05 outubro, 2017

Sobre Francisco J. Marques, no Observador



Francisco J. Marques tornou-se jornalista, tal como Nuno Saraiva, no começo da década de noventa. Chegou ao Público precisamente no ano da fundação do jornal: 1990. Esteve lá até ao dia 31 de dezembro de 2002. Pelo meio, um mês no jornal O Jogo e seis no 24 Horas, voltando sempre à redação-mãe.
Foi Manuel Queiroz o seu editor nos primeiros tempos de jornalismo. Ainda hoje trata Francisco J. Marques por “Chico”. “Ele começou comigo, começou. Primeiro como colaborador, depois a tempo inteiro. O Bruno Prata era amigo do Chico e apresentou-mo certo dia. O Chico fazia desporto, sobretudo desporto, porque tinha uma cultura muito grande a esse nível, mas como era o começo e ainda tínhamos pouca gente, tinha que fazer de tudo um pouco.” Queiroz elogia-lhe a organização. E recorda a timidez. “Ele sempre foi um tipo sério, em quem se podia confiar. E tinha uma coisa que eu e outros jornalistas do Desporto não tínhamos: sempre foi muito bom com jornalismo de dados, nunca se enganava com números. O Francisco era um tipo extremamente organizado no trabalho. Muito, muito organizado. Mas no começo sentia que ele era mais um jornalista de ‘secretária’ do que de entrevistar pessoas. Não sei se era tímido ou se não. Mas não era de contacto fácil no começo – isso era uma característica da personalidade dele. Nunca foi um jornalista de ter muitas fontes, não ‘sacava’ notícias como os outros, mas se lhe pedisses um trabalho ele entregava-to a tempo e horas”, conta.
Marques trocaria o Público pelo Jornal de Notícias. Na redação do Porto trocou também o Desporto pela Sociedade. Assumiu a editoria a 1 de fevereiro de 2003, dia em que Carlos Cruz foi detido e o vaivém espacial Columbia se desintegrou em pleno voo.Mais tarde (entre 2008 e 2011) foi editor de Desporto da Agência Lusa, cargo onde viveu os piores dias no jornalismo, sendo à época acusado de ser próximo do Futebol Clube do Porto. O Benfica apresentou mesmo uma queixa à Entidade Reguladora da Comunicação Social, acusando o então editor de “jornalismo tendencioso”. Francisco J. Marques nunca escondeu a sua preferência clubística. Mas sempre garantiu que o clube com quem mais diferendos teve enquanto jornalista foi precisamente o Futebol Clube do Porto. Ao mesmo tempo, nunca escondeu que nenhum outro como o Benfica o tentou “penalizar” tanto enquanto foi editor da Lusa — garantindo que é o clube da Luz quem está por detrás de uma alegada pressão do então Primeiro-ministro José Sócrates com vista ao “saneamento” de Marques.
“Sempre soube qual era o clube dele, sempre soube que era portista. Os jornalistas têm clube — e nós sabíamos o clube uns dos outros. Mas isso nunca interferiu com o trabalho dele”, explica Manuel Queiroz. “Lembro-me perfeitamente da acusação que lhe fizeram enquanto foi editor de Desporto na Lusa. O João Gabriel [então diretor de comunicação do Benfica], particularmente ele, atacava muito o Chico. Porquê? Porque o cargo de editor de Desporto da Lusa é importante. Tem-se acesso a coisas. Ele foi muito maltratado. E injustamente — porque a postura dele sempre foi a correta. Se tivesse que dar uma notícia, fosse sobre o Benfica, fosse sobre o Futebol Clube do Porto, uma notícia incómoda ou não, o Chico dava-a e pronto”, acrescenta convictamente o jornalista.
Marques sempre acusou Luís Bernardo [hoje diretor de comunicação do Benfica e à época assessor do Primeiro-ministro José Sócrates] de estar envolvido na pressão política feita para que o editor de Desporto fosse afastado da Lusa. Contactada pelo Observador, fonte próxima de Luís Bernardo nega as acusações. E reage: “Isso é completamente falso. E não tem fundamento. Perguntem ao Domingos Andrade [à época diretor de informação da Lusa, hoje diretor adjunto do JN] se houve alguma pressão. Não houve! Agora, que ele [Francisco J. Marques] fazia um bocadinho de ‘clubite’, fazia. E que houve queixas, claro que houve. E uma chamada de atenção… Um órgão público como a Lusa não podia tomar partidos. Tudo o mais é uma fantasia. Luís Bernardo nem sabia bem quem ele era”.
Francisco J. Marques tem 51 anos. Nasceu a 13 de maio (sendo por isso batizado Francisco) em Miranda do Douro. Apesar de não ser um “marreta” no futebol, o único desporto federado que praticou durante anos foi o xadrez, no Clube de Propaganda da Natação, em Ermesinde. Abandonou a modalidade quando chegou ao Público e os horários (e distância) se tornaram inconciliáveis. O ídolo maior de Marques no desporto não é, curiosamente, um futebolista e menos ainda um praticante de xadrez; diz-se um “federerista” convicto, sendo adepto de ténis e do tenista suíço Roger Federer, mas igualmente de futebol americano e dos Saints.
Quanto a Nuno Saraiva, a idade varia. Sim, varia. Nasceu a 22 de julho de 1971. Mas no cartão de cidadão surge 72. Porquê? Um esquecimento por parte dos pais na maternidade e a burocracia que se lhe seguiu explicam o facto de só ter sido registado um ano depois do nascimento.
A reunião de maio no Altis foi importante para o retomar das relações institucionais entre Sporting e Futebol Clube do Porto. “Concluída esta reunião, verificámos que há caminho que pode e deve ser feito em conjunto, considerando que é muito mais aquilo que nos une [o recurso ao vídeo-árbitro, a divulgação dos relatórios de jogo, a revisão do regulamento disciplinar da Liga de clubes ou a legalização das claques de futebol] do que aquilo que nos separa”, explicaram os clubes em comunicado. Mas também é verdade que poucos meses após a reunião, em agosto, Nuno Saraiva e Francisco J. Marques se desentenderam em público. Ou melhor, nas redes sociais.
Foi logo após o triunfo do Sporting frente ao Vitória de Setúbal — com um penálti de Bas Dost nos minutos finais. “Se tivesse marcado o lance do Coates podia discutir-se, mas este é a brincar. Se o VAR não serve para corrigir…”, escreveu Francisco J. Marques no Twitter. “Acho que ainda vamos assistir a um momento histórico e inédito: o Francisco J. Marques em sintonia com o António Rola [ex-árbitro e atual comentador da BTV]! Como diria o Scolari: “Hummm, e o burro sou eu?!”, respondeu Nuno Saraiva no Facebook.
Francisco J. Marques tem passado os últimos meses a denunciar no Porto Canal um alegado esquema de favorecimento das arbitragens ao Benfica. Tiago Girão apresenta o programa “Universo Porto”. Confessa que, mesmo tendo sido jornalista de Desporto na SIC durante anos, nunca havia contactado com Francisco J. Marques antes de se cruzarem no Futebol Clube do Porto. E garante que o que o diretor de comunicação dos portistas faz no programa é uma “extensão” do que fazia como jornalista – o próprio Francisco J. Marques admite que o faz é um jornalismo “mais militante”, mas ainda assim de “investigação”.
“Vejo o que ele faz no programa como jornalismo, sim. O programa vai fazer um ano em antena, sou eu quem o coordena, e até hoje nunca colocámos uma peça no ar sem antes fazer o contraditório, sem confirmar com fontes se é verdade ou não. É muitas vezes o próprio Francisco quem o pede. Essa veia jornalística dele está lá toda, intacta. Ele quer sempre a verdade e o rigor em tudo quando faz no programa. E se alguma coisa for para o ar de forma incorreta, não é a primeira vez que no programa seguinte admitimos o erro e repomos a verdade dos factos”, lembra o apresentador do Porto Canal, que todas as semanas dá a cara pelo que é emitido no programa. A divulgação de e-mails do Benfica envolvendo nomes de árbitros tornou-se na última grande polémica do futebol português — e aqui, o contraditório (o clube da Luz) não tem sido propriamente protagonista.
O tom de Francisco J. Marques no “Universo Porto” (mas igualmente no Twitter) é quase sempre sarcástico e, até, agressivo. “Agressivo? Ele não é agressivo. O que mais destacaria na postura dele é o sentido de justiça. No programa e fora dele. É sensível e justo. Se alguma vez se exalta ou é incorreto com alguém, o Francisco é o primeiro a inverter a situação e a admitir que não esteve bem. Mas destacaria, isso sim, e uma vez que se fala de ‘agressividade’, o sentido de humor dele. É um humor refinado e que nem toda a gente entende ou gosta, um humor muito próximo daquele que por vezes lhe vemos no Twitter ou no programa”, contrapõe, em sua defesa, Tiago Girão.
Manuel Queiroz garante que o “Chico” é exatamente o mesmo que conheceu ainda no Público. “Se está diferente agora? Não concordo. O Chico sempre foi como jornalista o que agora é como diretor de comunicação. Não acho que seja agressivo; é, isso sim, assertivo. E naquilo que tem denunciado no Porto Canal, geralmente acerta e confirma-se que é verdade. O Chico é dos tipos mais pacatos que conheço. Conheço-o há muitos anos e nunca o ouvi levantar a voz a ninguém, por exemplo. A personalidade dele não mudou só porque agora é diretor de comunicação e antes era jornalista. É tudo absolutamente igual; o que tem é mais holofotes do que antes ”, explica, acrescentando: “Ele tem acesso a informações que são relevantes, que são notícia. O que faz? Verifica-as e, quando são verdade, apresenta-as. Aquilo é a continuação do trabalho jornalístico dele na imprensa. Mas claro que agora tem uma ‘causa’ [Futebol Clube do Porto] e antes não tinha”.
A vida e rotinas de Francisco J. Marques alteraram-se drasticamente nos últimos meses, sobretudo desde que começou a divulgar no programa do Porto Canal e-mailsconfidenciais que envolvem dirigentes do Benfica. E sucedem-se as ameaças ao diretor de comunicação portista, o que o impossibilita, por exemplo, de visitar Lisboa ou de, como antes, “ir a concertos e jantar em restaurantes” — garante fonte próxima de Marques ao Observador, que acrescenta: “É constantemente insultado na rua”.
Mas não é somente na rua que Francisco J. Marques se diz vítima de ameaças. Nos últimos tempos, a sua conta de e-mail tem sido constantemente atacada, como o próprio denunciou no Twitter, por piratas informáticos, acrescendo a isso um facto mais sórdido: “as informações pessoais [do diretor de comunicação] têm sido partilhadas em sites de pornografia homossexual”, conta fonte próxima ao Observador, que diz que Marques não tem dúvidas de que o Benfica poderá estar envolvido em muitas destas situações que considera “graves”.
Ao Observador, fonte da direção do Benfica nega, contra-atacando: “Toda a gente sabe que o verdadeiro diretor de comunicação do FC Porto é o Manuel Tavares [ex-diretor de O Jogo e do JN]. É ele que coordena tudo. O Francisco faz o trabalho dele… Foi uma personagem criada — e onde se mistura o papel de diretor de comunicação com o de comentador. O rosto disto [Francisco J. Marques] é alguém que não tem muito a perder. É ele mas podia ser outro qualquer. Quando isto apertar, com indemnizações, processos-crime, o desgraçado é que paga. Está a dar a cara e será lançado aos lobos…”
Nota de RoP:
Excerto de um artigo de Tiago Palma, sobre Nuno Saraiva e Francisco J. Marques. Pela longa extensão, limitou-se a publicação conjunta ao Director de Comunicação do FCPorto.

04 outubro, 2017

Um político incompetente que mais parece um cumplíce

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João Paulo Rebêlo
(Secretário de Estado do Desporto)
Gosto de conhecer o rosto de quem se esconde, quando se impõe aparecer. Há rostos que se ocultam por timidez, outros por se acharem muito feios, e outros ainda, por mera cobardia. Normalmente são anónimos, daqueles que se fazem valentes e sabichões, sem sequer deixarem o apelido quando decidem comentar reactivamente.

Não deve ser o caso deste rapaz aqui ao lado, porque teve "coragem" para se dedicar à política e chegar a Secretário de Estado do Desporto, embora para isso, hoje, a boa coragem não faça parte do perfil exigível  a um político moderno. Mas, se ele não é cobarde, é no mínimo incompetente. A má "coragem" sim, é condição elementar para ser-se político.  

Sinto-me à vontade para pensar assim, porque quem ocupa um cargo como o seu não pode dar-se ao devaneio de repreender um ladrão de supermercado, e depois ficar mudo e indiferente com crimes muito mais graves. É uma incongruência absurda.  Revoltante, mesmo! Objectivamente, este senhor teve a coragem de notificar o líder dos Super-Dragões por incentivo à violência com cânticos inapropriados, por um grupo avulso de uma claque legalizada. Mas já não teve a boa coragem para notificar o Benfica pela ilegalização das suas claques que ainda há poucos mêses assassinaram um adepto do Sporting. Mal comparando, decisões deste tipo, lembra-me de certo modo, o comportamento de Sócrates e as inéditas transferências bancárias, da sua conta própria para a conta de amigos. Sendo legal, é inusitado, nem parece sério para um 1º Ministro. Quando se trata do nosso próprio dinheiro, em circunstâncias normais pautamos sempre pela privacidade, e pela segurança.

O assunto do senhor Secretário dos Desportos, foi também ontem debatido  no Universo Porto da Bancada. Mas, continuo a pensar que é preciso ser mais contundente. Não basta dizer, "isto não se admite", "Ao Benfica tudo é protegido", etc.,  porque eles sabem muito bem que não estão a ser correctos. É preciso pôr os pontos nos "is", apelar à figura do 1º Ministro e pedir a demissão urgente desse seu colaborador pela sua incompetência e sectarismo. O Governo tem de passar a ser enfatizado, e a indignação tem de parecer proporcional à gravidade que o caso tem, caso contrário, estamos a contribuir para o arrastamento desta situação. Quanto mais cedo o fizermos, mais cedo o Governo tomará decisões. Assim, estamos a beneficiar os infractores, a dar-lhes tempo para manobrarem. Andamos à volta de um carrossel de indigências sem fazer tudo o que é preciso para o travar.

O pior que se pode fazer, é vulgarizar o programa, transmitir aos espectadores a sensação que aquilo não vai dar em nada, que é mais um programa de maldizer entre rivais. E não é.

03 outubro, 2017

Os nossos comentadores políticos e a Catalunha



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Ângelo Correia
(um lírico convencido)


"Notável", a reacção de algumas figuras da vida política nacional face aos acontecimentos da Catalunha. Quem não os conheceu, que os comprasse na hora certa, porque agora já pouco há a fazer.

Estes passarinhos, continuam por aí a desconsiderar-nos, semeando a genes de todas as rebeliões, tratando-nos com o cinismo e a discriminação do costume. 

São gente com responsabilidades (imerecidas) do passado, e também da actualidade, figuras que estiveram no poder, dos partidos do arco governativo, quem nos vem agora falar dos perigos da desintegração de Espanha e das consequências nefastas que a eventual separação da Catalunha podem causar, não só ao país vizinho como a Portugal. É esta incoerência absoluta, esta falta de honradez intelectual, que abomino nesta espécie de saltimbancos que fizeram de Portugal o país medíocre que ainda é. 

Se recuarmos no tempo, se olharmos para a história da humanidade com o realismo devido, depressa concluímos que nenhum povo é inocente nesta coisa de independências. Nenhum povo do mundo é exclusivamente pacífico. Os países ditos modernos foram outrora tão selvagens, como aqueles que hoje condenamos. Portugal construiu-se e cresceu com a invasão a outros povos.  Ceuta, foi a primeira vítima, depois seguiram-se outras regiões africanas, outros continentes, sempre com o mesmo espírito: poder, e riqueza. A nossa origem, como a de tantos outros países, é multi-racial. Ninguém é puramente nada!

Os muçulmanos apossaram-se, e criaram raízes em zonas consideráveis do sul, hoje parte integrante de Portugal, e nós portucalenses corremos com eles. Às vezes esquecemos-nos que D. Afonso Henriques (1º. Rei de Portucale), teve de lutar contra esses mesmos povos para prosseguir na sua campanha de ocupação e limpeza religiosa (a causa inspirava-se num desejo de Deus), entre os quais constavam reinos árabes como Beja, Évora, Elvas, e as hoje espanholas Sevilha e Badajoz...  Após muitos anos e batalhas perdidas e outras vencidas, nomeadamente com Castela, lá conseguimos instalar um período razoável de paz duradoira no célebre tratado de Zamora, com Leão e Castela.  

Pergunto: em pleno século XXI, estará algum país em condições de garantir que as suas raízes etnográficas originais são integralmente puras?  Nós portugueses, não temos, e os espanhóis também não. A Espanha contemporânea, como todos sabemos, tem pelo menos 3 grandes problemas regionais e étnicos: o País Basco, a Catalunha e a Galiza. Umas, mais que outras, as três regiões têm línguas e hábitos culturais muito distintos que lhes conferem diferenças relevantes com o resto de Espanha. O tempo consumido com as lutas que têm travado pela auto-determinação, com ou sem sangue, confere-lhes no mínimo, o direito a serem mais respeitados... As lutas dos outros povos, não são obrigatoriamente menos importantes que as nossas.

Em Portugal, a questão das etnias existe de facto (os nortenhos têm mais traços culturais com a Galiza do que com Lisboa e Sul do país). Mas é uma questão, não um problema, isto é, nunca chegou a ser encarado pelos portugueses como tal. Actualmente, já não é bem assim... Neste capítulo, o grande problema em Portugal têm sido os próprios governantes. Os que agora clamam pela coesão nacional, são os mesmos que passaram estes 63 anos a dividí-lo.

Os nossos governantes, em vez de aprenderem com o problema espanhol, de procurarem governar o pais com a sensibilidade que questões desta natureza recomendam, descentralizando, conferindo gradual, mas resolutamente mais autonomia às diferentes regiões, evitando manifestos arrogantes de poder e discriminações, não. Centralizaram-no mais. Do 25 de Abril para cá, o sentido foi invertido. Passamos a viver no país mais centralista da Europa!

Como segunda cidade portuguesa, que se orgulha de transportar consigo o nome do próprio país (Porto, significa Portucale = Portugal), a "democracia" atraiçoou-a. Não a Democracia verdadeira, mas seguramente esta que os nossos políticos fizeram o favor de ultrajar Esta imitação reles de democracia a que eu chamo sem rebuço ditadura, retirou ao Porto muito do protagonismo que tinha. E não o fizeram por acaso.

Acabaram com importantes recursos indígenas, como jornais sediados na cidade, Rádios, Bancos, Companhias de Seguros, enfim, um sem número de meios fundamentais a qualquer autonomia. Todos sabemos disso, mas não é nada que choque os centralistas. Continuam empenhados na senda das promessas falsas, apenas promessas. Agora, temem (pudera!) que Portugal venha a sofrer com a eventual independência catalã, e querem, "querem muito", a coesão nacional, tratando-nos como parentes menores. 

Qualquer vulgar ladrão quer muito ficar com o que não é seu, não é verdade? Qualquer vigarista finge que não percebe que o é, não é assim? Que terá isto de original, para não dizer inteligente?

Estes nossos políticos devem estar mesmo a ficar com as cuecas sujas, tal é o medo de perderem a mama do absolutismo pós revolucionário. Então, toca a deitar a baixo a Catalunha. Como se tivessem alguma coisa a ver com o assunto. Não têm. Para já, até andam com muita sorte. 

Meus caros, agora é que os gajos de Lisboa e sus muchachos obedientes vão enxovalhar a Regionalização. Melhor pretexto não podiam ter.

Já agora, e se fossem cuidar dos paióis de Tancos? Ouvi dizer que ainda se vê por lá algumas fisgas. Cuidado, que os catalães podem descobrí-las!

02 outubro, 2017

Eleições no Porto e Gaia, as mais genuínas

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Rui Moreira
Há quem procure desacreditar as candidaturas independentes, argumentando com a utopia dessa independência. É um argumento válido, mas também contraditório, porque quem defende essa tese, só pode ser naturalmente alguém que está, ou tem gente próxima, ligada a um partido político. Depois, porque o militante partidário que ouse pensar pela própria cabeça contra o establishment, arrisca-se a ser acusado de indisciplinado e consequentemente castigado.  Logo, estamos conversados sobre "independências".

Os partidos políticos, em vez de se virarem para os independentistas com slogans espúrios e gastos, deviam antes de tudo procurar descobrir as causas deste fenómeno recente.

Já aqui escrevi, vezes sem conta, sobre as razões do meu longo absentismo, não estando por isso mais disponível, nem paciente, para escrever com um post só para responder a cada comentário pseudo-iluminado que cai na minha caixa do correio. Quem quiser saber como penso, que se dê ao trabalho de ler um pouco mais do que o último post. Quem não quiser, então prefiro que não comente coisa nenhuma e me desampare a loja.

Mas, voltando aos partidos, e à sua lengalenga do costume, vazia e muito pouco inserida da realidade actual, seria bom que reflectissem para tentar saber por exemplo, por que é que o independente Rui Moreira, no Porto, e o socialista Eduardo Victor Rodrigues, em Gaia, venceram ambos, e  com maioria absoluta, as respectivas câmaras.

Ambos, tiveram o mérito de convencer os eleitores da sua área sem precisar de se confrontarem politicamente. O povo da região parece já ter percebido que mais do que os partidos, são as pessoas que os representam (ou não) que contam. É uma imbecilidade que um partido como o Bloco de Esquerda tenha como representante no Porto um político como Teixeira Lopes convencido de poder "roubar" votos a Rui Moreira, explorando o caso Selminho (já resolvido na Justiça), enfatizando-lhe as falhas, sem ter a dignidade de lhe reconhecer os méritos. Resultado: nem sequer conseguiu eleger um representante! Ilda Figueiredo, da CDU, ainda conseguiu um lugar, mas pecou pela mesma política do bota-abaixo.

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Eduardo Victor Rodrigues
O mal dos partidos, é desprezarem a sensibilidade popular, acharem que os eleitores ainda alinham pelo discurso negativo, pela má-língua, pela clubite partidária, em vez de apresentarem alternativas coerentes. Felizmente, parece que o bom senso do povo do Porto está a refinar-se. O mesmo se passou em Gaia. Eduardo Victor Rodrigues é dos políticos vinculados a um partido que mais admiro. Sucedeu a Luís Filipe Menezes, herdando uma dívida tremenda, grande parte dela já sanada, sem se perder nos queixumes usuais, com uma dignidade e uma honradez invulgar.

São exemplos destes, diferentes entre si, que deviam fazer reflectir os partidos. É também verdade que há sempre quem se aproveite das fragilidades "independentistas". No Norte, Valentim Loureiro e Narciso Miranda, borrifaram-se para os seus respectivos passados, nada recomendáveis, e lançaram-se à luta, mas desta vez o povo deu-lhes a resposta adequada. No Sul, em Oeiras, o ambiente e os ventos parecem mais "tolerantes" com a corrupção, e (pasmem) lá elegeram Isaltino Morais...   


Vejamos, como é que Rui Moreira vai governar a cidade com maioria absoluta. Confiemos no seu carácter. Pode não agradar a todos, mas já fez coisas muito interessantes, ao contrário de Rui Rio, esse sim, um oportunista e incapaz. 

Rui Sá, da CDU nunca lhe fez as críticas oportunistas que fez a Rui Moreira durante todo o ano. Talvez se sentisse melindrado por Rui Moreira ter acabado com a cultura Laferiana, bem à moda da Lisboa pimba...

Off topic:

O FCPorto mereceu ganhar em Alvalade. Belo espectáculo de futebol. Força Sérgio Conceição, a tua língua não tem sofisma. Que os Deuses te ajudem, tu mereces!