com o nome do meu avô. As explicações para essa situação variaram.
Primeiro, disseram que o assunto estava a ser resolvido, a seguir, alegaram o atraso, devido ao facto de não disporem de elementos biográficos suficientes sobre o meu avô para inserirem nas novas placas. Alguns mêses depois, disseram que tinham encomendado as placas a uma empresa espanhola mas que esta ainda não as tinha fornecido por exigirem o mínimo de 500... Finalmente, e depois de ter apresentado (em forma de ultimatum) uma derradeira reclamação, lá colocaram as placas.
Em toda a troca de correspondência, constatei uma série de contradições, mas não vou maçar-vos com isso. Durante toda esta ridícula "batalha", tive o cuidado de informar a Câmara que, havia uma outra, paralela, com o nome do Dr. Carlos Ramos que também não tinha merecido o privilégio da substituição da placa antiga pela nova. De resto, naqueles quarteirões, todas as placas das outras ruas já haviam sido substituídas, como o provei através de várias fotografias que fui tirando.
Entretanto, forneci à Divisão camarária o maior número possível de dados com o currículo e a personalidade do Cor. Almeida Valente. Sem a isso ser obrigado, por uma questão de bom senso, dei-lhe também algumas informações que fui recolhendo sobre a biografia do Dr. Carlos Ramos, pensando que quando fossem colocar as placas na Rua Cor. Alm.Valente aproveitariam a oportunidade para também as substituir . Nada disso aconteceu, a velhinha placa lá continua, tal como estava. O Dr. Carlos Ramos, pelos vistos, não mereceu estar incluído nas tais 500 placas necessárias para a encomenda ser satisfeita...ou não tem ninguém da família vivo para defender a sua honra.
Deixei ao critério da Câmara a escolha da melhor definição para colocar sob o nome do meu avô, embora a sua reputação tivesse sido marcada pela carreira militar nas ex-colónias, apesar de, já no fim desta, ter ocupado, com mérito, o Pelouro de vereador das Obras Públicas. Eu sugeri, que lá colocassem "Herói das campanhas de Timor", não obstante também se tivesse distinguido como Presidente do Tribunal Militar do Porto. Para o poderem confirmar remeti-lhes folhas de serviços com toda a espécie de condecorações e louvores, actos de bravura, além de cópias com trechos de um livro escrito pelo antigo Governador de Timor, Cor. Gonçalo Pimenta de Castro (ver imagens de texto). Depois de tanta informação, a opção camarária foi : Vereador da Câmara Municipal do Porto.
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PS-Esperemos que, caso um dia o Dr. Rui Rio venha a ser homenageado com o seu nome numa rua da cidade do Porto, ninguém se lembre de lá colocar: economista.

Uma excelente forma de, mais uma vez, não dizer nada...

... estava a ficar sem tempo de antena, logo, tinha que vir falar sobre o que não se deu ao trabalho de estudar. 

Interessante. Sem nunca ter pensado a sério no assunto, duvida que a gestão regional seja a melhor e não avança com qualquer modelo alternativo.

É a política pela política. 

Menezes duvida que a gestão regional do Aeroporto Sá Carneiro seja a melhor solução

15.01.2009, Jorge Marmelo

O importante é que o equipamento do Norte entre no circuito dos aeroportos internacionais, diz o autarca de Gaia


O presidente da Câmara Municipal de Gaia, Luís Filipe Menezes, rompeu ontem com a quase unanimidade regional em torno da futura gestão do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, considerando que a autonomização desta estrutura relativamente ao aeroporto de Lisboa poderá não ser a melhor solução para o Norte do país. "Tenho muitas dúvidas de que uma empresa regional possa colocar o aeroporto do Porto no circuito dos grandes aeroportos internacionais", disse o autarca.

Falando aos jornalistas no final de uma cerimónia oficial da edilidade gaiense, Menezes assumiu uma posição "contra a corrente" relativamente a esta matéria. "Não estou interessado em saber se o aeroporto vai ser gerido por pessoas do Porto, de Lisboa ou da Estónia, e estou muito pouco interessado em saber se a futura gestão do aeroporto vai ser feita em conjunto com a do aeroporto de Lisboa ou não. Quero é que o Aeroporto Francisco Sá Carneiro entre no circuito dos aeroportos internacionais, isso é que é importante", disse Luís Filipe Menezes, que, assim, desvalorizou também a necessidade de a gestão da aerogare portuense ser autonomizada relativamente ao processo de privatização da ANA - Aeroportos de Portugal.

O resto pode ser lido no Público de hoje.

Curiosidades
















TV no século XIX


Há muito, muito tempo - tinha eu os meus quinze anos, vejam lá! -, ao passar por uma banca de jornais, vi um título que chamou a minha atenção. Não me recordo dos termos exactos, mas o sentido era este: a técnica da televisão foi descoberta por um português.

Falei do assunto em casa e todos se riram. O que era compreensível, porque o jornal em questão era um semanário altamente sensacionalista (para a época; hoje há muito pior) e portanto toda a gente de bom senso desconfiava da matéria que "eles" publicavam.
Mas, imagine-se: à sua maneira sensacionalista, o semanário tinha razão. Como eu descobri muitíssimo mais tarde. E é neste ponto que vos levo, em viagem, ao reinado de D. Luís I, para vos apresentar um senhor chamado Adriano de Paiva Brandão (1847-1907).
Paiva Brandão matriculou-se aos 14 anos na Universidade de Coimbra (isso era possível, então) e teve êxito na sua vida académica: aos 19 anos estava bacharel em Matemática e Filosofia e era convidado a doutorar-se na Faculdade de Filosofia. Para receber a borla e o capelo de doutor, teve de esperar pela maioridade. O seu padrinho na cerimónia foi o infante D. Augusto. Depois, prosseguiu a sua vida como docente na Academia Politécnica do Porto.
E onde entra a televisão em tudo isto?
Entra, passe o termo, em 1877, quando foram publicadas em Portugal as notícias sobre o telefone de Graham Bell. O Prof. Paiva Brandão interrogou-se: se era possível transmitir sons à distância, não seria igualmente possível transmitir imagens animadas?
Note-se que outros investigadores, na Europa, formulavam a mesma pergunta; portanto, Paiva Brandão não era o único nem seria talvez o primeiro. Mas a originalidade da sua teoria está em que foi o primeiro a propor o uso do selénio para um sistema de "telescopia eléctrica" - foi assim que ele lhe chamou.
Vem agora a parte mais espantosa da história: a teoria de Paiva Brandão não foi testada por ele e em breve caiu no esquecimento, juntamente com os estudos que o cientista publicou sobre o assunto. Só há relativamente pouco tempo o seu mérito de precursor foi reconhecido internacionalmente. Mas ainda não é, propriamente, algo que toda a gente saiba... E ouço já o grito de revolta: claro! Desgraçado país que não protege nem apoia os seus melhores cérebros!
Pois, mas desta vez, não é bem assim.
Os méritos deste homem foram reconhecidos: o rei D. Luís fê-lo conde de Campo Belo e par do Reino. E a culpa do desaproveitamento da teoria de Paiva Brandão cabe, exclusivamente, a um só homem: Paiva Brandão.
Que não mostrou qualquer interesse em fazer as experiências que poderiam comprovar o que ele demonstra teoricamente. E note-se que tinha a possibilidade de o fazer. Afinal de contas, era professor de Física na Academia do Porto e teria podido usar o Gabinete de Física. Mas - como salientou o Prof. Vaz Guedes - Paiva Brandão tinha formação coimbrã e, nesses tempos, Coimbra interessava-se mais pela especulação teórica do que pela prática.
E aqui está como um precursor perdeu grandes oportunidades. O que não significa que devamos ignorá-lo ou, sequer, censurá-lo. Em contrapartida, será bom retirar alguns ensinamentos desta história...

João Aguiar, Viagens na História
[Tempo Livre, Janeiro 2009 (INATEL)]
(Texto extraído do blogue Amar o Porto +)

14 janeiro, 2009

Urbaclérigos (Grupo Bragaparques), será de confiança?

(Recortes extraídos do jornal Público)
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Há cidadãos do Porto, alguns até colaboradores de blogues dedicados à vida da nossa cidade, que estão envolvidos no projecto para a renovação da Praça de Lisboa referenciado numa destas notícias.
A partir de agora, ninguém pode dizer que não sabe com quem se está a relacionar. O seguro morreu de velho...

Jogos Náuticos Intercélticos e do Espaço Atlântico 2009 na AMP



Mais informações

Visto de fora....

Regresso depois de 2 meses praticamente afastado dos teclados. Aproveito para tardiamente desejar um feliz 2009. 


(clique para aumentar - Relato histórico feito por um general de Napoleão, de seu nome Charles
François Dumouriez, antes das invasões francesas.)



Vista do terreiro da Sé

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13 janeiro, 2009

E tudo o Rio levou...


O que resta do Águia D'Ouro
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B. E.- Bloco, é a favor das favelas?


Clique sobre a imagem do texto para ler
O Rui Farinas já aqui abordou este assunto. Hoje, é a minha vez.

Nesta trapalhada, com vários protagonistas, não há ninguém inocente. Os primeiros, são as pessoas que, sem qualquer critério urbanístico e sem a devida licença de construção (vá-se lá saber,passada por quem), decidiram construir na escarpa da Serra do Pilar, as suas próprias residências.
A seguir, são as autoridades públicas (Ministério das Finanças e Câmara de Gaia) que negligentemente não foram capazes de se entenderem, na hora certa, sobre quem manda em quê. Deviam ter definido qual a responsabilidade que cabia a cada organismo e quem tinha o dever de vigiar aquela área e impedir o crescimento daquela favela terceiro mundista.
Os residentes queixam-se, e aqui, com alguma razão, que a Câmara de Gaia apesar de considerar as casas ilegais, não deixou de lhes cobrar as respectivas taxas camarárias como se fossem legais.
Subitamente, entra nesta confusão, o parecer do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), que recomenda a evacuação urgente das pessoas daquelas casas por questões de segurança. Para compor o ramalhete, ficamos agora a saber que a área em causa (imagine-se), insere-se numa zona considerada Reserva Ecológica Nacional!
Para terminar entram em cena os partidos políticos (Bloco de Esquerda e PSD) a acusarem-se mutuamente, em lugar de procurarem consensos por forma a solucionarem o assunto. Uns (BE), afirmam que a verdadeira intenção da CMGaia reside no interesse de ali construir empreendimentos imobiliários, e os outros (PSD/Câmara) juram a pés juntos que não.
Afinal, aonde é que começa e acaba a responsabilidade de todos os intervenientes? O problema é muito antigo. Não foi a actual autarquia nem a que lhe antecedeu quem deu o primeiro empurrão para a anarquia urbana que impera naquela zona, mas alguém foi. Disso, não há duvidas.
E então, o que é que se vai fazer agora? Colocar uma pedra no assunto (como convém aos prevaricadores) e deixar tudo como está? É claro que, para esses, este regime "democrático" encaixa que nem uma luva, assim é que está bem. É uma maravilha, gostam de lhe chamar: tolerância. Pudera!

12 janeiro, 2009

Jesualdo Ferreira e o actual Futebol Clube do Porto

O futebol, como desporto de eleição a nível mundial, pelo seu poder de atracção popular, é um dos temas que mais paixões desperta. As paixões trazem as críticas, as críticas os críticos, e os críticos, os críticos dos críticos. Talvez seja isto que explica a venda fácil dos jornais desportivos, incluindo a dos pasquins arbitrários que por aí vemos (que me recuso a ler, e ainda mais a comprar), sem ponta de seriedade editorial .
Ontem, o meu clube de eleição, o FCPorto empatou com o Trofense em casa, coisa que já está a tornar-se demasiado rotineira este ano para os saudáveis hábitos antigos que não "permitiam" que alguém mandasse no jogo e o vencesse para além do clube anfitrião. Neste grande clube, há muitos anos que se instalou (e bem) uma rotina de domínio sobre os visitantes, resultante de um sentimento misto de revolta e injustiça que transcendem largamente a mera competitividade desportiva. O FCPorto, mais do que um factor alienante, foi, para as populações locais, pela mão de Pinto da Costa, no pós 25 de Abril (agora também do país), a única instituição da cidade que conseguiu superar o domínio neo-imperial de Lisboa e a subserviência dos sucessivos representantes políticos, exclusivamente interessados em governar a sua vidinha miserável de paus mandados.

Um pouco off topic, mas a bem da justiça, há que o reconhecer, apenas outra instituição extra futebol, tem, nos anos recentes, dado passos significativos para contrariar a obediência canina às iniciativas despóticas do poder central e ao marasmo instalado, chama-se: Associação Comercial do Porto, e o seu timoneiro, Rui Moreira. Isso é indesmentível e perceptível em qualquer local, incluindo aqui, na blogosfera, onde é frequentemente solicitado, desafiado mesmo, para se candidatar a todo o tipo de cargos que vão da política local (Câmara do Porto), à nacional (fundar um novo partido), até ao desporto (Presidente do FCPorto, após a saída de Pinto da Costa). Tem sido ele quem tem sabido congregar todas as outras entidades e associações nortenhas de relevo, e levar a cabo as iniciativas mais pertinentes para o Porto e para toda a região Norte, como é a conhecida questão do Aeroporto Sá Carneiro. Até o quezilento Rui Rio, como Presidente da Junta Metropolitana do Porto, está a retirar dividendos políticos com o seu dinamismo. E esse, é o meu único receio...

Mas, voltemos ao futebol e aos críticos. Os adeptos gostam de futebol. É, pois, natural, que percebam também alguma coisa do ofício e que, sem quererem propriamente tirar o lugar ao treinador de facto e de direito, gostem de opinar sobre o assunto, porque, afinal, o que pretendem é ver bons espectáculos e que o seu clube ganhe, de preferência, sempre.

É do conhecimento público, que a maioria dos adeptos portistas não vai muito à "missa" do treinador Jesualdo Ferreira, apesar dos categóricos 20 pontos a que deixou o adversário mais próximo no campeonato passado, mas tal, só prova que os números nem sempre podem servir de explicação para tudo, especialmente, para a qualidade. Se a teoria fosse fiável, o Benfica, com os seus improváveis 6 milhões de adeptos, seria a melhor equipa portuguesa, e como se sabe não o é, há já muitos e benditos anos...

O problema maior de Jesualdo não é empírico nem do foro técnico, é um caso de complementaridade que estabelece a diferença entre os bons treinadores (mas, «normais»), e os treinadores extraordinários. Falta-lhe aquele must, que faz a diferença. Em primeiro lugar, penso que comunica mal com os jogadores, e comunicar bem quer dizer fazer com que os jogadores cumpram regularmente as sua directrizes.

O jogo de ontem foi mais um entre muitos, mas noutros, em que até saiu vencedor, voltou a verificar-se o mesmo problema. Os jogadores estiveram toda a 1ª. parte a jogar a passo, a um ritmo enfadonho, sem chama nem velocidade em que a previsibilidade foi o dominador comum. Resultado: os golos não apareceram. Para mim, banal «treinador de bancada», é incompreensível que Jesualdo não saiba, ou considere importante, transmitir para dentro do campo e em tempo útil, sinais de inconformismo com a forma de jogar dos seus pupilos, de modo a obrigá-los a alterá-lo muito antes do tempo se esgotar. Nota-se em Jesualdo uma tolerância excessiva que em nada se recomenda. José Mourinho (e não só), quando as coisas não estavam a correr como ele pretendia, enviava bilhetinhos para o terreno de jogo que pouco tempo depois se traduziam numa mudança radical do ritmo ou estratégia do encontro. A passividade de JF, nestas situações é recorrente, coisa que não me parece um pormenor irrelevante. Chega a ser irritante.

Outro aspecto em que é notória a falta de mecanismos da equipa, é o da chamada (e necessária)pressão alta. Já o ano passado se notou essa lacuna. A equipa dá imensos espaços ao adversário e corre mais atrás da bola do que do jogador que a tem. Um único jogador o fazia (e bem): Lisandro Lopes. Só que, isso era (e é) resultado da garra individual do atleta, não de um sistema devidamente treinado, caso contrário, todos os jogadores o sabiam executar. É essa falta de treino adequado que explica vermos frequentemente os n/ jogadores a correrem de forma algo anárquica atrás da bola sem a conseguirem interceptar e quando o conseguem perderem-na logo a seguir, nos ressaltos. Os tempos são desajustados com as acções.

Boby Robson - um dos treinadores que mais gostei de ver treinar o FCPorto - tinha esse tal must que falta a Jesualdo. Era um prazer observar o seu trabalho de mentalização aos jogadores. Ouví-lo gritar aos atletas "confiance!" no momento do remate. Quando repetiam o exercício raramente falhavam a bola. Outra aspecto que soube impor no âmbito mental, foi o da procura rápida do primeiro golo, logo seguida da busca do segundo, como forma de consolidar prematuramente os níveis de confiança à sua equipa, ao mesmo tempo que desmoralizava a dos adversários.

Em Jesualdo, há uma ilusória postura asséptica que não corresponde a um controle efectivo dos acontecimentos. Quando as coisas correm mal, lembra-se finalmente de comunicar, mas quase sempre fora de tempo, para o exterior e para se desculpar, quando a comunicação deve ser uma constante no seio dos jogadores, no balneário e nos treinos, e realizada com eficácia.
A procissão ainda vai no adro, já sabemos, mas apesar disso, tenho a certeza de um factor que, nesta hora, deve dominar o sentimento dos portistas em relação a Jesualdo Ferreira. Chama-se: insegurança.

11 janeiro, 2009

Sérgio Godinho- às vezes o amor

Erros do passado, erros do presente

O tema que Rui Moreira escolheu para a sua crónica habitual de domingo, no jornal Público, é-me particularmente sensível.
Adoro a natureza, mais do que as fantásticas, as extraordinárias obras de alguns poetas e artistas. Para mim, a natureza é a única obra insuperável. Mesmo fustigada pela barbárie humana, por um equívoco apelidado de "Progresso", ela resiste e defende-se (por vezes, tragicamente). Nesta batalha destruidora e estúpida que o Homem lhe moveu, vai ser ela quem levará a melhor e ganhará a Guerra. Vai sobreviver, apesar do Homem. Já tenho dúvidas é que este, lhe sobreviva. Mas voltemos ao mundo dos "sábios" terrenos.
Os jardins e praças do Porto, são, a par do casario mais antigo, o rosto visível das paupérrimas gestões camarárias. É verdade, sim senhor, que o problema da concepção de algumas praças e jardins (como de quase tudo, aliás), está na sua génese, e que, frequentemente, se torna quase impossível remediar o que nasceu torto. Porém, uma asneira do passado não justifica a apatia do presente nem esconde a acentuada degradação da urbe do centro histórico do Porto. Nunca se viu tanta casa em ruínas como agora. São ruas inteiras que mais se assemelham a uma imagem do pós-guerra. Rui Rio, não tem a culpa de tudo, mas deixou alastrar demasiado um mal que já vinha de trás. O que tem feito nesta matéria é irrelevante.
A Avenida dos Aliados, por exemplo, é um dos paradigmas que Rui Moreira citou. Toda a sua renovação nasceu de um conceito infeliz de arquitectura de um insuspeito Siza Vieira que seguiu uma rota diametralmente inversa àquela que o Dr. Rui Moreira apresentou. Como ele refere (e bem), ao contrário do que aconteceu no século XIX (terreiros de feiras que foram transformados em jardins), a Av. dos Aliados passou de um jardim elegante e aprazível, para uma feira incaracterística e plastificada. Agora, é uma verdadeira pirosice que nem o tempo ajudará a atenuar! Apesar de todo o talento do arquitecto Siza Vieira.
Outro aspecto em que estou totalmente de acordo com RM, é com a questão da estatuária nacional. É de uma pobreza franciscana. De facto, a estátua ao General Humberto Delgado não é uma homenagem, é uma obra de censura à Liberdade e até ao próprio homenageado. Acresce, que os «novos» escultores (não sei se por questões económicas se por preguiça) deram agora para colocar as estátuas ao nível do solo, sem pedestal, nem dignidade, acessível ao vandalismo dos grafites e outros. Talvez, quem sabe, também esta "moda" da escultura contemporânea nacional ( se é que escultura existe) tenha sido varrida pelos vendavais de preconceitos que tem dominado o país estes últimos anos.
Se, de facto, como diz RM, existem no Porto excelentes paisagistas, por que é que o Dr. Rui Rio - que não revela qualquer vocação ou preocupação estética -, ainda não os contratou? O Dr. Rui Moreira esqueceu-se de falar da Praça (e jardim) do Marquês de Pombal, que até aqui tinha os canteiros "plantados" com uns horrorosos e rasteiros arbustos mais parecidos com as couves do quintal da avozinha, do que com a flor mais sóbria de um jardim.
Vamos lá então a ordenar os factos. Houve, sim senhor, asneiras das anteriores autarquias, mas também se fez obra assinalável (com o Dr. Fernando Gomes). Só para falar nas mais relevantes: o Metro, a Casa da Música e o Parque da Cidade, foram impulsionadas por ele. Não estou sequer a imaginar Rui Rio a fazê-lo, nem daqui a 20 anos, sem levantar um mar de problemas pelo caminho.
Antes que alguém me me lembre que o Dr. Fernando Gomes é mortal, e portanto, falível, avanço já, que não lhe perdôo ter-se deixado levar pela cenoura de arsénico do Ministério da Administração Interna. Mas, tenham paciência, assim mesmo, foi o melhor Presidente da Câmara que o Porto já teve. Apesar do PS, e dos demais medíocres partidos políticos.
Eu gostava, era de ver o que de assinalável fez o actual autarca. Ah, lembrei-me agora de uma misteriosa façanha: enfeitiçou os portuenses ... Que é como quem diz: alguns.

Os segredos dos jardins

11.01.2009, Rui Moreira
(Extraído do Público)
Numa das minhas habituais caminhadas pela Baixa, passei há dias pelo local onde havia, antigamente, o Jardim da Cordoaria. E digo que "havia" porque ele, que resistira estoicamente ao ciclone de 1941, deixou de facto de existir em 2001. O que existe agora, no Campo Mártires da Pátria, depois de uma intervenção arquitectónica mal sucedida, é um campo revolvido e destruído.
O jardim, que tinha tanto de beleza como de má fama, está hoje deserto. Ninguém, de boa ou má fama, está interessado em calcorrear a céu aberto os seus caminhos destruídos, confrontar-se com a visão inestética dos limitadores metálicos do que foram efémeros canteiros rapidamente transformados em obstáculos salientes pelo meio do que resta do saibro lá colocado, com as tubagens arrancadas do que deveria ter sido um sistema de rega, ou com as linhas dos eléctricos. Ninguém se senta nas pavorosas campas de granito que alguém imaginou poderem ser úteis como bancos de jardim. Tudo o que lá está é, em suma, desagradável, pouco acolhedor e feio, um cemitério com direitos de autor, onde jaz a memória da vaidade descontrolada de uma época irresponsável em que, por aqui e por ali, se destruiu muito do Porto romântico que conhecíamos.
Foi por essa época, da Porto 2001 que se arrancaram as árvores da Parada Leitão, que para quem não saiba divide a Reitoria do animadíssimo Piolho, e que se estragou, também, a Praça Carlos Alberto, que só não ficou ainda pior porque a câmara não deixou concluir a obra, ou "desobra", que estava prevista, e que incluía, pasme-se, um imaginativo tanque de água! Agora, por sinal, colocaram lá, atrás do imponente monumento aos mortos da Grande Guerra e à porta do Palácio dos Viscondes de Balsemão, uma horrorosa estátua que pretende homenagear Humberto Delgado, mas que mais parece uma caricatura alusiva e de fraco gosto à PSP.
Aliás, a pobreza da nossa estatuária contemporânea, patente em praças e rotundas de todo o país, e que tem o seu ponto alto, no Porto, na tenebrosa estátua em pedra em que o Bispo D. António nos é recordado em formato de Batman, é um tema que deixo para abordar em crónica futura.
Não falta, é certo, quem acuse a câmara de ser responsável pela degradação do Campo Mártires da Pátria, mas será talvez mais justo dizer-se que o problema dele está na sua génese e na sua pavorosa concepção. Só assim se percebe que, em menos de uma década, o mobiliário urbano tenha ficado em pantanas e que haja sinais tão claros de erosão das suas superfícies. Nessa medida, o jardim é irrecuperável, e não justifica que se invista no seu impossível restauro, já que o que nasce mal não endireita pela sua manutenção. A solução passa, por isso, pela construção de um novo jardim que aproveite, na medida do possível, o que ainda resta do passado. É uma obra cara cujo resultado pleno apenas será visível ao fim de muitos anos, porque bem se sabe como os substitutos dos arbustos e árvores que se cortam em minutos demoram muitos e muitos anos a crescer, e que deveria fazer parte de um plano estratégico de intervenção regular nos jardins da cidade.
No caso dessas infelizes intervenções mais recentes, é preciso intervir sem peias ou constrangimentos pelos direitos dos seus autores, recuperando a traça original, onde for caso disso. No caso dos que sobreviveram, como o Carregal, São Lázaro, Arca d'Água e Passeio Alegre, será preciso ir replantando as espécies que vão envelhecendo ou morrendo. Para isso, dispõe a cidade de excelentes paisagistas que conhecem as suas tradições e o seu património. Quando, no século XIX, os terreiros das antigas feiras foram transformados em jardins, optou-se por conceber espaços agradáveis. E é essa a ideia a manter e o segredo, porque os jardins são muito mais do que desenhos geométricos e conceptuais. São salas de estar comuns e comunitárias, onde convivemos uns com os outros e com a natureza, e que por isso terão sempre que ficar a dever mais ao belo e à própria natureza, do que à pedra, à monumentalidade e à técnica.
Economista