É desagradável para qualquer um ser-se objecto da crítica de outrem. Ninguém gosta de ser criticado, e eu não fujo à regra. Mas aceito opiniões contrárias às minhas, desde que sustentadas em argumentos sérios, e pragmáticos. Com fanatismos, ou convicções mal fundamentadas é que não se convence ninguém. Estou com esta conversa porque ainda não consegui convencer certos leitores mais precipitados, que quando se critica o funcionamento de uma empresa, de um governo, ou uma equipa de futebol, não significa forçosamente que os que lá trabalham sejam todos maus. Um governo, ou qualquer outra actividade colectiva, deve ser avaliada pelos resultados do grupo, não pelo individual. Se assim fosse, não haviam maus governos, más empresas, nem maus clubes de futebol.
Espero que os leitores habituais não pensem que é para eles este discurso, porque não é. Refiro-me a um pequeno número de comentadores que nem sempre compreendem o que escrevo, que distorcem as coisas, ou por pura ignorância, ou por malvadez. É importante compreendermos que quanto mais exigentes formos com nós próprios, mais apurados serão os nossos gostos.
Dou como exemplo do Porto Canal, órgão de comunicação que venho censurando há algum tempo. Qualquer espectador atento terá percebido que algo de estranho se está a passar naquela empresa. Eu também sou um deles, e tenho-o demonstrado aqui. O objectivo não é dizer mal, só por dizer. Não! Eu aponto para o que está a funcionar pior, e neste caso trata-se de desleixo, de desorganização, e alguma falta de brio profissional. Se fosse um canal de Lisboa era-me indiferente, porque são tão medíocres, tão enfadonhamente previsíveis, que nunca estive preocupado. Agora, o Porto Canal preocupa-me, e porque é do Porto quero que seja sempre melhor, para poder impor-se económica e qualitativamente.
O Porto cidade e o Porto Clube não pode dar-se ao luxo de deixar à deriva um negócio tão difícil de rentabilizar como a televisão.
O Porto cidade e o Porto Clube não pode dar-se ao luxo de deixar à deriva um negócio tão difícil de rentabilizar como a televisão.
Para melhor entenderem onde quero chegar, e para que não se confunda a árvore com a floresta, passo a explicar:
Programas do Porto Canal por Áreas
- Desporto: Universo Porto de Bancada, Universo Porto, Desporto em Directo, Nas 4 Linhas, (20, no total)
- Informação: Jornal Diário, Jornal das 13, Jornal da Noite, Último Jornal, Revista de Imprensa, Jornal de Desporto (20, no Total)
- Entretenimento: Consultório,Olá Maria, Portugal Fashion, Glitter Show, (21, no total)
- Cultura: Caminhos da História, Nota Alta, Radioativo, Gente com História, A falar é que a gente se entende, (21, no total)
- Bem Estar: Imperdíveis, Filhos e Cadilhos, Beleza em Paris, (8, no total)
Os programas mais importantes para mim (apenas a minha opinião), são os que estão sublinhados. Neste momento, deixaram de transmitir muitos deles em todas as áreas. Antes, passavam 4 telejornais, agora transmitem apenas o da Noite. Auto-desvalorizaram esta área importantíssima! Os melhores programas culturais estão a ser afectados por exaustão causada às audiências (repetições sucessivas), o que é péssimo para os respectivos criadores e também para o Porto Canal.
Um negócio como a televisão, não é uma fábrica de conservas, é um trabalho exposto todos os dias aos consumidores. Daí, requerer mais respeito e subtileza com os potenciais clientes. Deixar uma imagem de amadorismo é perder investidores.
PS-Admitindo a hipótese de estar a ser elaborada a nova programação para a época 2018/2019, é inadmissível que nem uma nota de roda-pé tenha sido apresentada para acabar com especulações. É assim que elas se fomentam.