30 abril, 2010

Bom fim de semana!



Que dupla!!!

Ainda a contradição da Revisão Constitucional

Não há uma consciência padronizada, mas há o senso comum. Mais popular e vertical do que todos os códigos jurídicos do Mundo, o senso comum é uma mistura universal de bondade/inteligência com sentido de justiça. Antes da manipulação das Leis a que o Direito por regra  ou interesse obedece, estará  sempre o bom senso.

Senão, voltemos de novo à ridícula alínea 1) do Artº 51º da Constituição. Se por um lado a alínea 1) diz que «a Liberdade de associação compreende o direito de constituir ou participar em associações e partidos políticos, concorrendo democraticamente para a formação da vontade popular e organização do poder político», por outro, a alínea 4) do mesmo artigo contradi-la, porque «impede os cidadãos do exercício da Liberdade proibindo a constituição de partidos com designação e objectivos de índole e carácter regional»!

Não podendo opinar, por incompetência jurídico-constitucional, no entanto, o bom senso diz -me que estas duas alíneas [1 e 4] se anulam reciprocamente, dado que discriminam o exercício da Liberdade da constituição de partidos políticos, se forem de cariz regional. E penso que discrimina mesmo, porque a Constituição defende a descentralização [embora, o(s) Governo(s) não a pratique(m)].

Artigo 6.º
(Estado unitário)
1. O Estado é unitário e respeita na sua organização e funcionamento o regime autonómico insular e os princípios da subsidiariedade, da autonomia das autarquias locais e da descentralização democrática da Administração Pública.

Artigos constitucionais para ler e deitar fora

Artigo 51.º
(Associações e partidos políticos)

1. A liberdade de associação compreende o direito de constituir ou participar em associações e partidos políticos e de através deles concorrer democraticamente para a formação da vontade popular e a organização do poder político.

2. Ninguém pode estar inscrito simultaneamente em mais de um partido político nem ser privado do exercício de qualquer direito por estar ou deixar de estar inscrito em algum partido legalmente constituído.

3. Os partidos políticos não podem, sem prejuízo da filosofia ou ideologia inspiradora do seu programa, usar denominação que contenha expressões directamente relacionadas com quaisquer religiões ou igrejas, bem como emblemas confundíveis com símbolos nacionais ou religiosos.

4. Não podem constituir-se partidos que, pela sua designação ou pelos seus objectivos programáticos, tenham índole ou âmbito regional.

5. Os partidos políticos devem reger-se pelos princípios da transparência, da organização e da gestão democráticas e da participação de todos os seus membros.
6. A lei estabelece as regras de financiamento dos partidos políticos, nomeadamente quanto aos requisitos e limites do financiamento público, bem como às exigências de publicidade do seu património e das suas contas.

Nota de RoP:
A primeira Constituição democrática da República foi elaborada no ano de 1976. De então para cá, em 29 anos foi revista 7 vezes [1982, 1989, 1992, 1997, 2001, 2004 e 2005]. 

A avaliar pela frequência com que se mexe na Constituição da República [que chegou a ser considerada uma das mais avançadas da Europa], faz-nos pensar que nem o documento legal mais importante do país é para levar muito a sério. Ressalvando o articulado mais revolucionário que justificou algumas adaptações, tem sido completamente excessiva a frequência em alterá-lo. Até o recém eleito Presidente do PSD quer repetir a gracinha para recolocar na Constituição o que já lá estava, e entretanto foi levianamente retirado. No ponto nº 1 do Artº 256º da Constituição de 1976 [Capítulo IV] constava o seguinte:

-As regiões s-e-r-ã-o instituídas simultaneamente, podendo o estatuto regional estabelecer diferenciações quanto ao regime aplicável a cada uma.

Este artigo foi, entretanto, alterado, arbitrariamente, e sem nenhuma razão soberana, para o salazarento ponto 4 do Artº 51º [Associações e Partidos Políticos]:

não podem constituir-se partidos que, pela sua designação ou pelos seus objectivos programáticos, tenham índole ou âmbito regional.

Não será esta absurda "alteração", ela sim, ilegal e profundamente anti-democrática?  Se agora o PSD a quer alterar novamente é porque reconhece implicitamente o erro anterior. Então, para quê perder tempo? Por que é que não ousa avançar com o Processo da Regionalização? A mim, palpita-me que é porque não quer, ou então, porque lhe falta coragem.

Movimento Norte Global*. A acompanhar

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Obs. - Nunca serão demais estas iniciativas. O importante é dar-lhes apoio e coesão. Igualmente importante é que os objectivos não sejam atropelados por aderentes ocasionais.
* o "global" é invenção minha

29 abril, 2010

Preciosismo centralista


Por acaso, quando a equipa do FClube do Porto vai a Lisboa [vulgo, capital do Império], verifica-se este preciosismo mediático?

Enganam-se sempre na porta. A toca dos vândalos está localizada lá mesmo, no Estádio da EPUL, não era  preciso percorrer 300 kms para fazerem estas fitas.

Ps-A foto é do JN e suponho ser repescada de outros momentos. A minha crítica incide precisamente neste oportunismo mediático. As televisões tratam os adeptos benfiquistas como meninos de côro, só falta mesmo é fardarem os agentes de segurança com o equipamento vermelho.

28 abril, 2010

Populismo de classe

Já repararam que a palavra "populismo", ou populista, é a arma de arremesso  mais usada por políticos e alguns empresários para se atacarem uns aos outros? No entanto, se forem ver ao dicionário, populista, significa amigo do Povo. Então, se empresários e políticos andam, há séculos, a tentar convencer o  Povo que são muito seus amigos, por que é que argumentam com este adjectivo? Só pode haver uma resposta: na realidade, não gostam do Povo. Quando estão a acusar o outro de ser populista, não estão mais que a dizer: ó pá, tu sabes que eu sei que estás a mentir. E na primeira oportunidade, fazem o mesmo. Mentem . Mentem ao Povo de que dizem gostar, sem gostar de populismos... É giro.

Isto, vem a propósito de um fórum na SIC sobre a eventual alteração ao subsídio de desemprego que tinha como convidado o economista Pedro Duque, aquele senhor que costuma participar no programa da SIC Notícias com o polémico Medina Carreira. Tenho uma ideia bastante positiva do Dr. Pedro Duque. Parece-me uma pessoa competente e bastante ponderada. Mas, isto, vale o que vale, porque hoje em dia as questões de carácter foram completamente secundarizadas pela ditadura dos números. E a Economia não passa de um jogo de números. Acho, no entanto exagerado que os senhores economistas tomem a Economia como uma espécie de poção mágica para os males da Humanidade. Há mais vida, para além da Economia.

A dado passo do fórum, Pedro Duque começou a falar sobre a crise económico-financeira,  sobre o desemprego e sobre uma questão muito em moda agora, que são as baixas qualificações da mão de obra portuguesa, para justificar os baixos salários. Deu como exemplo, a empregada de caixa de supermercado, que sendo uma actividade fácil de desempenhar por qualquer pessoa [foi assim mesmo que se exprimiu], não podia almejar ganhar mais do que o salário mínimo. Ouvi isto, e disse cá para mim: também tu, Duque? Será que ainda não percebeste que não há sangue azul? Azul e branco é a Lua, o  Mundo e o FCPorto. Perto do sangue, só as veias!

É claro que, pôs-se a jeito, e teve de ouvir umas respostas desagradáveis da parte de pessoas que não gostaram do paradigma. Porque, pela sua ordem de ideias, as pessoas menos qualificadas estariam condenadas a viver para sempre na miséria. As pessoas menos qualificadas terão sempre de existir, quanto mais não seja para servir as mais qualificadas, mas esse serviço para ser socialmente sustentável tem de compensar quem serve, caso contrário regressámos à idade Média. E não quero pensar que seja esse o ideal-social do Dr. Pedro Duque.

Mais grave, é percebermos que certas pessoas tidas como especialistas em determinadas matérias quando convidadas para as explicar se fiquem pelo meio caminho, nunca vão até ao fim. Ficam-se pelo tal populismo de classe ou pelo corporativamente correcto. Nestes casos, caberia aos apresentadores "puxar" pelos convidados, fazê-los falar, coisa que raramente fazem. Confrontá-los, por exemplo, com os milhares de jovens licenciados no desemprego que têm de recorrer a actividades básicas para arranjar trabalho, se o arranjarem. Essas pessoas são qualificadas, estudaram para isso, e no entanto, não têm mercado, ou no caso de arranjarem trabalho têm de se contentar com os tais ordenados minimalistas. Se o problema está nas licenciaturas, ou no tipo de formação, anuncie-se de uma vez o que se pretende, de que tipo de formação carece mais o mercado. A velha história da cana e do pescador é muito engraçada, mas não funciona se o mandarem pescar no Saara.  O discurso da formação técnica virou moda, mas não pega, porque o mercado é pobre de mais para a absorver. Além disso, as agências de emprego nem sempre são transparentes. Começa mesmo a constar-se que algumas delas direccionam de forma  altamente suspeita as verbas que lhes são concedidas para o efeito. Há pequenas máfias instaladas nessas agências.

É chegada a hora de arejar as mentes das Associações Patronais [CIP's] de as obrigar a fazer jogo limpo, de deixarem de sonhar com o regresso ao passado, com o Salazar. Acabou. Está cada vez mais difícil meter a cabeça na areia, as populações aceitam bem  os deveres se os direitos forem respeitados. Não adianta puxar a carroça para trás. O futuro tem de falar verdade.  

Névoas e novelos na Justiça



Por que será que sem ter bem a certeza de nada, filtrando questiúnculas de poder entre clãs, ressabiamentos mal resolvidos, etc., tudo aponta para que o teor
deste artigo de Paulo Morais corresponda à realidade?

Imagino que casos destes nas Câmaras sejam tantos e tão pouco transparentes que para os descobrir seria precisa uma vida, e no fim, poucos escapariam com as mãos limpas.



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Nota: o sublinhado no artigo do JN é meu.

27 abril, 2010

Música de baile ou os irmãos Metralha?

A dor de corno

O benfica é um lídimo representante da Lisboa a que pertence. Tanto benfiquistas como lisboetas têm a mais alta opinião deles próprios, na medida em que têm a mania que são os melhores em tudo,e nada vêem para além do próprio umbigo. Acham que não lhes prestar vassalagem é crime de lesa-majestade.

Um jogador nuclear do FCP é retirado da equipa por suspensão preventiva que se prolonga por vários meses? O melhor marcador do clube vê injustamente um cartão vermelho mostrado a preceito para não jogar o encontro com o benfica? O presidente do clube é inundado por processos atrás de processos que originam castigos sucessivos , na vã intenção de "arrumar" com ele? Que querem, dizem eles, é a lei! Só não dizem que é a lei na versão deles. Afinal tanto a instância superior da justiça desportiva, como a justiça civil que eles ainda não conseguiram corromper ( pelo menos de forma visível) decidiram que as sentenças originais estavam eivadas de partidarismo iníquo, e em consequência foram rectificadas ou mesmo totalmente anuladas.

Mas se a podridão campeia no futebol, a atmosfera no hoquei em patins continua límpida. E assim, quando os encornados perdem uma causa na justiça - que eles ainda não conseguiram controlar - como aconteceu agora, já não encolhem os ombros dizendo "é a lei"! Amuam como meninos birrentos habituados a que lhes satisfaçam todos os caprichos. Dizem que "foram vítimas de uma enorme falta de respeito". E vão mais longe. Ameaçam abandonar a modalidade! Essa gente adaptou o velho princípio que diz que "se não consegues vencê-los, alia-te a eles". No evangelho benfiquista-vieirista, passou a ser " se não consegues vencê-los dentro das quatro linhas, tenta vencê-los por fora fazendo as coisa por outro lado, mas se mesmo assim não conseguires, então desiste e foge do combate". Ver o FCP ganhar nove campeonatos seguidos dá uma "dor de corno" insuportável!

Uma última nota para aplaudir o que escreveu o Rui Valente num post de ontem. A desonesta comunicação social que temos, em especial as TV 's, colaboram nesta vergonha , negando visibilidade ao hóquei e ao feito ímpar do FCP. Quem não aparece, esquece, pensam eles.E é verdade! Para salvar a face dos benfiquistas, estão dispostos a matar esta modalidade em Portugal. Grande gajada!

Sentido de Estado

tudo dentro dos conformes...
Clique sobre o símbolo do milhafre para ampliar. Com força!

Clássico obriga a mobilização geral da PSP

Já agora, recrutem a família benfiquista, entreguem-lhe metralhadoras,  mobilizem os tanques, os blindados, os canhões, a força aérea, os submarinos do vosso contentamento...

Que viva o ultraje! Que viva a cobardia! Que viva a bandalheira!  Que vivam os Vasconcelos [Miguéis e Antónios]!

Força senhor José Sócrates, mostre o que vale, que não é apenas um impostor, um desqualificado assinante de projectos urbanísticos. 

Força senhor Presidente da República, continue a afirmar a sua veia teatral, aliste-se à causa. Faça mais um discurso, veja se nos comove!

Estas decisões, tomadas em momentos explosivos como o actual, parecem-se mais com uma declaração de guerra do que com prevenção. Biltres! 

Ps- «O cenário que envolve o jogo é de elevada tensão, face ao acontecido no encontro da primeira volta, particularmente na zona dos túneis, que tanta polémica provocou. Por isso, nesta área vão existir as maiores precauções, com os representantes da Liga a redobrarem a atenção.» (JN)

Ou seja,  transferem-se os meios de segurança do local do crime [que não existiram,] para outro que nada tem a ver com ele. Excepto o túnel. Agora sim, é que é preciso cuidado! Brilhante!

26 abril, 2010

A prostituição dos media e o futebol

Qualquer dia não se admirem se ouvirem falar mal de mim. É uma questão de tempo, e  de visibilidade. Se começar a incomodar demais esses tipos que por aí andam fazendo-se passar por jornalistas, podem estar certos de uma coisa: vai sobrar para mim[também para eles, podem crer...]. 

Salvando e respeitando raríssimas excepções, o nível do jornalismo em Portugal anda pelas ruas da amargura.  Por vezes, custa-me ser tão implacável para com uma actividade profissional  de que gosto e que é da maior importância para os cidadãos. Sem o trabalho dos jornalistas teríamos mais dificuldades em saber o que se passa no Mundo. Não me esqueço, especialmente, daqueles que para nos manterem ao corrente das situações se arriscam a trabalhar em pleno teatro de guerras com risco da própria vida. Só que, nenhuma virtude, por mais nobre que ela seja, justifica o crime. Nem no jornalismo, nem em coisa nenhuma da vida. E há jornalistas cujo comportamento ultrapassa o dos malfeitores.

Já falei vezes sem conta sobre o défice democrático do jornalismo nacional, e vou continuar a falar. A prova dos nove do que afirmo já os leitores detectaram. É isso mesmo, acabei de escrever "jornalismo nacional", e vocês sabem que o erro está no "nacional". Em Portugal, não há jornalismo nacional, há jornalismo local. Aonde? Onde haveria de ser: em  Lisboa, pois claro! E como Lisboa "é" o centro do Mundo, o que é local passa a ser nacional. É a filosofia do tal efeito difusor, atrás do qual nos tentam convencer que o que é bom para Lisboa é óptimo para o país...

Se não houvesse défice democrático na informação seria impensável assistirmos, com revolta incontida, aos sucessivos atentados à ética deontológica jornalística praticada pelos próprios jornalistas, como efectivamente assistimos. E é assim em todas as estações, nas públicas, pagas por todos nós, e nas privadas [abençoado liberalismo!]. Nos jornais e nas rádios, passa-se o mesmo. Todos rezam a mesma missa, só variam as vozes e as caras. Todos fazem batota! Todos! Em nome do grande capital - que se instalou com armas e bagagens em Lisboa - a Banca, em tempo de Liberdade, voltou as costas ao Porto. Salazar foi mais "generoso", em tempos de Ditadura, imaginem só! Dá para aceitar uma aberração destas?

Os nossos adversários clubísticos, jamais serão capazes de reconhecer esses factos. Tudo o que possamos dizer, não conta, é defeito. Por isso, jamais podemos esperar seriedade daquelas bandas, que se incomodem com o facto de o FCPorto se ter sagrado Campeão Nacional de Hóquei em Patins pela 9ª vez consecutiva e não ter merecido de toda a comunicação social o destaque merecido. As televisões, já sabemos, quando é o FCPorto que domina uma certa modalidade, deixam de se interessar por ela e praticamente não a promovem nem divulgam.  Raramente transmitem  os jogos, ou se transmitem, remetem-nos estrategicamente para horários e canais secundários de modo a que ninguém os veja. Já com o futsal, passa-se exactamente o contrário. Uma modalidade sem o historial e a tradição do Hóquei em Patins, passa a ser importante apenas porque o campeão é o clube dos regimes, e então, aí já toda a gente vê e toda a gente fica a saber, até no Burkina Faso, que o Benfica foi Campeão [sem o FCPorto, que como se sabe ainda não tem esta modalidade]. 

É assim, usando e abusando de processos publicitários impúdicos que a comunicação social vai construindo os seus ídolos  tentando destruir os ídolos de outros. Eles sabem [e nós também], que se ao longo dos últimos 20/30 anos tivessem prestado a atenção devida ao FCPorto, às tantas, aquele número risível dos 6 milhões de adeptos seria uma séria imagem de marca, sim, mas do FCPorto! Conhecedores da força promocional das televisões, os seus acólitos fazem o trabalho sujo, inventam apitos, produzem filmes, forjam imagens comprometedoras para os adversários, agridem impunemente, ateam fogos, aliciam autoridades judiciais, viciam  dados, minam a "justiça desportiva", colocam nos organismos federativos gente de confiança, e no fim, fazem a festa...Sem sombra nem pecado. Virgens!

O que atrás está escrito, não é novidade para todos os portistas. Até as crianças  o percebem. Como o filho de um amigo meu de 8 anos, que ao ver a expulsão do Falcão se virou  quase a chorar revoltado para o pai: tu  viste pai? O Falcão foi carregado em falta por dois jogadores do Setúbal e ele é que foi expulso? Viste? Sabiamente, o pai da criança ordenou-lhe para desligar a televisão, porque de facto, agora tudo está a ser ultrapassado em matéria de desonestidade.

Apesar dos factos, tudo irá continuar assim, como está. As autoridades competentes não têm quem lhes faça chegar com o merecido cuidado , a descrição correcta destas ocorrências, isto, admitindo que elas próprias não disponham de tempo para observar directamente o fenómeno. Mas, palpita-me que, caso no próximo fim de semana as coisas descambem para o torto, para a violência, não faltarão voluntários mediáticos para apontar, sem reservas, o dedo aos culpados: Pinto da Costa, os adeptos e, esse grande embaraço chamado Futebol Clube do Porto.

Individualmente, pouco posso fazer, mas enquanto dispuser deste espaço em Liberdade, tudo farei para denunciar estes abusos e envergonhar esta classe de jornalistas. Uma prostituta merece mais respeito.
   

25 abril, 2010

Dedicado aos portistas de todo o Mundo, em dia de Liberdade...


Estes versos da autoria do meu falecido pai foram publicados num dos jornais portuenses da época, não sei bem em qual. 

O colunista Moreira de Castro chamou-lhe poeta, mas não era essa a sua actividade profissional.

Dedicou-se a brincar com as palavras depois de reformado. É tudo.Como o seu grande amor ao melhor e mais simbólico clube de futebol da cidade era imenso, descomplexado, autêntico, e liberto de amarras centralistas, a brincadeira deu nisto.

Espero que gostem. 


PS-Os meus familiares e amigos mais íntimos dizem que me pareço com o meu pai, em forma e feitio. Concordo, em parte, porque nem na árvore genealógica é possível encontrar duas pessoas exactamente iguais. Por isso, atrevo-me a adiantar que, à luz do estado mafioso  a que chegou o futebol português, hoje, meu pai jamais citaria o nome do Benfica em qualquer escrito. 

Perdoem-lhe esta gafe, mas os tempos mudaram. Paradoxalmente, "democraticamente", para pior.

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25 de Abril de 1974, 36 anos de faz que anda mas não anda...

...ou anda sempre para os mesmos.

Comemoram-se hoje 36 anos da revolução dos cravos.

Paulatinamente, toda a euforia vivida por aqueles que como eu viveram esses tempos de esperança de um melhor futuro para o país, foi-se esvaziando com a sobreposição persistente dos valores económicos aos valores sociais. Esse vazio ideológico foi iniciado com as sucessivas revisões da Constituição, retirando-lhe o articulado de cariz  revolucionário que garantia os direitos elementares da população, como sejam: a Saúde, o Pão e  a Educação, tendo a Liberdade a servir-lhes de charneira. 

Como a única maneira de preservar os benefícios das elites só era possível em Democracia, «consolidou-se» a Liberdade. No entanto, como a Democracia não se alimenta apenas de Liberdade nem a Liberdade sobrevive ao respeito pela Lei e pela Justiça, todas os 3 restantes desígnios ficaram por realizar. As estruturas da Saúde e da Educação continuam por cimentar, ora «estagiando» na iniciativa privada, ora passando para as mãos do Estado, e o desemprego nunca atingiu patamares tão elevados. Acresce salientar, que não só hoje há mais portugueses no desemprego como a qualidade do emprego desceu. Ideologicamente, as elites trataram de inverter o espírito revolucionário da 1ª. Constituição, procurando «normalizar» a precariedade do trabalho, com a difusão de discursos ignóbeis do ponto de vista social.

Nunca como agora se notou tanta ausência de escrúpulos na relação do patronato com os seus funcionários. Tornou-se vulgar para muitos empresários e até para certos políticos [alguns, tidos como figuras ilustres...], a pretexto das eternas crises que eles próprios fomentam, ameaçar os seus funcionários e concidadãos com coisas do género: não sei se vou ter dinheiro para lhe pagar este mês. Ou então, isto: no futuro, as pessoas  terão de se mentalizar que não vão ter um emprego para toda a vida. Há uma arrogância insuportável nestes profetas da desgraça, porque não são capazes de propor para a sociedade soluções sérias, bem elaboradas, onde o factor humano e de justiça social esteja em 1º. lugar. Os remédios que apontam para os problemas do Povo, já se sabe, nunca a eles se aplicam, a menos que tal implique uma grande negociata, como aliás, tem  acontecido.

O polémico PREC [Processo Revolucionário em Curso] que se seguiu aos dias quentes do 25 de Abril de 1974, foi uma aventura revolucionária que afectou injustamente a vida de muitos portugueses e teve obrigatoriamente de ser travado. E bem. Mas, é sempre assim. As revoluções arrastam sempre consigo algumas injustiças, oportunismos e excessos populares, mas esse é sempre o preço de qualquer revolução. E não sei mesmo, se os erros da nossa revolução não pecaram por generosos. Não houve praticamente vítimas. Dos canos das espingardas saíram mais cravos do que balas. Foi uma revolução sui generis, a mais ideal das revoluções. Resta-nos saber se foi por não ter feito vítimas que a  Revolução de Abril de 1974 não foi levada a sério, e que, conduziu a nossa classe política a tratar a  Constituição como um rolo de papel higiénico que se usa e deita na sanita. 

O Povo diz que «quem tem cu, tem medo»... E que medo podem ter os novos candidatos a ditadores se o Povo nunca lhes deu motivos para se preocuparem com as balas nos canos das espingardas?