A minha opinião pessoal sobre a qualidade do actual regime democrático, não obedece a vínculos de filiação político-partidários, estou portanto à vontade para dizer o que penso sem papas na língua.
Antecipo-me assim a qualquer eventual comentário nessa direcção, para reafirmar a minha absoluta independência ideológica e profunda descrença no sistema vigente. Isto não quer dizer propriamente que tenha criado anti-corpos contra alguém com ideias novas [bem pelo contrário], mesmo que esse alguém venha da classe política, mas, devo confessar, que não estou mais disposto a conceder o benefício da dúvida a quem as apresente, dado ter atingido o ponto crítico de não retorno que manda primeiro ver, para crer. Estou nessa. Prefiro correr o risco de ser acusado de me refugiar atrás da abstenção, do que contribuir com o meu voto para a manutenção da mediocridade governativa do país e para quem, à custa disso, enriquece despudoradamente. Nessa, não quero estar. Por conseguinte, senhores políticos, se me estiverem a ler, já sabem, por mim V. Exas. não têm futuro. Terão direito a um lugar ao sol da minha consideração, a partir do dia que substituam os bons discursos por boas acções. Essa terá de ser a vossa rotina de vida.
Pela enésima vez, logo após a eleição de um Presidente político-partidário, não fiquei nada entusiasmado com o discurso de apresentação aos militantes. Pedro Passos Coelho não fugiu à regra, mostrando os primeiros sinais de conservadorismo ideológico como novo líder do PSD. Entre o discurso de circunstância, com remendos e panos quentes sobre rivalidades antigas, e de aparente reconciliação/união entre a família social democrata, Pedro Passos Coelho resvalou para os medos costumeiros dos líderes que o antecederam.
Primeiro, apontou para a criação de um região-piloto no Algarve [onde poderia ser senão ali?] para "testar" a Regionalização, e a seguir não resistiu à
não solução de querer rever a Constiuição. Não podia ser mais contraditório. Primeiro, porque caiu na mesma palermice que impediu Portugal de criar regiões administrativas com a revisão constitucional que de lá as retirou e cujas consequências continuamos hoje a pagar. Segundo, porque escolheu o Allgarve, precisamente a região que mais tem beneficiado com apoios do Estado para estagiar o processo de Regionalização! Coerente, sem dúvida!
Depois, teve o fraco gosto de emitar o dançarino e submarineiro
* Paulo Portas, apontando armas para os subsídio-dependentes como se os males de desgovernabilidade do país estivessem todos concentrados nesses infelizes! Para além da ausência de ideias substanciais, os candidatos a 1ºs. ministros revelam uma noção completamente distorcida da realidade. Primeiro, porque cometem um equívoco repetido quando argumentam - generalizando - que os beneficiários dos apoios sociais devem retribuir com serviço público à comunidade, o esforço que os "outros" contribuintes fazem como se os beneficiários não fossem [ou tivessem sido] eles próprios, contribuintes. Partem do princípio que quem recebe apoios nunca trabalhou nem descontou para a Segurança Social, o que é altamente injusto e irresponsável. Depois, não são capazes de apresentar alternativas aceitáveis para esses casos, ou, quando as apresentam raramente as concretizam. Já todos nos esquecemos daquela promessa deste governo que
garantia estabelecer protocolos de colaboração entre empresas e desempregados de longa duração, com benefícios ou isenções fiscais para os empregadores.
O resultado é o que se vê: precaridade acentuada do emprego e mais desemprego. Agora, com estas ideias iluminadas copiadas a PPortas, PPassos Coelho prepara-se - caso venha a ser 1º.Ministro -, para gerar novos focos de oportunismo no empresariado português, que, salvo raras excepções, pauta por não gozar de grande reputação. O que vamos assistir, é a mais exploração de carne humana. Não falta quem já esteja a esfregar as mãos de contente para através dos miseráveis beneficiários do rendimento mínimo, terem quem trabalhe de borla!
Que a Segurança Social deve fiscalizar [mas se calhar não o faz] os abusos, de todos os casos de pessoas que nunca desenvolveram qualquer actividade profissional, nem descontaram impostos sociais dos seus salários, isso deve . Tem de o fazer. O que não fica bem, a um putativo candidato a 1º. Ministro e é de um populismo vergonhosamente elistista , é apertar o cerco a quem passa pelas maiores dificuldades com uma agressividade que não usa com os grandes ladrões da economia nacional e profissionais de off-shores, como certos administradores bancários que todos conhecemos, alguns deles seus correligionários! Haja ética e respeito pela inteligência dos cidadãos é o primeiro dos princípios para merecer credibilidade. Este discurso de P.P. Coelho foram os primeiros tiros nos pés. Aguardemos pelos próximos, porque pela amostra, também este candidato a altos vôos é um mau atirador.
*esta palavra tem direitos de autor, é minha. Vem do adj.submarino e significa: negociante de embarcações sub-aquáticas