11 abril, 2018

Por favor, não nos façam mal...



Por favor, não se portem mal! Vá lá, não mexam no que é nosso! Peço-lhes que não nos prejudiquem, isso é muito feio. Pelas alminhas, suplico-lhes que não nos assaltem a casa, não se faz. Não pode ser.  São uns malandros, apesar de alguns terem condições para se comportarem como bons cidadãos. 

É uma caricatura. A linguagem não foi exactamente esta, mas anda lá perto. Refiro-me naturalmente com ironia, é verdade, mas sem qualquer maldade, àquilo em que se está a transformar o discurso de Francisco J. Marques no programa Universo Porto da Bancada do Porto Canal.

Ponto primeiro: confirmo o que tenho dito anteriormente, aplaudo a coragem do F.J. Marques com a mesma coerência que censuro o isolamento a que foi remetido pela SAD portista em termos de imagem. Era o que faltava que Pinto da Costa (& CA) se recuse a dar-lhe apoio jurídico caso venha a precisar.  Mas, J. Marques, pelo menos, dá a cara, já a SAD, e o Sr. Pinto da Costa, não! Não me parece correcto, nem adequado para quem garante sentir-se em condições para liderar o FCPorto. Os dirigentes portistas colocaram-se no lugar de primas-donas, distantes e frias, como se o FCPorto fosse o palácio de Bukingham, e a SAD a corte inglesa.  Será que confundem o tipo de palcos que decidiram pisar?

Agora, o programa UPB já começa a perder força, e sobretudo pragmatismo. Aliás, como previ, isto acontece apenas porque o programa não foi complementado com uma estratégia combativa e assertiva, de acordo com a gravidade do caso. É triste, quase ridículo, vermos um painel de comentadores a esgotar argumentos, na tentativa de resolver um problema que só uma posição categórica poderia alcançar.

Vamos lá ver: faz algum sentido expectar que um rufia que anda há anos a alimentar-se dos favores do Benfica, se transforme de repente num menino de côro, só porque o envaidecemos reconhecendo-lhe qualidades para ser um bom árbitro, quando Luís Godinho está farto de dar provas que lhe falta o principal, que é  a seriedade?  Então agora, não parecer sério, passou a  sinónimo de seriedade? Desde quando é que um árbitro pode ser competente se fôr desonesto? Que importa se é honesto aos sábados e não é  aos domingos? Se actua assim com o clube A e já não actua com o clube B?  

É inútil insistir na tecla do impossível, as instituições desportivas são tão boas, ou piores  que os árbitros. Não vale a pena massacrar-lhes os ouvidos, porque eles fazem parte do problema, portanto não podem ser a solução. Ignorar isto, não só é uma ingenuidade, como é um escancarar de portas para o Benfica ser campeão.

A Polícia Judiciária não tem o caminho facilitado, por isso vai ainda demorar a meter na cadeia um ou outro responsável. O próprio Governo não dá qualquer garantia de intervir, antes pelo contrário, faz dos ouvidos mercador.  Como é? Já nos rendemos? É assim que defendemos a honra do FCPorto, e dos adeptos? Com lamentos? Com autênticos apelos piedosos, quando se trata da maior canalhice do futebol português?

Como qualquer portista, espero que no próximo domingo o FCPorto consiga ultrapassar os mafiosos de forma categórica, mas não creio que tenhamos feito tudo para que a nossa equipa tenha absorvido por quem de direito a energia necessária (refiro-me aos dirigentes). Só os adeptos, pode não bastar. Mas, vamos acreditar que sim.

09 abril, 2018

Sugestões de um portista amador

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Rosemond Gérard

A victória de ontem do FCPorto sobre o Desportivo das Aves foi justa, e de uma importância inadiável. Houve muito empenho e velocidade, mas também muita atrapalhação nos passes e na materialização de golos. Pelo que se viu, a ansiedade ainda não foi totalmente ultrapassada.

Depois do que tem acontecido ao FCPorto internamente, e nos bastidores que controlam o desporto - em particular no futebol -, torna-se injusto, e excessivo, exigir demais dos nossos atletas. Volto a realçar um dado importante, que este cenário tem afectado todas as modalidades. Só para termos uma ideia bem significativa, basta comparar as dificuldades que a nossa excelente equipa de hóquei tem, quando defronta o Benfica em jogos arbitrados por árbitros portugueses, e quando entram árbitros estrangeiros. E não estou a citar isto só porque ganhámos o último jogo com uma diferença de 7 golos (9-2), mas por outra razão, que tem a ver com o uso e abuso dos jogadores benfiquistas do jogo sujo, da simulação de faltas, que funciona como uma espécie de carta branca para os árbitros as marcarem contra o FCPorto, sem terem efectivamente acontecido.  É só isto, e já é muito... Cenas destas ocorrem praticamente em todas as modalidades, umas vezes de forma mais evidente, e outras mais "elaboradas", mas são um facto. 

Regressando ao futebol, e sem proteccionismos clubistas, os atletas são os menos culpados pelos atropelos às leis do jogo que em grande medida têm afectado tanto os resultados desportivos, como a sua condição de profissionais. As últimas exibições do FCPorto não têm sido famosas, é uma verdade, mas é verdade também que existem múltiplas causas que as explicam, mas a falta de ambição não é seguramente. Não podemos pôr nos píncaros da lua as exibições do FCPorto, e de repente desatar a "bater" no treinador e nos jogadores. É bom ter memória, por mais razões que tenhamos para estranhar  a mudança. É sempre mais sensato procurar entender a fonte das causas.

Importa agora apontar a nossa atenção para um aspecto que me parece fundamental, relativamente ao nosso principal objectivo. Há dois enfoques a trabalhar profundamente para os próximos jogos, começando pelo que se segue no estádio da Luz. Primeiro, cuidar eficientemente da condição psicológica de toda a equipa, principalmente com os jogadores que se tenham revelado animicamente mais vulneráveis. Sem querer meter a foice em seara alheia, tenho a minha própria percepção enquanto adepto. Neste naipe de jogadores incluíria no lote dos menos fortes em termos psicológicos o Brahimi, o Corona, Sérgio Oliveira, e Oliver.

Reforçaria também a confiança em Soares e Aboubakar, embora o problema destes dois tenha mais a ver com questões físicas. Por último, trataria de aprimorar a qualidade de passe começando por obrigar os jogadores a olhar muito bem para o seu círculo de acção (e não raio), antes de passarem a bola, porque é, por raramente o fazerem que acabam por perder a bola, errar passes e remates. Tudo deverá ser executado com rapidez, mas com calma, que não é o mesmo que vagarosamente. Na impossibilidade de ver como são treinados os jogadores, admito que estes pormenores possam estar demasiado rotinados, sendo razoável aplicar a fórmula indicada para cada fase concreta da competição.

Podem parecer exagerados os cuidados propostos, tratando-se de um treinador já com alguns anos de experiência, mas a ansiedade não pode dominar durante mais tempo a qualidade técnica dos jogadores, de mais a mais, quando alguns deles já deram provas sobejas das suas capacidades. Só o treinador é que tem os elementos todos para saber quais são aqueles que exigem um trabalho mais intenso. Como quer que seja, para a "garra" ser completa, é fundamental acrescentar-lhe muita concentração, chegar primeiro à bola que o adversário e rematar com a convicção plena de fazer golo. Tudo isto, é teórico, dito por mim, mas ninguém pode negar que não seja esta a maior virtude do Ronaldo, ou seja, ter vontade de fazer sempre mais, e melhor. Hoje, mais que ontem, e bem menos que amanhã, como diria a poetisa Rosemond Gérard (na foto).   




08 abril, 2018

Para que serve ser portista e deputado?

"Eles ainda não foram presos. E porque eles ainda não foram presos, Setúbal ontem pareceu Mogadíscio (capital da Somália). E porque eles ainda não foram presos, a verdade desportiva da Liga portuguesa continua a ser uma miragem. E porque eles ainda não foram presos, o FC Porto terá de entrar hoje em campo com o brio de sempre, com o orgulho de sempre, com a força de sempre, e sobretudo com o sentimento de revolta de quem sabe que é melhor e de quem tem a certeza de que terá de continuar a lutar contra tudo e contra todos por um título que, em qualquer país menos em Portugal e na Somália, já seria seu por direito há muito tempo", surge escrito na newsletter Dragões Diário.

Foram estas as palavras de FJMarques àcerca do jogo de ontem entre o V. de Setúbal e o Benfica. Palavras cheias de objectividade e revolta, que contrastaram estranhamente com o discurso de Sérgio Conceição, que preferiu citar ambiguamente a beleza do futebol, numa altura em que Portugal se tornou num autêntico casino com dados viciados com o futebol à cabeça. Podemos interpretar a disparidade de discursos do modo como quisermos, mas se é uma estratégia, não parece. Isto, assemelha-se mais a um efeito colateral próprio de um clube sem liderança e não devia acontecer.

Como disse, variadíssimas vezes, é cansativo e desesperante continuar a ver os portistas frustrados com esta incapacidade do clube para se defender. Discutem, lamentam-se, mas parece que estão à espera de mais um descalabro, para perceberem de uma vez que o problema do FCPorto está no tôpo da pirâmide. Esta fidelidade a Pinto da Costa tem tanto de louvável como de ingénua. O Presidente que eles apoiam já não existe, não é o mesmo, e isso é indiscutível. Também eu já o valorizei e apoiei, só que não seria coerente comigo mesmo nem amigo do FCPorto se continuasse a alimentar essa ilusão. A diferença entre mim, e  esses adeptos, é que eu não tenho problemas de consciência em dizer o que penso. Só isso.

Como é que se admite que eu aqui não tenha qualquer hesitação em criticar o próprio Governo, a citar os nomes dos (ir)responsáveis pelo que se está a passar no futebol português, e a SAD do FCPorto não se atreva a abrir a boca para apresentar este caso de verdadeiro gangsterismo às instâncias que lhe transmitirem confiança, uma vez que o Governo não responde? Diziam que o FCPorto tencionava apresentar queixa ao Tribunal dos Direitos Humanos, mas pelo que nos é dado saber, nada disso ainda foi feito. 

O problema toca o desporto, mas é essencialmente de regime. Assim sendo, por que é que o presidente do FCPorto não pede explicações àquele grupo de deputados (ditos) portistas que o convidaram para o homenagear num almoço na Assembleia da República? Não terá coragem para lhes perguntar se concordam com  a ideia de que o regime político nacional é de facto democrático, ou se não sendo, por que é que pactuam com uma coisa destas? Por que é que o escândalo do Benfica não é incluído na ordem de trabalhos como foi o BES e o BPN? Porque existem organismos próprios, como a Federação e a Liga? Está bem, mas se eles não funcionam, se são parte do problema, a que porta nos resta bater? Mais que não seja, que apresentem alternativas, mas a tempo e horas, e não mantendo os olhos fechados para a roubalheira a que estamos a assistir.

São suposições que não posso comprovar, mas que me parecem minimamente lógicas. Até ao momento, devo ser das raras pessoas que duvida da autenticidade democrática deste regime, mas se os senhores deputados o negam, então como explicar tantos obstáculos, tanto medo para que o FCPorto seja respeitado e possa defender o seu património? Em que país democrático é isto tolerado, além da Somália, como disse Francisco J. Marques?

É por estas razões que não me revejo na postura de outros adeptos, que parecem não querer compreender a importância na diferença entre um Líder pro-activo e um líder sombrio que, independentemente disso, nos "castigou" nos últimos 4 anos com perdas de campeonatos e troféus também por excesso de conformismo. Aliás, não é pelo lado dos adeptos que o FCPorto se tem deixado afundar. Esses, são um exemplo de tenacidade e solidariedade.  Mas, também, têm de começar a olhar com mais pragmatismo para o clube, a menos que para manter Pinto da Costa na presidência continuem dispostos a ver o FCPorto perder protagonismo. A partir daí, só podem queixar-se de si próprios.

Não quero de forma alguma gizar quadros pessimistas, já ando a falar nisto há muito tempo, e para que não subsistam dúvidas, no caso de vencermos este campeonato, os meus parabéns serão sempre dirigidos para os jogadores e treinador. Aconteça o que acontecer. Mas, temos  também de continuar a lutar contra uma seita de bandidos... Que conste, as "armas" dos jogadores são  outras, são golos nas balizas adversárias. 

Para lutar contra o crime organizado, existem outro tipo de munições e  actividades: balas e agentes de investigação.  Só temos de lhes exigir resultados.