14 abril, 2010

Esperança ou cepticismo?

Nuvens negras toldam os céus e os horizontes de Portugal. A 3ª República, se não bateu ainda no fundo, para lá caminha. Os políticos,que seriam supostos serem os timoneiros que conduziriam a nossa nau para águas mais tranquilas, têm feito todos os possíveis para se desacreditarem perante a nação, e verdade se diga que o têm conseguido. Nestas condições a eleição do líder de um dos partidos com peso suficiente para ser governo no futuro, do mesmo modo que já foi governo no passado, é um facto relevante para todos os portugueses, sejam ou não simpatizantes desse partido.

Será Pedro Passos Coelho uma lufada de ar fresco no panorama político, ou será "mais do mesmo"? Ninguém sabe, mas a esperança que nunca se deveria perder, levar-me-ia para a primeira hipótese. Por outro lado, a experiência do passado, e até mesmo o receio de nova desilusão, far-me-ia pender para a segunda. Em balanço, inclino-me para o lado da esperança. Vejo sinais positivos. Trata-se de alguém que não pertence ao aparelho do partido,aquele conjunto dos denominados "barões" que mais me apetece chamar de capos, à moda da Camorra. Depois, agrada-me a sua ideia de mexer o mais rapidamente possível na Constituição, esse monstro mal parido nos conturbados tempos do PREC. Se conseguir, como parece pretender, reformar as leis eleitorais, instituindo círculos uninominais ou o voto preferencial em substituição do vicioso sistema actual, um enorme passo em frente seria dado. Alterar o sistema de nomeação dos presidentes das Entidades Reguladoras, e também do Procurador Geral da República, parecem boas ideias. Acabar com golden shares e outras promiscuidades, também. Chegará um dia a autorização dos partidos chamados regionais?

Se é verdade que me agradam as ideias reformistas de PPC, as suas reticências (para não dizer oposição) à regionalização, deixam-me "de pé atrás". A regionalização é urgente, e a médio prazo é um dos medicamentos que o país necessita para se restabelecer. Pessoalmente só aceitaria o seu adiamento, por dois ou três anos, numa condição. Que o governo se comprometesse a alterar imediatamente o modelo económico vigente, que centraliza a maior parte dos recursos financeiros e humanos na região da capital, deste modo exercendo uma verdadeira acção colonizadora sobre os portugueses que ali não vivem. A resultante divisão em portugueses de primeira e portugueses de segunda, é intolerável. No dia em que esta dicotomia termine, poderá então todo o país encher-se de esperança. Até lá, com PPC ou com outro, vamos andando e vamos vendo!

12 comentários:

  1. Carvalho Guimarães14/04/10, 22:03

    PPC é Lisboeta.....logo contra a regionalização.É escusado ter ilusões.

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  2. PPC é, de facto, mais do mesmo. Já começou a mostrar os sintomas. A Região piloto do All garve é só o primeiro.

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  3. Ele ainda não é nada e já há uma guerra para ver quem vai ser o seu ministro das finanças, depois, com tantos problemas no país, meu caro Farinas, prioridade à Constituição? Mas é a Constituição que impede os políticos de fazerem um Portugal melhor? E já nem falo da regionalização...Não vou por aí.

    Um abraço

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  4. Estes poíticos da 3ª República não
    passam de vendedores de pátria de
    ganânciosos e de incompetentes cheios de vícios.Com esta gente não há justiça não há valores e as
    vitimas desta políticos são os que trabalham e os pensionistas que já contribuíram com o seu trabalho e os seus descontos para sustentar políticos,ladrões,e gente que nada fez ou faz neste país mas que recebe do trabalho dos outros.

    Este PEC! é para Inglês Ver!... vamos andat mais trinta anos apertar o cinto.

    Este Pedro Coelho é mais um no meio de muitos.
    Quando o principal líder da oposição, depois do que disse:
    "arranjar uma região piloto" (Algarve) para a regionalização".
    Andou estes anos a dormir ainda não
    enxergou (porque é centralista) que sem a regionalizão este país não vai pra,frente.

    A Esquerda nunca governará este país, porque para além de serem cassetes; são uns devassos de ideias, defensores dos coitadinhos, e no fundo não passam de uns centralista encapotados.

    Aguardemos um Messias político com
    os tomates no sítio.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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  5. Caro Amigo Vila Pouca!

    Fiquei com uma séria dúvida sobre o seu posicionamento em relação ao tema regionalização!

    Estarei certo ou errado na sua pouca convicção sobre este tema?

    Um abraço

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  6. Se é a Constituição que impede os políticos de fazer um Portugal melhor? Não só, mas também, meu caro Vila Pouca. A Lei fundamental de um país não pode deixar de influenciar, para o bem e para o mal, o modo como ele é governado. Talvez volte brevemente a este assunto, de modo a poder "trocar em miúdos" aquilo que penso.
    Um abraço

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  7. "Os equívocos de Alegre
    Por J. L. Saldanha Sanches

    MANUEL ALEGRE denunciou o PEC, que mais uma vez vai atirar o peso da crise para os alvos habituais. Fez bem, mas omitiu o essencial.

    O PEC é a factura que vamos pagar por anos e anos de saque organizado e contínuo dos recursos públicos, por uma vasta quadrilha pluri-partidária que vive de comissões, subornos e tráfico de influências. As derrapagens, sempre as derrapagens…

    Tudo isto é velho e tem raízes fundas. Não podemos é deixar de recordar a responsabilidade que este Governo e este PS têm no agravamento da situação."

    in blogue Sorumbático (parte de um texto publicado salvo o erro no Expresso e que vem completo no Sorumbático)

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  8. Marquês de Pombal16/04/10, 16:55

    Sr Carvalho Guimarães, lembro-lhe que no distrito de Lisboa, ao contrário do Porto, ganhou o "sim" à regionalização. Agradece-se um pouco mais de seriedade intelectual nos comentários sob pena de descridibilizar este blogue perante visitantes instruídos...

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  9. Creio que o anónimo Marquês de Pombam está equivocado quando diz que em 1998 no distrito de Lisboa o SIM ganhou. Os registos que possuo dizem que na região Entre Douro e Minho o NÃO obteve 59,7%. Na região Lisboa e Setubal o percentual é praticamente o mesmo - 59,2%. A nível distrital no entanto, enquanto o distrito de Lisboa teve 63,2% de NÃO, o distrito do Porto teve apenas 55%.

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  10. Rectificação óbvia: Marquês de Pombal.

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  11. Marquês de Pombal16/04/10, 21:56

    Estimado sr Farinas, por favor consulte os resultados oficiais da CNE. Já tive oportunidade neste mesmo blogue de expôr esses mesmos resultados que demonstram a incoerência política e o seguidismo de franjas populacionais menos esclarecidas cá do meio. Os partidos do poder têm medo da regionalização por via de perderem legitimidade perante as populações...Cumprimentos!

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  12. Confirmo as percentagens do NÃO que indiquei no comentário anterior: 55% no distrito do Porto e 63% no distrito de Lisboa.
    Devo dizer que atribuo pouco valor a estes números, dada a artificialidade e desonestidade em que decorreu aquilo a que indevidamente chamaram campanha eleitoral, e que se traduziu num despudorado - ainda que pretensamente encapotado - apoio a favor do NÃO por parte da maioria dos partidos, mesmo daquele que oficialmente, mas de modo envergonhado, dizia que apoiava o SIM. Foi uma luta desigual e o resultado só podia ter sido o que foi.
    Cumprimentos

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