02 outubro, 2014

Carta aberta aos árbitros do nacional-benfiquismo, e não só...


Srs., cavalheiros do apito (verde-rubro):

Espera-vos uma árdua tarefa. Agora, que a Champions parece um sonho remoto, a roçar  o pesadelo, agora que ao clube dileto do regime poucas chances restam para lá se manter, vai ser necessário refinar o vosso reconhecido génio para a arte de representar. A palavra de ordem é: salvar o Campeonato Nacional, custe o que custar!

Porque, agora mais do que nunca,  o clube vai precisar muito de vós, da vossa competência, da vossa solidariedade, da vossa fidelidade canina, do vosso amor, e acima de tudo, do vosso incomensurável talento para fazer as coisas pelo outro lado. 

Por outras palavras, chegou a hora de dar ainda mais colinho aos *protegidos, sempre que as coisas correrem mal, e de levar no bolso muitos cartões vermelhos para expulsar os adversários, e instruir muito bem os bandeirolas para os colocar fora de jogo quando for preciso, mas sem dar muito nas vistas... Percebem? Fechar os olhos aos penaltis a marcar contra o Benfica, e arregalá-los amplamente se fôr a favor. Topam? Mas cuidado, não abusem, não dêem muito nas vistas. Está bem? Tudo tem de ser feito com muita subtileza, entendem? Não permitam que a vossa paixão vermelha vos denuncie demasiado, não marquem mais que 2 penaltis e 10 offsides por jogo, a favor do amado. Alternem um bocadinho as faltas, para disfarçar a coisa. De vez em quando, marquem umas quantas (nunca penaltis!) a favor dos adversários, mas de preferência longe da baliza abutre. Okey?

Agora, vamos à 2ª. parte da vossa missão, que é a mais pragmática. Não consintam que o FC Porto se aproxime do vosso clube amado. Não perdoem, sempre que um jogador do FCP tocar num jogador adversário, nem que seja num cabêlo, marquem logo falta para os pôr na ordem. Vocês sabem que os jogadores do FCPorto não jogam, só fazem faltas. E se não der muito nas vistas, mostrem o amarelo, mesmo que não se justifique. Assim, será mais fácil  mostrar  o vermelho a seguir, e atalhar o serviço. Ah, e não abrandem nunca. Não se importem de repetir a táctica mesmo no Dragão, porque [vá-se lá saber porquê], agora os portistas andam muito mansinhos e tolerantes com os roubos de igreja. É que eles já sabem que se espingardarem, vão ter logo a comunicação social em cima, a crucificà-los, a tratá-los abaixo de cão, e que depois a justiça desportiva fará o resto. Tornaram-se numas lesmas a reagir, e o que é pior, só sabem malhar no próprio clube, nos técnicos e nos jogadores. Ficaram meio masoquistas. Por isso, força neles! Ah, e não se preocupem com os comentadores das tv's do FC Porto , porque  esses também já foram devidamente sedados pela santa avença, e só dizem o que os moderadores (também eles amansados), permitem.  Se infringirem a regra do come e cala, já sabem que a porta da rua é o destino mais certo, e então lá se vai a avença...

Mesmo assim, sejam prudentes, porque, ou muito me engano, ou os comentadores do Porto Canal finalmente parecem ter arrebitado, andam mais espertos, mais corajosos. Já denunciam algumas das vossas habilidades, os vossos truques de magia, as vossas vigarices, e até já apresentam imagens dos lances duvidosos que os canais de Lisboa escondem quando prejudicam o vosso sempre eterno e amoroso clube.

Portanto, é assim: a causa é nobre. Continuem pois com o trabalho pelo outro lado, ajudem a paixão da vossa vida (e da carteira), mas tenham mais cuidado, esmerem-se, antes que os gajos lá do Norte, aqueles enjeitados, decidam sair da longa hibernação e comecem a desestabilizar (o regime).

* clube da saudação nazi

Nota de RoP:

Bem podia agora dizer-vos que fui premonitório, que bem vos avisei, mas nem é preciso. 
O apertão no pescoço a um jogador do Arouca de Maxi Pereira, em plena grande-área do Benfica, não mereceu (mais uma vez) qualquer punição da parte do árbitro e ainda o jogo estava empatado... 

Na razão inversa "o melhor árbitro português" fechou os olhos a uma grande penalidade (subtil) sobre o Alex Sandro (e ainda lhe mostrou cartão amarelo). Tudo coincidências de quem sabe como fazer as coisas pelo outro lado. Coincidências, e mania da perseguição dos portistas, digo eu.

Porto. Fashion. Lopetegui.



1. O "Porto." é uma imagem notável, numa campanha notável, que encherá de orgulho as pessoas da cidade e reforça um facto muito discutido no círculo dos decisores: o peso e força da palavra "Porto" enquanto marca. O que é o "Norte"? É internacionalmente vago, é um ponto cardeal, não é específico de Portugal. Mas Porto, da cidade do "Port wine", do F.C. Porto, é uma palavra distintiva em todos os mapas e encaixa com o carisma único da cidade.

Ainda este fim de semana, passeando pela Ribeira com um americano que estava cá pela primeira vez, via-o boquiaberto com o caráter da arquitetura, com a história, com a temperatura das pessoas e a amabilidade das ruas neste fim de outono extraordinário. Fred Sweet é o diretor do mais importante festival do Mundo de "fashion films", que todos os anos se realiza em San Diego. Era convidado da 1.ª edição do Porto Fashion Film Festival, que sexta-feira decorreu no Rivoli e que se traduziu numa outra experiência notável: o salto de conceito e posicionamento das marcas de roupa e calçado nacionais para o mundo da Internet (onde todas marcas e estilistas têm de estar).

Também por causa do evento, o mais bem sucedido realizador de "fashion films" na internet, o londrino Justin Anderson, andou por cá a mostrar o seu trabalho "fora da caixa" e a fazer parte do júri que escolheu os melhores "fashion films" da moda portuguesa.

Em cada visitante, esta sensação incrível de um espanto colossal com a forma como a cidade passou a ser tão bem cotada no turismo mundial e se percebe repleta de turistas por todo o lado.

Esta mistura do azul do céu, do mar, do rio, dos azulejos, do clube, trouxe uma unidade extraordinária à cidade, e a Câmara do Porto está de parabéns pela síntese que esta marca-valor representa para o futuro. E para o "Porto." ser mais do que apenas uma expressão gráfica, seria necessário que o Norte aceitasse que "Porto e Norte" são cada vez mais gémeos. A união destas ideias pode trazer mais investimento e força a partir das empresas, universidades, da Comissão de Coordenação - neste momento, decisivo para arrancar o Norte da cauda das regiões mais pobres da Europa.

Seria uma maldade sem nome que o poder central, mil vezes avisado sobre o que faz o ostracismo à periferia (Catalunha, Escócia, Córsega, País Basco), não desse uma oportunidade a esta região que precisa de investimento físico e educacional para, em cinco anos, sair definitivamente do fim-do-fim do pelotão europeu.

2. Como ainda ontem este jornal dava conta, cinco milhões de euros perdidos por dia em engarrafamentos de trânsito justificariam um investimento massivo em transportes públicos nas grandes cidades. Infelizmente, uma das decisões mais arrepiantes deste Governo foi a de alinhar complacentemente na fobia de Bruxelas face ao crescimento da rede de transportes portuguesa - dados os prejuízos das empresas de transportes. Esquecendo porém que se não forem feitas melhorias de serviço em quantidade, no fecho da rede (o caso do Metro do Porto é gritante) e na (pelo menos) não subida de custos, nunca mais lá chegamos.

Perder-se um novo financiamento comunitário até 2020 sem praticamente nada fazer, será criminoso. Porque, estou em crer, poucas coisas fizeram mais pelo Porto e pela região que o Metro (e a sua ligação às cidades vizinhas ou ao aeroporto). O que não seria se pudéssemos continuar?

3. Lopetegui faz lembrar Artur Jorge. Tático. Duro com os jogadores. De opções controversas. Com arranques difíceis (a derrota contra o clube galês da 4.ª divisão, o Wrexham, nas provas europeias, quase foi o fim dele). Ambos fanáticos do controlo de bola (com Artur Jorge, até muitos cantos eram marcados à maneira curta). Lopetegui representa o regresso do treino científico ao Dragão. Há que esperar. Artur Jorge conseguiu ser campeão europeu, mas não ganhou sempre. E não me esquecerei de um Porto-Penafiel nas Antas, com um confortável 3-0 no marcador, o clube em primeiro, e a equipa a ser assobiada. Lopetegui, tal como alguns dos melhores que por ali passaram, pode não agradar já, mas tem uma ideia de futebol. Não é pouco, nos dias que correm.

[do JN]

01 outubro, 2014

Negócio entre FC Porto e Mediapro à espera da nova grelha do Porto Canal


A definição do tipo e volume de produções da Mediapro para o canal de TV tem adiado a compra pelo FC Porto e arrastado o processo negocial. Mas a opção  de compra será exercida.

A definição da nova grelha de programas e o peso que nela terá a produção da Media Luso, o braço português da Mediapro, explicam a demora na transferência da posse do Porto Canal para a FC Porto Media.
A operação só deverá estar concluída em dezembro. O clube já decidiu que exercerá a opção de compra e respeitará o preço, da ordem dos quatro  milhões de euros, acordado como o valor do canal com o grupo espanhol.  Mas o negócio tem uma segunda vertente associada aos fornecimentos futuros da Media Luso ao canal. E, para se definir o tipo de formatos e volume de serviços é preciso primeiro conhecer "a vocação, a grelha e o orçamento do canal", refere ao Expresso uma fonte ligada ao processo. Detalhes como, por exemplo, quem ficará com o equipamento da estação estão ainda por resolver, dependendo do grau de capacidade de autonomia que o canal pretende.
 Vender e ficar fornecedor
O contrato, assinado em meados de 2011, transferia a gestão para o FC Porto por três anos e estipulava que o clube poderia acionar em qualquer momento a opção de compra por um valor que ficou logo definido. Mas, o contrato estabelecia também que a Media Luso ficaria responsável por 60% da produção, depois do clube exercer a opção de compra.
Foi esta carácter de parceria que preservava a ligação ao canal que levou a Mediapro a preferir a oferta do FC Porto em detrimento de outras mais favoráveis que, na altura, lhe terão sido apresentadas.
A FC Porto Media, agora dirigida por Manuel Tavares, o ex-diretor do "Jornal de Notícias" que se transferiu para o universo portista, manterá no geral a atual orientação generalista e informativa, destinado a uma região (Norte) mas com uma marca dentro (FC Porto).
"Um clube, uma região, uma televisão" foi o lema escolhido para acentuar o novo ciclo do Porto Canal que apostaria na abertura de delegações nas principais cidades para vincar a sua ligação ao Norte. No estádio do Dragão, foram instalados estúdios que funcionam como um segundo polo de emissões.
 Abrir o capital a grupos nortenhos
Ao exercer a opção de compra, o FC Porto ficará com os 98% detidos pela Media Luso - o restante capital está distribuídos pela JP Sá Couto e pelo Montepio, que herdou a posição do Finibanco. Mas o FC Porto admite reduzir a sua participação e convocar novos acionistas, sem perder uma maioria de controlo. A FC Porto Media está a preparar uma ronda pela comunidade empresarial nortenha para seduzir  investidores, alargando a base acionista e reforçando a capacidade financeira.
O Porto Canal iniciou emissões a 29 de setembro de 2006, a partir de uma aliança das principais produtoras da cidade e sofreu várias alterações acionistas até  ficar na posse da Media Luso. 
[Abílio Ferreira/Expresso]
Nota de RoP: 
Até para sabermos o que se passa na nossa terra (a notícia é recente, 30/09/2014), dos nossos assuntos, temos de procurar nos jornais de Lisboa. 
Nem o JN , nem o Porto Canal consideraram relevante falar deste caso. Será que não sabiam, ou também têm medo?  Como agora não leio o Expresso, foi um anónimo que teve a bondade de me deixar o artigo na caixa de comentários, a quem desde já agradeço. 

29 setembro, 2014

Dêem as mãos cavalheiros, lutem contra quem nos anda a lixar!



Alfinetadas de Pinto da Costa a Rui Moreira na entrevista do Porto Canal que podiam ser evitadas:

"Já conversámos muitas vezes. Conheço-o [Rui Moreira] há muitos anos. O outro [Rui Rio] nem conhecia - pelo FC Porto nada fez e pela cidade pouco mais. Se a zona das Antas está como está, deve-se ao FC Porto. A hostilidade desapareceu, mas, em termos práticos, não beneficiamos nada com a mudança. Somos amigos, mas, em termos de ligação do FC Porto à cidade, não tem sido nada positivo."

"[Rui Moreira] Disse que deixou de ser portista, passou a ser portuense; não entendo e fico triste. Deixou de escrever num jornal do Porto, o 
JN, por causa do cargo, e depois passou a escrever num jornal de Lisboa, o Correio da Manhã"


Se Rui Moreira quis afirmar-se politicamente como o "presidente de todos os portuenses" quando proferiu estas declarações, separando os portistas dos não portistas, então, fez mal. E fez mal justamente por tê-lo dito, embora me pareça que a intenção seria uni-los, e não separá-los. Diga-se o que se disser, ao fazê-lo, os portistas viram nessas palavras a continuação "anti-promiscuidade" entre o futebol e a política iniciada por Rui Rio. Por sua vez, os não portistas agradeceram em silêncio, e os anti-portistas rejubilaram com a almofada de conforto... Por isso, teria sido mais feliz se tivesse falado apenas em portuenses.

Mas Pinto da Costa não devia atirar pedras a um conterrâneo seu, igualmente portista, porque também foi infeliz, ao falar extemporaneamente deste assunto, quando toda a gente sabe que a razão deste desaguisado infantil se prende com o apoio (falhado) da candidatura de Luís Filipe Menezes à C.M.Porto, que está aliás na origem do arrufo. Por outro lado, embora deteste o Correio da Manhâ (nunca o li, mas fiz-lhe há muito o raio X pelas parangonas), Pinto da Costa também usou muitas vezes a RTP para falar (e os outros canais)  e todos sabemos o anti-portismo que lá se respira e pratica, apesar de pertencer ao Estado. Além disso, não me parece que Rui Moreira continue a escrever para aquele pasquim.

O que lá vai, lá vai. Agora, o que ambos deviam fazer era darem as mãos, cooperarem, respeitarem-se mutuamente e lutarem pela mesma causa: o Porto. Sem complexos nem ressentimentos. 

28 setembro, 2014

A entrevista de Pinto da Costa ao Porto Canal



Como era previsível e escrevi nos posts anteriores, Pinto da Costa finalmente saiu da hibernação a que parecia remetido e foi falar ao Porto Canal. Nunca pensei é que fosse já (apesar de tarde).

Devo dizer que não fiquei optimista com o teor da entrevista. Achei-o demasiado conformado, mesmo quando abordou as questões das arbitragens. Não quero acreditar que a cópia de um desses posts que enviei para o site do FC Porto tenha tido qualquer influência na decisão para só agora aparecer, mas talvez tenha ajudado. Este Pinto da Costa está a perder o sentido de oportunidade nas suas intervenções, coisa em que, num passado recente era mestre e fazia estremecer os adversários da 2ª- circular. Agora, mostra-se muito efusivo com a recepção e os abraços dos adversários e até já fala da marca Benfica com estranha afabilidade, um clube cujos dirigentes tão mal o trataram. 

Além da constatação de factos - sobejamente conhecidos dos portistas -, a entrevista não passou de um mal disfarçado acto de contrição da consciência, pois poucas garantias deu de mudança. Também nada se disse (e também nada lhe foi perguntado), sobre o futuro do Porto Canal. Nem uma palavra. Muito bem. Talvez seja eu que não estou a ver a coisa... Talvez pensem que os Ricardos Coutos e as Marias cheguem para alimentar a pasmaceira intelectual dos espectadores, digo eu. Vejamos se vamos precisar de ser comidos como lorpas mais uns joguitos e perder mais uns pontitos, para voltarmos a ver Pinto da Costa no Porto Canal a fazer o papel de naufrago agarrado a bóia, quando o barco já estiver encharcado de água. 

Em suma, não gostei da entrevista, nem da sua postura de senador aposentado, por uma razão muito simples, não o vi disponível para o "combate". E por muito que admire Pinto da Costa, creio que já não é o que era, já não mostra capacidade para se antecipar aos problemas. Será da idade? Talvez, mas então talvez tenha chegado a hora de repensar a sua disponibilidade para o cargo. Acima dele, estará sempre o FC Porto. Dele, e de qualquer outro.